Japão, parte 1: uma semana em Tóquio (o roteiro dia a dia do Diego)
Neste post, o Diego começa a detalhar a viagem dele e do José de 20 dias pelo Japão. Não deixe de ler o post inicial, com 10 dicas matadoras para planejar sua viagem ao Japão.
Texto e fotos | Diego Sapia Maia
A escala em Atlanta
Depois de nos prepararmos para a viagem (é mais simples do que parece!) pegamos nosso voo da Delta para Tóquio com escala em Atlanta.
A escala tinha duração prevista de seis horas, o suficiente para tomarmos um banho e esticarmos as pernas no aeroporto mais movimentado do mundo.
Mas, por um atraso do avião, ficamos em Atlanta por 12 horas. Isso nos frustrou um pouco, mas a Delta providenciou um almoço e passeio ao centro da cidade para que os passageiros do voo para Tóquio matassem o tempo.
Em vez de visitarmos o World of Coca-Cola, como oferecido pela Delta, resolvemos entrar no prédio imediatamente na frente: o impressionante Georgia Aquarium, um dos mais importantes dos Estados Unidos, e o único do Ocidente a ter tubarões-baleia em seus tanques (a vista deles nadando é hipnotizante).
Depois andamos um pouco pelo Pemberton Place (onde, além do aquário e do World of Coca-Cola, fica o National Center for Civil and Human Rights) e voltamos ao aeroporto a tempo para o voo. 14 horas e meia depois, às 20h30 do horário local, chegamos em Tóquio, no Aeroporto de Narita.
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Tóquio
Primeira providência em Tóquio: comprar um SUICA
No aeroporto, a primeira providência que tomamos ao desembarcar foi procurar um local para comprarmos o SUICA, o cartão pré-pago aceito em todas as estações de trem e metrô da cidade, além de diversos estabelecimentos como lojas de conveniência 7-Eleven e cafés.
O SUICA é necessário principalmente para que você não tenha que fazer os cálculos de quanto deve pagar no metrô ou trens da cidade (a tarifa varia conforme a distância percorrida).
Basta encostar o cartão no local indicado nas catracas ao entrar e sair das estações e o sistema calcula quanto será descontado do seu SUICA.
Muito mais prático que andar com muitas moedas (você vai carregar várias delas) ou ter que fazer ajuste do seu bilhete de metrô antes de sair da estação. Para usar no transporte público, será preciso 1 SUICA por passageiro.
Há diversos outros cartões pré-pagos no país (como o Icoca e o Pasmo), mas o SUICA (o mais usado em Tóquio) também foi aceito no transporte público em Kyoto (ônibus, trens e metrô), Kanazawa (ônibus) e Hiroshima (bondes).
Você pode até pagar sua passagem de trem-bala com ele (não testamos, mas a possibilidade existe).
Usamos o SUICA apenas para pagar pelo transporte público nas cidades que visitamos e, eventualmente, comprar café ou alguma comida. Algumas máquinas automáticas de bebida também aceitam o cartão.
Você encontra o SUICA em máquinas de cor preta na entrada da estação de trens do aeroporto de Narita. Os funcionários do aeroporto podem te orientar — eles costumam falar inglês (raro no país) e, como todos os japoneses que encontramos, são muito solícitos.
O cartão custa 500 yens (que você pega de volta ao devolver o cartão nas máquinas onde eles são comprados) e a primeira carga é de no mínimo 1.500 yens.
A máquina não aceita cartão, só notas e moedas, mas tem instruções em inglês e o procedimento é bem simples (mesmo para quem acabou de passar 36 horas horas viajando, como foi o nosso caso). Carregamos 5.000 yens em cada SUICA e partimos para a próxima etapa.
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Troque também o voucher do seu JR Pass
Dica importante: se você chegar antes das 18h ao aeroporto de Narita, pode também aproveitar o escritório local da Japan Railways (JR) para trocar seu voucher do JR Pass pelo passe propriamente dito. Nessa hora você escolhe o dia em que ele será ativado.
É preciso mostrar o voucher e o passaporte com o visto válido. Como pousamos tarde e o escritório já estava fechado, deixamos para fazer isso no escritório da JR na estação em Shinjuku, onde também reservaríamos nossos lugares em trens que eu já havia pesquisado no Hyperdia.
Algumas pessoas deixam para pegar seu wi-fi portátil no aeroporto, na agência local dos correios, mas acho isso arriscado. Se seu vôo atrasar, como o nosso, você pode perder o horário da agência e ficar sem o roteador de bolso. Peça para que ele seja entregue em seu hotel, é mais garantido.
Clique para ler sobre o JR Pass e o wi-fi portátil (pocket wi-fi) no post 1 desta série
Mala de bordo nas medidas certas
Do aeroporto Narita a Tóquio
O aeroporto Narita fica a mais de 60 quilômetros de Tóquio. A distância é grande, mas existem inúmeras opções para se locomover até a cidade com praticidade.
- Trens expressos (como o N’EX – Narita Express ou o Skyliner), semi-expressos e locais (evite esses) funcionam até o horário aproximado do último pouso
- Ônibus levam à estação Tokyo (e rodam praticamente 24 horas por dia)
- Os chamados limousine buses, mais confortáveis mas em horários mais limitados, levam diretamente a alguns hotéis da cidade nos distritos de Shinjuku, Shibuya e Minato, os mais frequentados por turistas (consulte os itinerários aqui
- Táxis têm preço proibitivo em Tóquio. Uma corrida de Narita à estação Tokyo, no coração da cidade, sairia por mais de R$ 700 na época da nossa viagem. Você não vai precisar deles: trens e ônibus dão conta do recado
Por causa do horário e do nosso cansaço, escolhemos um trem Narita Skyliner, que nos deixaria na estação de Nippori (próxima de Ueno, outro bairro muito visitado).
Apesar de mais caro (2.470 yens, cerca de US$ 22), o Skyliner chegou em pouco mais de 30 minutos à estação Nippori.
Outros 30 minutos em trem e metrô (pagos com SUICA) e chegamos ao nosso hotel. Mesmo com malas e o metrô levemente cheio por ser um sábado à noite, tudo correu tranquilamente e não nos perdemos. Mas eu tinha aproveitado o wi-fi gratuito do aeroporto para carregar o trajeto no Google Maps.
Você pode comprar seu passe para o Skyliner e demais trens na entrada da estação, no subsolo do aeroporto.
Os funcionários do local nos ajudaram a escolher o trem mais conveniente para nosso hotel, além de nos explicar quais baldeações teríamos que fazer.
Pagamos nossa passagem no cartão de crédito, mas o Skyliner também aceita o SUICA que você acabou de comprar e carregar (é só encostar o cartão na catraca da entrada da estação).
Mas atenção: se você já estiver com seu JR Pass em mãos (lembre-se: é preciso trocar o voucher pelo passe propriamente dito), talvez seja melhor pegar o Narita Express, coberto pelo passe (o Narita Express é da Japan Railways, que emite o JR Pass).
O Skyliner é de uma companhia privada, e não aceita o passe. Para garantir sua passagem no Narita Express, faça a reserva para o trem assim que trocar seu voucher pelo JR Pass no escritório da Japan Railways do aeroporto de Narita. Lembre-se que o passe, no entanto, tem dias limitados.
Se você estiver com um JR Pass que não cobre toda o período de sua sua estadia, compensa deixar para ativar quando for pegar um trem intermunicipal (para ir a Kyoto ou Hiroshima, por exemplo), e pagar à parte pelo trem que te leva do aeroporto ao centro da cidade.
Onde ficamos em Tóquio
Reservamos todos os hotéis da viagem através do Booking.com, sempre com cancelamento gratuito. Em Tóquio, ficamos no Grand Fresa Akasaka, no bairro de Akasaka, distrito de Minato, colado na estação Akasaka do metrô (linha Chiyoda, verde).
O hotel era um três estrelas bem prático. Ao chegarmos pouco antes das 23h, nosso wi-fi portátil (que alugamos pela internet na eConnect Japan) nos esperava na recepção.
Colocar o aparelho para funcionar foi simples — as instruções estavam em inglês. A velocidade da conexão era ótima, melhor que o wi-fi do hotel.
O quarto do Grand Fresa Akasaka era pequeno, como quase todos os que você vai encontrar no Japão, mas o suficiente para acomodar duas pessoas grandes, duas malas M e mochilas.
Nossas noites de descanso foram bastante tranquilas. O banheiro (também pequeno, mas prático — sim, a privada é automática e há instruções em inglês) tinha uma banheira/ofurô que você vai querer usar depois de um dia inteiro caminhando.
Os colchões no Japão costumam ser mais duros, mas gostamos da cama e dos travesseiros oferecidos. Há uma lavanderia no prédio anexo, que utilizamos uma vez. A lavadora e a secadora aceitam moedas apenas, e também contam com instruções em inglês.
Aliás, os funcionários da recepção falam pouco inglês, mas em nenhum momento tivemos problema para nos comunicarmos.
O bairro de Akasaka fica próximo do bairro de Roppongi, um dos epicentros da noite em Tóquio, mas é bastante tranquilo e mais frequentado por executivos.
Há inúmeros restaurantes na região, além de lojas de conveniência 7-Eleven (onde você pode sacar dinheiro com seu cartão brasileiro habilitado para saques internacionais) e Family Mart do lado do hotel. Na frente, um estabelecimento da rede Doutor Coffee, que foi bastante utilizado por nós para o café da manhã.
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Outros lugares convenientes para se hospedar em Tóquio
Dito isso, talvez você queira se hospedar próximo de alguma estação da linha de trem Yamanote, como em Shinjuku, Shibuya ou mesmo perto da estação Tokyo (de onde sai a maioria dos trens-bala).
Isso porque você, se estiver utilizando o JR Pass desde o primeiro dia de viagem, vai querer aproveitar o acesso livre que ele dá às estações dessa linha de trem circular e prática, que leva aos principais pontos turísticos da cidade.
Não encontramos um hotel como queríamos perto de estações da linha Yamanote, porque viajamos na alta temporada e muitas opções já estavam esgotadas faltando pouco menos de três meses para embarcarmos. Ficamos em Akasaka mesmo, utilizamos o metrô o tempo todo e gostamos.
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Deslocamentos em Tóquio
De Akasaka estávamos a curtas viagens de metrô da maioria das atrações da cidade. Em boa parte das vezes precisávamos fazer alguma baldeação para trocar de linha (já que a linha Chiyoda não passa por tantas atrações da cidade), mas as estações são bem sinalizadas em inglês, além de japonês.
O metrô e os trens de Tóquio ficam lotados nos horários de pico, parecidos com os nossos, mas achamos toda a experiência bem mais tranquila do que o metrô paulistano ou o de Nova York. Nada que vá assustar alguém que já andou no metrô de São Paulo às 18h.
Como eu disse no texto anterior, o Japão é um país tão seguro que não nos sentimos ameaçados em momento nenhum, nem no meio de multidões. Há vagões exclusivos para mulheres, bem sinalizados, então observe antes de entrar no trem.
Tome cuidado também com as linhas expressas e locais, que em algumas estações passam no mesmo trilho. Por pura desatenção (todos os trens são bem sinalizados), pegamos uma linha expressa em vez de uma local certa noite e gastamos 30 minutos para corrigir o trajeto.
Foi o único erro que cometemos em mais de uma semana em Tóquio. O Google Maps vai ser seu melhor amigo para deslocamentos, e ele indica exatamente quais trens, metrô ou ônibus você deve pegar com precisão de horários impressionante.
Como não estávamos colados numa estação da linha Yamanote, acabamos usando mais o metrô com o nosso SUICA, e só ativamos nosso JR Pass no sexto dia na cidade (compramos um passe de 14 dias, e ficamos 20 dias no Japão).
Quanto custa o metrô de Tóquio
O bilhete mais barato de metrô custa 170 ienes (cerca de US$ 1,50), mas sai por 165 yens, se você usar o SUICA.
Há passes de um ou mais dias, que dão direito a viagens ilimitadas de metrô no período, mas Tóquio tem uma rede de trens e metrôs complexa: há mais de uma companhia privada operando os metrôs, e o passe de dia inteiro de uma cia. não vale na outra.
Além disso, o passe de metrô não vale nos trens da JR, e vice-versa. Há até um passe que cobre toda a rede metroviária da cidade, mas o custo é alto demais e não compensa.
A única coisa que todos os trens e metrôs aceitam, sem exceção? O querido SUICA. Você vai pagar por cada uso, sem direito a viagens ilimitadas, mas isso vai te deixar completamente despreocupado com compatibilidade de passes e o chatinho ajuste de tarifas na saída da estação.
Mantenha o SUICA carregado com pelo menos 1.000 yens por dia, capriche no Google Maps e seja feliz.
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Tóquio, dia 1 | Roppongi, Shinjuku, Shibuya, cerejeiras
Pousamos em Tóquio num sábado à noite, e a única coisa que fizemos nesse dia, depois do check-in no hotel, foi dormir por mais de 9 horas. O dia seguinte, um domingo, foi o nosso primeiro andando pela cidade.
Começamos o dia 1 caminhando pelo bairro do hotel (Akasaka, no distrito de Minato) e vimos nossas primeiras cerejeiras floridas no pequeno parque Hinokicho, próximo do complexo Tokyo Midtown.
Dali, caminhamos até o complexo Roppongi Hills, composto por prédios comerciais, lojas e pequenas áreas de lazer. No alto do principal prédio do complexo, a Mori Tower (uma das mais altas da cidade), fica o recomendadíssimo Mori Art Museum, que estava fechado, sendo preparado para uma nova mostra.
No topo fica o observatório Tokyo City View (pago), que pulamos porque a próxima atração do dia era outro observatório (gratuito).
Depois de observamos a maravilhosa escultura da aranha Maman, da artista Louise Bourgeois, no centro de Roppongi Hills, fomos até os prédios gêmeos da prefeitura de Tokyo, em Shinjuku (coloque Tokyo Metropolitan Government Building ou Tokyo City Hall no Google Maps).
No alto dos edifícios há um observatório gratuito (e fechado) com vista 360º da cidade, além de uma lojinha de souvenirs e um restaurante.
Em dias claros é possível avistar o Monte Fuji ao longe. O dia da nossa visita era de céu azul, mas uma leve neblina no horizonte escondeu o Fuji o tempo todo. Está vendo os pontinhos azul lá embaixo? São tapetes deixados para reservar lugar para piqueniques embaixo das cerejeiras.
Tóquio tem um tamanho descomunal e precisa ser vista de cima pelo menos uma vez, e muitas pessoas fazem isso pagando para subir ao alto da Torre de Tóquio ou da nova Tokyo Skytree. O prédio da prefeitura é uma das pouquíssimas opções gratuitas para isso. Foi o único observatório em que subimos e não nos arrependemos.
Descemos do observatório, vimos as torres de frente (meio feiosas, ok) e seguimos caminhando para a estação Shinjuku, a mais movimentada do mundo. Essa informação é importante: a estação Shinjuku é imensa e lotada. Você pode andar por horas lá dentro e se perder facilmente.
Foi ali que me senti mal pela única vez no meio de multidões japonesas. Os túneis infinitos, inúmeras linhas de trem, lojas incontáveis e milhares de pessoas embarcando e desembarcando ao mesmo tempo podem ser demais para algumas pessoas — foram para mim. Procuramos uma saída e demos de cara com alguns restaurantes interessantes na área sul da estação. Sentamos por ali mesmo e almoçamos.
Depois do almoço, seguimos a pé para o Santuário Meiji (coloque Meiji Jingu Shrine no Google Maps), o primeiro templo xintoísta que visitamos na cidade.
O Meiji, de entrada gratuita, fica dentro do maravilhoso (e também gigantesco) parque Yoyogi, uma bela área verde no meio do distrito de Shibuya. Ali tivemos a oportunidade de acompanhar um casamento (com as centenas de turistas que também estavam por ali) e de começar a entender os rituais xintoístas.
Depois de ficarmos pelo menos uma hora apreciando os detalhes do Santuário Meiji, voltamos a caminhar, desta vez para a estação Shibuya. A próxima parada era no famoso cruzamento de Shibuya — sim, aquele que virou atração turística por conta das multidões. Coloque Shibuya Crossing no Google Maps e vá.
Encarei o mundaréu de gente com tranquilidade (diferentemente do que aconteceu em Shinjuku) porque a mecânica desse cruzamento é fascinante e estranhamente ordenada. Recomendo que você observe o fluxo do alto, como fizemos.
Um ponto bastante conhecido para isso é um Starbucks facilmente encontrável numa das esquinas do cruzamento. Suba até o segundo andar do café, encontre um espaço nas janelas e veja a multidão indo para lá e para cá toda vez que o sinal abrir.
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Turistas fazendo pose à parte, os japoneses que precisam passar por ali caminham com pressa e seguindo fluxos que você vai compreender. Tendo visto isso do alto, dá para turistar hard posando no meio do cruzamento, filmando e fotografando a multidão do chão e de todos os ângulos que você conseguir.
Depois dessa experiência peculiar, fomos até a estátua de Hachiko, na esquina da estação Shibuya, do lado oposto ao Starbucks. Hachiko é o cachorrinho que ficou famoso por esperar seu dono na entrada dessa estação diariamente, por 10 anos, mesmo após a morte do humano. As fotos com a estátua dele são disputadas.
Na região também fica a famosa Tower Records, loja com 9 andares de discos e livros (tudo em japonês), além de um café. Compramos alguns vinis por ali e seguimos para um café na região. Como já era fim de tarde, voltamos para o hotel de metrô.
À noite, depois de um breve descanso, nos dirigimos para a região do rio Meguro (coloque Naka-Meguro Station no Google Maps). O objetivo: ver cerejeiras iluminadas à noite, à beira do rio.
Como a floração das cerejeiras estava próxima do fim, queríamos ver as árvores iluminadas no nosso primeiro dia na cidade. Chegamos pouco antes das 20h, de metrô, e tivemos uma das experiências mais bonitas da viagem.
Apesar de as cerejeiras já terem começado a perder suas flores, a iluminação noturna do rio Meguro criou uma atmosfera única para as centenas de árvores das suas margens.
É uma região bonita e que também vale a pena ser visitada de dia, mas sua grande atração é a iluminação noturna das cerejeiras na época da floração.
Fora desse período, com as árvores já sem flor, os restaurantes, bares e cafés chamam mais a atenção. Escolhemos o ótimo KushiWakaMaru, especializado em espetinhos japoneses (os yakitori). Depois de provar alguns deles, voltamos para o hotel para dormir.
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Tóquio, dia 2 | Senso-ji, Asakusa e Ueno
No segundo dia em Tóquio, acordamos cedo, pouco antes das 6h da manhã. Nossa primeira parada era o templo budista Senso-ji, no bairro de Asakusa (coloque Senso-ji Temple no Google Maps).
Chegar cedo foi uma decisão acertada: por volta das 7h30 da manhã conseguimos visitar o templo com um silêncio e tranquilidade raros, e isso contribuiu para o impacto.
O Senso-ji é colorido e gigantesco. Além do portão imponente e do templo propriamente dito, um pagode de 5 andares se ergue no local. Os jardins do templo são lindos, e lá vimos algumas das cerejeiras mais bonitas da viagem toda.
Como chegamos muito cedo, as lojas e restaurantes da rua Nakamise (que termina no templo) ainda estavam fechadas.
Mas ao sairmos do templo, pouco depois das 10h, encontramos tudo aberto. Experimentamos diversas comidas das lojinhas locais (a variedade é enlouquecedora), mas o destaque vai para o kibi dango, um bolinho levemente adocicado feito com painço, que comemos com um copo de chá verde gelado. Também vale provar os doces de batata, muito comuns no local.
Saindo da rua Nakamise, fomos até o Centro Cultural e Turístico de Asakusa (coloque Asakusa Culture Tourist Information Center no Google Maps) para vermos a rua Nakamise e o Senso-ji do alto. Há um café no local, mas o acesso ao mirante é gratuito.
Bem próximo dali e da estação Asakusa do metrô, à beira do rio Sumida, ficam duas atrações bem populares da cidade. O Asahi Beer Hall, sede da cervejaria Asahi, é facilmente identificável pela ‘chama dourada’ no alto do edifício (na verdade, ela mais se assemelha a um… cocô dourado, apelido que os locais deram à estrutura).
Do lado fica a Tokyo Skytree, a maior torre do Japão e a segunda maior do mundo, atrás apenas do edifício Burj Khalifa, de Dubai. No alto dela fica um observatório bastante popular e pago. Como já tínhamos visitado um observatório gratuito no dia anterior, pulamos essa atração.
De Asakusa fomos de metrô para o bairro de Ueno, onde fica o parque de mesmo nome (muito frequentado na época das sakuras) e alguns dos melhores museus da cidade. Andamos pelo parque em meio aos japoneses curtindo o final da floração das cerejeiras. Muitos ainda reservavam locais debaixo das árvores para um piquenique de hanami (‘contemplação das cerejeiras em flor’).
Atravessamos o parque em direção ao Museu Nacional de Tóquio (coloque Tokyo National Museum no Google Maps), o maior da cidade, que hospeda uma coleção incrível de obras de arte japonesas e artefatos arqueológicos.
A entrada custa 620 yens. Almoçamos num dos restaurantes do local (chamado Okura Yurinoki – apenas razoável) e partimos para visitar a Galeria Japonesa (Honkan), que fica no principal prédio do museu.
As exibições de armaduras e espadas de samurai, além das máscaras do teatro Noh, são imperdíveis. Atrás do prédio principal do museu, num bosque tranquilo, há diversas casas de chá históricas que você pode visitar apenas na primavera e no auge da época das folhagens de outono.
Há outras outras galerias e prédios no museu, e a que mais gostamos depois da Galeria Japonesa foi a Galeria de Tesouros Horyuji, o prédio mais novo do complexo, de arquitetura impressionante, e que abriga objetos religiosos.
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Deixamos o museu quando ele estava fechando, andamos um pouco mais pelo Parque Ueno (ainda lotado por conta do hanami) e fomos para a estação Shinjuku, em busca do escritório da Japan Railways (coloque JR East Travel Service Center no Google Maps).
Lá finalmente trocamos nosso voucher do JR Pass pelo passe válido (escolhemos nossa data de ativação para o sexto dia da viagem) e reservamos assentos nos primeiros shinkansen que pegaríamos na viagem, menos de uma semana depois.
Os funcionários do escritório da Japan Railways entendem inglês. Mesmo com uma grande fila para efetuar a troca do voucher no local, fomos atendidos relativamente rápido.
Não tivemos nenhum problema para escolher nossos trens e reservar assentos. Era auge de temporada, e mesmo assim havia lugares de sobra — a maioria das pessoas prefere viajar sem reserva de assentos, para não se prender a horários. Nós preferimos reservar e viajar em horários e trens que escolhemos.
Ali do lado do escritório da JR da estação de Shinjuku fica a estação de ônibus (procure por Shinjuku Bus Station). Subimos a escada rolante para acessar os guichês e máquinas de venda de passagens e compramos nossos bilhetes para o dia seguinte quando viajaríamos para a região dos 5 lagos do Fuji (Fuji Five Lakes), mais especificamente para o lago Kawaguchi.
Os ônibus para a região (procure por Kawaguchiko) saem dali de Shinjuku, e as passagens se esgotam rapidamente. Demos sorte: conseguimos lugar só porque foram oferecidos ônibus extra. Pagamos 1.750 yens por pessoa, por trecho.
Tóquio, dia 3 | Bate-volta: Lago Kawaguchi e Monte Fuji
A visita a Kawaguchiko é mais proveitosa em dias claros, sem nuvens, porque do lago Kawaguchi você tem uma vista deslumbrante do Monte Fuji, a poucos quilômetros dali.
Ficamos de olho na previsão do tempo para a região e num site que mostra webcams ao vivo do Fuji de diversos ângulos, e resolvemos visitar Kawaguchiko no nosso terceiro dia de viagem, que prometia céu claro.
Saímos de Tóquio (mais especificamente da estação de ônibus Shinjuku, parte do mesmo complexo da estação de trens) pouco depois das 8h da manhã.
Em menos de duas horas estávamos na estação de trens e ônibus de Kawaguchiko, a base para explorar o lago Kawaguchi.
Lá compramos um passe que dava direito a viagens na linha vermelha do ônibus que circula pelo lago Kawaguchi (estilo hop on-hop off), além de acesso ao teleférico local e a um passeio de barco pelo lago.
Mas antes de pegarmos o ônibus circular que nos levaria até o lago, subimos num charmoso trem local até a estação Shimoyoshida, a cerca de 20 minutos de trem de Kawaguchiko (coloque Shimoyoshida Station no Google Maps, que dá até os horários do trem!).
O objetivo era visitar o Pagode Chureito, que fica a cerca de 20 minutos a pé de Shimoyoshida. A subida da estação até o pagode, no alto de um morro, é considerável — mas se eu consegui, você consegue. Lá do cima a recompensa é uma das cenas mais fotografadas do Japão: o pagode do lado direito, cerejeiras abaixo e o Monte Fuji (se você der sorte com o clima) ao fundo.
Na nossa visita, conseguimos observar a montanha com clareza mesmo com uma neblina leve, típica de dias mais quentes, deixando o Fuji um pouco ofuscado. Há banheiros e algumas barraquinhas de comida no local. Cerca de duas horas depois de chegarmos a Shimoyoshida, voltamos para a estação de Kawaguchiko de trem (o SUICA é aceito nesse trecho).
A região também abriga o parque de diversões Fuji-Q, extremamente popular por conta de suas montanhas-russas recordistas e bizarras. O trem entre Kawaguchiko e Shimoyoshida faz uma parada na estação dedicada a ele.
Apesar da entrada do parque ser barata (os brinquedos são pagos à parte), pulamos a visita porque já passava do meio-dia e queríamos curtir o lago Kawaguchi e suas atrações.
A região do lago estava lotada. A fila para subir no teleférico tinha espera prevista de duas horas, e a neblina que cobria o Fuji já fazia o cume quase desaparecer no horizonte.
Então desistimos dessa atração e fomos para o passeio de barco pelo lago, que praticamente não tinha espera. Sem um Fuji claramente delineado no fundo, o passeio não teve tanta graça. A probabilidade de ver a montanha é maior no começo da manhã (quando o dia está claro).
A região do lago Kawaguchi é bastante frequentada por turistas e tem atrações como banhos termais e museus. Subimos no ônibus da linha vermelha, que estava incluído no nosso passe, e fomos até o Museu Kubota Itchiku, dedicado a kimonos.
Mas… Era uma terça-feira, dia em que o museu fecha. Demos uma espiada no portão de entrada (lindo), e pegamos novamente o ônibus circular até o Kawaguchiko Natural Living Center, que tem jardins de lavanda e uma vista matadora do Fuji (demos sorte, ele voltou a ficar visível durante a nossa parada).
Já passava das 15h quando resolvemos visitar uma das atrações mais populares do lago, a Floresta Musical de Kawaguchiko. É um dos lugares mais estranhos que já vi: uma mistura de museu dedicado a instrumentos musicais com área temática de parque de diversões (o local imita uma vila europeia).
Todo jeitão de armadilha para turistas, mas se você tiver paciência para a arquitetura de gosto duvidoso e os shows musicais (vimos um que era involuntariamente engraçado, dedicado ao Titanic — o navio, não o filme), dá para se entreter conhecendo todo tipo de caixinhas musicais, órgãos e autômatos bizarros. A entrada custou 1.500 yens.
De lá pegamos o ônibus vermelho de volta para a estação de Kawaguchiko. Estava lotado, nível transporte público paulistano, mas chegamos a tempo de pegar nosso ônibus de volta para a estação de Shinjuku, em Tóquio.
A visita ao lago Kawaguchi valeu pela vista do Monte Fuji. Para quem não pretende subir a montanha, vale a pena — mas só se o dia estiver claro. Mesmo com a previsão do tempo a seu favor, uma neblina pode atrapalhar os planos. Só fuja das armadilhas para turistas espalhadas pelo lago.
Tóquio, dia 4 | Palácio Imperial, Museu Ghibli e Akihabara
Nosso quarto dia de viagem começou com uma visita ao Palácio Imperial de Tóquio. Descemos na estação de metrô Kasumigaseki e depois de uma breve caminhada estávamos no parque do palácio. Ele também pode ser facilmente acessado a partir da Estação Tóquio.
O palácio só é aberto ao público em dois dias do ano (23 de Dezembro e 2 de Janeiro), então passeamos pelos parques e jardins com bastante calma. Há walking tours oferecidos no local, mas preferimos andar por conta própria. Há um cenário bastante fotografado ali: a ponte Seimon, com o palácio ao fundo.
A região do parque que abriga o palácio é imensa e merece pelo menos uma manhã de caminhadas tranquilas. O Kokyo Higashi Gyoen, ou jardim do lado leste do palácio, tem diversas cerejeiras e abriga as ruínas do Castelo Edo, destruído durante a era Meiji.
Atravessamos os jardins do leste e saímos no jardim Kitanomaru, onde está a arena Budokan, um ginásio conhecido por ser palco de competições de artes marciais e de shows de rock (foi lá que os Beatles tocaram em 1966).
O Kitanomaru também tem aluguel de barquinhos, que flutuam nas águas da represa que cerca o parque. Experimentamos um pork bun nas barraquinhas de comida do local e fomos para a estação Kudanshita do metrô, na região.
Nossa próxima parada era uma das mais aguardadas por mim: a visita ao Museu Ghibli, dedicado às animações de Hayao Miyazaki (diretor de Meu Amigo Totoro, A Viagem de Chihiro, Princesa Mononoke e outros clássicos da animação japonesa).
O acesso se dá pela estação Mitaka do metrô. De lá, há micro-ônibus pagos que levam até o museu. Caminhar da estação até o museu (é só colocar Ghibli Museum no Google Maps) é uma boa opção também, porque a região de Mitaka é linda.
Este foi um dos passeios que tivemos que planejar com muita calma: os ingressos para o museu podem ser comprados online ou em lojas de conveniência de Tóquio. Eles não são vendidos na entrada do museu, e se esgotam rapidamente.
Os ingressos para o Museu Ghibli começam a ser vendidos pela internet às 10h da manhã (horário do Japão) no décimo dia de cada mês, sempre para o mês seguinte. Por exemplo: ingressos para o mês de agosto começam a ser vendidos em 10 de julho.
Ao comprar o ingresso, você escolhe uma hora de entrada no museu (a última é às 16h). Para garantirmos a nossa visita em abril, ficamos de plantão atualizando a página de venda de ingressos a partir das 22h do dia 9 de março no Brasil (ou seja: 10h do dia 10 de março no Japão) para tentar comprar nossas entradas.
Depois de o site cair por alguns minutos (sim, os ingressos do mês são disputados nível show do U2), conseguimos efetuar a compra para o horário que queríamos (meio-dia). A entrada custa apenas 1.000 yens.
O Museu Ghibli é um passeio emocionante para quem gosta de animações japonesas.
O prédio parece saído de um dos filmes de Hayao Miyazaki, e dentro (onde é proibido fotografar) há um cinema exibindo o mais novo curta-metragem do diretor (o fofíssimo Boro the Caterpillar, que não tem diálogos), uma réplica do Gato-Ônibus do filme Meu Amigo Totoro, galerias impressionantes que exibem técnicas de animação e dão detalhes sobre o processo criativo de Miyazaki, além de uma estátua do robô gigante de Laputa: O Castelo no Céu (o único lugar do museu em que fotografias são permitidas — espere uma pequena fila).
Mesmo com quase todas as informações em japonês, o museu correspondeu totalmente às minhas expectativas, que não eram baixas. Como fã dos estúdios Ghibli, me emocionei bastante lá dentro (e torrei alguns yens na lojinha comprando presentes).
Há uma lanchonete no local que, além de hot dog e croquetes, vende uma cerveja de marca própria. A garrafinha é um belo souvenir. Mas se você preferir comer em outro lugar, a estação Mitaka do metrô tem boas opções (experimentamos alguns doces, dos melhores da viagem).
Do Museu Ghibli, pegamos o micro-ônibus para a estação Mitaka por volta das 15h, e de lá fomos para o bairro de Akihabara, do outro lado da cidade.
Akihabara (ou apenas Akiba) é um paraíso para nerds como eu. São centenas de lojas de eletrônicos e games, e muito neon à noite. Aos domingos, a Chuo Dori, principal rua do bairro, fica fechada para carros e é tomada por pedestres e cosplayers.
Como nossa visita aconteceu numa quarta, não demos essa sorte. Em Akihabara fizemos um programa turístico quase inevitável: conhecemos um cat café.
Há cafés com várias espécies de animais espalhados por Tóquio, como porcos-espinhos e corujas, mas os cat cafés foram os responsáveis pelo começo dessa onda.
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Os cafés que têm animais selvagens são frequentemente acusados de maus tratos, porque os bichos não deveriam estar presos num ambiente como esse, rodeado por humanos.
Então obviamente preferimos visitar um que tivesse gatos ou cachorros, mais acostumados a pessoas. Fomos ao Cat Café MoCHA, que tem filiais em Akihabara, Shibuya e Harajuku.
É preciso pagar 350 yens para entrar (você ganha um refil de bebida) e mais 200 yens a cada 10 minutos passados no local. Há 20 gatinhos bem dóceis e preguiçosos no café, que zanzam pelo salão sem dar muita bola para os humanos.
Ficamos cerca de 30 minutos tirando fotos (há regras claras sobre como tratar os bichanos) e saímos. Em tempo: há outros ‘cafés animais’ bastante corretos em Tóquio. O Café Lua, por exemplo, funciona como abrigo para gatos e cachorros resgatados que estão procurando por um lar.
Depois do cat café, fuçamos bastante nas lojas de eletrônicos e visitamos a Super Potato, uma mistura de museu, arcade e loja de games que vale a ida até o bairro (se você se interessa por videogames, claro). Ficamos por lá até o anoitecer, jantamos num restaurante de carnes na região e voltamos para o hotel.
Tóquio, dia 5 | Mercado de Peixes Tsukiji e Harajuku
Nosso quinto dia de viagem começou no Mercado de Peixes Tsukiji (coloque Tsukiji Fish Market no Google Maps). A grande atração do local costuma ser o leilão de atum, que acontece de madrugada nos galpões gelados do mercado.
Se você quiser ver, deve chegar muito cedo, por volta das 3h da manhã, para conseguir ser um dos 120 turistas autorizados a acompanhar o leilão. Não estávamos tão interessados nisso (poucas coisas me fazem acordar antes das 6h da manhã numa viagem, e leilão de peixes não é uma delas rs).
Queríamos ver mais as lojas e restaurantes do lado de fora, e os galpões do Tsukiji, onde todo tipo de ser vivo marinho é negociado.
Chegamos à região por volta das 9h da manhã desembarcando na estação Tsukiji do metrô. Andamos pelas ruas estreitas do lado de fora mercado, completamente lotadas de turistas querendo tomar um café da manhã (sashimi e todo tipo de peixe cru e fresco disponível para consumo humano).
A lotação das ruas era impressionante e um pouco sufocante. Saímos das ruazinhas estreitas e entramos num dos braços do Tsukiji localizado fora da área dos galpões, onde os preços praticados são mais altos — pelo que entendemos, esses mercados mais limpinhos são mais voltados para turistas.
Wise – Cartão de débito global
Provei um suco de tangerina delicioso vendido no local, e cometemos uma extravagância financeira ao comprar um morango branco (felizmente o sabor era bom!). Pouco antes das 10h, caminhamos em direção aos galpões do Tsukiji, seguindo o fluxo de visitantes.
Visitamos o mercado numa quinta-feira de abril, quando os turistas só foram autorizados a entrar nos galpões depois das 10h da manhã, diferentemente do que alguns guias informam (entrada liberada às 9h).
Dentro dos galpões do Tsukiji é proibido fotografar – os pescadores e vendedores estão ali trabalhando, afinal, e nem todo mundo gosta de ter um celular apontado para a cara. Mesmo assim, a maioria dos visitantes que vimos desrespeitou essa regra.
As vielas dos galpões do Tsukiji são geladas e molhadas, então leve uma blusa e calçados fechados. Também tome cuidado com as empilhadeiras que cruzam as ruas internas com uma paciência nada oriental (quase fui atropelado ao menos uma vez).
Ficamos uma hora lá dentro, até o movimento de vendedores diminuir. Andamos por dezenas de vielas e vimos centenas de barracas vendendo todo tipo de peixes, crustáceos e outros seres marinhos. A popularidade do Tsukiji se justifica: você não vai ver um mercado de peixes tão grande quanto este.
Soube que o fluxo de turistas no Tsukiji está acima da média em 2018, porque o mercado deve se mudar para uma nova área da cidade (região de Toyosu) até o final do ano.
Ninguém sabe se as visitas de turistas continuarão, nem se poderemos ver o leilão de atum. Se for a Tóquio este ano, a visita é mesmo obrigatória. Pode ser a última chance de ver o Tsukiji em seu local original.
Meu marido, José, resolveu comer algo por ali mesmo, num dos diversos restaurantes existentes do lado de fora do Tsukiji. Diz ele que foram os frutos do mar mais frescos que ele já comeu na vida, com destaque para as vieiras (com a minha alergia a camarão e lagosta, resolvi evitar comer por ali).
Um prato para duas ou três pessoas saiu por 4.500 yens. De lá, pegamos o metrô até Harajuku, descendo na estação Meiji-jingumae do metrô.
A ideia era apenas flanar pela região, observar pessoas, almoçar e fazer algumas compras. Entramos num dos vários shoppings da área, chamado Laforet, com muitas marcas locais, e almoçamos por ali mesmo.
Demos uma passada também em outro centro de compras, o Tokyu Plaza (escrito assim mesmo), porque a foto no meio daquele átrio espelhado pareceu irresistível.
A movimentada rua Takeshita, ícone da região, estava completamente lotada e fechada para trânsito de carros. Nos acotovelamos com os adolescentes e locais e demais turistas e fizemos o percurso no ritmo que a multidão permitiu.
Diversas redes japonesas clássicas têm lojas ali, de Daiso a Bic Camera. Harajuku já não é mais um centro de tendências e moda adolescente como costumava ser (então o people watching não foi nada de mais), mas está mais movimentado do que nunca.
O hit entre os adolescentes locais era um algodão doce gigante, pronto para o Instagram.
A multidão fica concentrada na rua Takeshita. Mas as paralelas são bem mais tranquilas e também têm lojas de roupas, tênis e até antiquários. Saímos da região e caminhamos até a Cat Street, o epicentro hipster de Tóquio, com inúmeras lojas de roupas, tênis e discos — uma caminhada bem mais agradável e sossegada que a da rua Takeshita.
Não longe dali fica uma das lojas de action figures e brinquedos colecionáveis mais completas e bonitas que já vimos, a Toy Sapiens. Entre nem que seja apenas para olhar.
À noite, jantamos num gostoso e pequeno restaurante de ramen (Furumen Ramen, em Roppongi) que não estava muito longe do nosso hotel.
Mala de bordo nas medidas certas
Tóquio, dia 6 | Odaiba e a noite de Shinjuku
Nosso sexto dia foi, de longe, o mais nerd da viagem. Fomos até Odaiba, uma ilha artificial à beira da baía de Tóquio conhecida por seus shopping centers ocidentalizados, opções de entretenimento e o Museu Nacional de Ciência e Inovação.
A ida até Odaiba é uma atração em si: parte do trajeto é feito em um monotrilho que passa pela Ponte do Arco Íris (Rainbow Bridge no Google Maps), que liga Odaiba ao restante da cidade.
É um passeio impressionante, especialmente quando você consegue lugar na frente do trem. Fomos e voltamos duas vezes (entre as estações de Shimbashi e Daiba) apenas para curtir o visual único composto pela ponte, os arranha-céus e a Baía de Tóquio.
Em Odaiba pulamos o museu, mas fizemos questão de visitar a atração mais nerd da área: a estátua do robô gigante Gundam, que ‘se transforma’ algumas vezes ao dia. Ela fica em frente ao shopping Diver City Tokyo Plaza, onde almoçamos e compramos blusas na loja da Uniqlo do local — a previsão do tempo não indicava frio, mas o vento em Odaiba nos pegou desprevenidos.
Do Diver City fomos a pé até o Odaiba Seaside Park, um parque à beira da Baía de Tóquio, com uma vista linda da ponte e do skyline da cidade. Ali descobrimos um passeio de barco que eu não havia visto em nenhum guia ou blog: os barcos Himiko e Hotaruna, desenhados pelo artista Leiji Matsumoto, mestre dos mangás.
Eles fazem o trajeto entre Odaiba e Asakusa (onde fica o templo Senso-ji, que visitamos no dia 2 da viagem) pela Baía de Tóquio e pelo rio Sumida. Mas a grande atração é mesmo o design das embarcações, que se assemelham a uma nave espacial saída de um anime futurista.
O trajeto entre Odaiba e Asakusa leva cerca de uma hora e custa 1.260 yens. Se você gosta de cultura pop, vá. Compramos nossas passagens para o barco no pier do Odaiba Seaside Park, mas como o passeio só começaria depois de uma hora e meia, fomos matar o tempo em mais um dos complexos de entretenimento do local, o Joypolis, ali do lado.
As atrações do Joypolis, pagas à parte, misturam games e brinquedos de parque de diversões. Uma das mais divertidas é uma montanha-russa indoor que também funciona como um game de pontaria.
A especialidade são os simuladores e arcades, de Transformers e Star Wars a atrações clássicas da Sega. Há filas para tudo, então nos divertimos na montanha-russa e alguns arcades e voltamos para embarcar para Asakusa.
O passeio de barco no Himiko é bastante agradável e tranquilo, e o interior das embarcações é tão espetacular quanto o exterior.
Você passa debaixo da Ponte do Arco Íris, sobe o rio Sumida em meio a arranha-céus, e desembarca em Asakusa, bem na frente da Tokyo Skytree. Por conta disso, pode ser uma boa ideia fazer os passeios de Asakusa e Odaiba no mesmo dia. De lá, voltamos para o hotel para descansar e nos prepararmos para a noite.
Os planos para a noite incluíam um passeio por Shinjuku, que ferve às sextas-feiras, e uma festa de música eletrônica em Shibuya. Descemos na estação Shinjuku-Sanchome do metrô e me diverti fotografando os neons da região. Fomos a pé dali para a área do Golden Gai, o núcleo boêmio de Shinjuku.
Duzentos bares minúsculos onde cabem 10 ou 15 pessoas se espalham pelas seis vielas do Golden Gai. Chegue por volta das 21h, escolha um deles e entre (a maioria cobra uma taxa de entrada de cerca de 1.000 yens, então o ‘pub crawl’ acaba inviabilizado).
Tomamos um drinque no The 60’s Bar e percebemos que não havia sequer um japonês no local. Esta é uma região bastante procurada pelos turistas, por seu valor histórico e opções de bares, e por isso muito charmosa para um drinque noturno. Perceba como todos os bares do local têm temática ligada às artes (música, cinema, literatura).
De lá fomos para outro ponto boêmio de Shinjuku, o Omoide Yokocho (‘Rua da Memória’, em tradução livre), mais conhecido como Piss Alley (‘Beco do Mijo’).
As vielas estreitas do Piss Alley guardam diversos restaurantes especializados em yakitori (espetinhos japoneses), bares e bancas de comida. Parece mais frequentado por locais do que turistas, e os preços são mais atraentes que os do Golden Gai.
A tradição do Piss Alley como ponto de encontro boêmio vem da época da Segunda Guerra Mundial, e o local realmente parece parado no tempo, contrastando bastante com os edifícios e neons de Shinjuku. É uma parada imperdível.
Saímos do Piss Alley pouco depois das 23h, e pegamos o trem para Shibuya. Tínhamos ingresso para uma festa de música eletrônica na Sound Museum Vision, uma casa noturna que costuma receber DJs internacionais.
O caminho entre a estação Shibuya e a casa foi curioso. Foi o único momento em que notamos prostituição nas ruas de Tóquio, mas, pra variar, não nos sentimos ameaçados em momento nenhum (digamos que os promoters das boates de Tóquio são bastante educados).
Saímos de lá depois das 3h da manhã, e pegamos um táxi até o hotel, porque os trens e metrô já não funcionavam. Pagamos 2.700 yens (cerca de 27 dólares) por uma corrida de 3 quilômetros que durou menos de 15 minutos. Táxi em Tóquio é caro assim.
Tóquio, dia 7 | Ginza e Ni-chome
No nosso último dia em Tóquio, um sábado, acordamos tarde e resolvemos andar por Ginza, bairro que tem o metro quadrado mais caro da cidade (chegou a ser o mais caro do mundo). É uma região de muitas lojas de departamento, lojas de luxo, lojas de rede como Uniqlo e restaurantes.
O passeio começou pela região de Hibyia. Descemos na estação de mesmo nome e tivemos que parar em uma estátua de Godzilla existente na área. Foi ali naquele bairro que os Estúdios Toho (dos filmes do monstro e de diversas obras de Akira Kurosawa) surgiram.
A praça onde fica a estátua (inaugurada em 2018) agora se chama Hibiya Godzilla Square. Dentro da estátua está guardado o roteiro original do primeiro filme do monstro, lançado em 1954.
Depois de muitas fotos da estátua, caminhamos até Ginza, parando para comprar chocolates na loja Mon Loire (do lado da linha Yamanote do trem) e para um café no Cheepa’s, um café decorado com action figures e diversos brinquedos clássicos japoneses.
Dali fomos para a rua principal do bairro, a Chuo Dori, que fica liberada apenas para pedestres nos finais de semana.
Depois de almoçarmos num restaurante de tempurá na loja de departamentos Matsuya de Ginza, visitamos diversas lojas. Mas três delas chamaram mais a nossa atenção.
A Uniqlo existente ali (coloque Uniqlo Ginza no Google Maps) tem nove andares de roupas, é a maior loja da rede no mundo todo. Há inclusive uma seção plus size (obrigado, Japão!).
Outra parada que fizemos foi na bela loja flagship de instrumentos musicais da Yamaha. São muitos andares de flautas, pianos e até espaços para concertos.
Mas a loja que mais gostamos de visitar em Ginza foi a Itoya, uma papelaria de 12 andares com um acervo enlouquecedor. Além dos cadernos, canetas e papeis de carta, a Itoya tem também artigos para casa e decoração.
Os preços são quase proibitivos, mas saímos de lá com tags de mala personalizadas com o nosso nome, feitas em couro, que custaram 1.500 yens (cerca de US$ 15) cada.
Já era noite quando saímos da Itoya, então resolvemos visitar a área de Ni-chome, em Shinjuku, conhecida pela noite LGBT. Tomamos um drinque num bar e voltamos para o hotel em Akasaka. Precisávamos arrumar as malas porque, no dia seguinte pela manhã, viajaríamos para Takayama.
Em tempo: Ginza fica bem próximo da gigantesca Estação Tóquio (Tokyo Station no Google Maps), de onde saem a maior parte dos trens-bala da cidade.
A estação é conhecida por sua arquitetura europeia e pelas opções de alimentação, mas não conseguimos ver sua fachada porque só passamos por ela para pegar um shinkansen.
No próximo post, conto como foi nossa passagem por Takayama e Shirakawa-go, nos Alpes japoneses, e nossa visita ao jardim Kenroku-en, em Kanazawa. E se você sentiu falta das Disneys de Tóquio, calma: dedicamos dois dias a elas (a DisneySea e a Tokyo Disneyland) no final da viagem — o relato vem daqui a três posts.
- Introdução: 10 dicas práticas
- Parte 1: Tóquio
- Parte 2: Takayama e montanhas
- Parte 3: Kyoto e Nara
- Parte 4: Hiroshima, Himeji e Disneys
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56 comentários
Diego, que roteiro maravilhoso!!!! Esta tudo super bem detalhado e com ótimas instruções, anotei tudo bem direitinho, eu e meu amigo pretendemos ir em setembro deste ano, irá depender muito de como estará toda situação diante da pandemia, mas realmente espero que consigamos ir. Só uma pergunta, o que você acha sobre os passes livres do metrô que tem validade por 24h, 48h e 72h?? Eles não acabam sendo mais vantajosos que o SUICA ou PASMO?
Olá, Arthur! Você teria que fazer as contas para ver se funciona para você. (Tipo: quantas viagens de metrô você precisa fazer para compensar cada tipo de passe.) Mas um cartão como o SUICA tem um valor inestimável para quem viaja: você compra uma vez só, só se preocupa com recarga, usa em diversos modais de transporte, em lojas de conveniência e em diversas cidades.
Antes de viajar a gente fica obcecado com pequeninas economias, e esquece de ver o valor relativo das coisas. A economia precisa ser muito significativa na sua viagem para esnobar um serviço que simplifica a sua vida.
Excelente relato. Irei viajar a Tóquio nos próximos meses e visitar o Monte Fuji e a floresta de Aokigahara.
Só uma dúvida: é possível utilizar os trens do Japão sem o JR Pass?
Olá, Adriano! Sim, mas deve sair mais caro.
Só adicionando, desde setembro 2019, há um Suica ou Pasmo para turistas com validade de 28 dias e não há o depósito de ¥500. Em certas estações de trem (consulte o site do Suica), ele pode ser adquirido com cartão de crédito e se não me engano o máximo de crédito é de ¥10000, que podem ser usados não só para transporte como em inúmeras lojas, onde também pode ser regarregado.
Tokyuu Hands é uma loja imperdível, principalmente a de Shibuya, ela vende de tudo, desde artigos de papelaria, cozinha, artesanato, um lugar cheio de novidades.
Dom Quijote é outra loja que tem de tudo, você vai se achar numa 25 de março.
Adorei as dicas, moro no Japão e vou visitar Tóquio em novembro, com amigos que virão do Brasil. Anotei todas as dicas para aproveitarmos bem o passeio! Obrigada!
Acabo de voltar do Japão e faria dois complementos a este belo roteiro.
Em Odaiba, o Mori Building Digital Museum é simplesmente espetacular. São diversas instalações de arte digital, que chegam a emocionar.
Diferente do Diego, fui a Hakone para (tentar) ver o Monte Fuji. Vale a pena ir a esta cidadezinha principalmente para conhecer o Open Air Museum. Guarde duas horas para percorrer os maravilhosos jardins com os quais interagem esculturas de diversos artistas (há uma galeria dedicada a obras de Picasso, mas estava em reforma).
Voltarei a Tóquio e cidades próximas em agosto após uns dias em Paris. Muito bom
Diego, estou maravilhado com sua descrição. Já estou com meu planejamento para ir ao Japão em novembro quase pronto e muita coisa que você diz assim minuciosamente preenche lacunas que eu achei que levaria até a hora H. Parabéns mesmo!
Minha viagem será de lua de mel com meu marido, e não pude deixar de notar que você também viajou com seu marido. Como vocês foram recebidos nos hotéis e nas cidades de modo geral? Foi tudo tranquilo? Preciso me preocupar com algo?
Abraços
Oi, Vinicius. Zero preocupação quanto a isso. Fomos recebidos muitíssimo bem em todos os lugares em que nos hospedamos. Em Tóquio chegamos a ver alguns casais do mesmo sexo de mãos dadas numa boa (os japoneses não são de demonstrações públicas de afeto – homo ou heterossexuais – e isso me surpreendeu). Nas cidades menores, tipo Shirakawa-go, fomos muito bem recebidos – hospitalidade é uma das marcas mais fortes dos japoneses, e absolutamente ninguém se mete na sua vida, nem faz perguntas que possam te deixar desconfortável. Podem ir tranquilos.
Diego, já voltamos e a lua de mel foi um sonho! Não tivemos qualquer problema no Japão e suas dicas foram muito importantes! Estou indicando seu relato pra todo mundo que pergunta. Abraços!
Acabei hoje meu roteiro de 7 dias em Tokyo e segui todas as suas indicações! Muito bom! Valeu mesmo. Que cidade incrível. Seu guia de viagem e o Google maps salvaram tudo por aqui!
Prezado Diego.
Estou em Tóquio, finalizando minha viagem ao
Japão
Descobrii seu blog quando comecei a programar a viagem. Seu relato nos ajudou muito!
Inclusive para programar o roteiro! Aproveitamos muito, principalmente em Quioto e Toquio!
Muito obrigado, fica a dica para incluírem Osaka numa próxima viagem, a cidade é muito bacana com ótimos passeios!
Muito obrigado, Clarice! Depois conta o que achou de Hokaido, quero muito conhecer!