12 dias no Japão: Osaka, a primeira escala da Miriam 1

12 dias no Japão: Osaka, a primeira escala da Miriam

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Cruzar o globo para chegar ao Japão não é novidade para a Miriam. Depois de algumas viagens para o País do Sol Nascente, ela decidiu planejar um giro de 12 dias no Japão que foge do itinerário mas turístico.

A viagem da Miriam começou em Osaka, continuou por Hiroshima e terminou por uma Tóquio inusitada. Cada uma dessas escalas vai virar um post aqui no Viaje na Viagem. A época da viagem foi escolhida a dedo: maio, quando não está nem muito frio, nem quente.

Vai pela Miriam!

12 dias no Japão, parte 1: Osaka

Texto e fotos | Miriam K.

Como queríamos entrar no Japão por Osaka e sair por Tóquio, conforme o Ricardo Freire sempre sugere, escolhemos a Emirates, que tem preços razoáveis e, no caso de Tóquio, sai pelo aeroporto de Haneda, que fica no centro da cidade (e não por Narita, que fica a cerca de 80km ou pouco mais que uma hora de transporte público).

Em relação à companhia aérea, há uma restrição chata, pois só é possível embarcar UM volume de mão, por exemplo: bolsa OU mala de bordo. Essa regra não é observada no Brasil, onde se dá um jeito para tudo e por isso nem mencionaram isso no embarque, mas no Japão, onde tudo é feito certinho, tivemos que fazer malabarismos para colocar tudo (da bolsa à bolsa e as compras do free shop) na mala de bordo, para ter somente UM volume de bordo ao embarcar.

A escala em Dubai na ida foi de 5h10 minutos, mas na volta foi de menos de duas horas (mas lá tem aquela rede francesa de confeitarias Paul que tem quiches, croissants de amêndoas e de pistaches deliciosos – aqui já começa a desdieta…).

Transporte

O transporte público (e tudo o mais) no Japão é super eficiente. Assim, escolhemos um cartão pré-pago chamado Icoca & Haruka, comprado no próprio aeroporto para chegar à cidade de Osaka, que fica a cerca de 50 minutos dali.

Esse cartão só pode ser usado por estrangeiros e pode ser do tipo ida e volta ou somente ida. É necessário apresentar o passaporte para comprá-lo e você vai receber um ticket de papel e outro de plástico. Compramos o one-way por 3.030 ienes (US$ 27).

O bilhete de papel dá direito de ir do aeroporto até a estação Shin Osaka (com o trem expresso Haruka) e ficou preso na máquina quando saímos da estação (esta é a parte que pode ser ida e volta ou one-way).

Já o cartão Icoca é de plástico e o valor remanescente de 2.000 ienes (US$ 18) pode ser utilizado nas linhas do metrô JR (Japan Railways) e nas linhas privadas, em máquinas de autoatendimento que vendem refrigerantes e guloseimas, em alguns restaurantes e até para comprar entradas de certos templos e museus.

Esse cartão pode ser recarregado quantas vezes for necessário e é só aproximar do sensor que o valor já é debitado, economizando muito trabalho. Em cada lugar em que ele é aceito há uma placa do IC card, mas ele pode ter outros nomes regionais, pois o Icoca é da região JR West (Japan Railways West) que engloba a grande Osaka e Hiroshima.

Em Tóquio há o Pasmo (operado pela JR que é a companhia estatal) e o Suica (operado pelas outras companhias). Esses IC cards das grandes regiões, como Tóquio ou Osaka, podem ser usados em praticamente todo o país, mas os de regiões menores têm uso restrito à região a que pertencem. Se ficar na dúvida se o IC card é aceito em determinado lugar, é só mostrar o cartão, pois todos têm uma super boa vontade com qualquer estrangeiro.

Para recarregá-lo, é só ir a qualquer estação de metrô ou trem, procurar a máquina que estiver escrito IC card e escolher a opção em inglês. Na volta ao Brasil, o valor remanescente poder ser devolvido, sendo retidos 220 ienes (US$ 2) que é uma taxa que eles cobram – mas daí você perde o souvenir (o próprio cartão).

Bagagem

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A estação Shin Osaka é a mais próxima da cidade nessa linha e, de lá, você provavelmente vai precisar pegar um trem para chegar ao seu hotel. Se você tiver comprado o Icoca & Haruka, é só pegar o trem até o destino usando o cartão Icoca. Caso contrário, é necessário comprar um bilhete de metrô.

Como iríamos ficar em duas cidades diferentes separadas por 5 horas de trem, fizemos duas malas: uma para passar os dias na primeira parada e outra para Tóquio. No Japão há um sistema de envio de bagagens super eficiente e confiável chamado Takkyubin (TA-Q-BIN), operado pela empresa Yamato.

Há um balcão no aeroporto de Kansai (Osaka) e tudo que você precisa é ter o endereço certinho do lugar. Se possível, imprima o endereço do hotel, em japonês ou em letras romanas, porque algumas pessoas têm dificuldade para ler nossa letra de mão cursiva. O custo desse serviço, do aeroporto de Osaka para Tóquio foi de 2.050 ienes (US$ 18). Sem metade da bagagem, a vida melhora muito, porque no Japão não há quem carregue as malas para a gente.

Na volta, dá para fazer a mesma coisa. Como são necessárias 48 horas de antecedência, três dias antes da volta mandamos a mala da primeira parte da viagem para o aeroporto de Haneda para facilitar nossa chegada com a metade da bagagem. Como o hotel cobra uma taxa para isso, custou 2.384 ienes (US$ 21). É fundamental não se esquecer de pegá-las no aeroporto, pois quase nos esquecemos das nossas.

Uma coisa muito importante para qualquer viagem: leve somente metade das coisas que acha que precisa, pois você vai ter que puxar a sua bagagem sozinho. No Japão tem tudo o que precisamos e é impressionante a quantidade de opções que existem. Muitas estações de trem e metrô não têm elevador ou escadas rolantes e há muitas em que se andam 800 a 900 metros para fazer conexões.

Desembarcando em Osaka

Chegar à estação de Osaka depois de mais de trinta horas de viagem é atordoante. Demora um pouco para a gente começar a se orientar no meio de tanta escada rolante e de tanta gente. Até as nossas próprias anotações de viagem parecem incompreensíveis.

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Em Osaka escolhemos o Hotel Granvia que pertence à JR (Japan Railways Group), cuja principal característica é ficar dentro da própria estação de trem, facilitando a chegada e a saída. O hotel é muito confortável, tem várias opções de restaurantes e, por estar dentro de uma estação, há inúmeras opções por perto, que certamente são mais econômicas.

Apesar de estar em cima de um complexo ferroviário, não se ouve barulho nem se sente as trepidações dos trens.

Comendo

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Dentro do hotel há duas opções para o café da manhã, o Fleuve que é tipo self service e o Ukihashi, restaurante típico japonês. No primeiro dia escolhemos o Ukihashi porque no Fleuve havia uma fila de umas 50 pessoas. Acho que chegamos junto de um grande grupo que fazia um alvoroço enorme.

Eu diria que foi uma experiência única ter uma refeição típica japonesa chamada de ‘teishoku’ às 7h30, com missoshiru (sopa de missô), peixe grelhado, picles, vegetais refogados e arroz branco. Existe uma coisa chamada hábito alimentar e eu diria que ‘teishoku’ pela manhã não é para qualquer um.

Nos outros dois dias, tomamos café da manhã no Fleuve, que tinha opções para todos os gostos, inclusive com um setor com comida oriental típica com itens semelhantes ao do restaurante japonês. Havia também uma parte ‘normal’ de café da manhã de hotel, com croissants de fazer inveja aos de Paris e ficamos mais felizes assim. Em ambas as opções o preço era de 2.495 ienes, o equivalente a uns U$ 23.

Experimentamos vários restaurantes na região. Quanto aos endereços, isso é um pouco complicado, porque quase sempre eles estão escritos em japonês, raramente tem alguma letra romana, e dificilmente um endereço vai ser útil, pois não dá para se orientar sozinho.

É sempre bom ter alguma dica, mas quando tudo é desconhecido, ficar procurando demais alguma coisa que disseram que é legal, muitas vezes nos faz perder uma coisa ainda mais bacana que pode estar logo na nossa frente.

Fomos ao Piccolo Osaka Eki (3-1-1 Umeda, Kita-ku, Osaka 530-0001) que serve karê (é assim que se fala curry em japonês) bem pertinho do hotel, em um dos corredores da estação de Osaka. Comer karê é uma das formas mais econômicas de se alimentar no Japão.

Em geral vem uma saladinha de repolho ralado bem fininho, picles, uma porção de arroz branquinho e o karê propriamente dito.

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Quase todos os cardápios têm fotos, alguns têm até modelo de plástico, então você aponta aquele que te parece mais legal e logo a garçonete te traz o prato. Aqui vai a mesma dica dos restaurantes indianos: a menos que goste de comida muito apimentada, peça o médio ou o fraco.

Eu diria que no caso do karê, a pedida que tem o melhor custo benefício é o tonkatsu karê que é uma milanesa de carne de porco com o molho karê. No Japão, quase nunca a carne é de vaca, somente quando está especificado. Eu diria que é difícil comer uma milanesa que não esteja sequinha e crocante, então não deixe de experimentar.

Para sobremesa, paramos no balcão do Beard Papa lá perto que serve cream puffs, que são grandes profiteroles de creme maravilhosos.

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Mas comer, no Japão, é uma aventura diária. Nas estações de trem há setores inteiros dedicados somente à alimentação, de todos os preços, uns bem baratinhos e simples e outros mais sofisticados. O difícil é escolher diante de tantas opções.

Em uma das vezes paramos em um que servia basicamente macarrão japonês. Tinha um grande painel do tipo máquina de refrigerante em que se colocava o dinheiro, apertando na sequência a imagem da tigela que tivéssemos escolhido.

Daí era só entregar o tíquete que em 5 minutos a comida estava na sua frente. Você mesmo pega o copo e se serve de chá, que fica numa garrafa térmica à sua frente. Muito prático, rápido e barato, mas não muito saboroso.

O que fazer em Osaka

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Podemos dividir os atrativos de Osaka em Namba, que fica mais ao sul, e a área de Umeda, que fica ao norte (região do hotel onde ficamos).

Em Namba há uma rua chamada Dotombori que corre paralela ao canal de mesmo nome, que é exatamente como se imagina o Japão tradicional: com neons coloridos, cheios de restaurantes minúsculos, lojas de todos os tipos, sendo que também há uma famosa rua de pedestres coberta que se chama Shinsaibahi.

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Nesta região fomos a um restaurante de sushi do tipo esteira rolante, que é chamado genericamente de kaiten sushi. Há vários deles, um ao lado do outro ao longo da rua, uns com peixes vivos na vitrine, uns maiores, outros menores e então experimentamos um deles.

De lá de dentro alguém grita ‘irasshaimase!’ (bem-vindo). Eles são mais ou menos como alguns que pipocam aqui pelo Brasil, e basicamente senta-se num balcão e os pratinhos de sushi e sashimi vão passando numa esteira à sua frente.

A maior diferença é que você faz tudo sozinho, escolhe o lugar, pega os copos que estão um pouco mais à frente, coloca o chá, coloca a água quente que sai de uma ‘torneira’, pega o ‘gari’ (gengibre), ‘shoyu’, ou qualquer coisa que esteja ao alcance da mão, incluindo aquelas toalhinhas de mão que vêm embaladas uma a uma.

No final, a gente leva os pratinhos até o caixa, que conta a quantidade de cada cor (pois alguns são mais caros que os outros) e te dá a conta escrita num papel.

Lembre-se que no Japão não existem os 10% de serviço e é considerado quase uma ofensa dar uma gorjeta.

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Ainda nessa região fica o Templo Budista Shitennoji, estabelecido em 593 – um dos mais antigos do Japão, com área de 110.000m2. Ele já foi danificado pelo fogo várias vezes, mas foi sempre reconstruído refletindo o estilo do século 6.

A entrada para os templos custa 300 ienes (US$ 2,70) e dá acesso aos jardins, ao pagode e ao templo principal. Não é um local tipicamente turístico e o que se vê são pessoas comuns que vêm para rezar e pedir benesses para os deuses, além de crianças vindo com as professoras.

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Fosso-Castelo-Osaka-relato
Museu-Osaka-relato

A visita ao Castelo de Osaka é obrigatória porque marca a unificação do Japão por Hideyoshi Toyotomi e é um símbolo da cidade. Ao redor há um grande parque onde as pessoas passeiam e fazem piquenique e parece ser um lugar maravilhoso para se apreciar as cerejeiras na florada que acontece em abril.

Lá dentro há um museu que conta um pouco da história do Japão. São 7 andares e um deck de observação no 8º. O audioguia foi fundamental porque nem todos os objetos em exposição têm explicações em inglês.

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A região de Umeda, ao redor da estação de Osaka, é repleta de grandes lojas de departamentos, centros de compras e prédios modernos. Provavelmente você vai se divertir em qualquer lugar que entrar porque tudo é novidade.

Uma loja superlegal e que também existe em Tóquio é a Tokyu Hands, que em geral está conjugada a uma loja de departamentos com livre passagem de uma para o outra. Tem de tudo que se imaginar e dá para passar dias lá dentro.

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Frutas-embaladas-presentes-osaka-relato

Todas as lojas de departamentos têm no subsolo um enorme setor de alimentação que merece ser visitado. Há supermercados, padarias, docerias, casas de chá e café e muitas opções para comer lá mesmo no balcão. Há também um setor de comidas prontas para levar para casa e são tantas as opções que sempre ficava na dúvida se a do lado não seria melhor ainda…

A viagem da Miriam continua em mais dois posts. 🙂

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    11 comentários

    Há como queria conhecer essa pessoa ( Miriam)…….faz tudo funcionar…….amo viajar mas não tenho pessoas com essa disponibilidade……muito boaaasaaaa ……as suas dicas….

    Estou indo para o Japão no começo de Março. Esta viagem veio em ótima hora! Curiosa para ler outros posts! Parabéns, tá bem lega!

    Tô indo pro Japão mês que vem e Osaka não tá no meu roteiro… Mas pelo visto não tem tanta coisa mesmo por lá né! Talvez numa segunda viagem.

    No ano passado fiz o transcurso Tokyo/Kyoto/Tokyo de trem e fiquei com o mesmo receio da sinalização, felizmente é super fácil pois tudo estava sinalizado em inglês.

    Adorei Osaka. Amo tudo o que é do Japão, identificaçao total.Você sabe algo de brasileiros que moram lá? Arigatô.

    Gostaria de saber as dificuldades com a língua. Consigo me virar com o Inglês ou vou ter dificuldades?

      Olá, Marcelo! O transporte público é sinalizado em alfabeto romano. Mas espere uma experiência à lá “Encontros e Desencontros”, da Sofia Coppola. Estar num país em que ninguém entende você e você não entende ninguém é um dos pontos altos de se aventurar pelo Japão.

      Oi Marcelo
      Sempre vai ter uma boa alma para nos ajudar. Nem sempre o inglês que eles falam é fácil de entender porque o “L” não existe e vira “R”, mas é impressionante como eles têm boa vontade! Se quiser pesquisar sobre locais a serem visitados, existe um site excelente: https://www.japan-guide.com/. Abç

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