Park City: prazeres urbanos nas Montanhas Rochosas em Utah
Enviada especial | Maria Helena Maximo
Ao ouvir a palavra Utah, o que passa pela cabeça de um grande número de pessoas é “mais um estado americano com nome esquisito”. Outros se lembrarão que é a “terra dos mórmons”. Aficionados por esqui já ouviram dizer que ali está a “melhor neve” do mundo. Utah atrai ainda os praticantes de mountain biking, além de possuir alguns dos mais fantásticos Parques Nacionais americanos.
Dos “Mighty Five”, como são chamados os cinco parques localizados ao sul do estado (Zion, Bryce Canyon, Capitol Reef, Arches e Canyonlands), vieram algumas das fotos mais maravilhosas que já vi dos grandes panoramas do oeste americano. Por tudo isso, Utah tem hoje no turismo sua principal atividade econômica. E para aqueles a quem grandes paisagens e aventuras não bastam, que não dispensam uma cena um pouco mais urbana, com opções culturais, gastronômicas e comprinhas, existe Park City. Esta fofura de cidade me conquistou!
Se fosse uma pessoa, Park City teria uma história como um daqueles palestrantes motivacionais, que contam em palestra como começaram do zero, conquistaram fortuna, perderam tudo, deram a volta por cima e voltaram a ter sucesso. Muito sucesso! O pequeno assentamento estabelecido pelos mórmons no início do século XIX viveu o boom da exploração da prata por quase um século até que, com a crise de 1929 e a queda de preço do metal, enfrentou o declínio e quase se tornou uma cidade fantasma. Seus residentes, então, aproveitaram a estrutura de trilhos e carrinhos das mineradoras, que subiam as montanhas, para descobrir outro tesouro, que hoje é conhecido como a melhor neve do mundo, devido ao clima seco e baixa umidade, que produz uma neve bem fofa e leve.
Muitos estudos e investimentos depois, Park City se reinventou e se tornou um importante destino de esqui, contando hoje com três grandes resorts, somando mais de 400 trilhas e mais de 60 teleféricos, incluindo um teleférico público que liga o centro da cidade a uma das montanhas. A fama internacional veio em 2002, quando a cidade sediou algumas das principais competições dos Jogos Olímpicos de Inverno. Hoje, com 7 mil habitantes fixos, a cidade recebe 3 milhões de turistas por ano.
Sua história de sucesso não seria completa se, após a última neve do ano, a cidade fechasse suas portas e aguardasse o inverno seguinte. Mas no verão há colinas completamente verdes, cobertas de flores silvestres, e as pistas de esqui dão lugar a mais de 600 quilômetros de trilhas exclusivas para mountain biking e caminhadas. A cidade oferece aos turistas um calendário repleto de eventos e atividades, para todos os gostos e idades. Minha visita agora em julho, verão no hemisfério norte, foi um pequeno aperitivo de tudo o que se pode provar em Park City.
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O centro histórico: Main Street
Da época de ouro, ou melhor, de prata, a cidade mantém uma série de edifícios históricos centenários (64 deles listados no Patrimônio Histórico Nacional), a maioria localizada na Main Street, além de quase 2 mil quilômetros de túneis que ziguezagueiam pelas montanhas.
O conjunto arquitetônico da cidade é um encanto! Impossível não se sentir em um filme do Velho Oeste. Ao longo da Main Street uma série de restaurantes, bares, butiques, galerias de arte, cafés, livrarias e lojinhas de souvenirs se sucedem, ocupando os edifícios históricos preservados. Aqui você não encontrará nenhum dos restaurantes ou cafés de grandes redes, nem as famosas lojas tão comuns em outros destinos americanos, proporcionando uma experiência muito mais autêntica.
O centro histórico é o coração e a alma da cidade. E por ser tão pequeno, é muito fácil de ser explorado a pé ou com o transporte gratuito que a cidade oferece. Além do serviço de ônibus, que circula diariamente, durante todo o ano, das 7h30 às 22h30 horas, levando a quase todos os pontos da cidade (shoppings, hotéis, resorts, restaurantes e à Main Street), há um bonde que sobe e desce a Main Street das 10h às 23h, parando em qualquer ponto ao longo da rua.
O Park City Museum (528 Main St, tel. 435/649-7457) possui uma instalação interativa, que conta a história da mineração e do esqui em Park City. Entre as atrações há um detonador de dinamite que as crianças podem acionar e vivenciar os efeitos da explosão. Está localizado no edifício da antiga prisão de Utah, que pode ser visitada em seu subsolo. O museu também oferece uma caminhada histórica pela Main Street, de junho a setembro, de 2ª a sábado, às 14h.
Uma das coisas que chama atenção na cidade é a quantidade de galerias de arte. São mais de 30 galerias (fotografia, escultura, pintura, antiguidades, etc.), que podem ser visitadas em um passeio noturno, promovido pela Park City Gallery Association, que acontece na última 6ª feira de cada mês, das 18h às 21h. Quem não estiver na cidade neste dia, pode visitá-las com uma simples caminhada ao longo da Main Street.
O Egyptian Theater (328 Main St, tel. 435/649-9371), outro dos edifícios históricos, oferece semanalmente uma variedade de atrações, como peças, musicais, ballets e concertos, além de ser um dos principais palcos do Sundance Film Festival, o festival de cinema do Robert Redford. O evento acontece anualmente entre janeiro e fevereiro, enchendo a cidade de estrelas de cinema do mundo todo.
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Compras
Fazer compras nas lojinhas da Main Street está na categoria “passeio” e não “compras”. Então, podem ficar com a consciência tranquila, porque ninguém aqui vai ter a sensação de ter desperdiçado as férias em um shopping. 😉 Há várias lojas especializadas em roupas de inverno, claro, como casacos de pele, roupas para esqui, etc. Aliás, são várias as lojas esportivas. Mas butiques multimarcas não faltam. Muitas delas vendem de tudo um pouco: calçados, roupas e acessórios no mesmo lugar. Há ainda várias joalherias, lojas de utensílios para a casa, brinquedos, etc.
A partir das 10h de domingo, de junho a setembro, o Park Silly Sunday Market (780 Main St, tel. 435/655-0994) ocupa os primeiros quarteirões da Main Street, com barracas de artesanato e mercadorias locais, música ao vivo, aula de ioga e brincadeiras infantis. Experimentei um xarope de mapple envelhecido nos barris de carvalho da High West Distillery (de que falo mais adiante) e achei uma delícia.
No meio de tantas barracas encontramos uma brasileira, expondo suas garrafas e outras peças pintadas à mão; a Juliana Costa, da Santa Botella.
Se com tudo isso você ainda quiser muito passar em um outlet, logo na entrada da cidade fica o Tanger Outlets (6699 N Landmark Dr N100, tel. 435/645-7078), com mais de 65 lojas das marcas mais conhecidas. Ninguém deixa Park City sofrendo! 😛
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A cena gastronômica
Park City se orgulha de sua gastronomia. São em torno de 150 restaurantes, com os mais variados estilos e influências, para todo gosto, bolso e estado de espírito. Os cenários também são variados. Pode ser um restaurante nas montanhas, de onde se pode apreciar o vai e vem de ciclistas, cavalos e teleféricos, ou à beira de um lago, com vista para um campo de golfe, ou ao longo da linda Main Street. Uma tendência, claro, é a culinária que aproveita os ingredientes locais, a “farm to table”. Muitos dos restaurantes são estrelados e vários possuem sommelier na casa.
Vale a pena experimentar a culinária local, entre elas as opções de caça que não são encontradas no Brasil.
O restaurante The Farm (4000 Canyons Resort Dr, tel. 435/615-8080), localizado no resort Canyons, trabalha com ingredientes frescos, orgânicos e sempre que possível produzidos localmente, e é a estrela do resort.
Com vista para o campo de golfe municipal fica o Silver Star Café (1825 Three Kings Dr, tel. 435/655-3456). Gracinha de restaurante, aconchegante, com um terraço lindo e música ao vivo nos jantares de 5ª a sábado. Uma das melhores sobremesas que já provei! O toasted zucchini bread, ou pão tostado de abobrinha, é feito com nutella de nozes feita em casa, chocolate produzido em Park City, cacau equatoriano a 75% e queijo mahon (tipo de queijo espanhol) e sal marinho. De-li-ci-o-so!!!
Royal Street Café
No Deer Valley Resort, almoçamos no Royal Street Café (The Mariposa, 7600 Royal St, tel. 435/645-6724). Fica localizado no agito do resort, bem na conexão entre dois lifts, na base de um dos picos. É a varanda perfeita para ver esquiadores ou cliclistas chegando e partindo. Experimente o blueberry mojito.
Fizemos ainda um “jantar progressivo” na Main Street. Isto é, aperitivos, prato principal e sobremesa em restaurantes diferentes. Se tivesse mais três dias, repetiria os três completos em cada dia. 😉
O Grappa (151 Main St, tel. 435/645-0636), de cozinha italiana rústica, tem uma ambientação linda e romântica, com um terraço ao ar livre em diferentes níveis, e serviço impecável. Vontade não faltou para continuar ali até a sobremesa.
O prato principal foi no Riverhorse on Main (540 Main St, tel. 435/649-3536). Lindo restaurante, localizado em edifício histórico na Main Street, ostenta vários prêmios recebidos ao longo dos anos e diz ser um dos mais prestigiados do país. O ambiente com música ao vivo é vibrante, moderno e urbano. Serve cozinha americana, com pratos sazonais. O Trio de Caça (vegetarianos, pulem de parágrafo!) é pra comer chorando, de culpa e de sabor. As carnes de búfalo, cervo e alce americano são extremamente macias e saborosas, acompanhadas de escalope de batatas, redução de vinho do porto e huckleberry (frutinha típica das Montanhas Rochosas).
Para terminar a noite, provamos um pout-pourri de sobremesas no Zoom (660 Main St, tel. 435/649-9108), o restaurante do Robert Redford. Ele não estava. Aí já seria demais, né? 😉
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Bebidinhas e vida noturna
É possível que algumas pessoas imaginem que em Utah não seja servido álcool. Isto é só um mito. Existe limite de idade, claro, e uma restrição quanto ao teor alcoólico da cerveja servida à pressão (nosso chopp), que não pode exceder os 3,2%. Portanto, a dica é sempre pedir a cerveja em garrafa. Em Park City existem três cervejarias artesanais, além de vários rótulos de Utah disponíveis pelos bares da cidade. Experimente as opções locais, como uma das cervejas da Squatters, que possui um brewpub /restaurante (1900 Park Ave, tel. 435/649-9868) na cidade. Suas cervejas são vendidas em vários restaurantes e bares e possuem rótulos lindos e teor alcóolico de até 9%. Ah! E são uma delícia!
A cidade ainda possui uma vinícola e uma destilaria, que se autodenomina “a única destilaria do mundo para chegar e sair esquiando”!
A High West Distillery & Saloon (703 Park Ave, tel. 435/649-8300) merece uma visita. Fundada por um bioquímico que desenvolveu carreira na indústria farmacêutica e resolveu mudar de área, após visitar uma destilaria em Kentucky e se encantar com a possibilidade de um negócio que tinha laboratórios e equipamentos semelhantes aos seus instrumentos de trabalho e ainda exalava um delicioso aroma de baunilha e caramelo. (Nota de ex-engenheira química: os químicos piram! :D)
Na visita guiada (são 3 horários por dia) é possível aprender sobre as diferenças entre scotch e bourbon e os diferentes whiskies que são produzidos ali. Ao final da visita, pode-se degustar um ou vários deles. A destilaria está localizada em dois edifícios históricos da cidade (um dos poucos sobrados de estilo vitoriano remanescentes e a National Garage, que originalmente era um estábulo para os cavalos que puxavam os carros carregados de minérios). Fica na Park Ave, avenida paralela à Main Street, bem ao lado do teleférico público que leva às montanhas de um dos resorts. Por isso seu bar e restaurante é um point do pós-esqui durante o inverno. Na lojinha é possível comprar souvenires. As garrafas são lindas; seus rótulos possuem o número do lote e da garrafa marcados à mão. Eu trouxe uma!
Entre os mais de 20 bares da cidade, um bastante popular é o No Name Saloon (447 Main St, tel. 435/649-6667). Localizado em um edifício histórico que abrigou anteriormente a companhia telefônica e a de fornecimento de energia, possui um terraço aberto no andar superior com vista para a rua, e é muito agitado e animado. Fica aberto desde às 10h da manhã até de madrugada.
O O.P.Rockwell, também na Main Street (nº 268, tel. 435/615-7000), é um cocktail-lounge, com apresentações de música ao vivo, uma pequena pista de dança, sofás aconchegantes e um bar agitado. Abre de 4ª a sábado das 17h até o último cliente.
O Terrace Café (2300 Deer Valley Drive East, tel. 435/940-5700) do Hotel St. Regis, no resort Deer Valley, possui ambiente e vista maravilhosos. Vale dar uma passadinha para um Bloody Mary antes de assistir a um dos concertos que acontecem no palco ao ar livre logo abaixo do hotel, que fica no topo de uma colina, onde chega-se por um funicular. Por que Bloody Mary? Porque o drinque foi criado no bar Cole Porter do St. Regis de Nova York nos anos 30 e hoje em dia, cada hotel St. Regis cria a sua própria versão do drinque. A versão do Deer Valley leva a vodka da High West Distillery, finalizada com espuma de wassabi e aipo e um toque de pimenta caiena e sal negro. Djilícia! 😉
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Hospedagem
Uma cidade que recebe 3 milhões de turistas por ano tem opções para todos os gostos e orçamentos. Os resorts possuem vários hotéis, apartamentos e casas de temporada. Na cidade também há opções variadas de hotéis e apartamentos para alugar.
Nós ficamos em apartamentos em um condomínio bem no início da Main Street. A localização é excelente para quem gosta de bater perna na cidade. E como o transporte na cidade é muito fácil, mesmo durante a temporada de esqui pode ser uma boa opção. Para diversas opções de aluguel, consulte o Park City Lodging.
O valor das diárias dos hotéis no verão pode ser até um terço do valor no inverno. Compare em sites de reserva como o Booking.
O Park City Peaks é uma opção de hotel econômico para a temporada de esqui, fora dos resorts, mas bem próximo ao Canyons.
Como chegar
Park City está localizada a apenas 35 minutos do aeroporto internacional de Salt Lake City, com conexão para os principais aeroportos americanos: Miami, Dallas Fort Worth, Atlanta, Los Angeles, Nova York e Chicago. Alugar carro é muito fácil e providencial para esticar a viagem para o sul e visitar os Parques Nacionais. Os hotéis podem providenciar traslados.
Maria Helena Maximo viajou a convite do Park City Chamber of Commerce and Visitors Bureau.
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Comentários
Olá!!!!
No post “Park City: prazeres urbanos nas Montanhas Rochosas em Utah”, não estão abrindo/disponíveis as fotos. Algum problema com o site???
Grata!
Chyntia
Olá, Chyntia! Pra gente todas estão aparecendo…
Sou apaixonado por Utah! Conheço quatro dos “Mighty Five”, mas não conhecia Park City. Muito legal! Na minha próxima ida a Utah, certamente passarei por esta cidade.
Abraço!
Que legal, Daniel! Fico feliz que tenha gostado
Abraço
Lena, que viagem delícia, que relato rico!
Adoro destinos de inverno fora do inverno. Vc tornou minhas próximas viagens aos EUA mais difíceis, kkkk, mais uma região na listinha pra eu escolher!
Obrigada Adri! 🙂
Nossa vida é uma grande dificuldade
Maravilha de post!!! Tenho um carinho muito especial por Park City!! Cidade cheia de charme e vida nas quatro estções. Estou contando os meses, dias e horas para voltar. Obrigada pelo post lindo!
Que bom que você gostou, Sandra! Se você já conhece e gosta da cidade, fico ainda mais feliz 😉
Adoro mesmo. Sempre vamos esquiar e a cidade é uma delícia no inverno. 🙂
Não imaginava que Park City fosse tão bonitinha e interessante fora do inverno. Adorei o post. Já os parques de Utah estão na minha wish list faz tempo. bj
Lindinha mesmo, Maryanne 🙂 E pelo que ouvi, no inverno também é uma graça. Coisa que outros destinos de esqui não têm 😉
Lena, que cidade fofa ! Seu relato está completíssimo, melhor guia da região, ever 🙂
Ô minha querida! Obrigada <3 Acho que a ainda tem muito pra ver na região 😉