São Luís-Lençóis-Delta-Ceará: o relato da Lu
Este meio do ano eu queria voltar aos Lençóis Maranhenses, aonde não vou desde 2005. Mas não vai dar; ficou pro ano que vem. Mas ainda bem que dá para viajar na viagem dos trips. A Lu esteve lá em junho, conta as novidades e dá os seus pitacos. Vai pela Lu:
Finalmente consegui fazer a tão sonhada travessia dos Lençóis; trago aqui o feedback do roteiro e das pousadas. Planejei esta viagem inspirada pelo post da Marília Marconi, da matéria do Bruno Agostini no Globo, na série da Patricia de Camargo no Turomaquia, nos posts do Jorge Giramundo e naquele seu post antigo pra Flavia.
Começo pelas atualizações:
– a Pousada dos Ingleses em Parnaiba está fechada;
– a ilha do Caju não tem mais pousada, que era dos mesmos donos da pousada dos Ingleses;
– o sobrevôo dos Lençóis está oficialmente proibido.
A logística: fizemos tudo com a Natur Turismo, que tem sede em Parnaiba. Gostamos muito, deu tudo certo. A Carina, uma paulista, filha do dono, foi prá lá há quase um ano, e é super-eficiente!! Eles tem um telefone de plantão, para o qual você pode ligar a qualquer hora, caso tenha algum problema (sim, eles sabem como são os profissionais por lá e tem mto cuidado comisso, e sempre resolvem a situação). Eles só fazem viagens sob medida, mas tem algumas propostas de roteiro. Essa viagem não é barata justamente por causa da logística, que é complicada. Quanto mais pessoas, mais barato fica.
Minhas impressões: eu nunca tive a menor vontade de conhecer os Lençóis, pois achava que água da chuva empoçada era escura, e dunas eu já tinha visto muitas. Só me animei pela aventura da travessia pela praia. Claro que, como todos que lá vão, fiquei encantada! É uma imensidão impactante!! Nem imaginava que a água da chuva pode ser assim tão limpinha e ter cor de Caribe! E a viagem é verdadeiramente uma aventura!! Prá quem gosta como eu, prato cheio!! Sem querer, descobri também que junho é o mês ideal. Por causa das chuvas, a época mais bonita para se visitar os Lençóis é de maio a setembro, quando as lagoas começam a secar. Maio ainda chove um pouco, julho é época de férias no Brasil e agosto na Europa. Sobram junho e setembro, mas comcerteza em junho os passeios de carro serão mais emocionantes, comtravessias de rios e lagoas que enchem coma chuva. E, em junho, acontecem as festas juninas, animadíssimas, o bumba-meu-boi, bem diferente do nosso São João.
Triste constatação: o centro histórico de São Luís está completamente abandonado, de dar dó!!
Com relação ao roteiro, tivemos que “apertar” um pouco, porque uma das pessoas que foi conosco tinha somente uma semana.
Em Santo Amaro do Maranhão, só fizemos a lagoa da Gaivota, e foi um pouco cansativo (duas horas de ida, a partir do asfalto, e duas horas de volta na manhã do dia seguinte). O que nos foi proposto teria sido ficar mais uma manhã para visitar Betânia e Espigão, dois lugarejos da região. Parece que também tem outra lagoa, mas enfim, paraviajar tanto tempo, tem que conhecer mais coisas. Eu achei Santo Amaro muito simpático, um povoadozinho bem simples, mas bem autêntico. A pousada Água Doce é simples, porém bem simpática, com comida muito gostosa. A ida a Sto Amaro encarece a viagem, como aliás todos os trânsfers onde não há transporte regular, principalmente em trechos de areia como é o caso de Santo Amaro. [Nota do Riq: há transporte regular para Santo Amaro a partir da localidade de Sangue, que fica à beira da BR. Mas essa opção requer pernoite em Santo Amaro.]
Ficamos sabendo que existe um roteiro a pé, de 3 dias, de Santo Amaro a Atins, que tem que ser feito com guia, é claro, dormindo na casa de nativos em dois povoados no caminho, e um outro mais curto, de 4 a 6 horas, de Barreirinhas a Atins, mas o nosso guia nos explicou que o ideal é fazer no sentido contrário, porque as dunas são menos íngremes pelo lado por onde venta.
Em Barreirinhas, a capital dos Lençóis, acabamos fazendo o passeio à lagoa Azul emendando com o da lagoa Bonita. Claro que isso não deve ser feito, porém, no nosso caso, com o roteiro encurtado, era isso ou só a lagoa Azul. Cheguei à conclusão que a lagoa Bonita é imperdível!
No passeio do rio Preguiças, achei Vassouras bem sem graça, de modo que pularia. Mandacaru vale a pena pela vista.
Atins é um capítulo à parte! A pousada do Buna é bem transada, de acordo com as condições locais. O Buna é uma figura única, e tem mtas histórias pra contar. A Mônica, uma paulista que se mudou prá lá, é quem bem gerencia a pousada, e disse que lá às vezes só mesmo sinal de fumaça — ou seja, internet, nem pensar. Ela adora bichos, de modo que tem vários convivendo harmonicamente. Mosquitos aos montes, dependendo da época (eu tive sorte, eles não me pegaram!), mas a cama tem mosquiteiro.
Note que a água é de poço, mas a cor … se você se impressiona com isso, esqueça Atins, fique em Caburé, que é onde tem hotel mais estruturado, com luz de gerador. A decoração é bem rústica, aproveitando o que tem no lugar. Infelizmente, tivemos pouco tempo em Atins, mas deu pra comer o camarão da Luzia, só que na Magnólia, casada com o Antônio, irmão da Luzia, que é a ex-cozinheira da Luzia. Os dois restaurantes ficam ao lado um do outro, no Canto do Atins, um lugar que não tem nada, só 13 famílias (todas parentes, naturalmente), e umas poucas lagoas bonitas, mas não comparáveis às que havíamos visto. Não posso dizer qual é melhor camarão, mas o do Antônio foi maravilhoso, realmente uma receita de camarão bem diferente (o segredo é que ele é marinado no tempero e por isso fica molhadinho depois que vai prá brasa).
Mas Atins é mais que isso. Acho que o ideal seria fazer o passeio à lagoa Verde, que também fica nos Lençóis (uma hora de caminhada a partir de onde o carro te deixa), e ao poço das Pedras, que, segundo a Mônica, mudou de lugar, e também requer uma caminhada. Tudo é a partir do canto do Atins, por isso o ideal é passar o dia todo por lá, fazendo os dois passeios, e almoçando o camarão (tem peixe também), e voltar para a pousada à tardinha, relaxar na piscina, e se preparar pro jantar que é maravilhoso. O camarão de Atins é famoso (eu não sabia), muito saboroso. Experimente o camarão ao bafo da pousada do Buna, uma coisa de doido!!!
O Delta do Parnaíba não me encantou, mas isso é muito pessoal. Eu não curto muito igarapés, pantanal, mangues e quetais. Mas, sem dúvida, é um lugar bonito. Pra mim, entraria no jáque … já que estamos por aqui, vamos fazer o passeio. Pra mim, o ponto alto foi o almoço (ai que horror, você vai pensar que eu só penso em comer!!) na ilha das Canárias. A Lina, de Campos, Rio de Janeiro, que se mudou prá lá e fez um restaurante e pousada, onde comi o melhor caranguejo, a melhor mandioca e o melhor robalo da minha vida!!! Segundo a Lina, a função dela é não estragar o que a natureza oferece tão bom por lá.
Pernoitamos em Parnaíba, mas é melhor ir direto pra Barra Grande (50km de Parnaíba). Em Barra Grande ficamos na BGK. Que pousada charmosa!!! O nosso chalé era em pilotis (no andar de baixo, no chão de areia, tinha um sofá e uma rede, além de um tapete de sisal, como sala de estar), de onde se via, tanto da cama como da varanda, o mar e o pôr do sol.
A pousada é de um médico de Parnaíba, que é uma simpatia e cuida muito daquilo ali, evitando a exploração desordenada. Barra Grande tem o passeio do cavalo marinho, que voccê vai de carroça e volta a pé, ou vice-versa, dependendo da maré, e o dolce far niente, tomando uma caipiroska, ou comendo ostras fresquinhas. À noite, tem uma pizzaria ótima, onde se come de luvas, um outro restaurante bem charmoso, que me esqueci do nome, que fica numa encuzilhada (no melhor dos sentidos). É um vilarejo bem tranqüilo, e ótimo local de descanso!
De lá, fomos para Jeri, pelas praias, e lagoa da Tatajuba. Paramos num barzinho bem simpático, na lagoa, mas fora da muvuca –Carnaubar.
Jeri, que é hoje outra cidade (tinha estado lá há mais de 20 anos), continua mágica (pelo menos em junho, quando ainda não é temporada alta)!! Achei interessante foi ter ficado em Jeri durante o dia, enquanto o povo ia fazer os passeios das lagoas (que nós fizemos na chegada e na saída), o que nos permitiu entrar no clima de Jeri apesar do pouco tempo (dois dias). Ficamos na pousada Naquela e gostamos mto. Fica na rua do Forró, mais pra cima, o que é bom porque é bem tranqüilo. Tem um jardim bem legal, uma piscina bonita, rede na varanda dos quartos, e um atendimento muito simpático (exceto o despertar, que era sempre um problema). Recomendo!! Dos restaurantes, não posso deixar de falar na crepe do Naturalmente, que fica na beira da praia, ao lado do Mosquito Blue, receita de uns franceses amigos da proprietária, que é inesquecível (você nunca comeu nada igual!!). A Carla (a dona da creperia), além de simpática, é campeã de vela, e aluga e dá aulas de windsurf, kite e stand-up paddle (aquela prancha na qual se fica de pé e usa o remo para passear ou para pegar onda). Também gostei mto do Pimenta Verde, onde comi um grelhado de frutos do mar, comcamarões, sirigado (badejo em cearês) e polvo, simplesmente delicioso, acompanhado por legumes idem, e a simpatia da Sônia, que tudo faz para agradar ao cliente.
De Jeri a Fortaleza, fomos pelas praias em um dia, mas acho que seria mais legal fazer como a Marília, em dois dias, pernoitando em Guajiru ou Flecheiras (que linda a praia ali com as piscinas verdinhas!!).
Para quem nunca fez essa viagem é difícil escolher o roteiro, por isso resolvi escrever como faria se fosse de novo, enquanto estou com tudo fresquinho na cabeça:
– São Luís / Santo Amaro – lagoa da Gaivota, com pernoite
– Santo Amaro – Betânia e Espigão (ou a outra lagoa) / Barreirinhas
– Barreirinhas – lagoa Azul
– Barreirinhas – lagoa Bonita / rio Preguiças, com parada em Mandacaru / pernoite em Atins (ou Caburé)
– Atins – Lagoa Verde, poço das Pedras, almoço no camarão do Antônio (Canto de Atins), com pernoite em Atins
– Atins / Caburé / Paulino Neves / Tutóia / Parnaíba – passeio do Delta, com almoço na ilha das Canárias, depois visita ao porto das Barcas, e Pedra do Sal e seguir para Barra Grande, via Luís Correia (outra praia)
– Barra Grande – dia livre ou passeio do cavalo marinho
– Barra Grande / Jeri, pela praia e lagoa Tatajuba
– dois dias inteiros em Jeri, sem passeios
– Jeri / Fortaleza , pelas praias, passando pela lagoa do Paraíso, em 2 dias, pernoitando em Guajiru ou Flecheiras.
Obrigado, Lu!
78 comentários
Obrigada, Thiago, por ajudar a minha memória!!
Complementando o excelente relato da Lu. O nome do restaurante na encruzilhada em Barra Grande é “Os Bandoleiros”.
A pizzaria é na pousada Rota dos Ventos, em frente ao portão da BGK e que vem a ser do Pedro, sobrinho do Ariosto, o médico que é proprietário da BGK.
Em Barra Grande tem ainda um outro restaurante que vale a pena conhecer e tem preços interessantes, é o Manga Rosa e fica na rua principal, entre a pizzaria e a encruzilhada (gostei de usar essa palavra rsrsrs).
Conheci a Villa Cabocla, a pousada na Ilha das Canárias e até tuitei pro Riq. Lá é um paraíso e a Lina é um show de pessoa que se dedica a lhe fazer passar bem. O fone dela é (86)9963-6178 pra quem tiver interesse em dar uma chegadinha lá.
Meu roteiro predileto também! Quando voltei de lá estava insuportavelmente feliz! Ninguém aguentava minha cara zen!
Pena essa história do cancelamento do sobrevôo… Não dá nem pra vir de São Luis voando mais? Era quase que a melhor parte!!
Muito bom ver suas dicas atualizadas, Lu! Sempre tem alguém querendo ir 😉
Para eu voltar a Lençois (para mim, é viu tá visto), só com o Delta e voltando a Jeri pela 3a vez. Adorei! Confesso que tenho uma ida a Fortaleza e interior a trabalho mês que vem, tentada a levar o marido a Jeri no final de semana, mas o foco na missão “economizar para voltar a Europa” não deixa. Lu, muito obrigada!
Puxa, gente, que bom que vcs gostaram do relato!! Pensei em fazer somente uma atualização, aí fui me empolgando e até o roteiro eu montei!! Mas é que pego tanta dica por aqui que ñ consigo deixar de dividir c/vcs depois que volto!!
Meu consolo prá turma do chororô aí de cima: tenho certeza que vcs vão parar lá qq dia desses. Eu levei uns 3 anos tentando, e ñ é que acabei indo?
Beijo enorme procês,
Lu
Esse é meu roteiro predileto no Brasil. Sou fã de carteirinha dos Lençóis Maranhenses. 🙂
Eu já fui para Jeri e para São Luis, mas nunca consegui arrumar tempo para ir aos Lençois…vendo essas fotos dá ainda mais vontade.
Lindissimo! Já fui pertinho lá em Jeri, mas como desejo viajar apenas pros lençóis! Lindo, lindo, parabéns pelo relato
Essa é uma viagem que sempre quis fazer. Cada vez que leio tenho mais vontade. E já veio até o roteiro bonitinho e arrumado.
Duas, CArlinha!
Eu queria fazer agora até setembro, mas não vai dar. Acho que vai ter que ficar pra outro ano… 🙁
Isso, assim, logo de manhã, dá até vontade de chorar.
Isso, assim, logo de manhã, dá até vontade de chorar (2)
Isso, assim, na hora do almoço, dá até vontade de chorar (3)
Isso, assim depois do almoço, dá até vontade de chorar (4).
Tou chorando só de pensar que tenho essa lacuna na minha Brasil wish-list e não tem espaço em 2011/2012 para preencher…
Isso, assim, pouco antes de dormir e um ano depois de ter feito quase o mesmo roteiro, também dá vontade de chorar! (5)
Também não pude fazer o sobrevôo e essa notícia da proibição traz de volta a decepção que tive lá em Barreirinhas quando soube que o pequeno aeroporto estava interditado e a cereja do bolo das minhas férias ficaria de fora.
O camarão de Atins, eu comi no restaurante da Luzia e estava delicioso. Foi no jantar, após ir à Lagoa Verde, que é linda, linda, linda e estava bem cheia, e ver um pôr-do-sol mais do que especial.
Em Santo Amaro também fui a uma localidade chamada América, onde há uma lagoa e para Emendadas. Nos dois passeios, não havia mais ninguém além das pessoas do meu grupo. Era junho, início da segunda quinzena.
Em Barreirinhas, eu também recomendo o bóia-cross no Rio Formiga, mas só se tiver uma manhã ou tarde sobrando.