Tóquio, pelo olhar da Marcie
A querida Marcie do Abrindo o Bico esteve agora no início de setembro em Tóquio, a trabalho. Nos intervalos, curtiu uma Tóquio de metrô funcional, templos serenos, lojas tentadoras e comida… chinesa. Veja por que ela está louca para voltar.
Texto e fotos | Marcie Grynblat Pellicano
Eu estava para começar o texto dizendo pomposamente: Fui ao Japão! Mas não é verdade. Pensei também em dizer: Fui a Tóquio. Seria um pouquinho mais verdadeiro, mas ainda seria exagerado. Na verdade, fui a Shinagawa, que é um dos bairros da capital japonesa.
Circulei pra lá e pra cá na cidade, procurei conhecer o máximo que o trabalho, o calor e a curta duração da viagem permitiram, mas é claro que o que conheci melhor foram as redondezas do hotel.
Shinagawa é uma imensa estação que reúne metrô, transporte regional e trem bala. Uma total loucura em termos de circulação de pessoas.
Às 9:00 da manhã, por exemplo, é impraticável caminhar contra a massa humana que chega para o trabalho nas dezenas de torres que circundam o hotel. E por que a frescura de evitar dizer “Fui ao Japão”? Porque o Japão é muito grande! Sim, eu sei que é pequeno.
Digo “grande” porque é outro mundo. A começar da língua, da qual a gente só consegue entender duas ou três palavras. Que mudam para três ou quatro no final da viagem.
Mas, seja como for, acho que consegui conhecer um pouquinho de Tóquio.
Do freqüentadíssimo templo de Asakusa Kannon, cercado por várias 25 de Março, até a paz total do templo Meiji-jingu, cercado por mais de 70 hectares de floresta. Vi também outros templos, como o Tosho-gu, mas esses dois parecem marcar os extremos: os lugares excessivamente turísticos; e os que ainda permanecem meio fora do radar. Fui também aos jardins imperiais. Lindos.
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Como são lindo também os muros (ou o que restou deles) com cinco metros de espessura. Apesar do sol escaldante (odeio o calor, mas acho linda a expressão!), caminhei o que pude das alamedas, ruelas e pontes. Mas nem em sonho daria para cobrir uma área cujo perímetro já teve mais de 16 km. Ainda mais com o termômetro marcando 32 graus.
O mesmo problema encontrei em Ueno, um parque bastante bonito, mas castigado pelo mesmo sol inclemente (uau, hoje eu tô que tô!).
O que me salvou foram os museus no interior da área. São dois ou três, mas visitei apenas o mais importante (pelo menos para mim): o Museu Nacional de Arte Ocidental.
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E quem encontrei lá?! Um caminhão de impressionistas! Quadros maravilhosos, que deixaram o ocidente há décadas para decorar as paredes de um rico banqueiro antes de decorar as do museu. Sei que ninguém vai ao Japão para ver arte européia, mas a visita vale a pena.
Voltando a Tóquio, o que me impressionou foi a eficiência do metrô e a facilidade com que ele pode ser usado graças à informação sempre em japonês e inglês. Rodei bastante, principalmente na linha Yamanote que é uma espécie de Circle Line (de Londres).
Quantos aos bairros, perambulei por Ginza onde visitei outro tipo de templo: os templos do consumo. Mitsukoshi, Matsuzakaya, Takashimaya, Muji, UniQlo e por aí afora. Isso sem falar da papelaria Ito-ya, com 9 andares repletos de utilidades e inutilidades fantásticas.
Estive lá duas ou três vezes, uma delas para trocar uma lampadinha de leitura que não funcionava direito. Bom, como não havia mais lampadinhas em estoque, eles mandaram entregar no dia seguinte no hotel. Até aí, tudo bem. Mas sabem quanto custou a lampadinha? Menos de cinco dólares!
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Uma coisa sobre qual infelizmente não posso escrever são os restaurantes japoneses, pois minha ojeriza a peixe me manteve afastada deles. Freqüentei um chinês maravilhoso e descobri que é possível, sim, consumir o mesmo prato dias e dias seguidos.
E já que estamos num parágrafo culinário, o que me chamou a atenção foi a escassez e o consequente alto preço das frutas. Bananas embrulhadas uma a uma e vendidas não exatamente a preço de banana. Viva o Brasil tropical! é o que eu pensava a cada visita ao mercado, que ficava praticamente grudado no hotel.
Não posso deixar de abrir um parágrafo (mereceria um livro) para as regras de etiqueta que o japonês procura seguir nas suas relações diárias.
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Falar baixo, inclinar-se em sinal de respeito, entregar e receber todo e qualquer objeto sempre com as duas mãos. Enfim, ser tranquilo e gentil em vez de rude e apressado, como estamos acostumados a ver em tantas outras capitais. Isso sem falar na cortesia dos motoristas e taxi e na limpeza dos veículos.
Eles com luvas brancas; e os carros, com toalhinhas de renda. Também brancas! Que contraste com New York e não só New York. Na verdade, o falar baixo e o silêncio em geral são duas coisas que se destacam em Tóquio. A propósito disso, escrevi um guest-post na Psiulândia. Parece que estou guesting demais, não? 😆
Foi de apenas 10 dias minha permanência em Tóquio, mas o suficiente para me apaixonar. Exato, eu que não como peixe e que não caibo nas roupas japonesas, gamei (do velho e bom verbo gamar) pela cidade.
E olhem que, além do peixe e dos tamanhos de roupa, quase tive um trauma no templo de Asakusa. Foi quanto tentei tirar a sorte seguindo o ritual do pedaço: primeiro você escolhe um palitinho aleatoriamente; depois procura a gavetinha (num móvel imenso) cuja inscrição seja a mesma do palito.
Aí você abre a gavetinha e retira um bilhetinho: sua sorte está escrita nele. Eu disse sorte?! A minha mensagem era péssima! Não vou ter desejo realizado, não vou ganhar dinheiro, não vou ser feliz, e por aí afora.
Meu Deus, que saudade daquele papagaio que escolhia papeizinhos na saída da escola: só saía coisa boa.
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Mas deixemos para lá. Só trago ótimas lembranças do Japão, quer dizer, de Tóquio. Voltaria voando, se fosse possível. Quem sabe o próximo ano. E quem sabe incluindo Nagóia e Kioto. E por que não a China, que também está ali do lado? Se eu for mesmo para a China, o risco é que meu próximo post aqui (se o Riq me convidar) só fale de comida… Está bem, de muralha e de comida.
Já está convidadíssima, Marcie! Arigatozão!
Leia também:
Silêncio made in Japan, no Psiulândia
Le dernier mêtôrô: Cinderela japonesa vira cápsula
62 comentários
Puxa! Estava desconectada nesta semana de setembro e perdi este post!! Tinha acompanhado as tuitadas da Marcie e adorei vè-las expandidas aqui 🙂
Nossa! Adorei ler esse post. Eu estou planejando passar uma semana no Japão (vai ser suficiente? rs) e já estou montando meu roteiro. A princípio consegui umas infos legais por aqui https://migre.me/7jlMj , mas vou levar esse seu roteiro muito em consideração também!
Abs
Pri.
Marcie, viajamos por todo Japão em Junho passado, o Japão é lindo, mas depois de 25 dias já estávamos ficando incomodados e quase deprimidos, com tanta disciplina. Aquilo é “too much” pra nós! Ainda mais, que o Japão foi depois de termos viajando 2 meses pela China, onde os Chineses, falam alto, muito, são extremamente alegres e despreocupados com julgamento.
Definitivamente gostamos de barulho e alegria, mesmo que meio bagunçado!
Otimo texto, bjs
http://www.viagemafora.blogspot.com
Não dá vontade de comprar uma passagem para Tóquio? 🙂
Acompanhei os twittes da Marcie e me divertia muito. Lendo o post, fiquei ainda mais curiosa para conhecer a cidade!
Obrigada, Marcie 😉
Delícia de texto, Marcie — aliás, as usual! 😉
Adorei o post!
“Porque o Japão é muito grande! Sim, eu sei que é pequeno. Digo “grande” porque é outro mundo.” Tive essa sensação quando desembarquei pela 1ª vez em Tóquio, parecia ter chegado a outro mundo.
A viagem do Brasil até lá é cansativa, mas conhecer o Japão é recompensador!
Japão já estava na minha listinha, com estes posts eu fico com mais vontade ainda! Adorei! Bjs
sabe que foi difícil achar o peixe cru, eu ao contrário de vc tive que procurar bem pra encontrar
e em toquio fui num restaurante chinês [que eu descobri ser chinês depois de uma conversa com a garçonete] que eu devia me ajoelhar de tão bom que era!!!!
Adorei, Marcie! As twittadas expandidas aqui, com detalhes e emoções mais aflorados. Bacana!
Eu tb visitei o Museu Nacional de Arte Ocidental. Tive a mesma sensação que vc: por que visitar algo europeu estando no Japão? Mas… amei! E voltaria numa próxima visita à megalópole. Fora que o café do museu é uma delícia. 😀
Este Museu é de cair o queixo. É uma verdadeira aula de história da arte. Tem obras de todos os movimentos históricos importantes. Desde de arte medieval até modernistas e contemporâneos.
Há tempos que também vejo o Japão como indispensável! Ótimo e informativo relato. Parabéns, Marcie! 😀