Tocantins pra Luciana P.

Cachoeira no Tocantins

A Luciana P. está indo agorinha a trabalho para Tocantins e está pensando em emendar os feriados de Carnaval por lá.

Ela quer saber como ir de Palmas para o Jalapão ou o Araguaia.

Se não fosse pela pecualiaridade do feriado — Carnaval é a época em que todo mundo viaja — eu diria que ela estaria na situação mais privilegiada: ir para um lugar e ter vários dias para ouvir opiniões dos moradores e comparar alternativas.

Em se tratando de Carnaval, porém, não dá para deixar para a última hora. E aí eu pergunto: temos tocantinenses a bordo? Ou trips que já tenham estudado o assunto?

Nesta época — que é de chuva, até março — vale a pena ir para o Jalapão? A região do Araguaia tem estrutura para receber turistas na época alagada? Pra onde o povo de Palmas vai no Carnaval?

Por enquanto, eu só descobri o ótimo site do Jalapão, feito pela secretaria de turismo do Tocantins, que traz também outros pontos de interesse no Estado e nos arredores da capital.

Quem pode ajudar a Luciana P.?

Comentários

Excelente relato, ótima forma de expor os detalhes. Que veículo usaram na viagem? Iremos pela primeira ao Jalapão e vamos sair e retornar à BH/MG. temos 15 dias de férias e pelo que li sobre a região é tempo demais para as atrações existentes… ou não? Sugerenos mais alguma coisa em Goiás ou Tocantins. Eu planejava seguir de Mateiros para a BA até Lençois e descer depois para BH.
Mesmo voc~e dizendo ser possível, peço confirmação na possibilidade (mesmo que radical) de se fazer a viagem e veículo sem tração 4×4.

Abraço!
Reinaldo Tavares
31-9779-9761

De Brasília ao Jalapão via Chapada dos Veadeiros.

Ao contrário da ideia comumente disseminada, sobretudo em meio aos resultados obtidos após uma pesquisa na internet sobre o Jalapão, é possível chegar à região de carro, sem passar pelo aeroporto de Palmas e sem contratar pacotes (caríssimos) das empresas de turismo que operam na região. Recolhendo o máximo de informações, de mapas e redobrando os cuidados tradicionais com o veículo, e após percorrer 870 km de estradas a partir de Brasília se chega à Mateiros, o coração do Jalapão.
A primeira dúvida: só de veículo 4×4? Pensamos que é muitíssimo recomendável um veículo com tração nas 4 rodas, embora não sejam inviáveis alternativas. Carros leves e mais altos, do tipo Gol e Uno podem chegar, mas é muito provável que isso acarrete aventuras adicionais durante o passeio, e muito trabalho. Nesse caso, seria aconselhável levar na bagagem algumas tábuas e uma pá; lembrando que usar esses apetrechos pode roubar um bom tempo da viagem. Mas para os aventureiros irredutíveis, e que disponham de tempo, isso pode simplesmente tornar a experiência mais radical.
A segunda pergunta: qual o melhor caminho? São muitos e alguns bem parecidos. Via Belém-Brasília (Brasília – Padre Bernardo – Uruaçu… ou Brasília – Cocalzinho – Dois Irmãos – Uruaçu…). Via BR 020 (Brasília até Luis Eduardo Magalhães – BA, provavelmente o mais longo, mas de boas estradas) ou via Chapada dos Veadeiros que, embora não seja o roteiro com as melhores estradas, possibilita uma escala para “aquecimento” no paraíso místico e natural da Chapada. Foi esta a escolha minha e da Leti.
O trecho de estrada entre a BR 020 e São João da Aliança passa por reformas. Ficamos em dúvida se não serão daquelas obras que em pouco tempo se perdem mas, vá lá, estão melhorando bastante o acesso à Chapada! Em Alto Paraíso, Vila São Jorge e Cavalcante há numerosas opções de hospedagem para todos os bolsos. Fizemos uma parada para dormir em Alto Paraíso e buscamos a opção mais barata (verdadeiramente, impagável). Passamos apenas uma noite por lá, na casa de um casal de amigos fraternos que sempre nos recebem com carinho (dessa vez com um inesquecível banho de ofurô). Mas, sigamos rumo ao Jalapão.
Ao norte, passando pela cidade de Teresina de Goiás (estrada cheia de defeitos causados por sucessivas operações tapa-buracos) chegamos a Campos Belos, onde nos despedimos dos torrões que permaneceram goianos após a criação do mais novo estado brasileiro. Aqui deve ser escolhido o caminho para entrar em terras tocantinenses: à esquerda, por Arraias ou à direita, seguindo por Taguatinga em direção à Dianópolis. Optamos pelo caminho de Taguatinga, já pensando em voltar pelo “outro lado”…
Nossa escolha foi influenciada pela curiosidade de conhecer imediatamente o menor rio do Brasil, o rio Azuis, no município de Aurora de Tocantins. Além de obrigatória a parada é fascinante. De fácil acesso, essa atração fica a poucos metros da rodovia TO 110, à direita, cerca de 30 km antes de Taguatinga. Ótima pedida para o primeiro mergulho nas águas cálidas do Tocantins ou, simplesmente, para admirar.
O próximo destino é Dianópolis, de onde há mais de uma alternativa para seguir viagem. Não chegamos até a cidade. Antes, a 4 km, existe um trevo com uma estrada à direita, que fica a uns 200 metros de um posto de gasolina. Foi por essa estrada que continuamos em nosso roteiro, sugerido pelo Sr. José Roberto, dono da Pousada Panela de Ferro, nosso refúgio em Mateiros. É aconselhável chegar ao posto, tanto para abastecer a viatura como para assuntar sobre o caminho, chamado de “passagem pela garganta”.
Voltando os tais 200 metros e pegando a estrada da garganta entramos no estado da Bahia. Os primeiros 57 km numa ótima estrada asfaltada que nos leva ao agrodeserto do oeste baiano. O asfalto termina e começa o poeirão. São 154 km de terra, que as autoridades rodoviárias costumam chamar de “leito natural”, em meio às intermináveis plantações de soja e de algodão que reconstroem a paisagem e alavancam o agronegócio na região.
Desde a entrada para a garganta e adiante esqueça as placas ou qualquer outro tipo de sinalização. Tampouco há vendas de beira de estrada, pessoas, casas ou qualquer alternativa para obter informação, até que se chegue à Panamby. Seguimos levantando poeira numa espécie de “terrovia” principal, porém há um sem-fim de estradas secundárias e de acessos aos galpões de máquinas dos agroestabelecimentos; nada parecido com as fazendas como as que existem em regiões nas quais o agronegócio não chegou tão açodado. Alertamos que após 13 km iniciais de estrada de terra existe uma bifurcação. Pegamos a estrada à esquerda, que nos pareceu a principal. Deu certo.
Após Panamby (ou seria Nova Panamby?), onde as pessoas pareceram não saber se estávamos na Bahia ou em Tocantins, existe, de fato, um caminho principal o qual deve ser seguido até a primeira e única placa de sinalização, que indica à esquerda – “Mateiros 43km”, agora numa estradinha sem sustos e sem bifurcações.
Chegando à Mateiros não há mais complicação. Nada que não se resolva num bate-papo com a gente da pequena cidadezinha, conversando com as pessoas das poucas pousadas existentes, com a turma do Centro de Apoio ao Turista ou durante o inevitável ataque às panelas da dona Rosa. Figura singular da cidade e fornecedora de uma comidinha honesta, a dona Rosa é detentora de uma prosa superdivertida, além de sempre dispor de uma cervejinha gelada para encerrar o dia e ajudar na remoção da poeira, que sempre se acumula involuntariamente na goela de alguns viageiros. Nosso condutor local foi o Alessandro (63 99490097). Em tempo: em Mateiros só funciona celular da Vivo.
Nosso retorno foi por Ponte Alta do Tocantins, considerada a porta de entrada do Jalapão, por ser a primeira cidade próxima ao Parque Estadual quando se vem de Palmas. A péssima estrada desde Mateiros é o único caminho para concluirmos o circuito jalapônico e conhecer os atrativos mais próximos de Ponte Alta. São 170 km de terra, pedras e de verdadeiras piscinas de areia, onde há o risco de o carro ficar atolado, com a barriga presa no areião.
Em Ponte Alta ficamos na acolhedora Pousada Planalto, onde fomos recebidos pela dona Lázara, guia experiente e possivelmente uma das maiores conhecedoras da região. Proprietária da pousada e operadora tradicional do turismo local, ela dá todas as dicas importantes e indispensáveis e dispõe de boa estrutura, que inclui veículos 4×4, alugados na própria pousada.
Como nosso objetivo foi o de falar sobre como chegar e sair do Jalapão vamos direto ao caminho de volta já que, chegando-se em Mateiros e depois em Ponte Alta, está “tudo dominado”. Antes, duas dicas gastronômicas da cidade merecedoras de registro: os pasteizinhos fabulosos e outros lanches da padaria que fica na rua da dona Lázara, imprescindíveis na hora de montar a matula para os passeios e o churrasquinho no bar do Belêco (acompanhado de feijão tropeiro, mandioca, vinagrete e arroz) Tudo muito bem servido, gostoso e barato demais. O nosso melhor jantar no Jalapão. Lembramos que o Belêco também é agente de turismo!
De Ponte Alta seguimos para Pindorama: 56 km, para nossa surpresa, quase todos asfaltados. Dali mais 85 para Natividade. Nesse último trecho, os primeiros 65 km são de terra, numa estradinha excelente (lembramos que nossa viagem foi em julho/agosto, em ano de eleição municipal. Há motivos para desconfiar que isso tenha influencia na patrolagem recente da estrada). Depois, mais 20 km no ótimo trecho em asfalto da BR 010 até a cidade, fundada no início do Sec. XVIII, na corrida pelo ouro. Recomendamos um passeio nessa cidadezinha.
Depois da parada histórica continuamos mais uns poucos quilômetros na BR 010 até Príncipe. Daí, seguimos na TO 050 (piora muito a qualidade do asfalto), passando por Conceição de Tocantins e Arraias, fechando o nosso circuito em Montes Belos, onde reencontramos nossas pegadas no contorno de volta à Brasília. (Total percorrido no caminho de volta: 949 km, contra os 870 da ida).

O Jalapão é um lugar extraordinário, uma imensidão pura e valiosa de céu e terra que nos marca para sempre. Fui com a Korubo, achei o roteiro ótimo, as instalações bem organizadas, o atendimento muito bom (achei o preço justo). É um destino que merece uma matéria especial aqui no site! Confiram!

O Jalapão é fascinante em vários sentidos e se você possui espírito aventureiro, vale a pena visitá-lo. Estive no Safari Camp da Korubo no início do mês e a experiência foi ótima.

Meu temor com as mutucas só foi confirmado porque entre um fervedouro e outro esqueci de repassar repelente nas pernas, mas a marca que adquiri cumpriu bem o papel e não esqueci de evitar perfumes. Vale a pena adquirir um carregador solar para carregamentos de emergência da máquina fotográfica, mas esqueça o celular porque em pouquíssimas áreas funciona.

Nunca havia visto o céu sem iluminação artificial ao redor e a noite no Jalapão arranca suspiros. Mateiros é um município imenso, mas a zona urbana é bem pequena. Há uma boa oferta de artesanato na cooperativa localizada na praça principal e uma pequena sorveteria oferece sabores inusitados como Cupuaçu, Cagaita, entre outros.

Para subir a trilha da Serra do Espírito Santo você deve possuir resistência física e estar acostumado a atividades físicas. Assim como a gente se prepara monetariamente para uma viagem, adquire equipamentos e guias, vale a pena investir numa academia e em exercícios aeróbicos. O panorama no topo da serra é inesquecível.

Retorno no próximo ano para conhecer as atrações que faltaram.

olá!
Eu estou indo para o jalapão em julho e queria muito fazer um rafting, porém só estou encontrando pacotes em expedições de dias e muito caros. Como irei de picape 4X4 para a região gostaria de fazer um passeio de rafting mais curto, como no site do jalapão sugere. Só que não encontrei nenhuma operadora que faça ou relato de tal passeio.

Se alguem tiver alguma informação, obrigado!

    Olá, Luiz! Se você está disposto a ir com seu próprio carro, vá com tempo e certamente achará o que é possível fazer por lá. Na volta nos conte, por favor!

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