Tour secreto do Vaticano: o PêEsse fez

Ingresso do Scavi Tour

O PêEsse é um fuçador de primeiríssima categoria. Descobriu que é possível visitar a Necrópole dos tempos romanos onde está a tumba de São Pedro. Que pouquíssimos visitantes são admitidos por dia. E, veja só: nem caro é.

Com o quê, deu um jeito de se encaixar num grupo.

Quer saber como, quanto e por quê? Passo o microfone ao PêEsse:

Pesquisando na Internet, tomei conhecimento de que a Necrópole (“Cidade dos Mortos”) do Vaticano estava aberta para visitação. É lá que está o túmulo original de São Pedro. Em resumo: o último desejo do Papa Pio XI, morto em fevereiro de 1939, foi ser enterrado o mais próximo possível do túmulo de São Pedro. O Papa Pio XII resolveu atender o pedido de seu antecessor e determinou que algumas escavações fossem feitas porque sempre se soube que a Basílica de São Pedro tinha sido construída onde São Pedro havia sido crucificado, mas não se sabia exatamente onde isso teria ocorrido.

Os escavadores terminaram descobrindo uma necrópole romana dos tempos pagãos bem embaixo da atual Basílica de São Pedro. A escavação continuou em segredo (isso foi durante a II Guerra Mundial e receava-se que se Hitler descobrisse se interessasse pelo lugar) e o túmulo original de São Pedro terminou sendo descoberto.

Em um altar existente nessa necrópole descoberta nas escavações foram encontrados restos mortais que, depois de estudos científicos e religiosos, foram anunciados como sendo os de São Pedro. Os ossos eram de alguém com setenta anos, com marcas de crucificação nos pés (São Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, a seu próprio pedido, porque ele que não se sentia digno de ser crucificado da mesma maneira que Jesus Cristo) e que estava enterrado no altar principal de uma igreja, o que seria uma indicaria respeito e relevância.

A Necrópole fica embaixo da Basílica de São Pedro e tem um procedimento bem particular de reserva, já que somente no máximo duzentas pessoas por dia, em turnos de doze pessoas por vez, podem ingressar nela — e nem todos os dias há visitações. A visitação é conhecida como “Scavi Tour”. Na verdade, o procedimento todo é feito de modo a não estimular muito a visitação, talvez para criar um ar de mistério e de dificuldade.

Primeiramente, envia-se um e-mail para o Escritório de Escavações do Vaticano ([email protected] e [email protected]) informando o número de pessoas que participarão da visita, já com indicação dos respectivos nomes, os dias em que os interessados podem participar da visitação e os idiomas desejados para o tour.

Quanto mais dias e idiomas disponíveis a pessoa tiver, mais chances tem de ser aceita. Essas chances aumentam ainda mais se o pedido de visitação for feito com antecedência. Em março de 2010, enviei o e-mail com três semanas de antecedência e disse que estava disponível nos cinco dias em que ficaria em Roma para tours em português, espanhol e inglês.

Em seguida, você receberá uma mensagem automática apenas confirmando que o Escritório de Escavações do Vaticano recebeu seu e-mail. Isso não significa muito.

Só depois, em um prazo variável, você receberá um e-mail dizendo o dia e a hora em que você foi aceito no tour. Se você quiser o dia e o horário que eles lhe ofereceram, tem dois dias para mandar uma nova mensagem agora enviando os dados de seu cartão de crédito. Se não mandar nesse prazo, sua reserva é imediatamente cancelada. Não dá para barganhar o dia e o horário. Ou se aceita ou se recusa.

No meu caso, o e-mail chegou no dia seguinte com um tour reservado para as 13h15 de um dos dias que eu havia sugerido e eu imediatamente respondi aceitando e informando os dados do meu cartão de crédito. O tour é necessariamente guiado e custa doze euros por pessoa. De acordo com o site oficial, aparentemente não há intermediadores. Só o próprio Escritório de Escavações do Vaticano (Ufficio Scavi) pode vender o Scavi Tour.

Uns dois ou três dias depois, você recebe novo e-mail, desta vez encaminhando um recibo de pagamento que deve ser impresso e levado no dia da visita para ser trocado pelos tickets.

No dia da visita, você tem de ir ao Ufficio Scavi, um escritório bem pequenininho que fica dentro do próprio Vaticano. Eu tive um pouco de dificuldade para encontrá-lo mas agora é fácil. Na praça, de frente para a Basílica de São Pedro (olhando para ela), caminhe para o seu lado esquerdo e vá entrando no Vaticano (no Vaticano, não na Basílica) até topar com os guardas do Vaticano (aqueles das roupas de cores engraçadas). Basta perguntar sobre a “scavi tour” e eles indicarão o caminho. A partir daí é simples. Chegando na portinha do Ufficio Scavi, entregue o voucher que recebeu por e-mail e receba os tickets.

A visita é muito interessante. Começa pontualmente no horário, por isso é bom estar lá uns dez minutos antes, fora o tempo de encontrar o lugar. No meu caso, o guia era um seminarista americano. Ele começou dizendo que aquele não é apenas mais um passeio como o Coliseu ou a Fontana di Trevi, mas algo diferente, em que além de se entrar em contato com a história antiga de Roma, tem-se contato muito próximo com São Pedro. Em seguida, leu um trecho da bíblia e o passeio começou.

O caminho é estreito (lembra as catacumbas da Via Appia Antica) e escuro, mas nos lugares certos a iluminação é suficiente. Durante o percurso, o guia vai explicando como os ossos de São Pedro foram encontrados (a historinha que resumi acima) e você os vê exatamente no lugar em que teriam sido localizados. No trajeto, passa-se pelo túmulo do Papa Pio XI (aquele que pediu para ser enterrado o mais próximo possível do túmulo de São Pedro, dando origem a tudo). A visita se encerra na parte de baixo da Basílica de São Pedro, onde ficam os túmulos dos demais papas. Com isso, de quebra, ao fazer a Scavi Tour você ingressa na Basílica de São Pedro sem precisar ingressar naquela fila enorme.

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Serviço gratuito

    Pessoas com menos de quinze anos não são admitidas. Não se permitem fotografias. Bolsas, mochilas, câmeras etc. precisam ficar guardadas em um lugar específico. O passeio todo é bem silencioso e acontece em clima bastante respeitoso. O passo-a-passo para a reserva está aqui. Além disso, maiores informações sobre a Scavi Tour podem ser lidas em inglês nesses sites:

    Stpetersbasilica.org (também aqui)

    Vatican.va

    Slowtrav.com

    Recomendo, inclusive para quem não for religioso.

    Obrigado, PêEsse!

    Foto gentilmente surrupiada daqui.

    257 comentários

    Vou ficar apenas 3 dias em Roma, reservei o 1º dia para Termas de Carcalla, Circuito Coliseu, Piazza Campo di’Fiori, Travestere. 2º Passeio a Necroli Vaticano, Museu do Vaticano, Castelo S’Angelo (só a vista), Piazza Papolo. 3º Piazza Spagna, Fontana de Trevi, Villa Borghese. Eu gostaria de saber se vocês acham impérdível visitar a Galeria Borghese ou apenas a visita ao parque?

    Muito obrigada e adorei todas as dicas!!
    Luna

      Eu acho a Galleria Borghese “O” museu de artes plásticas clássicas a ser visitado na sua viagem se você só tiver um para escolher.

    Oi Gente!
    Ano passado tentei a visita scavi e não consegui, nem deram bola pro meu email… Nem pro email do meu marido, pensei que era implicância com meu sobrenome árabe e ele tb mandou, Rsss.
    Esse ano já confirmaram a visita e com guia em português!(que eu nem sabia que tinha…)
    Só tem um porém…
    Vacilei na hora de fornecer as possíveis datas pra visita e acabaram marcando pro dia da nossa chegada e como era pegar ou largar, `Bora tentar a sorte.
    Marcaram pras 14:35 do dia 31 de maio. Chegaremos no mesmo dia de um voo Atenas- Roma pela easyjet as 11:30 no Fiumicino, reservei um hotel “colado” na Basilica (Le Torri dei Papi) pra tentar deixar as malas e sair correndo.
    A minha dúvida existencial é a seguinte: Qual o meio mais rápido pra chegar lá? Mandei email pro hotel porque pelo site eles dizem dispor de serviço de transfer… Alguém tem alguma sugestão?
    Abração, galera da Bóia.

      Se a visita é essencial para você, eu tentaria ajustar o resto da viagem. Se isso não for possível, a forma mais rápida de vc chegar na Basilica é de trem (porque elimina riscos de congestionamento): pegue o Leonardo Express até Termini, siga de metrô até a estação Ottaviano e de lá pegue um táxi até a porta do Hotel.

      Transfer de hotel é fria: eles podem estar esperando outros passageiros, ou a caminho de outros hoteis.

      Sem trânsito, é mais rápido pegar um táxi direto do aeroporto, mas é bem caro e é difícil nào ter trânsito nesse horário.

      Estude antes direitinho como ir do terminal onde vc vai aterrisar até a estação de trem em Fiumicino, e também dá uma estudada no mapa de como sair da estação Roma Termini e ir para a estaçõa de metrô (é subterrânea, mas sempre ajuda já saber onde ir, passando pela bilheteria).

      O vôo AThenas-Roma é intra-Schengen, então nào tem controle imigratório.

    Olá, vou seguir seus conselhos e fazer esta visita. Também estou pensando em agendar a visita noturna no museu do vaticano, o aque acha? Gostaria de tirar uma dúvida, visitarei a Villa Borghesi, é preciso pagar entrada para andar nesta villa ou só para entrar na Galeria Borghesse? Você acha ‘imperdível’ visitar a galeria, ou apenas passear pela villa?
    Obrigadaa!

      FAltou dizer: em condições normais de temperatura e pressão, esse trajeto todo (Leonardo Express + metrô + taxi) leva 1h05-1h15 desde o momento em que vc embarcar no trem.

    PêEsse, suas dicas são ótimas. Já recebi a confirmação para a minha visita e fiz o pagamento.
    Vc disse que a visita termina dentro da Basílica e é preciso comprar ingresso também pra Basílica? Quais são os locais que precisam ingresso no Vaticano?

      Edith, não é necessário comprar um ingresso específico para a Basílica. O tour pela Necrópole vai prosseguindo e termina naturalmente na parte de baixo da Basílica, entre os túmulos de São Pedro e do Papa João Paulo II. Nesse lugar o tour acaba e você a partir daí faz o que quiser, inclusive permanecer dentro da basílica pelo tempo que desejar.

    Muito obrigada PêEsse, pela dica! Estivemos em Roma agora no início de outubro e amamos o Vaticano!! Seguimos seus passos e fizemos o Scavi Tour, que é imperdível mesmo!

    Considero este passeio o ponto alto de uma visita a Roma. Imperdível!
    Quanto antes marcar, melhor. Reservei com uns três meses de antecedência; tentei reservar para amigos com cerca de um mês de antecedência e nada feito.

    Olá PêEsse!!!

    Graças às suas dicas e orientações, no dia 09/06 eu visitei os museus do Vaticano de manhã e à tarde fiz a visita guiada (em espanhol). Foi emocionante pisar naquele solo e sentir toda a atmosfera de história e fé.

      Que bom que deu certo, Carla. Como eles não permitem fotos, só indo mesmo. Por mais que a gente tente, nunca vai conseguir contar/escrever como é realmente.

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