Alimentação em viagem

10 dicas para cuidar da alimentação nas viagens, pelo Dr. Bruno Halpern

Alimentação em viagem

O Dr. Bruno Halpern é endocrinologista e leitor do Viaje na Viagem. Dia desses, mandou pra gente um texto com dicas sobre como não exagerar na comilança durante as viagens. A gente só não entendeu de onde veio a inspiração: tirando os croissants, as caipiroskas de lima da pérsia, as empanadas e os acarajés, a gente se alimenta tão direitinho… :mrgreen: Se você é tão saudável quanto nós, vai pelo Dr. Bruno:

Texto | Dr. Bruno Halpern

Quando viajamos, mudamos demais a rotina e isso, claro, afeta também a alimentação. Se para pessoas com peso normal isso não necessariamente é um problema, uma viagem pode atrapalhar bastante a vida de quem sofre para se manter no peso (principalmente quem já perdeu bastante e tem dificuldade para se manter no novo peso).

Uma pesquisa americana que saiu na conceituada revista New England Journal of Medicine há mais de uma década demonstrou que o peso ganho durante as férias (não só em viagens, mas também em festas de finais de ano) pode ser o grande determinante do ganho de peso ao longo da vida, pois após as férias você acaba perdendo menos do que ganhou e a cada ano o processo se repete.

1 | Conheça o seu peso

Alimentação em viagem

Não deixe de se pesar antes de viajar e quando voltar. Caso tenha engordado, faça um controle alimentar mais rígido até voltar ao peso pré-viagem. Não fique deixando para depois.

2 | Evite exageros

Alimentação em viagem

Não ache que, porque é viagem, “pode tudo”. Lógico que o objetivo numa viagem não é fazer dieta, mas evitar hábitos mais glutões já ajuda. Achar que tudo bem exagerar porque a viagem é curta pode atrapalhar, sim, os seus planos a longo prazo.

3 | Caminhe e use transporte público

Atividade física em viagem

Viagens são boas oportunidades para entrarmos em forma. Andamos bastante, fazemos trajetos a pé infinitamente maiores do que os que costumamos fazer em nossa cidade. Andar e usar o transporte público ajudam a queimar calorias e também ajudam a aproveitar mais a viagem. Pense duas vezes antes de entrar em um táxi ou city-tour.

4 | Cuidado com o hábito de beliscar muito

Alimentação em viagem

Quando se belisca muito, come-se mais do que imaginou. Trace objetivos: “Na Itália, vou tomar um sorvete ao dia, após o museu”. Isso faz inclusive com que você curta mais quando chega o momento.

5 | Opte pelas comidas locais

Alimentação em viagem

Aproveite a viagem para experimentar alimentos diferentes. As comidas típicas vão te ajudar a entender mais o lugar, e como muitas vezes há ingredientes diferentes, dificilmente você vai exagerar. Isso vale também para os Estados Unidos, especialmente na costa leste, onde, além da junk food, também há excelentes opções saudáveis, como asiáticos, vegetarianos e outras comidas étnicas.

6 | Divida as porções grandes

Alimentação em viagem

Nos Estados Unidos, especialmente, é comum virem porções gigantescas, tanto do prato principal como do acompanhamento.

Para algumas pessoas, dividir um prato é uma opção bastante plausível. No caso de apenas os acompanhamentos serem enormes, não é preciso comê-los até o final (cuidado principalmente se você fica sentado à mesa por mais tempo e belisca o excedente do acompanhamento, até terminá-lo; esse é um hábito comum e que atrapalha bastante).

Cuidado também com saladas: alguns temperos de salada americanos são mais calóricos que pratos principais. Há algum tempo, saiu uma pesquisa com redes americanas mostrando o número de calorias de alguns pratos. Um aparentemente inofensivo macarrão com camarões, da Cheesecake Factory, foi o campeão, com mais de 3000 calorias num único prato!

7 | Escolha o melhor do café da manhã

Alimentação em viagem

Outro problema são cafés da manhã de hotéis, que são muito diversificados. Por que não optar pelo que aquele café da manhã traz de diferente? Em vez de ovos mexidos e salsicha, bolos padronizados e geleias, prove frutas do local, peixes defumados (no norte da Europa), comidas típicas, etc.

Se não houver nada de distinto, talvez esse café não mereça tanto as calorias que você consome. Outra opção, no caso de um café realmente farto e imperdível, é fazê-lo como uma refeição principal e tornar o almoço ou o jantar mais leves (o que vai inclusive ajudar o bolso).

Se o seu café não está incluso, ao invés de cacifar um buffet, uma opção em um café ou lanchonete local, com um sanduíche leve ou salada de fruta, por exemplo, e uma bebida quente, são também opções viáveis.

8 | No all-inclusive, não coma “por obrigação”

Alimentação em viagem

Em cruzeiros e hotéis all-inclusive, caímos sempre naquela armadilha de “aproveitar ao máximo”. Comer batatas fritas frias na piscina, camarões pequenos com casca nadando no óleo, ou tomar um coquetel doce com leite condensado que você jamais tomaria é “aproveitar ao máximo?”.

O fato de tudo já estar incluído na diária não significa que aproveitar ao máximo seja comer sem parar. Faça planos para o dia e coma e beba o que realmente valer a pena. De novo, não precisa estar em dieta, mas um controle alimentar não é o fim do mundo. Até porque não dormir direito (quando se exagera nas frituras, por exemplo) ou ficar de ressaca acabam fazendo você aproveitar mal os outros dias.

9 | Na praia: atividades de manhã; comida leve à noite

Atividade física em viagem

Em praias, normalmente o problema maior é a bebida e o dolce fare niente. Utilize melhor seu tempo. Como dificilmente você começará a beber antes do meio-dia, use o período da manhã para atividades saudáveis. Caso o almoço seja muito farto e tarde, à noite faça apenas pequenos lanches mais leves.

10 | Cuidado com o álcool

Bebida em viagem

Às vezes nos cuidamos com a alimentação, mas somos totalmente livres com a bebida. Álcool engorda: 1 g de álcool tem 7 kcal, contra 9 kcal por grama de gordura; e 4 kcal por grama de carboidratos (muitas vezes visto como vilão) e proteínas.

Dei alguns exemplos, mas é óbvio que cada viagem tem sua particularidade. Há viagens eminentemente gastronômicas, mas ainda assim há como não perder o controle, focando as calorias ingeridas nas refeições verdadeiramente gastronômicas e se poupando nas refeições “comuns”.

Alimentação em viagens

E para terminar: embora todas essas dicas pareçam que vão atrapalhar sua viagem, saiba que, na verdade, cada refeição que você fizer vai ser aproveitada ao máximo, pois estará “dentro dos planos” e evitará aquele sentimento de culpa que muitas vezes temos após exagerar numa refeição ou pedir uma sobremesa. Comer com controle está longe de ser comer mal, ou não aproveitar a gastronomia local.

Obrigado, Dr. Bruno!

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    23 comentários

    Valeu Dr.! Seu artigo e “Instantes de Jorge Luís Borges” nós temos que ler e reler, para não cair em tentação.Quem escreveu foi um guloso contumaz.

    Não exagerar na comida é fundamental. Belas dicas. A gente não precisa viver para comer, tem muitas outras coisas que também podem ser aproveitadas numa viagem. Comer com moderação é o segredo porque ficar com uma dor no estômago e não poder sair do banheiro estragam qualquer passeio.

    Estive 10 dias no Canadá esse mês e acabei perdendo um quilo. O “segredo” é caminhar bastante e usar o transporte público, mas também encontrar lugares leves pra comer durante o dia. Em Toronto comi bastante no Longo’s, que é a versão canadense do Whole Foods, com um bom buffet de saladas, carnes e outros alimentos frescos que dá pra servir e levar pra casa como uma refeição pra noite! Nos EUA sempre recorro ao Whole Foods, que costuma estar bem localizado nas cidades que visito, nesse mesmo esquema.

    Um dos maiores problemas que eu tinha – nao somente em viagens – era de ficar extensos periodos sem comer entre café da manha, almoco e jantar e acabar descontando a fome com refeicoes enormes e/ou comendo os maledetos porem deliciosos paes e couverts servidos de entradas.

    Uma das teorias que ja ouvi de nutricionistas e’ que muitas pessoas fazem “dietas de impacto” que ate’ ajudam no curto prazo na perda de peso, porem no medio/longo prazo acabam “rebounding” o que nao ajuda com o controle do mesmo. A ideia que adotei e’ de ter refeicoes em porcoes menores e balanceadas. Estou quase sempre com barras de cereais (nos EUA gosto das marcas Kashi e Fiber One), castanhas (de caju, amendoas, amendoins, porem cuidado com as porcoes), frutas e vegetais para ter `a mao snacks saudaveis. Evito assim ficar muito faminto “descontando” depois. Nos EUA o que ocorre com bastante frequencia e’ levar a comida que sobra ou para casa ou para o hotel, outra dica e’ observer o tamanho das porcoes nas outras mesas e adaptar o pedido, por exemplo pedindo 2 pratos para 3 ou 4 pessoas.

    Mas confesso que de tempos em tempos e principalmente nas ferias algumas extravagancias ocorrem 😀

    A sugestão é muito válido, pois é aproveitar com moderação. Amo viajar e amo conhecer a gastronomia de cada lugar. Mas para não termos problemas de saúde (meu marido é hipertenso), escolhemos as “escorregadas” que vamos dar na viagem. Não preciso comer prociutto no café, almoço e jantar, por exemplo. Mantemos a linha em algumas refeições para aproveitar melhor outras.

    Adorei as dicas e antes mesmo de ler a matéria já seguia várias delas, principalmente a de andar a pé e utilizar transporte público em minhas viagens. Na nossa lua de mel em junho de 2014 meu marido e eu passamos 20 dias viajando entre a Itália (Roma, Siena, Florença e Veneza) e Paris e por incrível que pareça voltamos mais magros da viagem sem nos preocuparmos com a dieta. O segredo? Escolhemos os Hoteis pela localização em cada cidade e aproveitamos ao máximo os passeios andando muito à pé por Roma, Florença e Veneza, utilizando muito o transporte público em Paris e posso dizer que não me privei de nenhuma guloseima. Tomei um sorvete por dia na Itália, comi as massas, degustei os vinhos e comi crepe com muita nutella em Paris, sem exageros, é claro. Obrigada pelas dicas Dr. tentarei manter a linha na viagem que tenho programada para Punta Cana em setembro!

    Um belo apanhado de dicas de senso comum. Talvez, com a assinatura de um médico, o impacto e o alcance sejam maiores…

    com todo respeito ao Dr, mas o problema não são os 3 ou 4 kg ganhos em 12 dias da provence, o que engorda realmente são os outros 350 dias do ano, é claro que o tempo passa e a barriga cresce, mas nela estão e momentos maravilhosos que um corpo esbelto talvez não saiba entender essa experiência, na vida, não vivemos de peso e sim de lembraças, quem não se lembra daquele jantar especial com a companhia maravilhosa, é disso que vivemos.
    Abraços ao Dr,mas as vezes a felicidade não anda junto da razão.

      Oi Henrique; na verdade, quem tem peso normal, de fato, pode engordar um pouco numa viagem e voltar ao peso depois – quem tem problemas com o peso, ou emagreceu e luta para manter, pode sim ter problemas a longo prazo com períodos relativamente curtos de exageros ( poucos dias de “pé na jaca” podem sim tem grandes consequências a longo prazo e isso não sou eu que digo e sim o artigo que citei, publicado na mais importante revista de medicina do mundo). Que bom que você faz parte do grupo que não precisa se preocupar! Mas as dicas servem, como eu falei, até mesmo para uma viagem mais prazerosa, pois quem tem essas dificuldades pode se sentir culpado após alguns “deslizes” e nem aproveitar tão bem! Com consciência, dá para aproveitar bem mais!

      Não entendo que as dicas acima são impedimento para que tenhamos uma refeição memorável em uma viagem, em nenhum momento se fala em evitar comer isso ou aquilo… Acredito que é possível sim ter uma experiência culinária maravilhosa sem cometer excessos. Até porque esses excessos podem inclusive atrapalhar a viagem! Já pensou perder uma tarde inteira por conta de uma má digestão causada pelo exagero do almoço? Ou uma noite mal dormida porque bebeu muito no jantar, comprometendo o dia posterior? Acho que moderação é a palavra chave! Comamos sim aquilo que temos vontade, mas dentro dos nossos limites, e com total consciência das consequências, fazendo o que for possível pra minimiza-las, na base do unir o útil ao agradável!

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