Córdoba

Vai por mim: montar bases é mais eficiente do que pinga-pinga

Foliage na Provence

Roteiro de viagem: montar bases x pinga-pinga

Ao montar um itinerário de viagem, nosso primeiro reflexo é pegar a seqüência de cidades e programar um pernoite em cada uma. A idéia é chegar, visitar, pernoitar, sair no dia seguinte, viajar, chegar, visitar, pernoitar, e assim por diante.

Sem saber, estamos emulando o esqueminha das excursões de ônibus. Eu não gosto nadinha de excursões de ônibus, mas preciso admitir que nisso elas são insuperáveis: o timing é todo azeitado. O motorista e o guia sabem exatamente a que hora precisam partir, onde vão parar, onde fica o hotel, em que lado do palácio fica o portão, qual restaurante vai estar aberto às 21h30.

Salvador como se deslocar: Salvador Bus

Já quando tentamos fazer roteiros parecidos para viajar de carro, sem nunca ter passado antes pelo lugar, tudo tudo tudo leva invariavelmente mais tempo do que imaginamos. É natural. Os tempos de deslocamento que simulamos são líquidos. Não estão previstas distrações, paradas, engarrafamentos, bobeiras, obras, desentendimentos com o GPS, curiosidades que aparecem pelo caminho, dificuldade de estacionamento, fila no check-out ou no check-in.

O deslocamento acaba tomando cada vez mais tempo proporcional do nosso dia, e vai ficando menos agradável — porque existe o compromisso de chegar no próximo destino ainda naquele dia (e às vezes ainda tendo que conseguir achar um restaurante aberto, já que talvez não tenha dado tempo de comer direito durante o dia).

O abre-mala/fecha-mala vai ficando cada vez mais chato, e a gente sai de cada cidade em que dormiu sem ter conseguido aprender a se orientar.

Como alternativa a isso, eu proponho — e pratico 😀 — o sistema de bases.

Sistema de bases: como funciona

Sempre que possível, programo três noites (ou pelo menos duas) num mesmo lugar. De uma tacada só, reduzo o abre-mala/fecha-mala, e o tempo perdido em achar o hotel, fazer check-in e depois check-out todos os dias. De bônus, ganho uma certa intimidade com uma cidade que vai me acolher todos os dias depois de passear por aí. Na terceira noite, vou me sentir quase como voltando para casa.

Nos três dias (ou dois, ou quatro, ou quantos forem) em que fico baseado por ali, programo passeios, primeiro dentro da cidade, depois às redondezas. Quando dá, tento fazer esses passeios às redondezas de um modo circular, indo por um caminho e voltando por outro (claro que nem sempre será possível).

Para mim, a maior vantagem do sistema de bases é que ele permite uma readequação de ambições e expectativas. Porque no papel tudo é perto, tudo é fácil, tudo é igualmente importante. Na vida real a gente logo percebe que não é assim. Que vale  mais a pena ver menos com calma do que ver mais com pressa. Que ir atrás de algo que a gente não sabia que existia na maioria das vezes é mais divertido do que cumprir exatamente o roteiro original.

Córdoba

Outra sintonia fina que o esquema de bases proporciona é o da seleção de passeios conforme a meteorologia se apresenta — ou de acordo com imprevistos (um evento do qual você não tinha informação, um feriado local). Quem está no itinerário linear não pode se dar a esse luxo.

Experimente implementar bases na sua próxima viagem. Mesmo que você ainda não tenha percebido os defeitos do itinerário linear, aposto que você vai curtir a diferença :mrgreen:

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Lisboa como chegar: de carro

304 comentários

Olá Ric, olha estou sempre acompanhando seu blog e gostaria muito da sua opinião uma vez que esteve por lá recentemente. Em marco pretendo viajar a Suica .Gostaria de conhecer Zurich/Lucerna/Genebra/Zermatt /Interlaken e Montreax. Vou ficar 08 noites, em quais cidades poderia montar minha base?

    Olá, Maria Assunção! Aqui quem responde é A Bóia. O Ricardo Freire ainda não acabou a série da Suíça. No final vai ter um post com sugestões de itinerários e bases.

Sempre monto bases nas minhas viagens, mas às vezes eu sofro. Quando fui conhecer San Gimignano estava hospedada na Florença, mas amei tanto a cidade que queria muito ter passado uma noite lá! Acabei voltando um pouco frustrada pra Florença, mas não dá pra ser tudo sempre perfeito, né?

Ano passado circulei um pouco pela Provence. Como moro na Suiça, aproveitei para passar 4 dias na região, em uma viajem de carro para Barcelona ( era mais ou menos a metade do nosso caminho). Na volta, passei 4 dias na Côte D’Azur. Não tive pressa de conhecer toda a Provence e nem toda a Côte de uma só vez. Na ida, montamos base em Avignon, que me surpreendeu pela beleza. Adorei. É uma cidade grande, para os padrões provençais, mas a parte histórica se concentra no centro e como moro em um vilarejo, prefiro ficar em cidades maiores. Partindo de Avignon fomos à Villeneuve d’Avignon, do outro lado da ponte, de onde se tem uma vista maravilhosa de Avignon, fomos em L’Isle sur la Sorgue ( era domingo e a cidade estava animadíssima por causa do Marché Provençal), fomos à Gordes, Roussillon, Nimes e Arles e no dia que partimos à Barcelona, fizemos uma parada estratégica na Pont du Gard, que estava no nosso caminho. Em Avignon, hospedamos num Ibis que ficava fora da muralha, mas bem perto da entrada da cidade e o estacionamento, se não me engano, foi de graça. Só um porém: do outro lado da rua, junto ao muro havia umas combis paradas e eram de prostitutas. Não nos incomodou e eu só percebi pq à noite tinha umas luzes vermelhas nas combis. Mas prefiro avisar.
Na volta, ficamos em Juan Le Pain e eu adorei montar base lá. Estava super carente de praia e simplesmente achei praia pública e de areia!!! Coisa rara! Desta vez, aproveitei mais a praia e só fui à Cannes e à Antibes. Tinha planejado Nice, mas a vontade de pegar uma praia com canga na areia falou mais alto e fiquei na minha “base” feliz da vida! Neste ano voltei à Riviera Francesa, mas para conhecer Nice e fiz as corniches quase como o Ricardo falou até Mônaco. E pretendo fazer a outra parte da Provence no próximo ano, fixando base em Aix ou Marceille.
Abraços

Nestes

Maria Aparecida. Caso vc não queira alugar um carro vc pode visitar Óbidos, Alcobaça, Mosteiro de Batalha e Fátima em um único dia, em um ônibus de turismo – custa em torno de 70 euros/pessoa. Várias empresas fazem esses passeios e as propagandas ficam nas recepções dos hotéis. Existem ônibus de linha também, mas aí não seria possível combinar todos esses destinos em um dia. Caso o problema não seja o custo de alugar um carro, mas o não querer dirigir, para não se preocupar com multas, estacionamentos, vinho no almoço, eu sugiro pedir na recepão de seu hotel a indicação de um motorista que faça esses passeios. Vc contrata o motorista e seu carro.Em alguns países é caro, mas em Portugal é bem conta. Sai mais caro que o aluguel de um carro ( sem motorista ) e mais barato que comprar passeios para 3 pessoas, p.ex. Eu faria 2 bases – Lisboa e Porto.

Bóia e Tripulantes, primeiro um elogio, este ano montei minha viagem para Madri, Paris e Barcelona, utilizando as dicas do site e dos tripulantes e foi tudo maravilhoso e olha que foi minha primeira viagem para a Europa. Quando converso com outras pessoas que foram para os mesmos destinos, posso afirmar com certeza que planejamento e especial atenção as dicas de quem já esteve no local é essencial para uma viagem perfeita, senão você só passa pela cidade e volta sem realmente conhecê-la.
Gostaria de uma ajuda para poder finalizar meu planejamento para minha próxima viagem para Portugal. Vou montar duas bases principais, seis dias em Lisboa, contando com o dia da chegada, onde pretendo fazer bate e volta para Sintra e Évora (Sintra de trem e Évora de ônibus) e cinco dias em Porto onde pretendo fazer Aveiro e Braga (ônibus ou trem?). Minha duvida principal é a seguinte: quero conhecer também Óbidos, Alcobaça, Nazaré, Mosteiro de Batalha, Fátima e Tomar. Qual seria a melhor alternativa para quem não vai alugar carro e vai depender dos tranportes públicos. Aumentar alguns dias de hospedagem em Lisboa e fazer todas essas cidades a partir de Lisboa mesmo ou montar uma base em alguma cidade das citadas, tipo Alcobaça ou Nazaré. Se os pitacos vierem acompanhados de sugestões de hospedagem e de qual melhor meio de tansporte, agradeço desde já.
Abraços a todos.

Vou usar o sistema de bases no próximo ano, quando levarei meus três filhos todos crianças e meus sogros para a Alemanha:
4 dias em Paris (só pra apresentar às crianças e à sogra)
4 dias em Berlin
6 dias na floresta negra (2 dias em Würzburg e 4 dias em Freiburg -nessa parte alugaremos um carro)
6 dias em Munique

Muitas viagenzinhas bate-volta. 🙂

    Patrícia,

    Já que vc vai estar de carro na Floresta Negra, visite o Hexenlochmühle. É um antigo moinho com duas rodas d’água, que ainda estão funcionando, muito legal para mostras às crianças.

    E para os adultos, o restaurante com a torta Floresta Negra original, e muitos licores espetaculares.

    Fica perto de Freiburg, no caminho entre o lago Titisee e Furtwangen.

    Oi Marcelo, já anotei a dica. Sou muito fã do blog da Ângela!
    Obrigada!

Nunca montei base, nem nunca viajei de carro no exterior… pretendemos fazer isso na nossa lua de mel na França! Temos 4 noites, estava pensando em fazer a rota da Provence…. qual seria o melhor lugar para montar base (vou sair de Paris de trem)? E qual caminho circular para fazer vocês sugerem nessa região? O período será em abril/2012. Desde já aceito todas as sugestões possíveis!

    Gabriela, vai ter um post com itinerários sugeridos para Côte d’Azur e Provence.

    Maravilha!!! Esse é para imprimir e guardar para a próxima viagem!!! Vai competir com leste europeu!

    Por enquanto, só o sonho, pq vai demorar muito…

    E calma para evitar o maraturismo!!!

    Gabriela, na nossa lua-de-mel nós ficamos uma semana em Paris e quatro dias na Borgonha. A Borgonha é menos famosinha que a Provence, mas se você gosta de vinho, boa comida, cidades lindas é uma ótima pedida. E você vai na primavera (nós fomos no inverno, pegamos muito frio).

    Nós não fomos de carro, porque eu tinha medo de dirigir na neve. Então pegamos o TGV de Paris para Dijon, ficamos um dia em Dijon (para ser muito honesta, foi a cidade que nós menos conhecemos), um dia fomos a Beaune (vá de sábado, a feira é sensacional), um dia a Nuits-St. Georges (que tem uma espécie de museu-da-língua-portuguesa sobre vinhos, chamado Imaginarium) e no outro dia fomos a uma festa de São Vicente em Corgoloin (uma vilinha onde eu passei o maior frio da minha vida). Tudo isso de trem. Ficamos num hotel na frente da estação de trem em Dijon, então era só atravessar a rua e pronto, casa (Kyriad, super recomendo, é simplesinho, mas a localização é boa, o café da manhã é bem honesto e o pagamos por quatro noites o que pagamos por uma em Paris). E olha que andamos bastante no frio, mas foi uma viagem sensacional. =)

O pitstop é uma ótima também! Fiz isso em Bruges. E ainda bem, pq achei meio exagerados os elogios à cidade. É linda, comi muito bem mas… Calma lá.

A Bóia até já me respondeu em outro post que Dresden e Nuremberg são boas para pitstop. Creio que Salzburg seja também!

    Opa comandante, que honra!

    Minha idéia inicial era fazer como fiz em Bruges: sair cedo da base anterior, passar o dia lá deixando as malas na estação e seguir pra próxima base. Não acha uma boa?

    O problema é que a próxima base seria ou Viena ou Veneza.
    Fico em dúvida se vou para Viena e passo uns 3 noites ou se já começo minha viagem pela Itália e deixo Viena para uma próxima…

    A princípio a primeira cidade na Itália seria Veneza mesmo, mas ela é longe de trem de Munique (e que o diga de Viena!). Penso até em descartar Viena, se não rolar nada de low cost… E com malas, sei não… =(

    Vcs recomendam alguma outra cidade interessante antes de chegar em Veneza, entre Munique e ela ou entre Viena e ela?

    Seria como parar em Bruxelas entre Paris e Amsterdam =)

    Abraços e obrigado,
    Stéfano

    Olá Stefano,

    Dresden, como Nuremberg ou Salzburg, tem mais a oferecer do que é possível de se ver em um bate-volta ou um pit-stop, como todas as cidades que não sejam muito pequenas.

    Mas, pela sua localização, perto de cidades bem maiores (no caso Berlim e Munique), realmente faz com que uma visita de um dia seja o mais comum.

    É importante pesquisar sobre estas cidades com antecedência, e escolher o que se quer visitar, e ter consciência do que vai ser deixado de lado para uma próxima vez. Não adiante tentar ver tudo de uma só vez.

    Quanto à sua pergunta, sobre que cidade visitar entre Munique e Veneza, se você puder disponibilizar dois dias eu sugeriria Innsbruck e Verona. Dois pit-stops seguidos fica um pouco cansativo, mas talvez não tanto quanto uma longa viagem de trem sem paradas.

    Oi Tiza e Marcelo (do glorioso Alemanha pq não =D)!

    Innsbruck… A ser incluído na rota então.

    Verona vou avaliar também… Pensar nisso dos 2 pitstops… Trens, etc…

    Em Veneza pretendo ficar umas 2/3 noites… Então vale esse sacrifício aí no meio (em 34 dias de viagem, um ou 2 dias corridos não vão matar o garotão =p)

    Obrigado!

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