Grécia: roteiro com Atenas, Mykonos, Santorini e Zakynthos (a viagem da Mirian)
Quem não sonha em passar um verão fazendo um roteiro na Grécia, pulando de ilha em ilha entre algumas das praias mais bonitas do mundo? A Mirian fez um roteiro que cabe em 15 dias de viagem, e conta como escolheu, entre tantas ilhas gregas, as três que decidiu visitar. Vai pela Mirian:
Texto e fotos | Mirian di Nizo
Já meio cansada de ver nos perfis de viagem do Instagram a imagem que acredito ser a mais fotografada do mundo (a famosa igrejinha branca com cúpula azul e mar incrível ao fundo), decidi que era hora de experimentar este destino, bastante explorado pela cena turística em geral, mas que há muito andava esquecido na minha lista mental de “lugares no mundo para conhecer”: a Grécia.
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Definindo o Roteiro na Grécia
Como tínhamos apenas 15 dias de férias, contando os dois dias de ida e de volta, decidimos escolher quatro bases para o roteiro. Eu e o marido, companheiro de viagem, mais conhecido como Mô, odiamos o pinga-pinga de hotel em hotel.
É muito tempo perdido na burocracia dos traslados, check-ins e check-outs. Preferimos deixar de lado um local ou outro, e ficar com mais tempo para explorar os mais desejados, com calma e prazer.
Atenas, a capital e principal porta de entrada do país, era uma dúvida no itinerário. É que eu andava numa vibe mais para cenários paradisíacos do que para monumentos, cultura e história.
Porém, como bem lembrou o jovem inteligentíssimo que eu tenho em casa (meu filho ): “Ô mãe, não dá pra ir para a Grécia e não conhecer Atenas né? É o berço da civilização ocidental, poxa!”. Assim, o primeiro destino do roteiro foi automaticamente decidido.
Mas depois, quais ilhas visitar? A Grécia tem algo em torno de 6 mil ilhas (dentre essas, 227 habitadas e ao menos 10 ilhas bastante dignas de visita).
Santorini era minha única certeza, afinal, é um dos destinos mais procurados do mundo, dos cenários mais paradisíacos, com as casinhas brancas na encosta e, muito importante, com a tal igrejinha de cúpula azul mais fotografada de todas, que eu andava louca para conhecer.
Fui à busca das duas outras bases que faltavam. Muitos blogs indicavam como as ilhas mais bonitas, nessa ordem: Santorini, Mykonos e Creta. Já o TripAdvisor indicava Santorini, Creta e Rhodes, com Mykonos indo lá para a 4ª posição entre as preferidas.
Ou seja, Creta parecia uma escolha certeira. Mesmo assim, apesar de Mykonos nem sempre despontar como unanimidade e ser dona da fama (exagerada, agora eu sei) de point gay e de baladeiros, foi a outra escolhida sem muitas delongas.
Mesmo não sendo gay nem baladeira, sou muito simpatizante dos dois públicos e, mais que isso, Mykonos rondava meu imaginário desde os filmes da Sessão da Tarde na adolescência.
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Agora, restava escolher uma última ilha. Essa deu trabalho! Creta e Rhodes me pareciam muito distantes (seria muito tempo perdido em traslados). Creta, além disso, é a maior ilha da Grécia. Se entrasse no roteiro, teria que ser com ao menos duas bases, não daria para fazer tudo, e os quatro cantos da ilha, isoladamente, não me chamavam muito a atenção.
Já quase decidida por Rhodes, o marido achou, sem querer, um vídeo no YouTube que mostrava uns caras maluquérrimos fazendo base jumping do alto de um gigantesco penhasco, para, lá embaixo, cair no cenário mais maravilhoso que eu jamais tinha visto na vida.
Era a praia de Navagio — ou ‘Navagio Beach’, em português castiço de internet. “Peloamor, onde fica isso Mô?!” “Fica na Ilha de Zakynthos, Grécia”.
Não vou contar agora o deslumbre que é essa Navagio. Só vou adiantar que eu pirei nesta praia e a agora eu me deparava com um grave dilema. Teria que quebrar outro dos meus mantras de viajante: se o lugar é maravilhoso, mas fica muito distante dos demais do roteiro, ele não vale a pena.
As ilhas gregas são divididas em 6 lotes de ilhas. Falando apenas de dois, o mais conhecido é o das Ilhas Cyclades, no Mar Egeu, mais para o sul, já quase Mar Mediterrâneo, onde ficam as famosas Santorini e Mykonos. Outro lote é o das Ilhas Jônicas, no Mar Jônico, para o lado oeste. É lá que está a ilha de Zakynthos.
Eu tinha duas maneiras de chegar em Zakynthos. Se estivesse em Atenas, ou seja, no continente, era só pegar um ônibus em direção ao oeste, 3 horas e meia; depois, chegar ao porto de Kilini, no litoral do mar Jônico e, dali, pegar um ferry de mais 1 hora até Zakynthos (passagem do barco já incluída quando você compra o ônibus).
O problema é que partiríamos de Santorini, no meio do mar Egeu, ao sul do continente. Não tem ferry direto. Incluir mais um ferry Santorini-Atenas, para depois seguir por terra até o oeste da Grécia, dobraria a distância e o tempo. A saída foi bancar um voo direto Santorini-Zakynthos.
Depois de muita pesquisa, achamos uma passagem por US$ 270 (algo como R$ 800 no câmbio do dia), já incluindo o trecho da volta Zakynthos-Atenas, para retorno ao Brasil. Passagem cara, é verdade, considerando que os trajetos não passam de 1 hora de voo, mas aceitável, considerando meu desejo, nessas alturas beirando a obsessão, de conhecer Navagio em Zakynthos.
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Roteiro Grécia – versão final
E assim, finalmente, o roteiro foi definido:
- Chegar quase à noitinha e ficar mais um dia inteiro em Atenas
- Partir no dia seguinte bem cedo com um ferry para 4 dias em Mykonos
- Tomar outro ferry para 5 dias em Santorini
- Finalmente, um voo direto para 3 dias em Zakynthos (em princípio, só por causa de Navagio)
- Voltar de Zakynthos para Atenas de avião, e de lá ao Brasil
Dicas sobre os ferry boats na Grécia
Compre a passagem do ferry pela internet, com antecedência. É fácil, rápido e seguro. E você não corre o risco de descobrir que o barco está lotado no dia de partir para outra ilha (importantíssimo na alta temporada, julho e agosto).
Eu comprei pelo Seajets. Em todos os sites os preços são iguais, mas nesse, não tem nenhuma taxa extra surpresa quando você finaliza a compra. Paguei em torno de 50 euros o trecho. Os horários de saída são um pouco limitados.
Escolhi a categoria Silver, um tiquinho mais cara, só para ir de janelinha curtindo o marzão, mas descobri que não vale a pena. Depois que o barco sai você senta onde quiser.
Existem dois tipos de barco: um express, que demora em torno de duas horas entre Atenas-Mykonos ou Mykonos-Santorini, e outro mais lento, que leva 4 horas cada trajeto. Se puder, não economize nisso, quatro horas sem fazer nada é muito tempo, mesmo dentro de um barcão super confortável no meio do Mediterrâneo.
Ainda em Atenas, existem dois portos de onde saem os ferry boats para as ilhas: Rafina e Piraeus (são estes os nomes que você procura no site na hora de compras seu ticket). Piraeus (diga: Pireus) é o mais próximo do centro, cerca de meia hora de carro.
Mala de bordo nas medidas certas
Atenas
Não existe voo que saia do Brasil direto para Atenas.
Partindo de São Paulo trata-se de uma jornada de 20 horas ou mais, considerando as três horas de antecedência no aeroporto, mais umas 12 horas de voo até a conexão, que no nosso caso foi Frankfurt, ao menos mais duas horas no aeroporto de conexão, e mais umas duas ou três horas de voo até Atenas.
Isso tudo sem contar o transporte para chegar ao hotel. Veja opções de passagens mais baratas para Atenas.
Falando em hotel, sempre procuramos ‘onde ficar’ o mais perto possível do ‘o que fazer’ e como tínhamos, basicamente, um só dia em Atenas, essa regra era imprescindível. O escolhido foi o Airotel Parthenon, um 4 estrelas que eu daria no máximo 3, porém, baratinho, ajeitadinho e, o mais importante, a meros cinco minutos a pé do centro de Plaka, o bairro mais turístico e importante de Atenas. Veja recomendações de hotéis em Atenas.
Chegamos às 18h e, ainda que esgotados, tomamos uma ducha de 5 minutos e já saímos para um breve reconhecimento do bairro. Adoro conhecer à noitinha o centrinho das cidades que visitamos. Parece que neste horário tudo fica mais vibrante, as pessoas ficam mais alegres e acolhedoras.
Acabamos perambulando até bem tarde, já fizemos umas fotos da Acrópole lindamente iluminada de azul, e escolhemos um restaurante bacaninha para nosso primeiro prato verdadeiramente grego da vida, a moussaka, uma espécie de lasanha de carne de cordeiro com berinjela, acompanhada da mundialmente famosa salada grega (tomate, azeitona, pepino, cebola, orégano, queijo feta — de cabra — e muito azeite).
Um detalhe muito feliz: quase todos os restaurantes oferecem o vinho da casa, com preço bem acessível. Saiba mais sobre a culinária grega e seus práticos típicos.
E para quem gosta de cultura e história da humanidade, Atenas é um prato cheio com sobremesa e vinho incluídos – tem muito que se ver.
Na minha listinha das atrações imperdíveis, as principais são: a Acrópole, o Parthenon, o Museu da Acrópole, o bairro histórico de Plaka, o Odeão de Herodes Ático (que você encontrará em português castiço de internet ‘Teatro de Herodes Atticus’) e a Ágora, com o Templo de Hefesto. Essas são as mais importantes e, acredite, com organização é possível fazer todas em um único dia, pois tudo fica muito concentrado.
O bairro de Plaka é o mais antigo de Atenas e fica ao pé da Acrópole (é possível enxergá-la de vários pontos). Repleto de lojinhas de souvenir, depois de meia hora você se dá conta que vendem praticamente as mesmas coisas, mas, com paciência, dá para garimpar itens que valem um espaço na mala.
Um dos nossos achados foi o licor grego de mastic, plantinha que é uma espécie de pistache grego com sabor realmente único. Antes da viagem, ouvi que Atenas era perigosa, especialmente após a crise que teve início nos EUA em 2008 e se alastrou pela Europa. Ao menos em Plaka nos sentimos muito seguros.
O bairro é um museu a céu aberto (clichê dos clichês, mas muito verdadeiro aqui). Você vai andando e esbarrando em mesquitas, igrejas medievais, teatros, monumentos e praças públicas de mais de dois milênios de existência.
Entre todas as atrações, a mais importante é a Acrópole. O termo Acrópole significa cidade alta; eram os locais mais altos das antigas cidades gregas, que serviam de cidadela e onde se erguiam templos e palácios.
A Acrópole de Atenas é uma das mais importantes do mundo e seu principal templo é o Parthenon, dedicado à deusa grega Atena e construído por volta de 450 a.C. Vale dizer que em nossa visita tudo estava meio ‘em obras’ que, pelo que parece, já duram anos. Na verdade, ninguém te fala, mas pouco do que se vê ali é original.
O Parthenon já virou ruínas e foi reconstruído várias vezes, dado que já teve diversas funções durante seus quase 2.500 anos de existência. Já foi templo de adoração e culto, habitação de poderosos governantes, igreja católica, mesquita e depósito de armas.
Foi na função de local de armazenamento de pólvora que sofreu um dos piores danos, atingido por uma bala de canhão em uma das inúmeras guerras a que sobreviveu (ao menos parcialmente).
Sobrou muito pouco de material original, o que, momentaneamente, nos faz pensar que estamos num parque temático. Pequena crítica à parte, não dá para ignorar a importância do que foi preservado (ou reconstruído), e de sua simbologia para o mundo ocidental.
Mas a Acrópole guarda muito mais, além do Parthenon. Logo na entrada, ainda no pé da colina, o Odeão de Herodes Ático. Fiquei impressionada com sua beleza. Bem preservado, é palco de apresentações e shows que podem ser comprados pela internet com antecedência.
Querendo ir, prepare o bolso: é bem caro, algo como 120 euros o espetáculo. Outras construções importantes são o Erecteion, templo dos deuses do campo, o Propileu, portal para a parte sagrada da Acrópole, e o Templo de Atena Nice, ficando apenas nos principais.
E quem ama uma velharia levanta a mão! O Museu da Acrópole fica logo ali do ladinho, a cinco minutos a pé. O acervo é constituído de peças originais da própria Acrópole, com destaque para as célebres Cariátides, belas esculturas femininas que eram as colunas de sustentação do templo Erecteion. Algumas são originais.
No térreo, o incrível piso de vidro permite ver as escavações das ruínas da antiga cidade. Sou a própria louca do museu, entro em todos. Mas preciso ser honesta, me arrependi do Museu da Acrópole. Não que ele não seja lindo. O problema foi que, tendo apenas um dia em Atenas, e já tendo visitado a própria Acrópole, ele ficou bem redundante. E pior, depois que entrei esqueci da vida e fiquei duas horas lá dentro, acabou não sobrando nadinha de tempo para visitar a Ágora de Atenas.
Mesmo assim, por sua grandeza no sentido literal e histórico, vale muito falar sobre a Ágora. Chegamos lá bem à noitinha, não conseguimos entrar, mais vimos bastante por fora. Existiam várias “Ágoras” por toda Grécia Antiga, a palavra significa ‘compras’ e era o nome que se dava às praças públicas, que eram os locais mais importantes de cada cidade-estado.
A Ágora de Atenas é um enorme quarteirão e nela fervia toda atividade comercial, cultural, administrativa e legislativa da cidade, por volta de 300 a.C. Fica ali o templo considerado o mais preservado de toda a Grécia, o Templo de Hefesto, simplesmente magnífico.
Sugiro fazer uma boa pesquisa na história e nos monumentos de Atenas antes da viagem. Assim, sua viagem será uma volta ao passado com uma aula viva de história. Mas, deixando toda essa coisa de história meio de lado, vamos ao próximo destino, o mais efervescente de toda a Grécia moderna: Mykonos.
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Mykonos
Em Mykonos existem opções de hotel para todos os gostos. Aqui, e em Santorini, queríamos algo bem bacana, daqueles de sonho, com piscina de borda infinita com vista para o mar. Em Mykonos não conseguimos a borda infinita, mas adoramos nossa escolha, o Mykonos Princess Hotel, na Main Street. Atendimento muito simpático e acomodações muuuuito confortáveis. Veja recomendações de hotéis em Mykonos.
Sobre Mykonos, é bom já deixar uma informação básica. Aqui (e também em Santorini), o mais importante a fazer é andar. Andar muito.
Digo isso porque essas duas ilhas são exatamente aquilo tudo que se vê nas imagens magníficas dos perfis mais populares de viajantes do mundo, com seus labirintos de ruelas estreitas, o piso branco de pedras redondas e irregulares, suas lojas e cafés pitorescos enfeitados com primaveras carregadas de cachos, muitas casinhas brancas, tudo tão branco que chega ofuscar a vista.
Em Chora, a vila principal, referida por todos como Mykonos Town, você vê muitos restaurantes, bares, galerias, lojas e… turistas andando. Portanto, não importa qual seja sua intenção no rolê, o negócio é flanar, sem destino e sem hora.
Contudo, Mykonos guarda diversos pontos interessantes a ser buscados durante a caminhada. Três deles, para mim, são imperdíveis, a saber: os famosos moinhos de Kato Miloy, localizados bem em frente ao porto de Alefkandra, que é, na verdade, o nome verdadeiro da área conhecida como Pequena Veneza (Little Venice nos guias).
Depois, o próprio trecho de ‘Little Venice’, que, de fato, com um pouquiiiinho de esforço, lembra a cidade flutuante do norte da Itália. Neste ponto não deixe de procurar pelo restaurante Kastro’s, em um beco que acaba na beira do mar (veja a foto e me diga se não é o cantinho mais “Oh my God!” da vida!).
E por último, a imperdível Rarity Gallery, uma joinha no centro de Chora, com suas obras intrigantes. Muito válida a visita a essa pequena galeria, já que fica no caminho de qualquer coisa que se faça na Town.
Em Mykonos, assim como em Santorini ou Zakynthos, as três ilhas que visitamos, o meio de transporte principal é o quadriciclo, mais conhecido como quad. Claro que você pode alugar um carro. Mas com aquele calorão de 40 graus e aquelas vistas de tirar o fôlego, super indicamos a jornada com o quad. Mas esteja atento, se a locação estiver muito barata (menos de 35 euros a diária), não faça como nós, desconfie.
Existem muitos locais que alugam quadriciclos já muito velhos. Depois de alugado, não lhe dão qualquer assistência. Chegamos a ficar com um que não tinha freio nas rodas da frente! Ao voltar para reclamar na loja recusaram fazer a troca, alegando que “era assim mesmo”.
Alugamos vários em toda a viagem e chegamos a ficar na mão duas vezes. Então, procure um rental car decente, pague a diária correta e vá tranquilo, sem perrengues.
O quad é muito facinho de dirigir (claro, para quem sabe dirigir qualquer outra coisa, mas principalmente para quem sabe pilotar moto, caso do meu Mô), e foi muito útil na hora de visitar as praias, já que facilita a vida na hora de estacionar, qualquer cantinho serve.
Com o nosso, gentilmente apelidado de Jabiraca (devido às agruras no meio do caminho), em um único dia visitamos quatro delas, lindas, todas na parte sul da ilha.
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Começamos por Paraga, que é uma graça e bem família, passamos pelas famosíssimas e baladeiras Paradise e Super Paradise. Por fim, chegamos à sossegada Elia.
Decidimos voltar e lagartixar na Super Paradise, reconhecida como uma das mais democráticas (leia-se, frequentada pelo público gay e por naturistas), e que conta com uma excelente estrutura de espreguiçadeiras, guarda-sóis e serviço de bar (querendo usar estas comodidades paga-se 20 euros, na alta), oferecidos por duas boates pé na areia bem agitadas, a JackieO’ Beach Club e a Super Paradise.
Escolhemos essa última e relaxamos ao som de muita música eletrônica e caribenha até o pôr do sol. Essa região fica muito próxima a Ano Mera, um vilarejo que é o mais antigo da ilha, muito tranquilo, bem menos agitado que Chora e com bons restaurantes na pracinha central. E foi essa nossa opção para jantar e terminar o dia.
Santorini
Uma viagem de ferry boat de duas horas leva de Mykonos a Santorini. Há cerca de 3,6 mil anos, no auge da civilização minóica, a área era um enorme vulcão. Após uma erupção poderosa, o cume do vulcão afundou para dentro do mar, mas manteve suas bases laterais intactas formando uma espécie de cratera em forma de ferradura.
Desse movimento restou o enorme penhasco, que os nativos chamam carinhosamente de Caldeira. Sobre a cratera, que chega a alcançar 300 metros de altura, Santorini foi povoada.
A ilha tem ao menos três cidades para visitar. A primeira delas é sua capital, Fira (ou Thira). Na borda do penhasco, a 260 metros do nível do mar, é a mais importante da ilha. Escolhemos ficar hospedados lá, no hotel Volcano View.
Fira (Thira) oferece uma grande variedade de atividades, e a arquitetura tradicional de casas pintadas de branco com portas e janelas azuis, residências sem rodapés, muitas vezes escavadas na própria pedra para manter a temperatura interna agradável. No labirinto de ruas estreitas, encontramos lojas, restaurantes, bares, cafés e vistas de tirar o fôlego, em qualquer lugar que se esteja.
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No ponto mais alto encontra-se o teleférico, que em 2 minutos te leva lá para baixo para uma visita ao antigo porto da cidade. Achei o preço desse teleférico bem abusivo, 10 euros! Mas esse é o preço que se paga ao escolher estes destinos na alta temporada. Então sem choradeira, paga e vai, afinal, você já fez o mais caro, que é ir até lá.
Lá embaixo, o antigo porto, antigamente só se alcançava descendo os íngremes e sinuosos degraus pelo penhasco. Os moradores utilizavam mulas para levar mercadorias e produtos para cima e para baixo. Hoje as mulas são usadas apenas para manter viva a tradição e fornecer aos turistas uma forma alternativa de passeio, o que me pareceu um tanto quanto descabido em tempos de politicamente correto imperativo.
Saindo de Fira (Thira) e seguindo por uns 10 minutos em direção ao norte, já no meio da ilha, está Imerovigli. Sempre de carro, não dá para ir a pé entre as cidades. Alguns hotéis oferecem serviço de van de graça ou a custos reduzidos, e é bom avisar, quase não se vê táxis.
Muitos consideram Imerovigli a melhor área para se hospedar, por ser a mais alta, o que proporciona uma visão inteira de toda a Caldeira. É um pouco mais tranquila e pitoresca, achei mais arrumadinha que Fira.
Por fim, seguindo ainda mais adiante, agora por cerca de 30 minutos até o ponto mais ao norte da ilha, está a fofíssima, lindíssima e branquíssima Oia (diga Ia). Essa é, para mim, a mais “Santorini” de todas.
A beleza continua muito calcada no contraste entre a arquitetura da cidade na beira do penhasco mais a imensidão do mar azul ao fundo, mas ali o foco de visão é mais amplo (leia-se, mais mar azul à vista), as calçadas são mais arrumadinhas, os hotéis mais luxuosos. À noite é outro show, com todas as luzes das casas, restaurantes e hotéis transformando a paisagem.
Eu costumo dizer que, felizmente, em alguns lugares do mundo o pôr do sol é sempre uma celebração. Pois foi em Oia que me disseram que eu veria o pôr do sol mais lindo do mundo.
Nesta época do ano (verão) o sol se põe às 20h30, mas às 18h você já vai notando uma pequena multidão seguindo para o ponto mais ao norte, “na beira” da cidade, local onde acontece “o evento”. Pensei comigo, “bobagem, mais tarde eu vejo de qualquer cantinho”.
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O fato é que por volta das 20h já fica impossível conseguir um ponto sem cabeças na sua frente, tal a quantidade absurda de gente literalmente empoleirada nos muros, terraços, janelas e calçadas.
Com muita cara de pau, nos esgueiramos entre as pessoas e conseguimos um bom ponto de vista para o mar. No dia seguinte, estávamos nós lá de novo, desta vez às 18h em ponto, pra pegar um lugarzinho melhor no poleiro.
Na Grécia não procuramos por restaurantes badalados ou indicados, escolhíamos algo que nos agradava pelo meio do caminho. Em Santorini senti que os restaurantes são um pouco mais caros que em Mykonos ou mesmo Atenas.
Mesmo assim, são mais baratos que na Europa em geral. E a comida é muito baseada nas carnes de porco e cordeiro (saiba mais sobre a cozinha grega e seus pratos típicos).
Uma recomendação local foi muito apreciada. A doceria Melenio, além de ter doces maravilhosos (amei o mil folhas, um dos melhores que já comi), é o ponto com o melhor ângulo para fotografar a tal igrejinha com a cúpula azul, Panagia Platsani.
É da varanda dos fundos desta simpática doceria que o mundo inteiro faz a mais famosa foto de Santorini. O povo faz fila só para isso. É um daqueles momentos da vida que você pensa, “por que isso tudo, meu Deus?!”. E depois de alguns minutos tá lá você pegando a filinha.
Infelizmente, apesar de termos reservado o maior número de dias para Santorini (cinco), tivemos um pequeno probleminha de saúde que nos tirou de circulação por quase dois dias. Mesmo assim, conseguimos voltar mais uma vez para o lado sul da ilha e, nesse ponto, vale dar uma palavrinha sobre Akrotiri.
Trata-se de um grande sítio arqueológico que ainda continua sendo explorado por arqueólogos do mundo todo, em busca de novos indícios da civilização minóica que ali vivia, antes da cidade ser completamente soterrada pela lava do vulcão. A área está em constante trabalho pelos arqueólogos, mas é aberta à visitação.
Também no sul da ilha está o vilarejo de Megalochori e as praias de Perissa, também chamada de Black Beach, devido à cor das pedras e areias vulcânicas que compõem o solo, e também a Red Beach, pelos mesmos motivos.
A visão desta última é bem surpreendente, a praia é realmente vermelha. Confesso que fiquei na dúvida se achei bonita ou feia; vale checar pessoalmente e tirar suas próprias conclusões.
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Zakynthos
Depois de enfrentar o aeroporto de Santorini, uma titica lotada de gente, um voo de uma hora nos levou à nossa última base, Zakynthos, a ilha que nos surpreendeu de várias maneiras.
Primeiramente, a paisagem muda, e as casinhas brancas ficam para trás. Trata-se de uma ilha bem rústica, com ruas de asfalto sem guia, casas muito espaçadas de suas vizinhas pelas estradas (lembra um pouco a parte mais rústica da Ilhabela ou de Floripa).
A capital da ilha, que também se chama Zakynthos (ou Zante), lembra uma cidadezinha qualquer do interior do Brasil, exceto porque as pessoas falam grego. Mas Zakynthos como um todo tem muita coisa linda a oferecer.
Em nosso primeiro dia, para não correr qualquer risco, já fomos atrás de comprar nossa ida para a praia de Navagio. Como disse no começo desse longo relato, Navagio foi o motivo de nossa escolha por esta ilha.
Existem duas maneiras de chegar à praia e você deve fazer as duas, pois são atrações totalmente diferentes e incríveis, e não há como encaixar as duas no mesmo dia. Assim, dos nossos três dias, praticamente dois ficaram destinados a Navagio.
Escolhemos primeiro ir pela via marítima. Em qualquer ponto da ilha você encontra um local que vende o passeio. O preço depende muito da embarcação e da distância em que você está desta atração, que é a mais importante da ilha.
Como estávamos hospedados em Zante, no sudeste, e a praia fica totalmente no oposto, a noroeste, pagamos cerca de 25 euros (viram como aquele teleférico em Fira estava caro?). O barco vai contornando a ilha pelo norte e, do nosso ponto de partida, levou cerca de 2h30 só para chegar.
Escrevo, apago, escrevo, apago, e ainda não sei bem como colocar isso. Chegando lá, é tão paradisíaco e tão espetacular que não cabe em palavras, nem em fotos.
Ao se aproximar da Navagio, o mar vai mudando de azul turquesa profundo, para um azul celeste beeem clarinho. A visão que se abre à sua frente é ALGO! Um penhasco de uns 300m de altura em forma de ferradura “abraça a prainha”.
Na areia branquinha, descansa um navio totalmente enferrujado e encalhado há mais de 30 anos. Parece cenário de um filme. Vi mais de uma vez mocinhos apaixonados, ajoelhados na areia, pedindo suas amadas em casamento.
Dentro do shipwreck (que significa naufrágio, e é como também é conhecido o local), as pessoas fazem pedidos escritos em pedrinhas brancas que são deixadas lá, nas paredes enferrujadas de dentro do navio. O lugar é tão especial que, por mais cético que você seja (meu caso), acaba fazendo o mesmo. Vai que, né?
O barco que te leva pra lá, infelizmente, não fica mais que 50 minutos. E eu querendo morrer ali. Sério, é fora da caixinha. Eu lembro e meu coração amolece de saudades. É um lugar que existe para deixar as pessoas em estado de gratidão. Voltamos para nosso barco com dó de ir embora.
No dia seguinte foi a vez de fazer o passeio pela parte terrestre, e conhecer a praia pelo alto do penhasco. Posso dizer, sem muito exagero, que esse foi um dos dias mais deliciosos da minha vida. Eu e o Mô pegamos nossa jabiraca (o quad), mapa na mão e GPS no celular, quando dava sinal, e fomos cortando pelo meio da ilha sentido noroeste.
Como a “jabi” não fazia mais que 50km por hora, levamos mais de três horas para ir e outras três para voltar. Mas quem se importa?
No meio do caminho, ruas dividindo ao meio florestas de oliveiras, vilinhas isoladas encravadas nas montanhas, muitas colinas e vales à beira-mar e, opção nossa que aumentou bem o trajeto, uma visão inédita do litoral oeste da ilha. Em todo o caminho achamos um único mercadinho, e um croissant murcho com coca-cola quente fizeram as vezes de almoço.
Ao chegar, mais uma vez fico sem palavras. Lá em cima tem duas coisas para você fazer. A primeira, é enfrentar uma pequena fila (ao menos na alta temporada), para entrar no improvisado terracinho de grades enferrujadas de onde se tem a melhor vista para a praia lá embaixo.
Assim que se pisa no terraço não tem quem não solte um “Ohhhh!!!”. É quase um susto de tão bonito. Depois disso, você pega à direita uma trilha no meio do mato (dica importante, vá de calça comprida, o mato é espinhento), e vai seguindo em direção à parte mais leste do morro.
No caminho, vários pontos de vista na beira do penhasco (alguns bem perigosos), e mais uma foto sensacional. De cada um deles você tem uma visão diferente, do penhasco em forma de ferradura, da praia de areia branquinha e, bem no meio dela, como que colocado ali por um capricho da natureza, o navio meio pirata.
Lá de cima, os barquinhos ficam do tamanho de uma caixinha de fósforo e, mesmo assim, você consegue ver a sombra deles no fundo do mar, como se estivessem flutuando.
Para se ter uma ideia da beleza, nas duas horas que ficamos por ali, tirei bem umas duzentas fotos, algumas praticamente idênticas às outras, mas até hoje guardo todas – não consigo me decidir por qual descartar. E, de novo, dá muita pena ir embora.
No ano passado, quando estivemos nos Lagos Plitvice (Croácia), me lembro de ter postado uma imagem no meu Instagram dizendo que achava difícil encontrar lugar mais lindo que aquele, nos meus próximos 100 anos de vida. Pois nem um ano se passou e surgiu a Navagio Beach para provar que eu estava errada. Tomara que me engane assim muitas outras vezes na vida.
Zakynthos merece ao menos 4 dias, mas, infelizmente, só descobrimos isso lá. Em nosso terceiro dia, fizemos um corrido rápido pelas principais praias enquanto seguíamos em direção a Porto Limnionas, local escolhido para nosso último dia de viagem. E não é que foi uma agradável surpresa?
Porto Limnionas é uma espécie de braço de mar (azuuuuuuul que só ele), ao lado de um restaurante bem simpático, com preços muito honestos e que oferece espreguiçadeiras a 3 euros, para você passar o dia relaxando, bem do ladinho do mar.
Foi a escolha simplesmente perfeita para descansar, antes de encarar o voo de volta para o Brasil no dia seguinte. Mas, não sem antes, uma última surpresa.
Dias antes da viagem, li em algum blog algo do tipo: “Estando em Zakynthos, não deixe de tomar um café em Kampi”. Dizia somente isso, sem maiores explicações. Ao sair de Porto Limnionas, vejo uma placa indicando Kampi. Lembrei-me da dica e convenci o Mô que não custava nada ir dar uma olhadinha, apesar de sair ao menos meia hora do nosso trajeto.
Chegamos lá era uma cidadezinha pacata, daquelas cujas varandas das casas tem sempre uma viúva vestida de preto olhando para o nada. Sem saber o que fazer, decidimos perguntar para uma delas o que “tinha para fazer por ali”, mas a mulher não falava uma palavra em inglês.
Decidimos ir em direção ao mar e, um pouco mais adiante, no meio da estradinha de terra batida, encontramos dois senhores a cavalo, puxando uma carroça de feno.
Estes, também não falavam patavina inteligível para nós, mas conseguiram nos entender e fizeram gestos indicando que era só seguir aquela estradinha até o fim.
Seguimos pela estrada até chegar literalmente na beira da cidade, que naquele ponto parecia quase despencar mar abaixo. Ali ao lado, num morro altíssimo, uma movimentação de carros sugeria que valia a pena dar uma espiada lá em cima.
Subimos e lá encontramos um restaurante/cafeteria, muito simpático, com um terraço ao ar livre cheio de mesinhas e guarda-sóis que pareciam nos convidar para sentar e ficar. Já era bem tardinha, quase pôr do sol. Com uma vista infinita para o mar Jônico, de cor azul-profundo, ali tomamos nosso último café na Grécia, que deixou na boca um gostinho de “quero mais”.
Costumo dizer que existem muitos lugares maravilhosos no mundo, e que, por isso, não vale a pena viajar duas vezes para o mesmo lugar. A Grécia e, principalmente, Zakynthos, mais uma vez me provaram que eu ainda tenho muito que aprender nessa vida.
Que viagem incrível, Mirian! Obrigado pelo relato!
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243 comentários
Quero só comemora meu aniversário de casamento ter uma experiência linda em um lugar místico pois somos místicos espíritas queremos paz amor e diversão entre nos sem terceiros
Olá, parabéns pela matéria, está fantástica! Muito completa! Inclusive eu e minha esposa faremos o mesmo percurso que vocês agora em setembro, não encontrei vôo direto de Santorini – Zaquintos, vcs fizeram por qual cia? Só encontro opções com parada em Atenas. Obrigado!
Olá, Wellington! Tem que ir por Atenas, mesmo. Não há mais esse vôo direto.
Parabéns pela matéria….EXCELENTE…super bacanas as suas dicas, com certeza irá contribuir para a nossa viagem em maio, que coincidentemente é o mesmo roteiro.
Olá!
Adorei o seu relato sobre a viagem, comprei minhas passagens hoje, mas ainda não reservei hotéis e não decidi quantos dias n Grécia. Serão 25 dias, chegando por Athenas e voltando por Paris, não tenho nada definido entre chegada na Grécia e a volta ao Brasil. O seu relato já me ajudou demais, acho que vou reservar uns 10 dias entre Athenas e Santorini.
Parabens pelo roteiro e a riqueza em detalhes!
Em julho estarei embarcando nessa viagem tbm!
Gostaria de saber sobre o trecho Atenas – Mykonos, onde embarcamos de ferry boats? E se o ideal seria reservarmos hotéis em cada ilhas (Mykonos e Santorini) ou daria para fazer um ˜bate e volta˜ entre elas?
Obrigado
Os ferries saem de Piraeus, mas é melhor ir de avião. Não dá pra fazer bate-volta entre as ilhas.
Olá, tudo bem? Vou para turquia e consegui mais 4 dias de férias para conhecer a Grécia. Esses 4 dias a mais será um presente que vou dar para minha namorada. Estou muito em dúvida entre Santorini e Zakynthos. O que você sugere?
Olá, Henrique! Zakynthos tem uma praia que está na moda no Instagram mas não chega a ser uma ilha representativa da idéia que temos de Grécia. Santorini pode não ter praias bonitas mas entrega a Grécia que você tem na cabeça.
Grecia, é caro e fácil para comer.
Boa tarde. Em junho irei a Grécia com minha filha de 4 anos. Gostaria de saber se com criança de 4 anos e possível visitar Navagio Beach? Os barcos conseguem chegar bem perto da praia?
Olá, Adriano! Informe-se se o seu passeio tem desembarque na praia. A maioria dos passeios de barco tem.
Parabéns! Que viagem incrível! Vc saberia me dizer se tem ferry boat de Santorini direto para Atenas? Muito obrigada.
Olá, Gislane! Leva de 5 a 7 horas. Não sai de Atenas, mas de Piraeus. Compre em https://www.greekferries.gr
Parabéns e obrigada pelo relato! É possível fazer esse roteiro grávida de 6 meses ou a viagem exige muita energia? Obrigada
Olá, Rosana! Converse com seu médico. Ele dirá o quanto de esforço você poderá fazer nessa altura da sua gravidez de acordo com a sua evolução.