De ônibus pela Costa do Dendê

Tiririca, Itacaré

A região imediatamente ao sul de Salvador, conhecida como Costa do Dendê, esconde algumas das praias mais bonitas do Brasil. Chegar até elas nunca é fácil. Morro de São Paulo está na ilha de Tinharé, Boipeba também é uma ilha, e a península de Maraú tem um acesso por terra tão precário que a maioria dos visitantes chega pelo mar. Na ponta sul da região, o vilarejo de Itacaré até há pouco não tinha nenhuma ligação terrestre direta com o resto da costa.

É um dos poucos trechos do litoral brasileiro onde não vale a pena passear de carro alugado, entrando de praia em praia. Quem fizer isso na Costa do Dendê acabará pagando diárias à toa, pois o carro vai ficar em estacionamentos no continente, enquanto seus ocupantes aproveitam as areias de Morro, Boipeba ou Barra Grande. O único lugar onde vale a pena estar de carro é Itacaré.

Em compensação, a Costa do Dendê é perfeita para ser esquadrinhada do jeito mais popular: de ônibus. Os horários são freqüentes, e as distâncias, relativamente curtas. Tendo algum tempo para perder – digamos, meio turno a cada deslocamento –, você pode pular de praia em praia sem se incomodar com placas, abastecimento ou estacionamento.

A saída: ferry-boat

Um dos assuntos do momento na Bahia é a planejada construção de uma ponte ligando Salvador a Itaparica – seria uma obra do porte de uma Rio-Niterói. Enquanto a ponte não sai, o jeito menos complicado de sair de Salvador em direção à Costa do Dendê é pegando os ferry-boats que ligam o terminal de São Joaquim à localidade de Bom Despacho, na ilha. Há uma saída por hora (veja os horários em Travessias Online), para uma viagem que leva 50 minutos. Aproveite o tempo a bordo para comer um beiju fresquinho de tapioca com coco ou tomar um café com bolo de aipim. A passagem custa entre R$ 3,95 e R$ 5,20.

De Bom Despacho saem ônibus para todos os destinos da região, em horários coordenados com a chegada dos ferry-boats. Você pode comprar a passagem na hora ou, se quiser se precaver, chegar já com a passagem na mão. Consulte os horários nos sites das companhias (Águia Branca ou Cidade Sol) e compre por telefone (na Águia Branca também dá para comprar pela internet).

Costa do Dendê

Valença: hub do dendê

A 1h45min de viagem (e R$ 15,30 de tarifa), Valença é o porta de acesso a dois destinos de perfis diametralmente opostos: a fervida Morro de São Paulo e a tranqüila Boipeba. Você vai descer na rodoviária e pegar um táxi, que cobra R$ 10 e leva cinco minutos até as lanchas.

Morro de São Paulo também é servido por catamarãs que saem do Mercado Modelo, em Salvador, e vão direto à ilha, em viagens de duas horas e meia. Mas o mar aberto é tão encrescapo e desagradável que os habituês preferem ir por Valença. De lá partem lanchas rápidas a todo momento, para um percurso de apenas 30 minutos, por águas calmas. A passagem custa entre R$ 12 e R$ 15.

De Valença também partem as lanchas rápidas para Boipeba – um conforto implantado há apenas dois verões. Em menos de uma hora, navegando pelo belo estuário do arquipélago de Cairu, você desembarca no porto de Velha Boipeba. Para garantir seu lugar na lancha, é aconselhável pedir à sua pousada para fazer uma reserva.

Camamu: no centro

Com a inauguração do trecho que faltava da BA 001, dali até Itacaré, Camamu viu-se repentinamente no meio do caminho entre Valença e Itacaré. De Valença dá 1h40 de ônibus (R$ 8). Desça aqui para ir a Barra Grande, na ponta norte da península de Maraú. As lanchas rápidas levam meia hora e cobram R$ 25 por passageiro (veja os horários em Camamu Adventure).

Pela estrada nova, Itacaré está a menos de uma hora e meia de ônibus (R$ 7). É uma linha particularmente útil no sentido oposto. Se você está em Itacaré, quer passear por Barra Grande e Taipus de Fora mas não quer aderir aos extenuantes bate-voltas em off-road vendidos pelas agências da vila, o ônibus é uma grande pedida. Uma vez em Barra Grande, pegue a jardineira a Taipus. Consulte antes a tábua das marés para se certificar de que vai estar em Taipus durante a maré baixa, que é quando aparece a piscina natural.

Novidade: Morro + Itacaré

Junto com a extensão da BA 001 entrou em operação uma linha entre Bom Despacho e Itacaré, em vários horários ao longo do dia (alguns com conexão no ‘hub’ de Valença). Essa linha possibilita combinar numa mesma viagem dois destinos que combinam muito bem: Morro de São Paulo e Itacaré. O ambiente de festa e o público são parecidos nos dois lugares; só a paisagem é que muda: coqueiros e mar calminho em Morro, mata atlântica e ondas em Itacaré. A viagem de Valença a Itacaré leva três horas e custa R$ 16,30.

Se você fizer este percurso, programe a sua volta de avião por Ilhéus, que está a apenas 65 quilômetros de Itacaré. (Se gostou da experiência e quiser continuar de ônibus, dá 1h30 de viagem até a rodoviária, a R$ 10. Lá você pega um táxi para o aeroporto, por R$ 18.)

Leia mais:

231 comentários

Riq., em julho nos viajamos do Rio ao Tocantis de carro com este mesmo grupo, e agora a nossa intençao e ficar uma semana so em Morro, jiboiando vc acha inadequado, obrigada,pelas dicas!

    Bom, se vocês são acostumados com viagens longas no batidão, então não tá mais aqui quem falou…

Ola Riq., desculpe-me a intimidade mas estou acostumada a lhe ouvir todas as manhas, vamos la gostaria de obter dicas de como vou a Morro de Sao paulo em Janeiro com 06 adultos e 04 crianças partindo de carro do Rio de janeiro, tipo em que praia ficar e deslocamentos o tempo previsto e de uma seman hospedado por la, e gostaria de dicas de pousadas e hoteis baratos mas semperder o charme e com internet. Obrigada desde ja a todos que puderem me ajudar!!!

    Comece por aqui:
    https://www.viajenaviagem.com/2009/07/de-sao-paulo-ao-sul-da-bahia-de-carro/

    Acho que só vale a pena ir de carro se vocês tiverem vinte dias para ir parando pelo caminho na ida e na volta. Senão, é muito sacrifício enfrentar dois dias de estrada para passar só uma semana e voltar — e com o carro parado no estacionamento. Se é para ir direto, e de avião ficar muito caro, é mais negócio encarar um ônibus até Valença.

    É complicado pensar em hotel barato pra ir com criança em Morro. O lugar é rústico. Perto da praia, orce a ala nova (antiga Pousada Aymorés) da Fazenda Caieira (4a. praia).
    https://www.pousadaaymores.com.br/home.php

Ricardo e demais,

Uma dúvida de alguém que estava na ConVnVenção Sábado e ficou achando incoveniente perguntar por lá.

Quem puder ajudar. Já vi todos os esquemas de transporte, no fim das contas não sei o que decidir.

Queria conhecer tudo, mas só tenho 7 noites no iniciozinho de Dezembro, viajando com a namorada.

As opções são:
1- Boipeba e Morro, dividindo as noites…
2- Barra Grande e Taipus, dividindo as noites…
3- Vai dar mais trabalho, mas ir pra Boipeba e Barra Grande.

Ainda teria a 4ª opção de só ficar em Boipeba mas… Enfim! Uma dica qualquer já é mais que bemvinda!

    Morro e Boipeba (nessa ordem) é mais redondo.
    Boipeba e Barra Grande também rola, mas você vai perder bastante tempo em deslocamento (quase um dia até Boipeba, quase um dia entre Boipeba e Barra Grande, quase um dia entre Barra Grande e Salvador de volta).

    Ricardo, acho que acabarei decidindo ou só pro Boipeba (sete noites em Boipeba, é muito?) ou só por Barra Grande e Tapipus.

    Aliás, você acha que compensaria passar 4 noites em Barra e 3 em Taipus? Ou é melhor ficar tudo num lugar só? Taipus tem estrtura para ir conhecendo as redondezas partindo de lá!?

    Um abraço (e comemoro meu aniversário hoje lá, no mesmo local da ConVnVenção, daqui a pouquinho!)

    Se você gostar de Boipeba, sete dias passam rápido demais.

    Barra Grande e Taipus estão a 20 minutos de jardineira de distância. Barra Grande é uma vila e tem comércio e restaurantes. Taipus tem poucas coisas funcionando à noite, as pousadas oferecem meia-pensão.

    Os deslocamentos em Maraú são muito sacrificados. Você vai querer concentrar todos os passeios em uma ou duas saídas no máximo. Independe se estiver em Barra Grande ou Taipus.

    A vantagem de Taipus poder ficar de tocaia para aproveitar as piscinas naturais na maré baixa, sem depender de transporte de Barra Grande.

    Esqueça o verbo “conhecer”. Ele só prejudica estadas na praia. Relaxe. Curta. Aproveite. Passe o mínimo de tempo possível em trânsito, não vale a pena.

Boa tarde Ricardo!

Cara, adorei seu site e gostaria de conversar com voce sobre a possibilidade de fazermos uma parceira.
Gentileza, me encaminhe seu cntatos para que possamos conversar.
Skype
msn
tel
email
Aguado retorno.
Abs,
Alessandro

Qual restaurante vc indica em Morro?

    Mediterrâneo, na ruazinha principal do centro à esquerda de quem desce, e também o restaurante da pousada O Casarão, na praça.

Ricardo, sou um dos muitos felizardos anonimos que leem , saboreiam e blog!!! Parabéns!!

Estou me programando para ir para morro de sao paulo, e gostaria de saber se voce tem alguma informaçao sobre a pousada fazenda caieira, que fica ao lado da villa dos corais….
https://www.fazendacaeira.com.br/
Onde acho águas mais transparentes em outubro ,boipeba ou morro?
Abraços e obrigado!!

    Era uma pousada rústica que ocupava um grande terreno (o avião da Addey aterrissava na pista de pouso da fazenda). Faz muitos anos que não visito.

    Morro tem águas geralmente mais claras que Boipeba.

Olá a todos!
Voltei ontem da Bahia e as dicas do Riq foram sucesso! Depois de passar o Carnaval e mais alguns dias em Salvador fui a Morro de São Paulo. Peguei o contrafluxo da galera voltando da famosa Ressaca de Morro pois queria mesmo era descansar da farra.

Fiz o trajetinho proposto no mapinha do Riq. Peguei o ferry para Itaparica e foi bem rápido e tranquilo (R$5 – 30 min). Depois, um confortável ônibus para Valença (R$ 13,90 – 2h). Mas o motorista nos deixou no caminho, bem próximo ao terminal marítimo, então não precisamos pegar o táxi. Esperamos apenas meia hora pela lancha rápida e logo estávamos em Morro (R$ 15,00 – 45min). Levamos apenas 1h a mais que o catamarã, mas gastamos a metade do valor e não enjoamos um minuto sequer. Recomendo muito!

Na volta de Morro pegamos um transfer Morro X SSA que descobrimos lá. O valor inicial era R$70,00 mas que, negociados no período pós-ressaca, caíram para R$ 40,00. Daí o percurso foi barco (1h até Ponta do Curral), van (1h30 até Itaparica) e barco rápico até Salvador (30 min). Mais uma vez tudo correu maravilhosamente bem! Sem stress, sem perrengue, sem aborrecimentos. Eita, jeito bom de começar o ano!

Olá Ricardo,

Escrevo para dar um depoimento de quem realizou, no período de carnaval e sem carro, o trajeto salvador/boipeba/barra grande/itacaré. Suas dicas, como sempre, foram mais que úteis, mas resolvi dividir minha experiência, que acredito também poderá ajudar os outros leitores.

Meu plano inicial era passar uma noite no carnaval em salvador e depois ficar até quarta em Boipeba. Na véspera do feriado, contudo, consegui prolongar meu feriado (enforcando a semana) e adicionei Barra Grande (1 noite)e Itacaré (3 noites) ao projeto. Nesse formato, voltando de Ilhéus no domingo após o carnaval, minha namorada poderia conhecer melhor o sul da Bahia (novidade para ela).

Não vou nem comentar como foi minha noite de sexta após o atraso de quase de 3 horas da Gol e vamos direto para o sábado, início do “trecho terrestre”. Meu roteiro, com todo o gás inicial de viagem, previa uma noite num camarote em salvador, seguido – literalmente, pois não tinhamos hotel por lá – do início de nossa viagem. As opções de trajeto eram o ferry/ônibus (+/-2:30 hs até valença) ou o Bumba pela BR (+/- 4 hs até valença).

Alertado pela gerente a pousada em Boipeba sobre os IMENSOS problemas de superlotacão do ferry em feriados (notícias na internet relatam uma fila de até 10 hs no ano novo), tentei comprar o ticket do Ferry antecipado. Mas, para minha surpresa, o que deveria ser tão simples quanto pagar no cartão de crédito e imprimir a passagem, se demonstrou bem mais complexo (depende de um cadastro prévio, emissão de cartão especial que deve ser retirado pessoalmente e de forma antecipada…).

Nossa única opção segura, portando, foi comprar um ticket de ônibus Salvador-Valença pela BR. Na minha cabeça, após uma noite de folia, tudo que eu ia querer era uma poltrona no ar condicionado dentro do Bumba. O ar condicionado ficou na minha imaginação e aquele trajeto de quatro horas pareceu demorar muito mais, tendo o ônibus oarado em todas as localidades com mais de 3 casas no caminho…

Chegando em Valença, tivemos que ir até a rodoviária e, de lá, pegar um taxi. O problema não foi pagar as 10 pilas para o taxista, mas andar num taxi tão acabado que não sei como ainda estava rodando….

No porto, a próxima lancha rápida só sairia em 3 horas, mas tivemos a sorte de antecipar a viagem e chegamos em Boipeba a tempo de curtir uma praia e comer dúzias de labretas. Ufa, enfim chegamos ao nosso destino.

Durate nossa estada – ótima, diga-se de passagem – tentanos diariamente fechar uma lancha entre Boipeba e Barra Grande, evitando ter que voltar a Valença. Apesar de ser alta estação, não conseguimos nem sequer um candidato a tal trajeto (ou passeio). Segundo o pessoal da Bahia Operadora (Boipeba Tur), é muito difícil fechar esse trajeto mesmo na alta e contratar a lancha custaria R$ 720,00.

Para não morrer nessa grana, voltamos à Valença (nossa passagem de ônibus, por garantia, já estava comprada) e pegamos um ônibus para Camamu (1:30 hs de viagem) e depois outra lancha rápida para Barra Grande (50 minutos). Dessa vez, tudo deu certo e os horários foram cumpridos a risca, mas esse deslocamento, que poderia durar apenas 1 hora de lancha rápida, acabou custando quase 5 horas.

Após curtir Barra Grande, tinhamos que ir para Itacaré e, sinceramente, já estavamos um pouco cansados desse sobe e desce… Assim, contratamos um taxi para nos levar, com direito a parada em Taipus de Fora, onde passamos 2:30hs e almoçamos numa barraca com uma super infra-estrutura que permitiu tomar um ducha antes de seguir viagem. Nesse formato, por R$ 150,00, fizemos o trajeto porta a porta com conforto e tranquilidade.

Para finalizar a viagem, tinhamos um último trajeto (Itacaré – Ilhéus). Dessa vez, novamente optamos pelo taxi (R$ 100,00), uma vez que nosso retorno de avião também seria longo, com 2 conexões até o RJ. Mais uma vez, tudo deu certo e achei até barata a corrida diante do conforto.

Enfim, escrevo para confirmar que essa viagem é absolutamente viável sem carro, mas que pode não ser – principalmente em feriados – algo tão simples ou confortável. Acho, ainda, que alguns up-grades de transporte no trajeto são fundamentais para não transformar um período de curtição num martírio.

Enfim, espero que esses comentários possam ajudar aos demais leitores do site.

forte abraço,

Bruno

    Tá no texto do post, Bruno: “Tendo algum tempo para perder – digamos, meio turno a cada deslocamento –, você pode pular de praia em praia sem se incomodar com placas, abastecimento ou estacionamento”.

    Veja bem: meio turno a cada deslocamento em tempos normais. No Carnaval é óbvio que isso pode ser triplicado. Mas em hipótese nenhuma é uma viagem pra ser feita em menos de uma semana, se você quer parar em todas as escalas possíveis.

    Esta é uma viagem para quem tem tempo sobrando, seja lá de que jeito seja feita. Não é pra fazer de um jeito corrido, com uma noite (!!!) em Barra Grande. Nem de avião dá pra ficar só uma noite em Barra Grande.

    A intenção do post é mostrar as possibilidades de deslocamento. Não é pra fazer maraturismo praiano.

    Pessoal: PRAIA É PRA CURTIR. Parar. Ficar. Sossegar. Partir pra próxima, só com tempo e com calma. Não faz sentido desperdiçar férias na praia com deslocamentos que afastem você todo dia da praia.

    A todos os que lerem este post — se não tiverem tempo sobrando, façam uma praia por viagem.

Atenção: Os comentários são moderados. Relatos e opiniões serão publicados se aprovados. Perguntas serão selecionadas para publicação e resposta. Entenda os critérios clicando aqui.

Assine a newsletter
e imprima o conteúdo

Serviço gratuito