Itália: as dicas fora do circuitão do A. L.

De vez em quando eu canso de repetir as mesmas receitinhas de bolo: a gente viaja com tempo tão curto e com objetivos tão definidos que eu fico aqui só repetindo o jeito mais prático de percorrer o itinerário de sempre. O problema disso é que, de tanto repetir, parece que só existe aquilo para ser visto. O A. L., nosso polemista de plantão, entrou ontem numa caixa de comentário para compartilhar um roteiro de cidades italianas não-óbvias que ele indicou a um amigo. Vejam que bacana:

Sassi di Matera, Itália

Riq, acordei meio inspirado e vou resumir aqui algumas dicas que dei a um amigo que queria fazer uma viagem “Itália-slow” e que já conhece o circuito básico de cidades e atrações, de Veneza à Costa Amalfitana.

Começo com Bolonha, na minha opinião uma das maiores “barbadas” ignoradas por quem vai à Itália. Nem precisa ser “slow”: trens rápidos fazem o trajeto desde Florença em 57 minutos, desde Veneza em 1h50 e de Milão em 1h05! A cidade possui uma arquitetura única, as Due Torri (as “torres gêmeas” da Idade Média) e uma cena gastronômica muito, mais muito mais convidativa do que a de Florença ou Roma, pois relativamente intocada pelo efeito que as massas que chegam aos milhares têm nos restaurantes dessas cidades.

É um passeio fácil de fazer: comece pela estação, se perca sob os arcos (mais de 35km deles pra escolher!) dos prédios medievais, dê uma bisbilhotada nos bistrôs e restaurantes, almoce – sem pressa – em um deles e faça um footing até o Regina Margherita, um parque agradável na outra ponta. Volte andando e pegue o trem. É o pit-stop PERFEITO para quem está na rota Florença-Veneza ou Milão-Roma, Milão-Florença.

Se a Costa Amalfitana e a Cinque Terre agradaram, uma alternativa com estradinhas cênicas-montanhas-cidades pitorescas é a região do Promontorio del Gargano. É uma península com montanhas perto de Foggia (onde dá pra chegar de trem semi-rápido e montar base com carro alugado). O mar é esverdeado (veja aqui), as pedras branquinhas e a muvuca é 1/10 daquela encontrada na Costa Amalfitana. Dá pra explorar tanto a parte “baixa” quando montanhas e colinas, o tráfego é tranquilo quase o ano todo.

Uma outra rota interessantissima é o litoral do sul da Puglia, descendo desde Lecce para Otranto e Gallipoli. No verão o local “ferve” (de calor e de gente), mas fora dele a região é interessantíssima e os hotéis baixam as diárias em até 70% (é longe demais para encaixar em tours de ônibus ou grupos, então dá pra descolar barganhas incríveis em hotéis com vista para a praia quando não dá praia).

Precisa de carro para aproveitar (ir para lá é ficar em um Club Med ou resort é um desperdício imperdoável). O litoral é pontilhado por ruínas da Magna Grécia, o interior, por uma paisagem relativamente árida e única. “Da non perdere”.

Ali perto fica outra atração muito negligenciada pela distância: os Sassi di Matera (foto do alto do post), na Basilicata. Região extremamente pobre até os anos 1950, Matera possui um acervo muito legal de casas esculpidas em pedras, os chamados sassi. Lá foi a cidade onde foi filmado “A Paixão de Cristo” do Mel Gibson e vários outros filmes ambientados em cidades antigas do Oriente Médio.

Vale cacifar um hotel em um sasso. Ter carro ajuda, já que os trens são muito lentos e não chegam até Matera. Dá pra esticar na costa jônica, como em Metaponto, ou em Taranto, cidade interessante para fazer um contraste de arquiteturas e histórias tao distintas embora os lugares sejam tão próximos.

Para finalizar, uma dica lá para o Norte… A Itália tem alguns valichi alpini piemontesi confinados (com apenas uma “saída” para o mundo exterior”) muito interessantes, menos “turistados” que os suíços e relativamente baratos. Um passeio interessante é pela região do Piemonte perto do Parco Gran Paradiso, não muito longe de Turim. Alguns são mais desenvolvidos e habitados, como Susa, mas outros são “parados no tempo”, com vistas estonteantes.

Minha opção favorita: montar base em algum hotelzinho próximo a Germagnano e explorar de carro os vales de Lanzo, Ala e Viù, todos com “saídas” apenas em Germagnano. Muvuca zero, mas não vale a pena entre dezembro e abril quando a neve torna tudo branco até demais e as estradas traiçoeiras.

Obrigado, A. L.!

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    108 comentários

    Alguém tem dicas de Lecce (Puglia), especialmente onde é melhor se hospedar? Que lugares visitar nos arredores? Estou começando a pesquisar pq devo ir pra lá em outubro pra um congresso. Agradeço se mandarem dicas. Abs.

    Olá! Estarei na Croácia no período de 01 a 20/05 e gostaria de conhecer a região da Puglia, uma das únicas que ainda não fui na Itália. Gostaria de saber se é viável de ferry e se o melhor lugar para partir é de Dubrovnik, além do numero de dias necessário para que não fique muito corrido, caso seja possível. Muito obrigada!

    Adoro ler sobre Bologna. Concordo com A. L. , a cidade é descartada dos roteiros turísticos dos brasileiros e é uma das mais lindas e completas da Itália.

    Já escrevi no meu blog sobre Bolonha diversas vezes e sonho de ver o turismo crescer naquele lugar.

    Obrigada A.L.!

    Ana

    Oi, Ricardo.
    Acompanho seu blog desde os tempos do wordpress e suas dicas ja ajudaram muitas viagens.
    Faremos um passeio pela Suiça (ja anotei varias dicas do VnV) e pretendemos continuar pela Italia. Gostei bastante do post do Andre. Já conhecemos a Cinqueterre e a Toscana; e queríamos dicas de lugares com essas caracteristicas na costa leste. Vc pode abrir um post de dicas desta região?
    Vale a pena, ao inves de ficar na costa leste, ir para a Croacia?
    Obrigada!

      Olá, Rafa! A costa adriática italiana só é interessante no sul, nos lugares que o André indicou.

    Andre, o que vc acha do nosso roteiro?
    Day 1 – PARIS

    Day 2 – PARIS-ROMA (aéreo chegando em Roma 08:40am)
    Manhã-tarde-noite ROMA

    Day 3 – ROMA

    Day 4 – ROMA

    Day 5 – ROMA – PISA – FLORENCA
    Roma-Pisa de Trem: manhã em Pisa
    Pisa-Florença de Trem: chega em Florença +- 15:30

    DAY 6 – FLORENCA

    DAY 7 – FLORENÇA – BOLOGNA – VENEZA
    Florençca – Bologna de Trem: chega manhã em Bologna
    Bologna – Florença de Trem: horário almoço
    Tarde e Noite veneza

    DAY 8 – VENEZA

    DAY 9 – VENEZA – PADOVA – VERONA
    Manhã Veneza
    Veneza – Padova de Trem: Começo tarde
    Tarde em Padova
    Padova-Verona de Trem: começo noite
    Verona a noite

    DAY 10 – VERONA – BERGAMO – MILAO
    Verona manhã
    Verona – Bergamo de Trem
    Bergamo a tarde
    Final do dia Bergamo – Milão

    DAY 11 – MILAO

    DAY 12 – MILAO – PARIS (ainda não sei melhor forma)

    DAY 13 – PARIS

    DAY 14 – Retorno Paris – Brasil

    Outra pergunta, o trem de Verona para Bergamo, em alguma classe, serve refeição?

      Olá, Thiago! Somente a primeira classe no Italo tem refeições incluídas. Na maioria dos trens você vai encontrar um vagão-bar ou vagão-restaurante. Na maioria também há um carrinho que passa com bebidas e snacks para vender.

    Atenção: Os comentários são moderados. Relatos e opiniões serão publicados se aprovados. Perguntas serão selecionadas para publicação e resposta. Entenda os critérios clicando aqui.

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