Dicas do Japão: Takayama

20 dias no Japão: o roteiro (e 10 dicas de planejamento) do Diego

Em abril de 2018, meu programa favorito na internet era passar no instagram do Diego Maia, para ver fotos e stories.

Ele e o marido José estavam fazendo uma viagem absolutamente sensacional pelo Japão, intensa mas sem correria, e sem nenhuma furada. Pensei em pedir um relato aqui para o blog, um Roteiro Japão, depois que voltassem.

Para minha felicidade, o próprio Diego tomou a iniciativa de perguntar se eu não queria publicar a viagem dele aqui. Ueba! É com alegria que começo hoje a compartilhar esse tesouro com vocês.

Este primeiro post é um bentobox de dicas quentes de planejamento de viagem ao Japão. Depois a nipoviagem é destrinchada em outros 4 relatos. Vai pelo Diego! [Ricardo Freire]

Texto e fotos | Diego Sapia Maia

A viagem ao Japão era o roteiro dos nossos sonhos, que continuávamos a adiar por uma série de razões: “é longe demais”, “é caro demais”, “é complicado demais montar uma viagem para lá”.

Dessas três crenças, apenas uma se provou verdadeira: sim, o Japão está bem longe do Brasil. Você vai passar mais de 20 horas em aviões e será obrigado a fazer conexão em algum lugar do mundo a umas 9 ou 10 horas daqui.

Mas o custo de uma visita hoje, com o yen desvalorizado, é equiparável a uma viagem pela Europa.

A passagem costuma ser mais cara, mas hospedagem e transporte nas cidades me pareceram equivalentes aos de um passeio por França e Itália.

A comida, acreditem, foi mais barata do que a encontrada São Paulo — se você não faz questão de almoçar e jantar em restaurantes estrelados, claro.

E planejar a viagem para lá se mostrou muito, muito simples. De uns anos para cá, viajar pelo Japão ficou muito fácil com a ajuda da tecnologia. Google Maps e Google Tradutor serão seus melhores amigos nesse passeio.

Decidimos pelo Japão no começo de 2018, quando eu e meu marido pesquisávamos passagens para uma viagem pelo Leste Europeu (queríamos embarcar em abril ou maio).

Achei os preços elevados, e resolvi buscar por tickets para o Japão (sempre na minha cabeça) para comparar. Para minha surpresa, encontrei passagens para Tóquio, com escala em Atlanta (voando Delta), por um preço similar a uma viagem de ida e volta para Hungria/República Tcheca via Amsterdã.

Não pensamos duas vezes: batemos o martelo pelo Japão e começamos a planejar nossa viagem do zero, pouco menos de três meses antes da data de partida programada, no fim de março.

Foi nesse período que cheguei a pedir a ajuda da comunidade de leitores do Viaje na Viagem: que moeda levar ao Japão?

O roteiro: 20 dias no Japão

Tivemos a sorte de chegar no país durante a curta temporada das cerejeiras, e passamos três semanas inesquecíveis por lá, zanzando entre algumas das cidades mais conhecidas, mas também dando espaço para improvisos. Nosso roteiro, que vou esmiuçar nos próximos posts, foi o seguinte:

  • Dia 1: Chegada em Tóquio à noite
  • Dias 2 a 8: Tóquio, com bate-volta para ver o Monte Fuji de perto em Kawaguchi-ko
  • Dia 9: Takayama
  • Dia 10: Shirakawa-go
  • Dia 11: Kanazawa e Kyoto
  • Dias 12 a 15: Kyoto, com bate-volta a Nara
  • Dias 16 e 17: Hiroshima
  • Dia 18: Himeji e Tóquio
  • Dias 19 e 20: Tokyo Disney Resort
  • Dia 21: retorno ao Brasil

Saímos do Brasil numa quinta-feira no fim de março e chegamos em Tóquio no sábado à noite (você perde 12 horas do seu dia por conta do fuso horário — leve isso em consideração ao montar a sua viagem).

Nosso roteiro inicial incluía um pernoite no Monte Koya, mas depois da noite que passamos no vilarejo de Shirakawa-go resolvemos cortar a escala dos planos e adicionar outra noite a Kyoto.

A meu ver, uma decisão acertada. Tivemos mais tempo de conhecer o que para muitos é a cidade mais linda e representativa do Japão ‘clássico’ (das gueixas e templos), e evitamos a logística complicada da ida até Wakayama, onde fica o Monte Koya. O trem que faz a ligação entre Osaka e o local tinha sido interrompido meses antes por chuvas fortes, e boa parte do trajeto teria que ser feito em ônibus locais.

Acredito que foi o roteiro mais redondo que poderia ter feito para uma primeira viagem pelo país. Tivemos tempo suficiente para:

  • Conhecer bem Tóquio e Kyoto
  • Chegar perto do Monte Fuji
  • Escapar para as montanhas nevadas em Takayama e no vilarejo de Shirakawa-go
  • Visitar o famoso jardim de Kanazawa
  • Nos impressionarmos com Hiroshima, Miyajima e o castelo de Himeji

E até para…

  • Nos divertimos nos dois parques Disney de Tóquio

Só não digo que foi uma viagem completa porque ainda quero voltar para conhecer o arquipélago tropical de Okinawa, os museus de arte da ilha de Naoshima e as paisagens espetaculares e frias de Hokkaido, a ilha mais ao norte.

Fica para uma segunda viagem — o Japão é desses países em que você vai planejar voltar assim que botar os pés lá.

Como planejar sua viagem ao Japão em 10 dicas

1 | Se possível, compre passagens com stopover (pernoite na escala)

OK, eu mesmo não segui essa regra e me arrependo um pouquinho. Nossa viagem previa uma escala de seis horas em Atlanta. A Delta também vende essa viagem com escala em Detroit, mas escolhemos Atlanta porque o aeroporto sofre menos com interrupções e tem mais infra-estrutura.

Já que não faríamos stopover, queríamos pelo menos tentar tomar um banho durante a escala, e para descansar usamos o lounge The Club at ATL, que permite acesso mediante pagamento de US$ 40.

Mas por conta de um atraso no voo Atlanta-Tóquio, a escala que duraria 6 horas acabou se estendendo para 12. Depois de certa preocupação, a Delta levou os passageiros para um almoço e passeio gratuitos pelo centro da capital da Geórgia para ajudar a matar o tempo.

Tivemos a chance de conhecer o maravilhoso Georgia Aquarium, o único do ocidente que abriga tubarões-baleia.

Se eu fizesse essa viagem hoje, optaria por pelo menos uma noite em Atlanta ou onde quer que fizesse minha escala.

Aproveitaria para conhecer um pouco o local e me prepararia melhor para o restante da viagem (de Atlanta a Tóquio foram 14 horas de voo…).

Sim, a viagem é bem cansativa. Mas, sou prova, também dá para fazer sem stopover tranquilamente.

2 | Reserve hotéis e ryokans pelo menos 3 meses antes

Reservamos todos os nossos hotéis pelo Booking (o que foi importante para a mudança de roteiro no meio da viagem, quando removemos o Monte Koya e adicionamos uma noite em Kyoto — nossas reservas tinham cancelamento gratuito).

O ryokan (pousada tradicional japonesa, geralmente administradas por uma família) que nos abrigou em Shirakawa-go foi reservado pelo Japanese Guest Houses.

Neste site, que serve como intermediário entre o turista e os donos dos ryokans, você escolhe os três ryokans que mais gostou na cidade de seu interesse, entra em contato com a equipe do serviço e eles checam a disponibilidade de hospedagem. Tudo em inglês!

Todos os hotéis foram pagos com cartão de crédito (Mastercard e Visa) no check-in ou check-out. O ryokan de Shirakawa-go foi a única hospedagem paga em espécie, em yens. Nenhum deles aceita dólar, óbvio.

Dependendo da época da sua viagem (março/abril, auge das cerejeiras, ou novembro, época das folhagens de outono), é melhor reservar seus hotéis com antecedência maior, principalmente em Kyoto.

Quase ficamos sem opção de hospedagem por lá, porque chegaríamos à cidade na data em que as flores das cerejeiras estavam previstas para abrir. A cidade lota de turistas (principalmente chineses), e os hotéis se esgotam com bastante antecedência.

Kyoto deve ser sua prioridade na hora de reservar hospedagem, porque é a cidade mais procurada por turistas no país.

3 | Cuidado com a época de sua viagem

De tudo que li, há apenas duas épocas em que uma viagem pelo Japão não é recomendada. Uma delas é durante a Golden Week, uma semana de feriadões nacionais que começa em 29 de Abril e termina em 6 de Maio.

Durante esta época, todos os japoneses viajam — pelo país ou para fora dele. Os trens ficam lotados, os aeroportos quase intransitáveis, os hotéis completamente esgotados nas cidades mais turísticas.

A viagem também não é recomendada durante o auge da temporada de tufões, que geralmente passam pelo Japão entre setembro e outubro.

Não é sempre que o país é atingido por um, mas uma dessas tempestades (o Tufão Lan) foi a responsável por interromper os trens para o Monte Koya em outubro de 2017, por exemplo.

O verão no país (junho, julho e agosto) é bastante quente e úmido, e julho é o mês em que mais chove em Tóquio. Tenha isso em mente ao planejar seu roteiro.

Não por acaso, primavera (abril) e outono (novembro) são alta temporada. Clima mais ameno, um pouco menos de chuva, cerejeiras ou folhagens colorindo a paisagem.

O inverno, de dezembro a fevereiro, costuma ser rigoroso para nossos padrões. Há neve poucos dias ao ano em Tóquio – mas muita gente adora viajar nessa época porque os dias são mais claros e menos úmidos.

4 | Turista brasileiro não precisa mais de visto

Desde 30 de setembro de 2023 o turista brasileiro que vai ao Japão para estadia curta (até 90 dias) não precisa mais solicitar visto.

São consideradas atividade de “estada de curta permanência ” os passeios turísticos, visitas a familiares, trânsito, participação em palestras, reuniões e outras atividades similares, não sendo permitido que os visitantes trabalhem no Japão.

Quem viaja para ficar por mais de 90 dias (longa permanência), fins de trabalho e outras atividades que não sejam de curta duração precisa tirar visto na Embaixada ou no Consulado.

5 | Japan Rail Pass é muito prático e na maioria das vezes compensa

O Japan Rail Pass, ou apenas JR Pass, dá direito a viagens ilimitadas nas linhas de trem operadas pela Japan Rail durante 7, 14 ou 21 dias. Vale inclusive para os shinkansen (trem-bala) e para algumas linhas metropolitanas em Tóquio, Hiroshima e Kyoto, além de alguns poucos ônibus e da balsa para Miyajima.

Para a maioria dos roteiros ele compensa o investimento. Uma viagem de ida e volta de Tóquio a Hiroshima em um shinkansen pode custar mais do que o JR Pass de 7 dias, por exemplo.

Para saber se o JR Pass vale o investimento, simule o roteiro da sua viagem aqui — a calculadora vai dizer quanto você gastaria com o JR Pass, apontar qual deles você deveria comprar e comparar o valor a bilhetes avulsos de trem.

Para nossa viagem, compramos o JR Pass de 14 dias. Você pode comprar seu passe online em vários fornecedores ou, se preferir, em agências autorizadas (consulte a lista no site oficial). Em São Paulo há várias delas.

Compramos os nossos com cartão de crédito na HIS Turismo, operador japonês que tem escritório no mesmo prédio do Consulado Geral do Japão em São Paulo (Top Center).

O que você compra, na verdade, é um voucher que deve ser trocado pelo JR Pass propriamente dito ao chegar no Japão, num dos escritórios autorizados da Japan Rail (fique tranquilo, há sempre um nas estações de trem maiores e eles são facílimos de encontrar).

Ao trocar o voucher pelo JR Pass, você escolhe a data em que o passe começa a valer.

No nosso caso, colocamos o passe para funcionar a partir do dia 7 da viagem. Muitas pessoas preferem ativar o JR Pass desde o início para aproveitar as viagens gratuitas pela linha de trem circular JR Yamanote, em Tóquio, que passa pelos principais bairros da cidade.

Como nós não ficamos hospedados perto dessa linha, no nosso caso não era vantajoso comprar um passe de 21 dias apenas para poder utilizar a linha Yamanote durante nosso período na cidade.

Para isso utilizamos o cartão SUICA. Falarei mais sobre isso no post sobre Tóquio. A calculadora linkada mais acima vai te ajudar a decidir o melhor JR Pass a ser comprado.

6 | Planeje suas viagens de trem com antecedência

Com o JR Pass você tem direito a viagens ilimitadas nos trens da Japan Rail, com exceção dos trem-bala Nozomi e Mizuho, que são expressos (acessíveis apenas a quem pagou pelo bilhete avulso).

O JR Pass também NÃO dá direito a viagens pelas ferrovias privadas.

Para saber horários dos trens que você pode usar, acesse o site Hyperdia. Procure pelo campo de busca na esquerda do site, escolha a estação ou cidade de partida, a estação ou cidade de chegada e o horário pretendido.

Clique em ‘more options’ para que você possa deixar marcadas apenas as opções cobertas pelo JR Pass (ou seja: desmarque o item Nozomi/Mizuho/Hayabusa, além de desmarcar Private Railway).

O campo de busca deve ficar como nesta figura:

Roteiro Japão: Hyperdia

Selecione essas alternativas, e você terá nos resultados apenas as opções de trem cobertas pelo seu JR Pass.

Os trens no Japão têm vagões com ou sem assentos marcados. Mesmo viajando em alta temporada, vi que havia espaço sobrando nos vagões sem assentos reservados.

Para pegar o trem sem reservar assento, basta entrar na estação mostrando seu JR Pass, dirigir-se à plataforma de onde parte seu trem e procurar a área de embarque para esses vagões sem lugar marcado.

Mas se você for um pouco mais control freak, como eu, talvez goste de saber que o JR Pass também permite a reserva de assentos.

Basta dirigir-se aos escritórios da Japan Rail (o mesmo em que você vai trocar seu voucher pelo JR Pass) munido de seu JR Pass, seu passaporte, além dos dias e horários dos trens que você quer pegar.

Sabe os resultados da sua busca no Hyperdia? Imprima e leve com você — os atendentes da Japan Rail estão acostumados com o site. Lembrando que isso só pode ser feito quando você estiver no país. Não é possível fazer reserva de assentos nos trens pela internet.

Ao fazer sua reserva no escritório da Japan Rail, você vai receber um ticket que deve ser mostrado junto com seu JR Pass nas estações. Esse procedimento de reserva é fundamental para quem viaja nas épocas mais concorridas, como a Golden Week — mas não viaje para o Japão nesse período, se possível!

Eu fiquei tranquilo depois que consegui reservar todos os assentos de que precisava (foram seis trens), mas percebi que me preocupei à toa.

Se quisesse viajar sem assentos marcados, bastava chegar com alguma antecedência à plataforma do trem (30 minutos são mais do que suficientes) para conseguir bons lugares nos vagões sem assentos designados.

Cheguei até a mudar de ideia durante a viagem e pegar um trem mais cedo (de Himeji para Tóquio), mesmo tendo lugares já reservados.

Para isso, me dirigi ao escritório da Japan Rail na estação de Himeji, disse que queria adiantar minha viagem e o atendente cancelou os assentos que eu havia reservado e trocou por outros num trem mais cedo.

Se você não vai usar os assentos que reservou, por favor, avise os atendentes da Japan Rail — assim você não bloqueia o lugar de ninguém à toa.

7 | Internet no celular é indispensável

Poucas pessoas falam inglês no Japão. OK, as placas das estações de trem e metrô estão em japonês e inglês, mas não dá para dizer o mesmo dos rótulos de alimentos e menus de restaurantes (alérgicos a camarão vão decorar a a frase “Watashi wa ebi ni arerugi ga aru”).

Apesar disso, os japoneses (talvez o povo mais hospitaleiro que conheci na minha vida) farão de tudo para te ajudar se você estiver perdido ou precisando de alguma informação. Alguns chegaram a utilizar o Google Tradutor para travar diálogos completos conosco.

O Google Tradutor, aliás, foi o app que mais utilizamos na viagem depois do Google Maps.

O recurso de tradução visual disponível no app para smartphone foi fundamental para nos ajudar com algumas placas, cardápios e rótulos (é só clicar no ícone da câmera dentro do Tradutor, apontar para os caracteres incompreensíveis e a mágica acontece!).

O Google Maps também funciona perfeitamente: em 99% dos casos bastou escrevemos o endereço ou nome do local em romaji (a versão ocidentalizada do alfabeto japonês).

Quer encontrar o templo Tofuku-ji (東福寺) em Kyoto? Basta literalmente escrever “tofuku-ji”, desta maneira, no Google Maps. O app também deu todos os trajetos de metrô, ônibus, bondes e trens de que precisávamos nas principais cidades.

Juntos, Tradutor e Maps serão seus melhores amigos. Mas eles só funcionarão se você tiver internet no celular, e o Japão resolveu isso da maneira mais prática possível: aluguel de modems 4G (‘pocket wi-fi’) é um serviço bastante popular pelo país.

Com ele você pode rotear a internet via wi-fi para mais de um celular, e geralmente tem planos de dados robustos, mais do que suficientes para sua viagem.

Alugamos o nosso pelo eConnect Japan e pedimos para que ele fosse entregue no hotel (não peça entrega no aeroporto — os correios japoneses fecham cedo por lá, e se seu voo atrasar você pode ficar na mão).

A devolução do equipamento, no fim da viagem, é feita por um envelope pré-pago que vem com ele. Basta colocar tudo dentro da embalagem e despachar numa caixa dos correios, que você encontra em toda esquina (e inclusive nos principais aeroportos).

Você pode alugar o modem ao chegar no país também, há vários quiosques que oferecem o serviço nos aeroportos de Narita e Haneda em Tóquio. Mas preferimos sair com tudo alugado daqui, e ao chegarmos no hotel o pacotinho da eConnect nos esperava.

Nem se preocupe com chip de celular: o ‘pocket wi-fi’ já resolve sua internet para a viagem inteira, e é compatível com qualquer smartphone. E ele costuma vir uma bateria extra, para durar o dia todo batendo perna com você.

8 | Não leve malas grandes

Você vai viajar muito de trem se seguir o roteiro indicado aqui. Vai ter que andar por muitas estações de trem e metrô carregando malas também.

Então nem pense em levar malas tamanho G. Uma mala M e uma mochila foram suficientes para nossa viagem de 20 dias.

Os trens do Japão não têm o mesmo espaço para malas que encontramos nos trens europeus. Você provavelmente vai ter que colocar sua mala no bagageiro acima do seu assento. Ele comporta no máximo malas de tamanho M (imagine-se levantando uma mala de mais 20 kg à atura de um compartimento acima da sua cabeça…).

Se der muita sorte, vai encontrar lugar para suas malas atrás de algum banco no final do vagão, mas nem todos os trens que pegamos tinham esse espaço.

Portanto, malas de no máximo tamanho M e uma mochila são imprescindíveis para que suas viagens de trem (e deslocamento até as estações, subindo e descendo escadas) não se transformem em um martírio.

Preocupado com a quantidade de roupas? Todos os hotéis em que ficamos hospedados tinham lavanderias que funcionavam com moedas, e até onde vi isso é bastante comum na hotelaria por lá.

As instruções das máquinas estavam em inglês. Lavamos roupa em apenas um dia da viagem e pronto.

8.1 | Melhor ainda: despache suas malas de uma cidade a outra

Viajar pelo Japão é muito, muito fácil, como eu disse.

Além de uma rede ferroviária gigantesca e pontual e do povo mais hospitaleiro que já conheci, o país facilita a vida do viajante com serviços como o despacho de bagagem de uma cidade a outra da Ta-Q-Bin (ou Takyubin), facilmente identificável pelo logo amarelo com dois gatinhos (a mamãe transportando o filhote na boca! Awwwn).

É uma mão na roda para não ter que transportar sua mala pelos trens do país. Utilizamos o serviço no dia #17 da viagem, em Hiroshima, mandando nossa mala para Tóquio.

O serviço estava disponível dentro do nosso hotel em Hiroshima (a atendente não falava uma palavra de inglês – mas todo mundo sabia usar o Google Tradutor e linguagem de sinais! Pagamos cerca de US$ 14 por mala despachada, que reencontramos no dia seguinte, no nosso último hotel em Tóquio, em perfeito estado.

Viajamos o dia inteiro apenas com uma mochila, sem nos preocuparmos com as malas tamanho M, o que foi bastante prático para nossa parada no castelo de Himeji. Você pode usar esse serviço em praticamente todo o país.

Dependendo da distância, a mala pode chegar até no mesmo dia do envio (é mais comum que ela leve pelo menos 24 horas para chegar ao destino, então separe alguma roupa para sua mochila).

A recepção do seu hotel certamente vai conseguir te ajudar com isso.

9 | Leve dinheiro em espécie, mas não esqueça dos cartões

Os leitores do VnV me ajudaram muito com essa. O Japão ainda prioriza o uso de dinheiro em espécie em suas transações no comércio, em restaurantes e nas máquinas de bilhetes e cartões do metrô. Templos em Kyoto são pagos apenas em dinheiro vivo.

Cartões de crédito são aceitos principalmente (ou apenas) em hotéis e grandes lojas como Uniqlo, Muji e redes ocidentais.

Levei dólares e troquei por yens ao chegar no país. Comprei apenas alguns yens no Brasil, o equivalente a US$ 100, suficiente para pagar o trem do aeroporto para o hotel e mais algumas coisinhas.

O câmbio no Japão na época em que o visitei fazia a troca de dólar por yens compensar. Já comprar ydns aqui no Brasil nem tanto…

É fácil encontrar lugares para trocar dinheiro – há até máquinas que fazem isso automaticamente nos aeroportos e estações de trem. Você também pode sacar dinheiro por lá com seu cartão de débito, se seu banco der essa opção.

Mas fique atento: os únicos caixas eletrônicos japoneses conectados ao resto do sistema bancário mundial são os das lojas de conveniência 7-Eleven e os dos correios (além de alguns poucos outros). Bem provável que você não consiga sacar dinheiro de outros caixas.

Para nossa sorte, a 7-Eleven é onipresente nas grandes cidades. Sacamos dinheiro de contas Itaú e Santander sem problemas num desses caixas da rede.

Você vai usar dinheiro em espécie o tempo todo, então prepare-se para receber muitas moedas de troco. Leve uma bolsinha ou porta-moedas para guardá-las.

10 | Leia e aprenda sobre os costumes locais antes da viagem

Não é à toa que Tóquio, apesar de gigantesca, é a metrópole mais silenciosa e limpa que eu já vi.

Ninguém fala ao celular em público (vale para trens, metrô e estações) e todos carregam seu próprio lixo para jogar fora adequadamente em casa ou no hotel (lixeiras não são facilmente encontráveis nas ruas, e elas são limpíssimas).

Caso você se veja espremido no meio de uma multidão, não empurre nem se desespere — há fluxos bem estabelecidos que você talvez não identifique, mas acaba seguindo naturalmente.

ocê não precisa se sentir inseguro no Japão em momento nenhum.

Comer nos shinkansen que viajam entre cidades diferentes é aceitável (capriche nos bentôs à venda nas lojas de conveniência), mas nos trens municipais não. Comer em pé, enquanto anda na rua: não faça isso.

Ao pagar algo a um atendente, deixe o dinheiro numa bandeja ou entregue com as duas mãos. Nunca dê gorjeta (pelo que vi, é quase ofensivo).

Carregue um lenço ou toalha pequena para secar as mãos — toalhas de papel ou secadores nem sempre estão disponíveis nos banheiros.

Aliás, você pode encontrar banheiros não-ocidentais em alguns lugares longe das metrópoles, mas não se desespere — geralmente há banheiros ‘Western style’ sinalizados no mesmo local.

Quando estão com algum resfriado, os japoneses usam aquelas famosas máscaras cirúrgicas em público — se você estiver espirrando ou tossindo, talvez seja uma boa ideia comprar algumas (à venda em qualquer loja de conveniência).

Ao visitar templos, remova os calçados e não fotografe em áreas proibidas. Pelo amor de Buda, respeite as filas, prioridades e ordens estabelecidas.

E óbvio: um arigato gozaimasu (obrigado) e um sumimasen (com licença ou desculpe-me) operam milagres.

No próximo post vou detalhar nosso roteiro por Tóquio, como fomos do hotel ao aeroporto, o bate-volta ao Monte Fuji e falar mais sobre o SUICA, o cartão pré-pago que você precisa comprar ao chegar no país. Até mais!

Arigatô, Diego!

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    114 comentários

    Olá Diego, você pode esclarecer uma dúvida, quanto ao uso da internet, pretendo alugar o pocket wifi, mas e o celular eu não preciso comprar um chip japones, como fazemos na Europa e os Estados Unidos;

      Olá, Maria! Quem responde é A Bóia. O chip japonês vai no pocket wifi. O pocket wifi vai fornecer o wifi para o seu celular com chip brasileiro.

    OI, qual a sua opiniao, vou ficar 15 dias e pagar o JR de 7 dias apenas, ficaria nos 8 dias em tokyo antes de validar o JR e só depois ir para Osaka, vc acha que compensa fazer isso, ou é melhor comprar o JR de 14 dias.Qual seria a melhor forma de economizar?

      Olá, Elina! Durante sua estada em Tóquio, use o cartão Suica. Valide o seu JR Pass apenas quando começar a viajar pelo Japão.

    Que relato sensacional! Vou realizar a viagem dos sonhos daqui 45 dias e já estou emocionada! Obrigada por compartilhar

    Estamos planejando (eu e meu esposo) uma viagem para 2019. Amei as dicas e vou continuar consultando

    Olá, Diego! Queria saber se hoje com o dólar a 4,30 ainda vale a pena levar dólar ou se já compensa comprar ien e levar tudo já trocado. O que você acha?

    Oi, Lu. Como a Bóia falou, os próximos textos detalharão cada cidade do roteiro. Mas adiantando algumas coisas:
    – O turismo no Japão está crescendo muito e nas atrações mais famosas há sempre bastante gente. Março/abril é época de cerejeiras em flor, altíssima temporada no país, quando há mais turistas do que o normal. Se você estiver em Kyoto na melhor semana para ver as cerejeiras, vai encontrar a cidade bastante cheia, especialmente nos lugares com mais árvores (caminho do filósofo, os parques, etc). E hotéis esgotados com meses de antecedência. Mesma coisa para Tóquio. Em Hiroshima, Shirakawa e Takayama (salvo em semana de festival) há bem menos gente. Em resumo: espere encontrar muitos turistas nas cidades maiores nessa época do ano, e muito mais nas semanas específicas de floração. Mesmo assim, você dificilmente terá problemas se se planejar com antecedência e chegar cedo aos pontos turísticos mais visitados. Vou falar deles nos próximos posts. Só evite MESMO a Golden Week.

    Sobre Shirakawa-go: sim, vou detalhar. Adianto que a experiência de se dormir em um ryokan na cidade pode ser difícil por causa da temperatura (em abril chegou a -10C) e das instalações simples da maioria das pousadas (banheiros compartilhados e aquecedor portátil que desliga a cada 3 horas, além de se dormir em futons). Com criança pequena imagino que seja ainda mais complicado.

    Sobre a TaQBin, contratamos no hotel de Hiroshima mesmo, não vi nada no site. Nem precisa reservar com antecedência, é só procurar pelo serviço (pergunte no seu hotel por “luggage delivery” e certamente vão te ajudar).

      Obrigada pela resposta Diego, que frio que fez em Abril hein? Vou degustar o texto de Tóquio que saiu hoje e aguardar mais detalhes pra decidir sobre Shirakawa e Takayama. Já estou correndo pra reservar hotéis, quero muito ver o Sakura novamente. A primeira vez que vi me encantei demais. Vamos lá!! Bom restinho de semana.

    Olá Diego, primeiramente parabéns pelo relato, estou doida aqui com ele. Já li três vezes 🙂 E tenho mil perguntas rs. Vou em 2019 na mesma época, mar/abril. Você achou a lotação dessa época ok ou levemente insuportável? Você vai falar um pouco mais detalhadamente de Shirakawa-go nos próximos posts? Estou em dúvida se incluo ou não no roteiro, ela tem um apelo cultural muito forte mas vou com uma criança de 1 ano e pouco então estou pensando se vale ir até lá. Sobre a Takkyubin, vocês contrataram pelo hotel de Hiroshima pelo que entendi certo? Não chegaram a usar o site deles? No aguardo dos próximos posts e babando com suas fotos no IG por enquanto 🙂

      Olá, Lu! Quem responde é A Bóia. Vêm mais 4 posts por aí, detalhando cidade por cidade. Deixe para perguntar nos posts das cidades, caso o texto deixe alguma dúvida.

    Atenção: Os comentários são moderados. Relatos e opiniões serão publicados se aprovados. Perguntas serão selecionadas para publicação e resposta. Entenda os critérios clicando aqui.

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