Richmond, a orgulhosa capital da Virginia

St James Park, Richmond, Virginia

Encerro os relatos sobre a minha passagem por Washington, DC e arredores falando sobre a cidade que, de fato, foi a primeira parada desta viagem: Richmond, capital da Virginia. Pode-se chamar de paradinha mesmo; fiquei pouco mais de 24 horas por lá. Minha estada consistiu de um pequeno pot-pourri de natureza, história e arquitetura, mas creio ter conhecido, sobretudo, o aspecto que define a cidade — o orgulho de seus moradores.

Imaginemos Richmond como uma mulher. Ela não seria daquele tipo que fala “Você está cego!” quando escuta um elogio. Se você dissesse “Uau, Richmond, você é linda”, ela responderia “Sou mesmo, não sou?”. Pois é. Richmond se ama! É uma cidade pequena, pacata, cheia de história e tão bem preservada que as casas vitorianas parecem ter sido construídas ontem. Há bons motivos para Richmond ficar toda prosa. Eis alguns que valem a visita:

James River Park, Richmond, Virginia

James River Park

550 hectares de área para caminhadas, mountain biking, escaladas em rocha e em árvores, rafting, caiaque, nado… Os preguiçosos também têm vez e podem curtir um piquenique, tomar sol e pescar. O parque é mantido com a ajuda de voluntários que, além de doar recursos, colocam a mão na massa em mutirões de limpeza. O mais impressionante é saber que há algumas décadas o mesmo rio James, hoje com tartarugas nadando e crianças praticando esportes, chegou a ser interditado para o público por conta da poluição herdada de seu tempo como corredor industrial. Completamente recuperado, tem o privilégio de ser o único rio em cenário urbano nos Estados Unidos em que se pode fazer rafting, com corredeiras de nível 4 (a escala vai até 6).

James River Park, Richmond, Virginia

O passeio com a Riverside Outfitters (69 dólares durante a semana, 79 aos sábados e domingos, por 2 a 3 horas) é mais divertido do que amedrontador. A pior parte é mesmo o momento de ouvir as instruções de segurança, quando tudo de mais terrível no universo parece estar prestes a acontecer. Mas respire fundo e vá em frente! Os momentos de maior emoção vêm alternados com um “Olha a águia-careca ali”, “Olha a antiga ferrovia ali”, e também com uma pausa para um lanchinho. O guia do passeio dá as instruções para as remadas, o que no meio de uma corredeira mais cascuda pode virar um tremendo teste de inglês (Left! Backward! Right! Dig, dig, dig!). Garantindo a maior segurança do grupo, um segundo guia acompanha a turma em um caiaque, checando as condições do rio e a postos para ajudar em qualquer eventualidade. No fim das contas, podemos classificar como um híbrido de esporte radical com city tour. Um city tour molhado, no caso!

Virginia Museum of Fine Arts, Richmond

Virginia Museum of Fine Arts

Um museu surpreendente. Quem diria que Richmond detém a maior coleção de ovos Fabergé fora da Rússia? Infelizmente, durante minha visita não foi possível ver o tesouro — os ovos estavam sendo incorporados à mostra Fabergé Revealed, prestes a estrear. Mas, mesmo assim, o museu impressiona. Seu acervo enxuto, porém rico, permite ao visitante passear com calma por diversas culturas e movimentos artísticos. Vi impressionantes ilustrações hindus, vasos gregos, pinturas contemporâneas e tive uma pequena aula sobre Artemisia Gentileschi dada por Arline Murphy, uma senhora cheia de entusiasmo que trabalha como guia voluntária. O Virginia Museum of Fine Arts funciona todos os 365 dias do ano, e o acesso à coleção permanente é gratuito. Às quintas-feiras, no fim da tarde, há apresentações grátis de jazz no agradável café do museu. Mostras como Fabergé Revealed têm horários e preços especiais de visitação.

Urban Farmhouse, Richmond, Virginia

Comida D.O.C.

A expressão aqui não significa nada necessariamente sofisticado, mas sim o costume de incentivar a produção local de alimentos e indicar, no nome dos pratos, a sua procedência. Em Richmond muitos restaurantes têm esse hábito, e como visitante achei o máximo poder provar a comida da região sabendo que ela vinha, efetivamente, da região — seguindo os mandamentos do movimento locavore.

Urban Farmhouse, Richmond, VirginiaUrban Farmhouse, Richmond, VirginiaUrban Farmhouse, Richmond, Virginia

No The Urban Farmhouse (1217 East Cary Street), um café-e-mercadinho que é uma graça, o menu muda de acordo com a estação, para oferecer o que houver de mais fresco aos comensais. Sanduíches, saladas e sopas são feitos com ingredientes orgânicos, e soube pelo menu que meu presunto vinha da Edwards Farm (felizmente me pouparam do nome do porquinho). Para acompanhar, cervejas da Virginia, como Star Hill ou Legend, a cerveja do unicórnio. Não, unicórnios não são animais locais da Virginia.

Monument Avenue, Richmond, Virginia

Arquitetura

Sabe aquelas grandes casas vitorianas que vemos nos filmes, e onde sonhamos viver na nossa aposentadoria? Elas estão todas enfileiradas na Monument Avenue. A avenida tem esse nome por conta dos monumentos a heróis dos Estados Confederados que lutaram na Guerra de Secessão, mas, com todo respeito, aquelas mansões são verdadeiros monumentos também! Há ainda mais pelo que babar logo ao lado, no bairro em forma de leque apropriadamente chamado de The Fan — dizem estar ali o maior trecho preservado de casas vitorianas nos Estados Unidos.

Shockoe Slip, Richmond, VirginiaShockoe Slip, Richmond, VirginiaShockoe Slip, Richmond, Virginia

Impressiona a também preservadíssima área chamada Shockoe Slip. Logo ao lado do centro financeiro da cidade, abre-se um pequeno bairro com prédios de tijolo e paralelepípedos, onde um dia foi o centro do comércio de tabaco. Se o The Tobacco Company com os seus estofados de onça parecer um pouco too much para uma refeição, aposte no Sam Miller’s para um belo prato de ostras (não comi, mas paquerei muito o pedido da mesa ao lado, então belo eu sei que é mesmo).

Carytown, Richmond, Virginia

E ainda…

Richmond não é exatamente um destino de compras, mas é claro que há o que comprar. Bater perna pelo corredor de lojinhas chamado Carytown é um bom programa para a tarde. Há brechós, antiquários, papelarias, cafés, bares e um cinema antigo chamado The Byrd que na ocasião exibia “Rio” (me senti ligeiramente homenageada). Vale a pena passar na Murphie’s para objetos de decoração divertidos, e no Bev’s para um belo sorvete artesanal de blackberry.

Carytown, Richmond, VirginiaCarytown, Richmond, VirginiaCarytown, Richmond, Virginia

Últimas considerações

– Richmond fica a mais ou menos duas horas de distância de Washington. Considerei o roteiro proposto pela Capital Region muito esperto: Virginia, Maryland e D.C, começando em uma cidadezinha pequena como Richmond e terminando em uma metrópole. Eu não faria diferente!

– Também não arriscaria ir no inverno. Para nós, brasileiros, é mais bacana ir nas estações mais quentes e aproveitar o aspecto “natureza” da viagem.

– Não tive tempo para testar o transporte público, mas minha impressão foi de que um carro alugado torna tudo mais prático, mesmo as distâncias na cidade sendo relativamente curtas.

– Fiquei no The Berkeley, em Shockoe Slip. Outras áreas legais de se hospedar são o The Fan e o Museum District (literalmente, o bairro dos museus).

– O site oficial de turismo da cidade, Visit Richmond VA, é uma mão na roda para planejar o roteiro.

Monument Avenue, Richmond, Virginia

Leia mais:

22 comentários

Bóia, você devia se chamar Peteca. Voa de um lugar pra outro com tanta elegância. Adorei esse post.

Bóia, Magnifica Bóia!
Onde está a s o b r e m e s a?
Cerveja? Obrigado, não bebo! 🙂
Parabéns, viajei junto em seus relatos.

Em tão pouco tempo a Bóia conseguiu curtir lazer, comidinha, cultura e história. Viagem completa. Muito bom!

Um outro local legal para se visitar na Virginia é Williamsburg, que é uma cidadezinha histórica e linda a 1 hora de Richmond. Para quem curte parques de diversão, lá também tem uma filial do Busch Gardens, que é bem diferente do de Tampa Bay.

que post lindo, Bóia! eu, que não sou tão fã dos states, fiquei com vontade de conhecer!
adorei.

Bóia,

Lindo o post! E adorei suas impressões da cidade!
Sua missão foi muito bem cumprida por aqui!
Parabéns!

“Richmond se ama!”

Bóia, que coisa linda. Adorei! Você caprichou nesse relato 😉

Seu texto só vem para contribuir e mostrar, mais uma vez, que tem muita coisa bacana para se conhecer nos EUA e que o país não se resume apenas a compras. As cidades têm muito a oferecer em termos de turismo cultural e ecológico.

A Virgínia é excelente para compras. Imposto de 5% apenas sobre as compras e excelentes shoppings.
Dulles Town Center: https://www.falandodeviagem.com.br/viewtopic.php?f=130&t=1864
Tysons Corner Center: https://www.falandodeviagem.com.br/viewtopic.php?f=130&t=1838
Leesburg Corner Premium Outlets: https://www.falandodeviagem.com.br/viewtopic.php?f=130&t=1783

Vale a pena!

    De todas as coisas maravilhosas que a Virginia tem a oferecer, você vai focar em compras? Sério?

    Realmente acho que é mais interessante pensar que a Virginía, que pouco conhecemos, tem mais coisas interessantes para oferecer do que compras. Acho que pra nós brasileiros, atualmente, vale a pena comprar em todo os EUA, mas de certa forma, se esse for o foco, fica parecendo que o país é um grande Shopping Center, e não é. Ultimamente compras nos EUA tem sido matéria de capa de inúmeras revistas brasileiras de turismo. Mas pra falar bem a verdade, as compras tem que ser um extra na viagem, nunca o foco, eu acho.

    Tirando o fato de vc sair completamente do assunto do post, que fala do Orgulho de Richmond, das coisas interessantes pra fazer na cidade, este comentario seria ate valido como complemento, não fosse vc incluir seus links infelizes que são puro spam(ninguém solicitou a informação certo? E mais de um link num comentário como esse, no meu blog eu considero spam!) e neste post, nada acrescentam de util e ainda podem confundir os leitores.
    A Virginia eh um estado enorme e pra quem vai a Richmond, os shoppings e outlets que vc citou ficam completamente fora do caminho.
    Se vc estivesse preocupado em realmente complementar a informacao, vc faria uma pesquisa no Google pra descobrir que o Outlet mais proximo de Richmond eh o Williamsburg Premium Outlet, nao o Leesburg. Que alias, fica tao fora do caminho pra alguem que esta indo de carro de DC a Richmond que as opcoes mesmo
    proximas a DC seriam outras.
    Aqui esta um claro exemplo do que eu disse ontem, que sua preocupação eh somente em se promover!

Adorei!
Acho que é hábito de instrutor de rafting apavorar o povo antes de entrar no bote, né?
Imagino que presente ter um rio com corredeiras no meio da cidade! (Piracicaba até podia entrar numa dessa 😉 )

Em alguns meses o acervo de posts dos EUA aqui no blog ficou enorme! 🙂

Muito legal, Bóia!

PS: Sei que vocês já devem estar providenciando, mas tem muito post novo (de vários destinos) que não está linkado nos índices de países/cidade lá de cima… (just saying…)

    Opa, de Piracicaba eu entendo.. 🙂 🙂
    Nosso querido rio precisa deixar de ser corredor industrial para que seja aproveitado por moradores e turistas.
    Aqui está sendo cuidado, mas no caminho percorrido até nossa cidade as águas já chegam impróprias.
    Diversão? Somente onde é represado junto ao rio Tietê, em Barra Bonita.
    Pescaria? SIM! Ainda temos dourados.

Bem que a Boia poderia ter dado uma esticadinha ate Delaware.. 😀

    Estou tentando, sem muito sucesso, eu confesso, não ficar mais chateada com o fato de que essa balezura de Bóia veio pro East Coast e nem deu uma passadinha em neviorque. 🙁

    Pois é.. essa bóia é muito timida mesmo… Poderia ter ganho tratamento VIP aqui e ai em NY.. Quem sabe da próxima vez não se anima…

Atenção: Os comentários são moderados. Relatos e opiniões serão publicados se aprovados. Perguntas serão selecionadas para publicação e resposta. Entenda os critérios clicando aqui.

Assine a newsletter
e imprima o conteúdo

Serviço gratuito