Big Island: praia e neve, vulcão e cachoeira, mantas e golfinhos na maior ilha do Havaí
Enviado especial | Gustavo Belli
Depois de uma voltinha por Oahu, foi com tristeza que seguimos para Big Island ou Ilha de Hawai’i. De Oahu para Big Island, a ilha mais ao sul do arquipélago, são 40 minutos de voo num raro Boeing 717 da simpática Hawaii Airlines.
Apesar da tristeza de sair de Oahu, Big Island foi um destino que me fascinou, com atrações e belezas naturais que deixaram a sensação de quero mais. Continuo assim minha saga ‘sacrificante’ de mais 4 dias a bordo da Bóia por terras e águas havaianas.
Geologicamente, Big Island é a mais nova das grandes ilhas do arquipélago, com vulcões ainda em atividade. Esta é a mais mística e rica em histórias entre as ilhas do arquipélago. A família real havaiana e o grande Rei Kamehameha (que uniu as ilhas durante seu reinado) são originários de lá.
Em 1776, o navegador inglês James Cook desembarcou em Big Island. Foi o primeiro europeu em território havaiano, mas para seu infortúnio também foi sua última expedição. Após problemas em um dos mastros de sua embarcação, teve que regressar à ilha e foi executado pelos nativos.
Entre as lendas, a da deusa Pele, divindade do fogo e dos vulcões, é uma das mais contada pelos guias e ilhéus. Tudo na ilha está intimamente vinculado às erupções dos vulcões, atribuídas à força da deusa Pele. Alguns lugares que fazem parte das histórias e lendas nativas são hoje pontos turísticos, o que dá um charme especial ao destino.
Tivemos uma programação intensa, e como o nome diz, a ilha é muito grande e com belezas naturais por todos os lados. Ficamos hospedados em dois hotéis do lado oeste da ilha.
Nas ilhas havaianas, os hotéis e estruturas turísticas geralmente estão voltados para o poente, o lado das ilhas em que menos chove e venta. Na Big Island nota-se perfeitamente a diferença entre os dois lados devido à presença dos grandes vulcões bem no meio da ilha.
O lado leste é mais verde e nublado, uma região com muitas plantações. Do lado oeste, mais seco e com terrenos de lava, o aspecto é mais inóspito, mas ocupado por redes hoteleiras e pontos de pesca.
Para nossa hospedagem nos dois primeiros dias na ilha, ficamos no Sheraton Kona Resort, que está próximo à cidade de Kona, e a pouco mais de 15 minutos do aeroporto. O hotel foi construído num ponto sagrado para os nativos, na baía de Keauhou, uma baía estratégica onde os antigos havaianos armazenavam suas famosa canoas. Porém, o fato que mais atrai turistas não está em terra, mas no mar bem em frente ao hotel.
Nos anos 70, após a inauguração deste grande resort e da iluminação de seus costões para decoração noturna e visualização das ondas, apareceu na região uma grande quantidade de algas, que se fixam aqui atraída pelas luzes.
As algas que se desenvolveram na região são um dos alimentos prediletos das gigantes raias mantas.
Este fato desenvolveu uma colônia destes gigantes dos mares, que se aproveitam da fartura de alimento na região e frequentam quase todas as noites as águas em frente ao hotel.
Com uma atração incrível desta bem em frente ao hotel, após o pôr do sol pegamos um barco, que ancora no píer abaixo do hotel para o encontro com as pacíficas gigantes dos mares.
Vou confidenciar que esta história de mergulho noturno me deixou com um frio na barriga, mas após embarcar e me ver no meio de várias famílias com crianças e idosos, fiquei mais tranquilo.
Todos os equipamentos como snorkel, pé de pato e roupa de borracha nos foram fornecidos.
Antes do mergulho, algumas dicas de segurança, e orientações para não tocar nos animais nos foram passadas.
Ficamos aproximadamente uma hora flutuando e observando as mantas, elas passavam a centímetros de nós, com suas enormes bocas banguelas abertas, como um grande aspirador das pequeninas algas.
Posso afirmar que é um dos passeios mais incríveis que fiz em toda a minha vida, não esperava estar assim tão próximo de um gigante.
Ao longo dos outros três dias em Big Island, realizamos alguns tours terrestres pela ilha. Assim conseguimos ter uma amostra da grandeza de Big Island, suas pequenas e charmosas cidades e vilas, diferentes e belas praias.
Foi bacana observar o volume e relevo das lavas depositadas, criando paisagens de outro planeta; a força da natureza que se adaptou a esta região, com muitos pássaros e vegetação que brota literalmente de dentro de vulcões.
A região central da cidade de Kona, onde estão alguns hotéis, é cheia de restaurantes e bares agradáveis. Para os padrões demográficos de Big Island, tem uma grande concentração de pessoas, principalmente nos dias de desembarque de passageiros dos navios de cruzeiro.
Uma das atrações da região central de Kona é a Kona Brewing (74-5612 Pawai Place Kailua, tel. 808-334-2739), famosa cervejaria havaiana. A dica é programar um almoço no local e fazer a degustação dos variados estilos de cerveja produzidos ali.
Além de fazerem boas cervejas, eles foram criativos ao batizarem cada uma com um nome ligado à cultura local: a pale ale é a Firerock, a lager é a Longboard e assim vai.
Praias de areias branquinhas todos já visitaram, mas uma das atrações da ilha é uma praia de areia preta, mas não lama ou terra, areia fininha bem escura, que surgiu pelo atrito das lavas e se depositou nesta baía.
Na praia de Punalu’u, além da exótica cor preta da areia, a praia é um santuário para as tartarugas verdes havaianas. As tartarugas são avistadas facilmente descansando na areia pela manhã cedo, ou pelas águas cristalinas durante o dia todo.
Os cafés havaianos, e principalmente os de Kona, são famosos e deliciosos. Para quem curte café, não lembram em nada os cafés americanos. Em Big Island não somente estão os famosos cafés de Kona, mas concorrentes conforme a região da ilha.
Visitamos uma das fazendas e torrefação de café em Kau, outro ponto da ilha. O programa foi interessante e muito gostoso, e conhecemos algumas diferenças entre os produtos e tipos de café produzidos na região.
No lado oposto da ilha em relação a Kona está a região de Hilo, a cidade antiga da ilha, onde estão o outro aeroporto de Big Island e um grande porto de carga. Hilo parece parada no tempo.
Próximo ao centro da cidade visitamos uma bela cachoeira, porque por mais urbana que seja Hilo ela está encravada na natureza, como tudo em Big Island.
Pouco mais à frente, depois de Hilo, seguimos por uma rota com algumas belas pontes, com o mar à direita e quedas d’água e cachoeiras na esquerda. Após alguns quilômetros, chegamos ao ponto alto desta rota cênica, o Waipio Valley, um daqueles lugares que parece que foi desenhado com mais carinho por Deus.
Paramos num belvedere que fica no alto de dois costões da praia, encravado no meio destas duas colunas. Para completar, do outro lado, além da grande barreira rochosa, saem lindas cachoeiras que deságuam diretamente no oceano.
No lado norte da ilha conhecemos Kohala, pequeno e charmoso povoado, uma região que parece viver em outro ritmo, parado no tempo.
Kohalapossui também seu café, e a dica é pegar a fila e tomar café da manhã no meio dos locais no Kohala Coffee Mill (55-3412 Akoni Pule Highway, tel. 808-889-5577), uma deliciosa cafeteria e confeitaria que serve também smoothies e tortas, todos muito deliciosos.
Ainda em Kohala, depois de satisfeitos, fomos conhecer a famosa estátua do grande Rei Kamehameha, uma estátua cheia de histórias, que veio da Itália e que passou submersa alguns anos no mar das Ilhas Maldivas, após um naufrágio.
Neste lado da ilha também conhecemos algumas praias, que apresentam condições para o surf e outros esportes aquáticos com vela, pois estão do lado da ilha que recebe ventos constantes.
Não poderia faltar conhecer um vulcão em Big Island, é passeio obrigatório. Primeiro visitamos o Parque Nacional dos Vulcões (Hawai’i Volcanoes National Park, tel. 808-985-6000) no lado sul da ilha, onde está o vulcão Kilauea. Este é o terceiro maior parque nacional americano, ficando somente atrás do Yosemite e Yellowstone.
Como em todos os parques nacionais americanos, há estrutura para se apreciar a natureza de perto e com facilidade; suas trilhas são extremamente seguras e sinalizadas, há pontos de informação, área para piqueniques e acampamentos.
Dentro do parque caminhamos por uma trilha onde a terra aparenta estar fumando, pois precipitações de enxofre brotam da terra literalmente. Dentro do parque está o Jaggar Museu; o museu recebe este nome em homenagem ao geólogo Thomas Jaggar, que estudou e ajudou a desenvolver formas para prever as erupções vulcânicas.
Viajar ao exterior com segurança é ter Seguro Viagem Bradesco.
Dentro do museu existem imagens e esquemas que mostram a evolução ao longo do tempo na região após as erupções vulcânicas. No museu também existe um sismógrafo que capta as frequentes movimentações do solo da região.
O ponto onde foi construído o museu é o mais adequado para observar a cratera do vulcão Kilauaea, estando a uma distância segura, pois o vulcão pode entrar em erupção a qualquer momento e ocorrem frequentes liberações de gases tóxicos. Visitamos a região de dia, mas dizem que o grande espetáculo é ir à noite e ver o vermelho das lavas incandescentes.
Como o mergulho noturno com as raias mantas, a outra grande e espetacular atração da ilha também foi à noite, quando subirmos o vulcão Mauna Kea ( Mauna Kea Access Rd, tel. 808-961-2180) para acompanhar o pôr do sol e observar as estrelas.
Foi incrível. Você já se imaginou estar na praia de manhã e no pôr do sol estar envolto por neve ou esquiando? Está foi a experiência proporcionada ao subir o Mauna Kea.
Mauna Kea, ou montanha branca no idioma havaiano, devido à presença de neve frequente no inverno, está acima dos 4000 metros de altura.
O Mauna Kea é a montanha mais alta do mundo, se consideramos como base o seu início no fundo do oceano, chegando a mais de 10 mil metros de altura. Para se chegar no cume do vulcão fomos com uma van adaptada para a trilha.
Em pouco mais de 30 minutos a partir da base se está no topo do vulcão. Este vulcão não está ativo, e sua posição é atualmente uma das mais importantes para a observação astronômica, com a presença de estações científicas e seus gigantes telescópios.
O visual lá de cima é incrível, mas na mesma proporção da beleza é seu frio. No nível do oceano estávamos a 25ºC, e quando chegamos ao topo deveria estar uns -10ºC e ventando.
Quando o sol se põe, literalmente é de congelar: meu telefone desligou devido ao frio, mas apesar da situação climática extrema, vale cada minuto. A empresa que nos levou fornece a todos uma jaqueta extra para aguentar o frio, pois poucos imaginam ter que enfrentar neve numa viagem ao Havaí.
Antes de descermos completamente, paramos numa base de observação, onde havia uma apresentação com explicações sobre as muitas estrelas e constelações que estávamos observando. Eles apontavam com a caneta a laser para onde deveríamos observar; muito didático.
Sinceramente, nunca havia visto um céu nem com metade daquelas estrelas. Para se alcançar este grau de escuridão, além da posição estratégica, as construções em Big Island seguem normas na iluminação, com luzes amarelas e menos potentes, para que as luzes artificiais não atrapalhem o espetáculo de observação celeste.
Nossa segunda hospedagem foi no incrível Hilton Waikoloa Village, um complexo de hotéis com mais de 1200 quartos. Para circular dentro dele é necessário usar um monotrilho no estilo parques da Disney.
A região Waikoloa está ao norte de Kona, também no leste da ilha, e nesta área estão surgindo alguns dos mais novos e modernos hotéis e centros comerciais da Big Island. A escolha deste ponto se deu por apresentarem praias e baías de areias brancas fininhas e águas mais calmas, ideais para o turismo.
Passamos praticamente um dia off dentro do hotel, e deu para aproveitar um pouco desta maravilha. O hotel está defronte a uma praia, e muitas vezes ao olhar para o mar pude ver baleias passando.
Em dos lados do hotel está um campo de golfe, que é uma atração de grande procura por turistas orientais e americanos.
Chamou a minha atenção uma baía dentro do hotel, que cria uma espécie de piscina com águas que entram diretamente do mar, formando uma praia privada. Ao mergulhar dava para observar vários peixes com o snorkel, e até algumas tartarugas se aventuravam por lá.
Para vocês terem noção, na parte externa desta baía está um cercado com alguns golfinhos para apresentações e fotos com os hóspedes. (Sinceramente, achei o espaço reduzido para os animais.)
Além disso, há muitas outras piscinas, algumas exclusivas para adultos.
As opções gastronômicas são variadas, desde o american bar com hambúrgueres e refeições rápidas, ao restaurantes japonês, chinês, italiano e um grande buffet. Espalhados em pontos estratégicos existiam cafeterias do Kona Coffee, o Starbucks local, e as lojas ABC, uma espécie de conveniências e loja de souvenir.
Big Island é um destino fantástico e que apresenta atrações e belezas que agradarão e surpreenderão os mais experientes dos viajantes.
Após esta intensa semana, foi hora de voltar. Agradeço ao Riq e à Elisa pelo convite, a todos do Hawaii Tourism e em especial à Andy que nos recebeu e fez de tudo para termos uma agradável estadia no arquipélago.
Mahalo (obrigado, em havaiano)!
Gustavo Belli viajou a convite do Hawaii Tourism Authority.
Leia também:
Resolva sua viagem
- Passagens aéreas – promocionais no Skyscanner
- Hotel – encontre o seu no Booking
- Casa de temporada – veja as opções no Booking
- Seguro Viagem Bradesco – simule e contrate aqui
- Passagens de trem na Europa – compre no Trainline
- Aluguel de carro – pesquise na Rentcars em até 10x
- Passeios e atrações – escolha na Viator
Comentários
Estou indo para o Havaí agora em março. Vamos para a Big Island num bate e volta desde Honolulu. Boia, você saberia me dizer se chegando em Hilo, no aeroporto, qual seria a melhor forma de chegar no Parque Nacional dos Vulcões? Também se eu posso comprar as entradas do parque lá mesmo ou se seria recomendável comprar antes e onde eunpoderia comprar essas entradas? Obrigada.
Olá, Renata! Eu vi aqui a distância do aeroporto ao parque, são quase 150 km… não existe ônibus. Você teria que alugar um carro (e perder mais uma hora nos procedimentos de retirada, e chegar cedo para devolver o carro) ou ir de táxi.
Acredito que o mais econômico, por incrível que pareça, seja pegar um tour saindo de Honolulu, como este:
https://www.hawaiitours.com/to-do/big-island-of-volcano-tour-from-oahu/
(Deve haver outros.)
Incrivel esse lugar!
Mas corrigindo o autor: Os parques mencionados nem estão entre os 3 maiores dos EUA.
Yellowstone é o 8, Yosemite 16, é e Parque Nacional dos Vulcões não fica nem entre os 20 maiores.
Eu já queria conhecer, mas as fotos do céu, honestamente, me encheram de vontade. Acho que eu iria pirar!
Linda viagem!
O Hawaii é o máximo! Já fui em Maui duas vezes e a Kauai, e ainda faltam a Big Island e Oahu!! Estão na minha lista!!
Amei o post e as fotos. Só faltou a experiência com a lava – que foi uma das coisas mais sensacionais que já vivi!
O Hawaii é o maximo mesmo.. Da vontade de pegar o primeiro aviao e voltar 😀
Bah, nostalgia completa neste post. Só passando para confirmar que a Big Island é um espetáculo à parte, e o relato está demais!