Mundial de Clubes: para ver o Santos no Japão
Ano passado, quando o Campeonato Mundial de Clubes foi disputado em Abu Dhabi, uma legião estimada entre cinco e oito mil torcedores colorados invadiu os Emirados Árabes Unidos. O Internacional deu vexame – não chegou à final, eliminado pelos congoleses do Mazembe – mas a torcida fez bonito, colorindo de vermelho as ruas (está bem: os shoppings) de Dubai durante toda a duração do campeonato.
Este ano muda o cenário e o elenco. O campeonato volta a ser disputado no Japão, e o representante da América do Sul é o Santos. Repetirão os santistas a invasão colorada de 2010? É provável. Se você está considerando assistir a Neymar e Ganso contra Messi, saiba como chegar lá – e aproveitar melhor a viagem.
Quando e onde
O campeonato acontece de 8 a 18 de dezembro, mas os primeiros dias servem apenas para definir quais serão os adversários de Santos e Barcelona nas semifinais. O primeiro jogo do Santos será no dia 14, em Toyota. A final será dia 18, em Yokohama. Toyota – ou, como os japoneses chamam, Toyota-shi – é o berço da montadora que patrocina a Copa; fica nos arredores de Nagóia, a 400 quilômetros de Tóquio. É preciso pegar o trem-bala a Nagóia (duas horas de viagem); de lá leva-se mais uma hora até o estádio. Já Yokohama fica do ladinho da capital: o percurso de trem dura meia hora.
Por conta própria ou por pacote?
É perfeitamente possível organizar uma viagem a Tóquio para a época do campeonato por conta própria. Pode-se chegar por inúmeras rotas (Estados Unidos, Canadá, México, Dubai, Qatar, Europa) e ainda não há dificuldade em reservar hotéis para a época do campeonato. Passagem e hospedagem (dividindo um hotel econômico, tipo os da rede Toyoko Inn, pode trazer o custo inicial da viagem bastante abaixo dos US$ 4.000. Ir de pacote, no entanto, traz duas vantagens – uma emocional, outra racional. A vantagem emocional é estar sempre entre santistas e transformar a viagem numa farra. A vantagem racional é garantir os ingressos dos jogos. Ano passado isso se revelou irrelevante, já que o torneio não despertou o interesse local e havia ingressos à venda até a hora do jogo. Mas no Japão será diferente: o público é ávido por futebol. E contra o torcedor santista ainda pesam dois fatores: o adversário do primeiro jogo pode ser japonês (o time anfitrião está na mesma chave), e Neymar já tem estatura mundial de craque. Os ingressos para o público ainda não começaram a ser vendidos; caso você vá por conta própria, fique ligado no site oficial do torneio.
Como é pacote oficial
A agência de viagem do Peixe, a Santos F.C. Tour, está fazendo uma operação conjunta com a Freeway Sports, que tem a experiência de já ter atuado ano passado no Mundial de Abu Dhabi. Os preços variam entre US$ 5.500 (onze dias de viagem, oito noites em acomodação dupla com café da manhã, voando American Airlines – ida por Dallas, volta por Nova York) e US$ 6.500 (quinze dias de viagem, doze noites em acomodação dupla com café da manhã, voando Qatar Airways, via Doha). Os traslados estão incluídos, assim como um almoço no Boteco da Vila que será montado em Tóquio. Os ingressos serão cobrados à parte, pelo valor oficial, sem sobretaxas (os preços ainda não foram divulgados). Todas as noites de hospedagem serão em Tóquio, no hotel Keio Plaza, que fica no muvucado bairro de Shinjuku, coladinho à estação do metrô. Para maiores informações, acesse santosnojapao.com.br.
Para aproveitar Tóquio
O segredo de curtir Tóquio é aquilo que ingleses e americanos chamam de “serendipity” – a mágica de tirar proveito das coisas que acontecem ao acaso. Não perca tempo tentando achar endereços específicos: sem um mapa detalhado, nem um toquiota da gema consegue se achar na sua cidade. O melhor é esquadrinhar a cidade pelas estações principais do metrô, e se deleitar com o que encontrar pelo caminho.
Japan Rail Pass, o passe campeão
Para tirar o máximo proveito da sua viagem ao Japão, faça antes de sair do Brasil um Japan Rail Pass. É o passe com o melhor custo-benefício do planeta: por US$ 360 (praticamente o preço de uma passagem de ida e volta a Kyoto) você tem direito a sete dias consecutivos de viagens de trem na Japan Rail – incluindo os trens-bala – e, de quebra, ainda usa na faixa a linha mais importante do metrô de Tóquio, a linha Yamanote. Você pode usar o seu passe para visitar os templos de Nikko (duas horas), passar um dia na cidade imperial de Kyoto (duas horas e vinte minutos) e dar um pulinho à Disneyland Tokyo (15 minutos). Para ver o Monte Fuji, vá num dia claro até Odawara (35 minutos), onde você compra o passe para percorrer o parque de Hakone, que proporciona as melhores vistas do venerável Fuji-san. Mesmo na segunda classe (“ordinary”) você pode fazer reserva gratuita de assento; basta se dirigir ao guichê de estrangeiros nas estações. O passe é vendido por agências de viagem e é preciso ser comprado antes de deixar o Brasil. Indo por conta própria, o passe fica ainda mais útil, porque você pode programar pernoites em outras cidades. Pesquise horários de trem em Hyperdia.com.
Para montar uma viagem mais abrangente por conta própria, clique nos links ao pé do post.
Antes e depois
Até alguns anos atrás, parecia haver uma única rota a Tóquio: Varig e Jal ofereciam vôos diretos, com escala em Los Angeles. Hoje, sem rotas diretas, tanto melhor: as opções de conexões são muito mais numerosas, e quase todas convidam a uma parada, na ida ou na volta. Nova York? Dubai? Amsterdã? Barcelona e Cingapura? San Francisco? Toronto? As possibilidades são tentadoras. E se você tiver um mês de férias, pode transformar a viagem ao Mundial numa viagem de volta ao mundo: as alianças aéreas oferecem esse tipo de passagem a partir de US$ 4.000 (mais taxa de embarque). Um itinerário possível pela Star Alliance: São Paulo-San Francisco-Honolulu-Tóquio-Bangkok-Cingapura-Barcelona-São Paulo. Que tal? Se você trouxer a faixa, pode ser a sua volta olímpica…
Originalmente publicado na minha página Turista Profissional, que sai toda terça no suplemento Viagem & Aventura do Estadão.
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Fifa: Clubs World Cup, site oficial
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43 comentários
Meu bairro preferido em Tóquio é Harajuku (especialmente no fim de semana, com figurinhas excêntricas e atracões à parte). Numa primeira visita ao país, aproveitaria para conhecer também, pelo menos, os bairros de Shibuya, Roppongi e Asakusa. Eu compraria o cartão magnético PASMO (ou SUICA) para evitar filas nas maquininhas e poder assim, me deslocar com mais tranquilidade.
Um pouco mais distante, na província vizinha de Kanagawa, fica Hakone (à uma hora e meia de Tóquio), um passeio que toma no mínimo um dia, muito especial, com uma vista linda do Monte Fuji, em tempo com boa visibilidade.
Uma boa dica para quem se interessar em visitar a região é a opção da compra do Hakone Free Pass (passe livre) na linha de trem Odakyu, que dá direito à viagem de ida e volta de Tóquio, o uso de trens, teleféricos, barcos, ônibus na área, e descontos em determinadas atrações turísticas, com validade de dois ou três dias. Vale a pena. Preços e maiores informações: https://www.odakyu.jp/english/freepass/hakone_01.html
Há um erro no texto: éramos mais de 15 mil nos emirados, segundo as agências locais de turismo.
Esse número de 8 mil foi de gente que partiu do RS. Mas tinha gauchos expatriados de todo o mundo por lá, inclusive turista profissional.
Bom, eu fui desempacotado, e na volta parei uma semana em istambul.
Os ingressos compramos direto no site da fifa, no primeiro dia da pré-venda. É bom ficar ligado que eles mandam uma pré-venda sem nenhum aviso.
Os ingressos acabaram rápido? Tinha algum setor disponivel uma semana antes?
Olá, Lucas! O Felipe se refere à situação em Dubai, onde havia ingressos sobrando. Em Tóquio não é assim.
Vamos tentar apurar a situação de Tóquio com santistas que foram ano passado, fique ligado.
E para quem vai usar o metrô, compre o cartão Suica ou Pasmo. São smart cards, como o Bilhete Único de São Paulo e podem ser usados tanto nas duas companhias de metrô (Tokyo Metro e Toei) como nos trens da JR. Compre o cartão no próprio aeroporto de Narita, no escritório da JR.
Olá, apenas um ajuste no texto. A linha Yamanote é uma linha de trem e não de metrô. É importante saber a diferença pois o Japan RailPass não é válido em nenhuma companhia de metrô (há duas em Tóquio… Tokyo Metro e Toei). Em compensação, o JR Railpass pode ser usado no NEX (Narita Express), que é a linha rápida (e bem cara) que liga o aeroporto de Narita ao sistema de transporte público de Tóquio. Quem chega pelo aeroporto de Haneda também pode usar o Tokyo Monorail, que conecta o aeroporto à cidade. Também é válido nos ferrys da JR. Se alguém quiser ir para Hiroshima, vale a pena conhecer a ilha de Itsukushima, um dos cartões postais mais famosos do Japão, onde há um Torii dentro da água. O acesso à ilha é feito pelo ferry de graça para quem tem o JR Railpass.
Obrigado pela resposta.
Ficarei exatamente no Keio Plaza (citado no artigo), que fica no bairro de Shinjuku. Conforme sugerido comprarei o Japan Rail Pass.
Minha única preocupação é justamente os traslados, já que estou indo por conta própria. Pelo que pesquisei o trasporte do aeroporto de Narita para o Hotel é fácil de comprar no próprio aeroporto e custa por volta de R$ 60,00 por pessoa.
Mas ainda estou na dúvida sobre o transporte para Toyota e Yokohama. Caso o Ricardo faça um passo a passo sobre o trajeto Shinjuku para os estádios, ajudará muitos aos mais de 7 mil santistas que estarão no Japão, boa parte deles no Keio Plaza. Obrigado!
Ricardo, ótimo artigo para nós santistas!
Vou com minha esposa, por conta própria e já fechei passagem/hotel.
Minha dúvida é o transporte para Toyota no dia 14/12. É fácil pegar o trem Tókio-Toyota. Chegando lá, você comentou que leva mais uma hora para o estádio….como seria esse transporte?
Obrigado e um abraço,
Roberto
Olá, Roberto! Aqui quem responde é A Bóia.
O trajeto requer inúmeras baldeações. Primeiro descubra qual é a estação da Japan Rail (linha Yamanote) mais próxima do seu hotel.
Então entre em https://www.hyperdia.com/en e coloque a estação de chegada e a estação de Toyota-shi.
Assim que o Ricardo Freire descobrir exatamente qual é a estação mais próxima do estádio ele publica um passo a passo!
Eu fui jantar em Yokohama uma vez e realmente a cidade é bem próxima de Tóquio, levamos coisa de 30 minutos de carro até lá. Yokohama tem também a maior chinetown do Japão, e o prédio mais alto do país, chamado Yokohama Royal Park Hotel. Fomos num bar lá que como o Hyatt em Tóquio, tem uma vista belíssima da cidade. Vale muito a pena subir até lá
https://www.yrph.com/en/
É isso aí! Com Toyoko Inn e JR Rail Pass a viagem ao Japão não fica muito mais cara do que uma a Londres por exemplo. Minha passagem era Air France, e na volta rolou um stopover de 6 dias em Paris, o que quebrou a distância do vôo, e me obrigou a fazer o “esforço” de passar uns dias por lá!
Esperava que um pacote deste fosse bem mais caro, considerando que é o Japão, que além de estar do outro lado do mundo, é um destino conhecido por todos pelo alto custo de vida.
Acho que vai chover de santista por lá. Os mais espertos sem dúvida conciliarão uma volta ao mundo! Bom motivo para viajar… 🙂
Todos os serviços do Japão em infra estrutura já foram restabelecidos? Podemos viajar para lá sem nem nos darmos conta da catástrofe que aconteceu alguns meses atrás?
Olá, Bruno! Você está agindo como alguém que vê a notícia de um desabamento em Angra dos Reis e acha que São Paulo vai ficar parada 😀
Boa! Mas São Paulo não precisa de desabamento para ficar parada! 😉