Breaking Bad, Santa Fé, monumentos naturais e cultura navajo: a roadtrip da Miriam
Albuquerque, a cidade em que viveu o mais famoso professor de química dos seriados americanos, foi o ponto de partida da road trip que a Miriam fez pelo sudoeste dos Estados Unidos, visitando o Novo México e o Arizona, e dando uma chegadinha também em Utah. Quem acompanhou as desventuras de Walter White em Breaking Bad vai achar o cenário das fotos bastante familiar, e lembrar de imediato daquele furgão que viveu poucas e boas deserto adentro. A Miriam foi de carro mesmo, e visitou parques nacionais, fez trilhas e se encantou pelas cidades que encontrou pelo caminho, num roteiro off-Grand Canyon que não ficou devendo em paisagens espetaculares:
Texto e fotos | Miriam K
Descemos no aeroporto de Albuquerque após uma escala em Dallas/Fort Worth. Albuquerque é razoavelmente grande e impessoal, com avenidas largas e pontos de interesse muito afastados, como é muito frequente nos Estados Unidos, sendo praticamente inviável estar sem carro por lá.
Esta foi a cidade onde foi ambientada a série Breaking Bad, encerrada em 2013. Passamos por alguns pontos onde foram feitas algumas filmagens, mas há até tours específicos para os mais fanáticos.
Ficamos no Comfort Inn Albuquerque Airport, que é um hotel compacto com poucos funcionários, de forma que tudo está à mão, gelo, máquinas de refrigerante e petiscos e café da manhã que você mesmo se serve e joga os descartáveis no lixo.
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Quanto a restaurantes, na cidade eu destacaria o Standard Diner (320 Central Ave SE, 505/243-1440), que funciona para café, almoço e jantar, tem um ambiente aconchegante, bem decorado, funcionários animados.
A comida é um pouco exótica para os padrões brasileiros, tipo mexicana, meio natureba e com excelentes burgers e saladas. Eu recomendaria o bacon wrapped jalapeño poppers para começar. Tomamos um lanche no final da tarde, no dia da chegada, e almoçamos na volta para o Brasil.
Já no dia seguinte cedinho tomamos um café reforçado no próprio hotel e fomos em direção ao El Morro National Monument, a 199 km de Albuquerque. A estrada é toda plana, vazia na maior parte do tempo e avistamos aqui e ali elevações de arenito que são muito frequentes na região. Uma curiosidade é que a estrada que pegamos, a I-40, fez parte da histórica Route 66 que ligava Santa Monica, na Califórnia, a Chicago, em Illinois, e que não existe mais depois das construções das highways.
Chegando ao El Morro, a caminhada até a parte mais alta nos possibilitou vistas e fotos maravilhosas.
Seguindo viagem, a próxima parada foi em Gallup, New Mexico, que é uma cidade em que 43% da população é composta por descendentes de índios americanos das tribos Navajo, Zuni e Hopi. Ficamos no hotel El Rancho, que também fica na histórica Route 66, e em que cada quarto é dedicado a um astro de Hollywood. Ficamos no quarto da Doris Day e do Ronald Reagan, com direito a nome na porta como num camarim e retrato dentro do quarto.
O hotel já está um pouco desgastado pelo tempo, mas a decoração é muito interessante e a comida do restaurante de mesmo nome é muito boa tanto no jantar como no café da manhã.
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Uma loja interessante em Gallup é a Richardson’s Trading Company and Pawn (222 W Historic Hwy 66, tel. 505/722-4762), que vende artesanato, roupas e produtos indígenas em couro, penas e contas, e joias de prata e turquesa ma-ra-vi-lho-sas que infelizmente não são para o meu bolso.
No dia seguinte fomos para Chinle, Arizona, cerca de 185 km a noroeste, para visitar o Canyon De Chelly, em território Navajo. Há 5000 anos esta região já era habitada pelos índios Pueblo e Hopi e antes destes pelos Anasazi. Há muitas trilhas a serem percorridas mas a única que pode ser feita sem guia foi a que fizemos, que se chama White House Trail. Não é muito longa, porém muito estreita e íngreme.
Não é miragem
O pôr do sol no local proporcionou fotos na golden hour, com um belo reflexo alaranjado nas pedras.
Um pouco antes de chegarmos a Chinle paramos no Hubbell Trading Post National Historic Site (1/2 AZ-264, tel. 928/755-3475), que funciona mais ou menos como posto de informações, loja de conveniência e suvenires. A construção, por dentro e por fora, por si só já vale a parada, mas também há artesanato, roupas e tapetes indígenas, e aqui fiz a minha primeira extravagância comprando um pingente de prata com textura de um tapete navajo.
Passamos a noite no Holiday Inn Canyon De Chelly e tanto lá como em outros hotéis, restaurantes, lojas e postos de informação das atrações, a maioria dos funcionários parece ser de origem indígena, quase sempre estão vestidos com traje típico navajo e só falam espanhol entre eles.
Ainda antes de sairmos da região, passamos no dia seguinte em duas ruínas na North Rim que podem ser vistas a partir de um mirante.
A próxima parada foi no Navajo National Monument, no Arizona, 159 km a noroeste, para explorarmos a Aspen Trail com belos cânions e cavidades nos penhascos que foram habitadas por povos ancestrais Pueblos. Toda esta região é chamada de Território Navajo e está espalhada pelos estados no Novo México, Arizona e Utah. É semi-autônoma, com sistema executivo, legislativo e judiciário próprios.
A 85 km ao norte, já no estado de Utah, chegamos a Monument Valley, o único lugar que estivemos em que havia turistas. Também pegamos um belo por do sol e tiramos fotos de cartão-postal. Aliás, acho que este foi o único lugar da viagem que talvez possa ser mais reconhecido, pois aparece em vários filmes de Hollywood incluindo Easy Rider e Forrest Gump.
Como nos filmes
A nossa parada mais longa foi em Santa Fé, capital de Novo México. De lá fomos um dia ao Bandelier National Monument, a pouco mais que 76 km da cidade, para um passeio de um dia para explorar as ruínas do povo Pueblo.
É uma boa caminhada com excelentes pontos fotográficos mas é necessário se proteger do sol com um bom filtro, chapéu e blusas de mangas longas se o tempo estiver aberto. Leve água e também um lanche pois após a entrada não há qualquer tipo de apoio ao turista até chegar de volta ao ponto inicial.
Na volta desse dia passamos pelo White Rock Canyon, que tem um mirante que fica a mais de 300 metros acima do leito do Rio Grande, também chamado de Rio Bravo, que mais lá para frente vai formar uma das fronteiras naturais entre os Estados Unidos e o México até desaguar no Golfo do México.
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Santa Fé é a capital mais antiga dos Estados Unidos, fundada em 1610. A região foi colonizada por religiosos católicos espanhóis no século XVII, mas há sinais de ocupação da área por povos nativos, os Pueblos, desde o século XI.
Uma das principais características da região são as construções em adobe. Elas já eram utilizadas pelos nativos americanos de longa data, sendo feitas basicamente de barro e palha, um parente do nosso pau-a-pique do interior do Brasil, que é um isolante térmico, fresco no verão e quente no inverno.
A cidade tem mais de 250 galerias de arte, 14 museus e é totalmente voltada para o turismo, com 40 festivais de jazz e arte por ano. Santa Fé é praticamente um museu a céu aberto; tudo na cidade foi feito para ser admirado, como muros pintados, esculturas ao ar livre, portas esculpidas, portões decorados, com flores coloridas para todos os lados. Até a sede do governo, o New Mexico State Capitol (411 S Capitol St, tel. 505/986-4589), funciona também como museu e é gratuito. A cidade é a capital que tem a maior altitude do país e se orgulha de ter mais de 300 dias de sol por ano.
A mistura da cultura indígena nativa com as culturas hispânica e inglesa, utilizando os materiais disponíveis no local como madeiras, pedras e corantes naturais, acabou criando o New Mexico Style na arquitetura, cozinha e na arte.
Fomos ao New Mexico Museum of Art (107 W Palace Ave, tel. 505/476-5072), que é voltado mais para a arte e cultura locais, e até o prédio tem a construção característica em adobe. Fomos também ao Than Povi Fine Art Gallery (6 Banana Ln, tel. 505/455-9988), com obras de artistas locais, e entramos em muitas outras galerias menores cujos nomes ficaram perdidos.
A Canyon Road é uma das ruas mais típicas e famosas e tudo nela mereceria uma foto, das pimentas penduradas até caixas de correio, números de casas, portões, esculturas ao ar livre etc.
Ficamos no Comfort Suites, numa avenida de fácil acesso. Limpo, com quartos grandes, e café da manhã padrão americano em um salão um pouco apertado. À tarde havia chá, café, cookies e muffins junto aos sofás da entrada.
As viagens do leitor
Há cerca de 250 restaurantes em Santa Fé e eu poderia citar alguns que experimentamos:
- Tortilla Flats (3139 Cerrillos Rd, tel. 505/471-8685), com comida do tipo mexicana. Tem um serviço um pouco distraído e fecha cedo (22h) para os padrões brasileiros.
- La Fiesta Lounge (100 E San Francisco St, tel. 505/982-5511), dentro do hotel La Fonda. Tem ambiente agradável e festivo, e boa comida a la carte ou em sistema buffet durante o almoço.
- French Pastry Shop and Restaurant (100 E San Francisco St, tel. 505/983-6697), que é bom para tomar um chá, café, doces ou um lanche.
- El Molero Fajitas (79 Lincoln Ave) é um carrinho de fajitas e limonada que fica parado na Santa Fé Plaza entre a Lincoln Ave e E San Francisco Street que sempre tem filas pela qualidade e simpatia do pessoal.
- Gabriel’s (4 Banana Ln, tel. 505/455-7000) fica fora da cidade, perto da ópera, com uma linda vista do deserto a partir do jardim e tem uma excelente comida como o guacamole que é preparado na mesa.
- Amaya Restaurant (1501 Paseo de Peralta, tel. 505-955-7805), dentro do Hotel Santa Fe, tem ambiente requintado e comida com linda apresentação, mas são necessárias reservas para o jantar.
Este é um roteiro no sudoeste americano um pouco fora da rota turística habitual, mas com muitas opções de fotos e caminhadas, além de proporcionar um grande upgrade no conhecimento da cozinha mexicana.
Sensacional, Miriam! Adoramos!
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12 comentários
Maravilhosa viagem! Gostaria de fazer com meu filho agora em Junho. Uma boa época??? Quantos dias a Miriam gastou?