São Miguel das Missões

Missões + Aparados da Serra + Santa Catarina: mais uma incrível viagem do Silvio

Cambará do Sul

O Silvio e a Simone caíram na estrada mais uma vez. Depois de roteiros incríveis de carro por Portugal, pela Califórnia, e entre o deserto do Atacama e Salta, eles resolveram rodar pelo sul do Brasil. Cânions, cachoeiras, ruínas e vinícolas fazem parte deste roteiro que passou pelo parque nacional de Aparados da Serra, Treze Tílias, Curitiba e muito mais. Vai pelo Silvio:

Texto e fotos | Silvio Carlos Cury

Começamos a programar a nossa viagem a partir de uma reportagem na revista da Gol (edição nº 156) sobre as vinícolas de Santa Catarina. Aproveitamos algumas sugestões de nosso filho que mora na região das Missões, no Rio Grande do Sul, e fomos conhecer duas cidades gaúchas.

Após muitos anos sem viajar de carro pelas estradas brasileiras, decidimos que era o momento de conhecer aquelas plagas e verificar a situação da nossa infraestrutura.

No total foram 3.200 km percorridos, em 16 dias.

Foz do Iguaçu (PR) a São Miguel das Missões (RS)

Via Argentina: 463 km.

São Miguel das Missões

  • Conservação das estradas: na Argentina, boa /excelente; trecho no Brasil: ruim.
  • Atenção para balsa (Rio Uruguai) na divisa entre a Argentina (Alba Posse) e Porto Mauá (Brasil). Em período de muitas chuvas a balsa não funciona devido à cheia do rio. Nestes casos, o único caminho possível pela Argentina, é através da fronteira com a cidade de São Borja. Informações aqui.
  • No Google Maps, para saber o trajeto, coloque Puerto Iguazú – Alba Posse.

Em São Miguel das Missões, visite as ruínas jesuítas. Solicite visita guiada. A história, sob o olhar da igreja católica, é muito interessante. À noite vá ao “Espetáculo de Som e Luz” nas ruínas. Um pernoite é suficiente, desde que você aproveite meio dia/noite. Caso queira descansar e visitar a região, vale ficar mais uma noite.


Trinidad
Missões, a missão

Quando sair da cidade para seguir viagem, visite a vinícola Fin. Incipiente e simples, vende produtos caseiros, além de vinhos. Recepção calorosa. Adjacente à rodovia, a visita toma uma hora do seu tempo de viagem.

Tenondé Park Hotel

Nos hospedamos no Tenondé Park Hotel. Arquitetura bonita e decoração do interior agradável. Apartamentos confortáveis. Café da manhã gostoso, embora simples. Não servem refeições. Como a cidade é pequena, a cinco minutos do hotel há restaurantes. Excelente relação custo/benefício.

São Miguel das Missões a Cambará do Sul (RS)

566 km, via Lagoa Vermelha e Vacaria. Evite o trajeto que passa por Veranópolis (movimento intenso / estrada mal conservada).

Cambará do Sul

  • Conservação das estradas: regular para bom.
  • Atenção para a sinalização de velocidade máxima; aferição eletrônica.

Cambará do Sul é pura natureza. Região formada por cadeia de montanhas e cânions (Parque Nacional dos Aparados da Serra e Parque Nacional Serra Geral) de rara beleza. Passeios variados com programas para vários dias. Para quem gosta de caminhadas e natureza, estará no local certo. O ideal é ficar três noites.


Hotel Parador Casa da Montanha
Mais Aparados da Serra

Cânion Fortaleza

Cânion Itaimbezinho


Fizemos os seguintes passeios: Cânion Fortaleza / Passeio 4×4 (um dia) e Cânion Itaimbezinho (uma manhã). Recomendo a agência de turismo Guia Aparados da Serra. É a mesma que presta serviço ao hotel que escolhemos. O passeio aos Cânion Fortaleza apresenta média dificuldade. Tempo para cada passeio: 4 a 5 horas.

Cambará Eco Hotel

Cambará Eco Hotel

Ficamos hospedados no Cambará Eco Hotel. Apartamentos confortáveis, desjejum variado e com muita qualidade. Não serve refeições. Habitações confortáveis, com vista para o lago. Boa relação custo/benefício.

Experimentamos e gostamos de dois restaurantes, pertencentes à mesma família: A Taberna (R. Dona Úrsula 941, tel. 54/3251-1206; fecha 3ª de março a junho e agosto a dezembro) e O Casarão (R. João Francisco Ritter 969, tel. 54/3251-1711; fecha 2ª). Simples, ambientes agradáveis, comida saborosa e preços justos.

Cambará do Sul a Bom Jardim da Serra (SC)

270 km (via BR 101 – Tubarão).

Villa Francioni

  • Conservação da estrada: excelente (melhor trecho).
  • Caso queira fazer um trecho mais curto, em trecho não pavimentado, pode ir pela RS 427, via Praia Grande (SC), ou RS 020, via São José dos ausentes. Informe-se sobre as condições dessas estradas.

[Nota do blogueiro: fiz esse trecho não-pavimentado via São José dos Ausentes em abril de 2014 e… não recomendo! É puro solavanco, sem paisagens que compensem… só para quem é fissurado em off-road, mesmo! — Riq Freire]

No topo da serra do Rio do Rastro, vindo da BR 101 em direção a São Joaquim, você se deparará com a cidade de Bom Jardim. Ficamos duas noites, ou um “full day”, para explorar a região e ficar perto do Mirante da Serra. Esta região (Bom Jardim, São Joaquim e Urubici) está delimitada com o Parque Nacional de São Joaquim. Muita atenção para trafegar na Serra do Rio do Rastro. Curvas acentuadas, trânsito intenso e neblina podem fazer desta viagem uma aventura perigosa. Os caminhões, para fazerem a curva acentuada, ocupam as duas pistas. É comum o trânsito parar para ceder passagem, principalmente àqueles que estão descendo a serra. À noite a serra é iluminada.

Villa Francioni

Como o nosso foco eram as vinícolas, aproveitamos o dia para visitar, todas muito perto da cidade de São Joaquim e localizadas perto da rodovia SC 114 ou 438, em direção a Lages: Villa Francioni (Rodovia SC 438 km 70, tel. 49/3233-8200), Vinhedos do Monte Agudo (Rodovia SC 438 km 68, tel. 49/3015-9177), Villaggio Bassetti (Rodovia SC 114 km 64, tel. 49/9182-8862), e a Leone di Venezia (tel. 49/9967-3668), que não conhecemos por falta de tempo. É interessante entrar em contato no dia anterior à visita para fazer o agendamento. As que possuem melhor estrutura são as duas primeiras. A vinícola Monte Agudo, mediante reserva, serve refeições harmonizadas com vinhos. Pode agendar a sua visita para o final da tarde e fazer a degustação observando o pôr do sol. A Villaggio Bassetti, inaugurada há 10 anos, vem desenvolvendo vinhos interessantes. Das três degustações, foi a que apresentou vinhos promissores. As três visitações e um passeio pela cidade de São Joaquim é um roteiro que dá para ser feito em um dia. Terminamos a jornada com um gostoso jantar (comento depois).

A região apresenta inúmeros atrativos, inclusive para crianças e jovens. Um bom post no blog Meus Roteiros de Viagem dá todas as dicas.

Em Bom Jardim da Serra ficamos na Bela Serra Pousada. Estilo familiar. Suíte confortável. Desjejum agradável. Excelente relação custo/benefício.

O restaurante Empório Aparados da Serra, como o próprio nome sugere, é um verdadeiro empório. Saboreamos um excelente agnolini em uma noite gelada na serra catarinense. Fica situado às margens da rodovia SC 438 (km 118, tel. 49/3232-0569), um pouco antes de chegar em Bom Jardim, vindo da Serra do Rio do Rastro.

Pequeno Bosque

Em São Joaquim, o restaurante Pequeno Bosque (R. Maj. Jacinto Goularte 212, tel. 49/3233-3318) foi tudo de bom: pratos saborosos, boa carta de vinho, ambiente agradável, preços justos. Jantamos lá.


Florianópolis
Enquanto isso, na capital…

Bom Jardim da Serra a Urubici (SC)

75 km.

Morro da Igreja

  • Conservação das estradas: boa.

Urubici é uma cidade simpática e com boa infraestrutura. Aproveite as informações turísticas da cidade (tel. 49/3278-4245). Pessoal atencioso e farto material para você se orientar. Passeios variados: cascatas, morros, grutas, mirantes, inscrições rupestres, caverna, cânion e trilhas.

Serra do Corvo Branco

A sua permanência depende das suas pretensões, porém dois dias parecem ser o suficiente para conhecer a Serra do Corvo Branco (até o trecho em que está interditada) e o Morro da Igreja / Pedra Furada. Para estes passeios há de se ter uma autorização prévia. O número de carros está limitado em 200/dia. Pode fazer a reserva online ou pessoalmente (Av. Felicíssimo Rodrigues Sobrinho, 1542, Bairro Esquina, Urubici, entre as 8h e 12h, e entre as 13h e 16h30h). Lembre-se que a reserva online prévia garante o seu lugar. Os ingressos devem ser retirados no endereço já comentado.

Cambuim Cabanas

Em Urubici ficamos no Cambuim Cabanas, ponto alto da viagem. Hotelaria composta de seis cabanas feitas de tronco de árvore, constituídas de dois ambientes: quarto com banheira e sala de estar com lareira. Acabamento perfeito. Camas e travesseiros confortáveis. Varanda externa, com vista para a mata e rio. Decoração perfeita. Desjejum fantástico. Sistema de reserva complexo: no site você deve clicar em “Reservas” e seguir as orientações. Faça a sua escolha. Ficamos na “Contar os Golpes” e parece ser a melhor (perto da área de infraestrutura).

Paradouro Santo Antônio

Comemos no Paradouro Santo Antônio, restaurante da Estalagem Sto. Antônio (Rodovia SC 370, a 3km da cidade, tel. 49/3278-4430). Excelente. Dicas: visite o Morro da igreja no horário do almoço (12h às 14h horas) e depois almoce tranquilo, sem ter que esperar. Especializado em carnes grelhadas e trutas. Sistema uruguaio / argentino de assado e corte de carnes de gado europeu. Cervejas artesanais.

Caso fique hospedado na Cabana Cambuim (distante 15km do centro de Urubici), não deixe de ir ao Bistrô Tempero da Montanha, que fica próximo ao hotel. Para consultas e reservas: [email protected]. Caso esteja hospedado perto da cidade, há boas opções mais próximas.


relato leitor viaje na viagem
As viagens do leitor

Urubici a Treze Tílias (SC)

311 km (via Lages, Campos Novos e Joaçaba).

Treze Tílias

  • Conservação das estradas: regular.

Treze Tílias é um pedaço da Áustria no Brasil. É a única cidade do interior com consulado austríaco. Atrações variadas, desde lojas de artesanatos até excelentes cervejas artesanais. Afinal, estamos na Áustria. Os restaurantes com as comidas típicas são muito bons.

Treze Tílias

Treze Tílias

Estivemos e gostamos da Vinícola Kranz (R. dos Pioneiros 220, tel. 49/3537-0833), Cervejaria Bierbaum (Rua Dr. Gaspar Coutinho 439, 49/3537-0531), Parque do Imigrante (R. Fraiz Pointi s/n), Minicidade (R. Antonio Pattis 10, tel. 49/3537-0658) e fizemos uma pequena caminhada pelo centro. Duas noites são suficientes. Algumas atrações fecham às segundas-feiras.

Nos hospedamos no Hotel Schneider, que tem excelente atendimento, mas não gostamos da localização e da estrutura. Isolado da cidade, apartamentos de frente para a rodovia. Existem outros hotéis na cidade com melhor relação custo/benefício. O desjejum é muito gostoso.

Para uma refeição, recomendamos ir à Cervejaria Bierbaum e depois ao lado, a um bom restaurante — Edelweiss – Restaurante e Pizzaria (R. Dr. Gaspar Coutinho 441, tel. 49/3537-0531). Parece haver outros bons restaurantes.

Treze Tilhas a Itá (SC)

140 km (via Água Doce, Catanduva e Concórdia).

Itá

  • Conservação das estradas: regular.

O hotel com águas termais Itá Thermas Resort & Spa é a principal atração da cidade de Itá. Situado às margens da represa formada pelo Rio Uruguai, na divisa dos estados de SC e RS, tem uma piscina coberta e outras ao ar livre. Bom atendimento. Atividades para todas as idades. Apartamentos espaçosos. Escolha aqueles que ficam de frente para o lago e andar alto (normalmente os de categoria superior apresentam estas características). A diária inclui as três refeições e lanches à tarde.

Faça uma caminhada ao centro da cidade e conheça um pouco da história de Itá. Vale uma visita às casas construídas por descendentes alemães (Alberton) e italianos (Camarolli). Pegue seu carro e faça um passeio até a igreja parcialmente submersa e divisa com o estado do RS.

Villaggio Grando (tel. 49/3563-1188), situada na rodovia SC 451 – Km 56, no município de Água Doce, é uma vinícola que dista 50 km da cidade de Caçador – SC. Merece ser visitada. Infraestrutura comparada às grandes vinícolas californianas. Agende, embora fique aberta de segunda a sábado. Informações no site.

Lapa

Lapa é parte da história do Paraná. Distante 75 km de Curitiba, pela rodovia do Xisto, antes de mais nada é uma cidade histórica. Aproveitamos que estava no trajeto entre Itá e Curitiba e fomos conhecer. Gostamos da sua parte histórica e deveremos voltar com mais tempo. Informações aqui.

Itá a Curitiba (PR)

460 km (via 153/476, União da Vitória – São Mateus e Lapa).

  • Conservação das estradas: boa.

Curitiba tem muitas atrações e boa infraestrutura turística. Conheça as principais com o ônibus de turismo. Você precisará de pelo menos dois dias. Outro passeio imperdível é a ida de trem em direção à Serra do Mar. Reserve mais um dia para esse passeio.

Curitiba
De ônibus, de bike, de táxi…

Curitiba

Conheça lugares que só Curitiba tem, caminhando na Rua das Flores / Boca Maldita. O Bar Stuart (Praça General Osório 427, tel. 41/3323-5504), em uma das ruas que circundam a Praça Osório, também é uma boa pedida. Apenas algumas sugestões, entre inúmeras outras. Caso queira viver uma experiência diferente vá ao restaurante Poco Tapas (Av. Vicente Machado 2786, tel. 41/9682-8758) e conheça uma cozinha experimental e molecular. Solicite o menu degustação. Caso queira massa e esteja na região central da cidade, o Spaghetto Ristorante (R. Visc. do Rio Branco 1302, tel. 41/3013-1294) é uma excelente pedida. Atenção: um prato serve duas pessoas. Na mesma região um japonês de primeira é o Maru (Al. Doutor Carlos de Carvalho, 74/88, tel. 41/3082-9966). Todos são locais para pessoas despojadas. Preços justos.

Curitiba a Foz do Iguaçu

640 km.

  • Conservação das estradas: boa / excelente (pedagiada e trechos em construção)

Trajeto alternativo

Cambará do Sul

Trajetos alternativos para quem reside em outras regiões do Brasil: avião até Porto Alegre e carro em direção à Serra Gaúcha, incluindo Gramado; ou, caso queira conhecer somente a serra catarinense, sugiro fazer o trecho aéreo até Florianópolis.

Sensacional (como sempre), Silvio! Você e a Simone são os craques das estradas!

Leia mais:


Gramado

20 comentários

Olá, Sílvio! Meu marido e eu fizemos agora em março um roteiro de carro, de 13 dias, por SC e RS, muito baseado no seu.
Pegamos o carro em Florianópolis e seguimos para Lages no intuito de conhecer a Vinícola Abreu Garcia. Pequena, mas com vinhos muitos bons, na nossa opinião (tb não somos enólogos). De lá partimos para Bento Gonçalves, onde a surpresa ficou por conta dos vinhos das pequenas Vinícolas do Caminho de Pedra, em especial os da Vinícola Casa Fontanari, com muitos rótulos, alguns premiados.
De Bento fomos para Cambará do Sul, ver os Canyons e retornamos para SC, porém pela Rota do Sol e pela BR 101.
Concordamos com vc em relação à Villaggio Bassetti. Os vinhos são muitos bons, além disso a paixão do sr. Eduardo ao falar de seus vinhos é contagiante.
Em S. Joaquim, como é época da colheita da maçã, fizemos a interessante visita guiada, com degustação, da Sanjo, que além de preparar a maçã para a venda, produz sucos e desenvolve vinhos de qualidade e alguns tb premiados.
Em Urubici, além das belas atrações naturais, a hospedagem também foi o ponto alto. Ficamos na Pousada Cantos e Encantos (logo após a Cambuí) e ela realmente encanta. Tanto pela paisagem em que está inserida, pelas aconchegantes instalações, pelo cuidado que os proprietários dedicaram a cada cantinho e detalhe, quanto pela atenção dispensada ao hóspede. Além do café da manhã, com produtos preparados por eles mesmos ou por produtores da região, sendo que em cada manhã são servidos diferentes tentações.
Retornamos para Floripa pela SC 416 e BR 282.
Gratos pela partilha de sua viagem!

O melhor lugar pra ficar em cambará é a vila ecológica! Super recomendo! E a comida é uma delícia tb!

Ana, às vezes nos surpreendemos com atrações bem próximas. Toda esta viagem foi uma surpresa para nós.

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