Quanto vou gastar em alimentação

8 dicas para economizar em alimentação (e uma para esbanjar)

Muitos dos custos de uma viagem – passagens, hospedagem, passeios – podem ser facilmente previstos antes de viajar.

Um item de gastos, no entanto, escapa ao planejamento financeiro: a alimentação.

Quanto vou gastar com alimentação na viagem?

Taí uma pergunta facílima de responder. A resposta, objetiva e à prova de erros, é:

– Não sei.

Dependendo do destino, a resposta pode ser ainda mais completa:

– Não tenho a mínima idéia!

A verdade: há tantos fatores que influem nos gastos de alimentação, tantas variáveis a considerar, que é impossível quantificar com a exatidão esperada por quem pergunta.

O que você vai gastar vai depender de quando, onde e quanto você come (e bebe).

Vai depender do seu itinerário do dia, do seu tempo disponível para as refeições, dos seus hábitos alimentares, dos seus gostos, da sua paciência de pesquisar e escolher, da sua disposição de procurar lugares específicos.

Num mesmo destino você pode gastar tanto US$ 20 quanto US$ 200.

Digamos que com US$ 50 por dia por pessoa dá para fazer uma refeição econômica e uma refeição de verdade na maioria dos lugares.

Com US$ 75 por dia por pessoa, já dá para pensar em duas refeições sentadas, com bebida alcoólica.

Quem tem as manhas de procurar, porém, pode comer com vinho por menos do que isso (mas quem entende de vinho vai provavelmente gastar muito mais).

Tome as amostras de preços coletadas diligentemente por viajantes, jornalistas e guieiros como um parâmetro de comparação – com os custos em outros destinos e os de onde você mora.

Nenhuma dessas listas, no entanto, prepara você para o que você vai encontrar especificamente no seu caminho, nem prevê o quanto você vai querer consumir.

(Você viajou meio mundo para chegar aqui e vai regular essa entradinha que parece sensacional?)

Mas não se preocupe: no final sempre dá certo!

Não se tem notícia de gente que tenha morrido de fome durante viagens de férias. Ou que tenha precisado voltar antes por falta de verba para a gororoba.

Tenha em mente duas coisas básicas:

Sempre é mais caro do que a gente estava pensando

Por mais que você tenha viajado na vida, dificilmente vai ser acostumar com a circunstância de ter que fazer (e pagar) todas as refeições fora de casa.

Na vida real isso não acontece (e na eventualidade de isso acontecer, você acaba indo nos mesmos lugares e sabendo exatamente quanto vai pagar).

Desta maneira, mesmo num lugar em que os restaurantes sejam mais baratos do que os do lugar em que você mora, a soma das vezes que você vai comer fora vai tornar qualquer lugar mais caro do que você está acostumado.

A gente sempre se adapta

Acredite: no segundo dia (no máximo, no terceiro) a gente já sabe o que é pro nosso bico. A partir daí cada um traça a estratégia que o seu bolso permitir (ou seu apetite deixar).

Há quem faça compensações (para cada extravagância, duas refeições econômicas). Há quem parta para o downgrade puro e simples (de restaurante gourmet para restaurante comum, de restaurante comum para sujinho ou pizzaria, de sujinho ou pizzaria para lanchonete, de lanchonete para comida de rua e supermercado).

E há quem desencane e deixe para pensar nisso quanto a conta do cartão de crédito chegar.

Mais importante do que saber exatamente quanto você vai gastar com alimentação é ter na manga os truques para rentabilizar o seu orçamento.

8 dicas para economizar em alimentação

Restos mortais de um spaghetti al sugo em Roma

1 | Almoço é sempre mais em conta do que jantar

No almoço muitos restaurantes fazem menus especiais. E isso não vale só para restaurantes comuns; o almoço é a melhor ocasião para visitar restaurantes estrelados estourando menos o orçamento.

Na Espanha o “menú del día” é especialmente atrativo; na Argentina é quando você ainda encontra as superpechinchas.

Na França, além das “formules”, são oferecidos agora os “plats du jour” – refeições de um prato só, até há pouco inimagináveis em terras gaulesas.

Nos Estados Unidos, TODO restaurante tem os ‘specials’ do dia na hora do almoço, que podem sair o preço de um almoço por quilo na sua cidade (mas depois que você acrescer imposto e gorjeta, vai ficar mais caro).

2 | Vinho da casa – e água também

Na Europa todo restaurante tem o seu vinho da casa, servido em copo ou em jarro (em restaurantes melhores, até em garrafa).

A qualidade do vinho costuma acompanhar a qualidade do restaurante, mas sempre é um bom negócio (equivalente a refrigerante).

Por incrível que pareça, um dos itens que mais encarecem uma refeição no exterior é a água.

Nos Estados Unidos e na França, porém, você pode pedir água da torneira (é limpa), sem que o garçom torça (muito) o nariz; peça “tap water” nos States e “une carafe d’eau” (inn carráf dô) na França.

Infelizmente na Itália isso não é costumeiro; se você pedir água, o  mais provável é que já tragam um litrão.

3 | Sobremesa? Precisa valer a pena

Não peça sobremesas comuns em restaurantes – mate sua vontade de doces em confeitarias (sempre dá para deixar uma à sua espera no quarto).

Deixe para pedir apenas sobremesas realmente elaboradas, que só um restaurante pode oferecer.

4 | Restaurantes “étnicos” sempre são bom negócio

Descubra os bairros dos imigrantes, e aventure-se pelas suas cozinhas. É o melhor jeito de fazer refeições “de verdade” pagando preço de lanchonete.

5 | Não faça refeições junto aos pontos mais turísticos

Restaurantes perto de atrações turísticas são mais caros. Cafés perto de atrações turísticas são caríssimos.

Pense nisso antes de sentar em frente à Opéra em Paris ou na Piazza Navona em Roma.

Quem tem tempo para fazer refeições fora das áreas mais turísticas sempre come melhor e mais barato.

6 | Saiba usar os cafés

Na Europa (e na Argentina também) os cafés não devem ser vistos como lugares onde você faz uma paradinha para um café ou um refrigerante.

Tudo num café tem um sobrepreço considerável – porque o que o estabelecimento serve não tem importância.

O negócio do café é alugar espaço: você fica dono de uma mesa numa calçada de Paris por quanto tempo quiser, pelo preço de um café caro. E isso é muito barato.

Agora: para sentar, tomar um café e sair correndo o preço é exorbitante.

Se quiser só tomar um café, dirija-se sempre a lugares onde pode beber de pé (na França e na Itália basta entrar no café e ficar no balcão que os preços já caem).

Para simplesmente matar a sede, sempre há lojas de conveniência e minimercados espalhados por todo lugar.

7 | Descubra as comidinhas de rua típicas do lugar

Sempre são melhores do que os fast-foods e proporcionam ótimas recordações de viagem.

8 | Entre pelo menos uma vez num supermercado

Nem que você não esteja economizando, uma visita à área de comida do supermercado é instrutiva e divertida.

Experimente coisas novas, faça piqueniques, abasteça o frigobar do seu hotel.

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    E uma dica para esbanjar

    Faça ao menos uma extravagância gastronômica

    Mas uma extravagância consciente, pesquisada.

    Eleja um restaurante onde você vai gastar o dobro do seu orçamento. Deixe para a penúltima noite. Sempre vale a pena.

    171 comentários

    Muitos restaurantes tem o cardápio no site o que ajuda bastante na hora de planejar os gastos. E o Riq tem razão, para quem mora em São Paulo a referência de preço é outra.
    A gorjeta depende da cultura local, em NY é regra (eu costumo dobrar o valor da taxa) e em Amsterdam não é comum.

    Eu adorei o post! Minha esposa e eu seguimos essas orientações. Almoço em restaurantes legais e à noite, supermercado. É impressionante como se compra vinhos e espumantes baratos na Europa!

    Não sou comilão e na maioria dos dias não costumo jantar, mas:

    Não dispenso o café da manhã no hotel e no almoço sempre tem vinho ou a bebida do lugar.

    Alem do almoço ser sempre mais em conta do que jantar, devemos tomar café da manhã como um rei, almoçar como um príncipe e jantar com um beduíno.

    Sobremesa somente aquela irresistível.

    As comidinhas de rua típicas do lugar é uma excelente oportunidade de conhecer melhor a cultura local.

    Sempre abasteço o frigobar do hotel com bastante agua, um vinho, alguns docinhos, queijos e petiscos do supermercado próximo.

      “…devemos tomar café da manhã como um rei, almoçar como um príncipe e jantar com um beduíno.”

      Tb sigo essa “religião”. rs.

      Não gosto de jantar pq durmo mal com barriga cheia. A noite prefiro um lanche mais leve. Em ocasiões especiais abro exceção, mas procuro jantar mais cedo. É no almoço que faço a festa. Nem sabia que era mais barato. 🙂

      Agora, pra mim café da manhã é sagrado e especialmente em viagem precisa ser bem farto e delicioso. Um bom café da manhã é item importatissimo ao se escolher um hotel. Ah, e gosto de ter tempo sobrando pra desgustar, nada de comer correndo pra fazer os lerês. Se for preciso acordo mais cedo pra tomar meu cadé da manhã bem tranquila e sem pressa.

    Eu morro sempre na sobremesa!!! Porque é o que eu gosto mais.. 😉
    Mas eu sempre tento descobrir o que tem em abundância no local, tipo crepes, croissants e baguetes em Paris, pizza e gelato na italia. Nos Estados Unidos, o que tem em abundância e é barato invariavelmente é sanduiche, mas tem muitos deliciosos! Tipo o Philly Cheesestake na Philadelphia e hamburguer de todos os tipos e jeitos em qualquer cidade!

    Uma dica que eu sempre dou pra quem vem do Brasil é que mesmo com saudade, se você vai ficar por pouco tempo, jamais tentar achar comida brasileira em outro país. É muitas vezes decepcionate e é sempre caríssimo.
    Eu sou fã do supermercado, principalmente para café da manhã e para fazer picnics… Fiz em Paris e até no Hawaii. Preparamos uma cestinha com guloseimas e levamos pra praia(lembre que nos Estados Unidos praias não tem a profusão de alimentação que a gente está acostumado no Brasil!)

    Excelente matéria !!!
    Gosto da estratégia de lanchar de dia e fazer um jantar mais completo, porém não havia pensado na diferença de preços entre almoço e jantar. Sobre fazer pelo menos uma extravagância em cada viagem , sou totalmente a favor, mas por experiência própria digo, pesquise bem antes de entrar. Ano passado comemoramos o aniversario de meu pai em Los Angeles, escolhemos o Flemings, ao lado do staples center. A conta ficou em 500 dolares e saímos de lá com fome! Tudo bem… O que conta nas viagens é a diversão!
    Adorei as dicas

    Uma dica importante é jamais escolher um restaurante quando se está com muita fome. Ou vai pagar mais do que pode, ou comer pior do que gostaria. Além da pesquisa prévia, em que já se traça o roteiro do dia com o almoço e o jantar programados, é bom prestar a atenção durante os passeios, olhar os botecos, restaurantes, lanchonetes, padarias e similares. A sua intuição é boa companheira. Busco sempre lugares que possam ter comida autêntica, movimentados, frequentados por gente do lugar. Estico sempre o olho para os pratos nas mesas. Quando a comida do lugar não estimula, sempre tem um italiano pra salvar a nossa pele. Fast foods já foram solução pra mim, agora só em caso de vida ou morte.

      Faço sempre isso, Beto. Além dos restaurantes que já levo anotados por sugestão de amigos, vou marcando no mapa todos os lugarzinhos bacanas que pipocaram na minha frente despretensiosamente durante meus passeios (também sempre estico os olhos nos pratos que estão servidos 😳 ). E costumam ser acertadíssimos!

      Outra safadeza de mochileiro durango kid é procurar os restaurantes das universidades. Costumam servir comida nutritiva (eu não disse saborosa) por preço simbólico. Conheci refeitórios estudantis em Graz, na Áustria, Berlin (a melhor), Roma e Paris, isso quando eu era pequenininho e cabeludo. Sofri meses com a gororoba da Cité Universitaire, em Paris, e ali desenvolvi uma aversão insanável a vol-au-vent. Mas é uma saída ultra-econômica pra quem quer (e racionalmente não pode) viajar.

    Uma ótima dica pra quem vai pra NY ou outras cidades famosas dos Estados Unidos é o site MenuPages (https://www.menupages.com/). Este site fantástico lista os cardápios de uma quantidade absurda de restaurantes, incluindo os preços. Vale muito a pena para verificar se o estabelecimento está dentro do seu orçamento.

    Franklin
    @cyberelfo

    Uma ótima fonte de informações na escolha dos restaurantes são os guias Michelin. As opções Bib Gourmand normalmente oferecem um ótimo custo benefício.

    Além disso, na maioria das vezes é possível acessar o menu do restaurante pela internet. Graças a isso já deixei de ir em lugares que definitivamente não eram para o meu bico, e também fui em outros que normalmente não entraria.

    Ótimo post. Eu sempre uso a técnica de alternar uma refeição mais cara com uma mais barata. E a dica do almoço é quentissima. Fui ao Asiate em NY e o brunch era USD56 por pessoa, a noite o Menu Degustação nao sai por menos de USD110.

    Uma dica para um apendice a esse post. Como “gorjetear”?

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