Peru: a viagem gourmet do EduLuz

Em outubro o EduLuz e a Débora foram ao Peru para uma viagem um pouco diferente do habitual. Sim, eles passaram por Cusco e Machu Picchu, e até se dedicaram a ver sítios arqueológicos próximos a Lima, mas a ênfase do tour foi comer in loco a gastronomia da vez: a peruana. De quebra, bons vivants que são, ainda se hospedaram nos melhores hotéis, subiram a Machu Picchu no trem mais confortável — enfim, só suaram mesmo na hora de fazer um giro de bicicleta pela capital. Para experimentar o lado mais chic do Peru, siga o Edu:

Os milhos deles humilham os nossos (ops)
Os milhos deles humilham os nossos (ops)

Fomos ao Peru.

É claro que fomos aos lerês normais de toda viagem ao Peru :

Lima: Plaza Central
Lima: Plaza Central

1. Plaza Central de Lima onde vimos uma grande festa na ocasião do enterro do grande cantor criollo Arturo Zambo Cavero, praticamente um Tim Maia (pelo peso) peruano. Foi uma festa de cores e tivemos contato com um jeito diferente de encarar a morte, uma característica marcante do povo peruano.

Lima: o enterro de Zambo Cavero
Lima: o enterro de Zambo Cavero

2. Cusco (Qosqo em quíchua), uma cidade 3360 m acima do nível do mar e com um jeitão daquelas cidadezinhas da Toscana  (guardadas as devidas proporções). Uma plaza principal ( a Praça das Armas) com igrejas maravilhosas acopladas…

Cusco: Plaza de Armas
Cusco: Plaza de Armas

… e vários sítios históricos como o Qoricancha e as grandes muralhas de Sacsayhuaman (mais conhecida como SexyWoman), um grande exemplo de construção estratégica inca.

Cusco: Sachsayhuaman
Cusco: Sacsayhuaman

3) Machu Picchu, um lugar tão bonito, mas tão bonito que poderia muito bem ter sido criado pelo Steven Spielberg. E tão emocionante que (literalmente) choramos muito a cada uma das visões e ângulos (são inúmeros) que ela nos proporciona.

Machu Picchu: o sol abriu bem na hora
Machu Picchu: o sol abriu bem na hora
Machu Picchu: cidadela
Machu Picchu: cidadela

4.  Até o traslado de trem de Cusco até Águas Calientes feito pelo trem Hiram Bingham da cia. Orient-Express foi empolgante. Lindas paisagens, comidas e instalações.

Machu Picchu: subindo pelo Hiram Bingham
Machu Picchu: subindo pelo Hiram Bingham
Hiram Binghan: train bão
Hiram Binghan: train bão

Além dessas, fizemos algumas coisas não tão usuais. Ficamos 5 noites em Lima, suficientes pra conhecermos ótimos restaurantes:

6. O sensacional Pescados Capitales (grande trocadilho e excelente lugar pra comer frutos do mar). Os garçons te recebem com um: Vamos pecar?

Lima: Pescados Capitales

7. O manjado, mas ótimo Astrid y Gastón do grande chef Gastón Acurio, superinfluente e famosíssimo por lá (e no mundo também, vide a Cevicheria La Mar, em São Paulo).

Lima: Astrid, Gastón e couvert
Lima: Astrid, Gastón e couvert

8. O monumental Rafael (dica de vários gourmands, inclusive da Carla Pernambuco) do chef Rafael Osterling onde fizemos a melhor refeição (um menu degustação de 4 pratos) de toda a viagem.

9. O Huaca Pucllana, que além de boa comida ainda fica dentro das ruínas de um santuário superantigo em plena Lima.

Lima: Wa Lok
Lima: Wa Lok

10. Fomos numa chifa também, a Wa Lok. Chifas são restaurantes populares onde a comida chinesa se funde à peruana e formam pratos de sabor muito particular. Não esqueçamos que a colônia chinesa em Lima é uma das maiores do mundo.

Lima: mercado de Surquicho
Lima: mercado de Surquillo

11. Neste mesmo nicho, fomos conhecer o Mercado de Surquillo em Lima, onde degustamos uma série de frutas deliciosas e desconhecidas, provenientes dos Andes e da floresta. Você já ouviu falar de aguaymanto, sachatomate, tumbo, tacu tacu e rocoto?

Ceviche: o Edu que fez!
Ceviche: o Edu que fez!

12.  Também fizemos uma aula de culinária, onde aprendemos a preparar um legítimo ceviche com produtos frescos que nós mesmos compramos no mercado. Se quiser a receita com os segredos incas, é só pedir! E terminamos a aula, comendo a lição de casa, além de causas, lomo saltado e um belo suspiro limeño..

13. Fomos conhecer a região de Pachacámac (40 km — meia hora — de Lima), um complexo de pirâmides (um tanto quanto acabadas, mas muito interessantes) que são do século II e onde é possível encontrar uma série de vestígios da época tais como cerâmicas, tecidos e até ossos.

Pachamácak, a meia hora de Lima
Pachamácac, a meia hora de Lima

Pachacámac era um oráculo venerado por todos e que era tido como um grande mestre em previsões (praticamente um Nostradamus peruano). O lugar mostra bastante como eram os povos e as crenças naquela época onde o Sol e a Terra ( a Pacha Mama) eram cultuados. Segundo pesquisas,  a cidade foi habitada até 1533.

Lá existe uma mescla de construções pré-incas como o Templo Viejo e o  Pintado (vermelho), e
incas, como templo del Inti (o Sol) e uma casa das garotas escolhidas, onde as meninas mais bonitas eram “guardadas” pra se casar com o Inca, o grande imperador.

Cien minutos de Soledad
Cien minutos de Soledad

É mais do que necessário fazer uma visita guiada e nós tivemos a sorte de termos a Soledad (aqui están mis credenciales…) pra nos informar sobre toda a história do lugar. Ela não é a cara da Sue Johanson?

Lima, o barranco e o mar
Lima, o barranco e o mar

14. Por fim, fizemos um city tour! Mas city tour é diferente? Sim, se ele for feito de bicicleta! E fizemos o tour pela baía! Não sei se todo mundo sabe, mas Lima é uma cidade litorânea bastante estranha. Ela fica uns 50 m acima do nível do mar e a praia é logo ali, embaixo!! Muita vista pro mar e muito fog ( lá não chove, mas também não faz sol!).

Los blogueros y sus bicis
Los blogueros y sus bicis

Pois bem, fomos conhecer de bicicleta os bairros de Barranco ( praticamente uma Vila Madalena de lá) com direito a uma passada pela Ponte dos Suspiros. Diz a lenda que quem a atravessar sem respirar, realiza o desejo pedido. Adivinhe se nós fizemos isso? Passamos também por Chorrillos, um bairro antigo e onde as tradições são mantidas. Até vila de pescadores tem por lá.

Lima: Parque do Amor
Lima: Parque do Amor

E retornamos por Miraflores ( os Jardins de lá), um bairro com muitas casas bonitas, excelentes vistas do mar — e parques como o do Amor em plena orla de cima, e um shopping, o Larcomar, que foi construído no barranco, o acidente geográfico.

Resumo dos hotéis :

Lima: piscina do Miraflores Park
Lima: piscina do Miraflores Park

Miraflores Park, Lima: tido como o melhor da cidade (quase topamos com o David Graham do Depeche Mode); achei bastante “cansado” e com cara que precisa de uma reforma urgente. Já a piscina tem uma vista cinematográfia (quando o fog dá uma trégua e deixa ver alguma coisa!).

Cusco: hotel Monasterio
Cusco: hotel Monasterio

Monasterio, Cusco : este é imperdível pois você se hospeda num verdadeiro mosteiro  com as devidas obras de arte.

Aguas Calientes: hotel Inkaterra
Aguas Calientes: hotel Inkaterra

Inkaterra, Águas Calientes – Excelente hotel com cara de bicho grilo como convém a qualquer coisa próxima de Machu Picchu. Ele tem uma reserva de ursos peruanos (sabia que eles existem? Nós, não!), um santuário de beija-flores, além duma plantação de chá verde.

eduluz-casaandina
Lima: hotel Casa Andina

Casa Andina Private Collection, Lima: modernoso e bem posicionado (próximo ao Parque Kennedy). Muito melhor que o Miraflores Park.

É isso! O Peru é uma grande surpresa sul-americana com uma história interessantíssima e muito antiga; com crenças curiosas e melhor, com um povo acolhedor e muito simpático.

E tem mais! Cumpri a minha promessa de escrever um post inteiro sem nenhuma piada de duplo sentido!
Adiós!

Dicas finais:

1. Use táxi. Mas não se esqueça de combinar o preço da corrida com o motorista antes de fazer a corrida.

2. A maioria das lojas e restaurantes aceita dólar e normalmente numa cotação melhor do que as casas de câmbio.

3. Eu sei que ninguém vai ao Peru pra fazer compras. Mas é impossível voltar de lá sem trazer algum tipo de artesanato de primeira seja em cerâmica ou em madeira além das excelentes blusas de alpaca e mesmo os chapeuzinhos estilo Chaves, um berimbau bem interessante.

4. Nós carimbamos o nosso passaporte em Machu Picchu. Grato, Arthur, pela excelente dica.

5.  Sim, tomamos Inka Cola (bem ruinzinha, parece um guaraná Jesus); bebemos muitas chichas moradas (fermentado de milho e  muito bom) e  comi cuy, o porquinho da Índia ( em forma de coxas e é excelente).

Leia também:

Todos os posts do Peru no DCPV, o blog do EduLuz

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    Dividindo a bagagem, por Lu Malheiros

    Cadernos de Viagem, por Wanessa Lima

    Aquela Passagem, por Rodrigo Purisch

    Idas e Vindas, por Carla Portilho

    Agora Vai, por Arthur Patitucci Filho

    Expedição Inca, pelo JB

    Viaggiando, por Camila Navarro

    O Meu Lugar, por Beto Paschoalini

    163 comentários

    Lu, antes de mais nada, obrigado pelas dicas que peguei lá no Dividindo. Inclusive, fui no mesmo Metro que você indicou (trouxe aji, salgadinhos de milho, Inka Cola e até espigonas de milho branco embaladas à vácuo!rs).
    Aguardo a visita!!

      Voltando ao tema gastronomia, tem uma fast-food peruana que merece uma(s) visita(s) – a Bembo´s. Tem hambúrgers típicos, de lomo saltado e outros. Tem em Cusco, tem no Larcomar em Lima… É muito interessante e vale como experiência da “baixa” gastronomia – sem preconceito, gente…

    Edu,
    Que viagem! Fiquei morrendo de saudades!
    Da próxima vez, quero ficar mais tempo em Lima e explorar os restaurantes!
    Estou com a minha leitura (geral e de blogs) atrasada, mas passarei no DCPV.
    Abç,

    Uma dúvida que me acompanha a muito tempo…
    Vocês sentiram muito o efeito da altitude durante a viagem ao Peru? O que fizeram para se sentir melhor? Isso pode atrapalhar a viagem?

      Natalie, eu cheguei por La Paz, que é consideravelmente mais alta do que Cuzco. Nem esperei pra ver se sofreria alguma coisa com o soroche (o mal de altitude) – fui logo mandando ver no chá de coca pra prevenir, e peguei bem leve no primeiro dia… Pode até ter sido auto-sugestão, mas não senti absolutamente nada. (Bom, eu sou um péssimo parâmetro, porque sou muito vira-lata com essas coisas – me adapto a tudo, não enjôo em estrada nem em barco, não passei mal com a altitude…)

      O mais importante é se adaptar aos poucos – por isso o primeiro dia deve ser leve, sem muitas caminhadas. Muita gente se empolga achando que driblou o soroche, exagera no ritmo e no dia seguinte paga o preço. Tradicionalmente, o chá de coca (ou mesmo as folhas) são o remédio indicado para prevenir ou curar o soroche – e, ao contrário do que alguns possam pensar, ao menos naquela altitude não tem nenhum “efeito colateral”… 😉

      Agora, algumas pessoas têm, sim, um organismo mais sensível. Quando eu estava preparando o meu roteiro para a Bolívia e o Peru, me lembro que a Dani G. contou que passou super mal em La Paz, por causa da altitude – nesses casos, acho que pode prejudicar a viagem, sim…

      Também tenho bronquite e me preocupei com essa questão qdo fui ao Atacama – que é mais baixo que Cusco e Titicaca. No Atacama e no Peru, só me senti mais cansado, principalmente em Ollatayambo e subindo os degraus na Isla del Sol, no lago Titicaca (+4000m). Mas usei e abusei do chá de coca no Peru, No Atacama não tinha. Repito o que já disse no meu blog para comentaristas que perguntaram a respeito: consulte sempre seu médico antes da viagem, falando para onde você vai, adapte-se aos poucos, ande devagar, não vá querer correr, pular e dançar na night no primeiro dia. Se sentir alguma coisa, pare e não tenha vergonha de não conseguir acompanhar o grupo. Todos os hotéis nessas regiões têm balões de oxigênio. No aeroporto de Cusco tinha até um estande com garrafinhas gratuitas, (que no Eco Inn de Cusco custam uns R$ 10,00…). Abs!

      Nat,
      Eu tenho asma e a altitude de Cusco não me atrapalhou, não. Estava morrendo de medo de passar mal e viajei com tudo quanto foi remédio: bombinha, homeopatia e floral, mas nem cheguei a usar a bombinha! É importante dizer que eu fui ao médico assim que marquei a viagem e pedi o ok dele.

      Para quem vai de trem, ou de onibus, é mais tranquilo. Quem viaja de avião sofre mais. O melhor remedio e o mate de coca, e moderar as atividades fisicas nos 3 primeiros dias.

      O Ernesto lembrou bem: o chá de coca ajuda muito! E eu não planejei nada para o meu primeiro dia em Cusco. Caminhei só um pouco, parava sempre e tentei comer algo leve. Nada de subir ladeira!
      Ah!Se a pessoa tiver tendência a anemia é melhor se tratar antes de viajar. Os sintomas são piores em anêmicos.

      Natatlie, nós chegamos em Cusco tranquilos pois já tínhamos tido uma boa experiência com a danada no Atacama e foi super-tranquilo.
      Só que logo após a chegada ao hotel, começamos ( eu e a Dé) a ter uma tremenda dor de cabeça e qualquer esforço acabava num tremendo cansaço.
      Resultado: muito chá de coca e também mascamos folhas de coca que tem um gosto bem amargo, mas nós gostamos.
      Algumas pessoas que estavam conosco tiveram, inclusive, que chamar o médico e aspirar oxigênio.
      Melhoramos bastante quando fomos pra Machu Picchu e na noite que passamos em Cusco na volta de lá, já estávamos mais adaptados.

    Posso off-topicar? No bate-volta Roma-Napoles-Pompeia, faz diferença comprar a passagem antes ou os preços não variam muito se eu comprar direto no Termini quando estiver por lá? Não queria engessar muito a viagem ou pegar um dia super chuvoso pra ir a Pompéia…

    peru tá la minha wishlist… tanto pelo exotismo em si, quanto pelo plus das dicas do eduzão. já falei que quero ser eduluz qdo crescer?

      Diogão, quando eu diminuir (na idade) quero ser igual a você !! Pô, Roberta Sudbrack!! rs

    Morei 7 anos e meio no Peru e sou apaizonada pelo país e pela cultura, tem anos que não vou lá, mais de 10, e me deu MUITA vontade de voltar! como ceviche desde que me entendo por gente, e depois tomo o caldo de colher! hhmmm delícia!

      Adriana, este caldo resultante da mistura do líquido do peixe, do limão, do sal e dos ajis é mais conhecido como leche de tigre!

    Eu me hospedei no Orly (setembro/09) e gostei muito. Bem charmoso, bem localizado, limpo, bom café da manhã. 100US$ o casal.

      Eu ia sugerir o Orly também, Carlinha – ficamos lá na semana santa deste ano, e adoramos. Localização simpática, e excelentes restaurantes na rua do lado (incluindo um vegetariano delicioso, e um congrio…) Vou ver se acho os nomes dos restaurantes – eu tinha colocado isso tudo no post anterior, que sumiu…

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