Ilha de Páscoa: cenas de um eclipse total do sol
Pelo que nos contaram, tinha chovido sábado o dia inteiro na Ilha da Páscoa. Amanheceu chovendo no domingo também. Quando desembarcamos, às onze da manhã, dava para ver o chão molhado — mas o tempo já estava mais para ‘despejado’ (aberto) do que para ‘lluvioso’ (chuvoso).
Tínhamos pouco mais de duas horas antes de começar o eclipse, que aconteceria mais ou menos no mesmo horário da final da Copa da África do Sul, entre Espanha e Holanda.
Eu ficava olhando o tempo todo para o céu. De vez em quando as nuvens cobriam o sol, mas o vento soprava forte e acabava levando as nuvens pra lá.
O lugar escolhido para vermos o eclipse é um parque com vários moais, as estátuas ancestrais que são o cartão-postal de Rapa Nui.
Logo vi que não estava corretamente aparelhado para fotografar o eclipse: os fotógrafos de verdade tinham, além de tripés, filtros especiais para captar o fenômeno.
Lá pelas tantas, o dono da zoom mais poderosa gritou: “Empezó!”. Pus os óculos de ver eclipse que tinham me dado e não percebi nada.
Só dali a uns cinco minutos é que deu para ver a lua abiscoitar um pedacinho do sol.
Durante mais de uma hora, para minha surpresa, o eclipse só é visível através das lentes escuras de negativo de fotografia.
O olho nu só percebe alguma coisa quando a lua começa a cobrir dois terços do sol. A luz fica mais tênue, como um entardecer repentino e fora de hora. Como estamos no inverno, ficou mais frio, também.
Eu já estava achando lindo, mesmo sem conseguir registrar com a câmera a beleza que estava vendo com os óculos — a lua fazendo o sol tomar a sua própria forma, primeiro como crescente, depois minguante.
Juro que estava completamente resignado em buscar por aí fotos de outros do eclipse, quando de repente aconteceu: a lua enconbriu o sol, e o fenômeno passou a ser visível a olho nu — e cãmera nua.
Está ainda para ser inventado um palavrão que exprima a emoção de ver isso acontecer.
E a emoção de ver isso acontecer ao lado dos moais da Ilha da Páscoa?
Inacreditável, pípols.
O sol ficou tapado por uma eternidade de, sei lá, uns dez minutos.
Daí a Terra voltou a ser iluminada por uma luz amarela, e quem quisesse podia acompanhar com os óculos o caminho de volta da lua sobre o sol.
Mas precisar, não precisava mais.
Voltamos ao ônibus, e ouvimos a Espanha ser campeã. Não poderia haver dia mais perfeito na Ilha de Páscoa.
Ricardo Freire viajou à Ilha de Páscoa a convite da LAN
90 comentários
Riq, veja o que esses caras fizeram no dia do eclipse: https://www.wired.com/wiredscience/2010/07/eclipse-chasers/
Cara, que emoção! Incriveis o relato e fotos.
Obrigada por deixar a gente viajar um pouquinho nessas suas viagens 🙂
Ih, agora me dei conta que não foi em 1997 não, foi antes, não sei se 95 ou 96.
Deve ter sido 1997 mesmo, em Foz do Iguaçu o eclipse foi total, em Curitiba quase total e em Porto Alegre/São Paulo/Rio de Janeiro/Florianópolis ficou de 60 a 80% se não me engano. Me lembro até hoje do Jornal Nacional mostrando as cataratas de Foz do Iguaçu com o sol assim como nas fotos do Riq e comentando o comportamento dos animais diante da inesperada noite. Foi uma oportunidade única, infelizmente não deve se repetir enquanto eu viver. 🙁
A terceira foto do eclipse, aquela que tem uma fumacinha em volta, me lembra de um velho e falecido fotógrafo basco amigo meu que fumava cachimbo e sempre esquecia de tirá-lo do canto da boca na hora de fazer a foto. Resultado: todas saiam com a mesma fumacinha. Belo eclipse, Ricardão. Abraço.
hahaha adorei essa 😀
Show!! Emocionante!
Belíssimo Riq !!!! Absolutamente ESPETACULAR !!!!
Seu olho dá de dez em todas aquelas câmeras com tripés 😉
Nossa, Riq, nessa vc arrasou MESMO. Lindíssimo. A gente sente a emoção quando lê suas palavras. Até me arrepiei. Parabéns! 🙂
parabéns pelas imagens e comentários….adorei…carinho para vc…sonia