Feriado no meio da viagem: calma, não é o fim do mundo

14 de Julho em Paris

Já escrevi que brasileiro não tem medo de terremoto, não tem medo de furacão, não tem medo de vulcão: brasileiro tem medo é de loja fechada. Prova disso são os comentários desesperados de quem de repente vê seu mundo cair, ao dar-se conta de que vai haver um feriado em Três Pontinhos (Nova York, Buenos Aires, Paris, Santiago, Madri) justo no meio da sua viagem.

Pessoal: feriado não significa greve geral, nem estado de sítio, nem toque de recolher. Com as exceções de praxe (Natal, 1° de janeiro, Páscoa) até as lojas dos shoppings abrem. Em um ou outro lugar pode haver outras datas que tenham essa característica (em Santiago, por exemplo, a Sexta-Feira Santa também fecha o comércio, e até mesmo dos shoppings), mas veja bem: o pânico só se justifica se aquele for exatamente o único dia que você teria para o dever cívico-religioso de comprar.

Pense no feriado que cai justo no meio da sua viagem como o Universo conspirando para atenuar a sua vitrinodependência. Sim, você pode.

10 coisas para fazer quando um feriado resolve cair no meio das suas férias

1. Fazer um bate-volta aos arredores

Todo mundo tem planos de fazer uma ou outra viagem aos arredores da cidade onde está hospedado. Pois bem: programar uma dessas viagens no feriado é uma ótima estratégia. Você foge do lugar parado e vai para o animado. Evite apenas destinos que possam ficar lotados demais (por exemplo: em Santiago, é melhor fugir para Valparaíso e Viña, onde há espaço para todos, do que para as estações de esqui, que têm capacidade limitada).

2. Visitar museus

Museus só fecham em feriados que caem no dia do seu fechamento semanal (normalmente, segunda-feira) ou naqueles megaferiados já citados (Natal sempre, Páscoa às vezes). Identifique os museus que você gostaria de visitar na cidade, entre nos sites para confirmar se abrem no dia do feriado, programe dois e pronto: você não perdeu o seu dia. (Igrejas também entra nesta categoria, e com uma vantagem: não fecham nunca.)

3. Passear no parque

Como você não pensou nisso antes? Parques sempre estão abertos em feriados. E, ao contrário do que acontece na sua cidade, na cidade dos outros os parques ficam mais interessantes quando estão cheios: ver como se vestem, como se comportam e o que consomem os nativos extrapola o mero contato com a natureza.

4. Caprichar no almoço

Feriado combina com um almoço longo e festivo. Se estiver acompanhado, programe uma extravagância gastronômica para esse dia. Não precisa nem ser uma extravagância perdulária: pode ser uma extravagância meramente calórica ou alcoólica. Será um dia memorável.

 

 

5. Dar um rolê por áreas históricas ou residenciais

Quando o centro da cidade é moderno e totalmente voltado aos negócios, fica ermo em feriados. Agora: áreas históricas e bairros residenciais bacanas dão passeios perfeitos para depois do almoço 😀

6. Usar o transporte público

Não inventaram dia melhor que o feriado para você se aventurar pela cidade usando o transporte público, que vai estar desafogado. É um bom dia para ir de ônibus até o fim de alguma linha — e ver um canto da cidade que não faria parte do seu tour.

7. Aderir à programação do dia

Feriados costumam ter eventos, desfiles, corridas, caminhadas, shows de música em parques… Compre os jornais da véspera e do dia e junte-se aos locais. De novo, o show, o desfile e até o evento são o de menos: o mais bacana é a experiência antropológica de ver como os nativos se comportam e experimentar o que eles comem e bebem nessas situações.

8. Cair na balada — na véspera

Véspera de feriado, em qualquer cidade de médio porte para cima, significa noite fervida. Aproveite para se jogar na naite, com a desculpa de que no outro dia você não vai ter tanta coisa para fazer…

9. Descobrir as feirinhas

Se a síndrome de abstinência comprólatra estiver pegando, tenha pesquisadas as feiras de artesanato e quinquilharias da cidade: é bem provável que algumas sejam armadas em feriados.

10. Embarque num tour organizado

Agências de turismo receptivo não tiram férias. Caso você sofra de feriadofobia aguda, basta ir à recepção do seu hotel e pedir os folhetos e catálogos de excursões. Sempre haverá várias que operam no feriado. Pronto: por causa do feriado, você pode acabar visitando coisas que os seus amigos nem sabiam que existiam, porque não tiveram a sorte de pegar um feriado no meio da viagem! 😀

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103 comentários

Peguei o dia 14 de julho (feriado da bastille) em Paris no ano passado! Aproveitei que era feriado, fui conhecer o Marais que tem muita coisa pra se ver simplesmente flanando pelas ruas, decansei na place de vogue, almocei em um restaurante delicioso a beira do Sena e a noite cometi uma super extravagancia, um jantar harmonizado com vinhos, com musica ao vivo no bateaux parisiens que cruza o Sena e volta a torre eiffel pra vermos os fogos do dia festivo!!!
Foi maravilhoso!! Só tive um probleminha: achar taxi para voltar pro hotel…mas depois de muitas coupes de champagne, nem isso me incomodou!!!!!!

Pegamos o 1o de novembro em Versailles ano passado. Tinhamos bebido muitos vinhos na região de Champagne, corrido para pegar o Palácio aberto na véspera (eu já conhecia, mas meu marido não, chegamos no entardecer) e o hotel Ibis nos deu uma tremenda boa notícia para um casal que adora praticar sonoterapia – café da manhã até meio-dia – descemos as 11:30 e fizemos a digestão nos Jardins 🙂

Ah, pior que feriado são férias coletivas que muitas lojas e restaurantes tiram na primeira quinzena de agosto (o suprasumo do auge dos píncaros da alta temporada no hemisfério norte). No meu caso, as lojas nem fazem diferença, mas saber que você não vai poder comer nem hoje nem amanhã naquele restaurante com o qual você tinha sonhado há meses (e até programado a roupa) é duro…

    Lembrança importantíssima. Em algumas cidades, o mercado gastronômico, casas noturnas e outros fecham no altíssimo verão (10-20 dias). Mesmo que essas cidades tenham um certo movimento turístico.

    Entre cidades sujeitas a esse contratempo na Europa, cito: Milano, München, Frankfurt, London como as mais afetadas pelo fenômeno por assim dizer.

Com relacao à compras na Alemanha, só um lembrete: por aqui TODAS as lojas fecham no domingo.

Nao tem shopping aberto, nao tem lojinha no centro, nada. Só algumas panificadoras (nem todas), algumas farmácias (nem todas) e lojas de conveniência em postos de gasolina.

Domingo é dia de descanso, por lei!

Hehe é isso mesmo Riq !
Uma vez nos tempos pré-web conseguimos a proeza de em uma unica viagem ter apenas dois dias que não eram feriados; e o roteiro
incluia Londres,Roma,Atenas e Istambul (feriadões locais E
o período inteiro do Ramadam ) .
Acho que foi nesta viagem que aprendi a ser feliz sem comprar nada!

O feriado mais “complicado” que já peguei foi o Ano Novo Judaico (Rosh Hashaná)em Jerusalém. A cidade para mesmo. Restaurante só no hotel.Parece que só não é pior que o Yom Kippur. Mesmo assim as partes árabe e cristã da Cidade Antiga funcionam normalmente e podem ser aproveitadas.

Ótimo texto! 😉
Quando descubro que é feriado no local para onde viajo, a maior preocupação é saber o quão complicado é conseguir táxi para me buscar/levar ao aeroporto. Outra preocupação é com a reserva de hotéis. Agora em julho, passei as Fiestas Patrias entre Lima e Arequipa e, 2 meses antes, alguns hotéis já não estavam mais disponíveis nas datas que eu queria.
Lembro, também, que há alguns anos atrás, passei o 15 de março (feriado nacional) em Budapeste. Estranhei o metrô superlotado e a explicação que me deram foi que o transporte público no feriado era limitado.

Os preços no Brasil sao horrorosos mesmo, mas nada justifica essa loucura de comprar. Cansei disso(mas isso sou eu). Tanto que das últimas vezes que levei mala sobressalente, voltou vazis do jeito que foi. Nem levo mais.

    Eu acho curioso esses posts sobre compras. Eu garanto que tento, mas não consigo entender a ideia de passar dias e dias de uma viagem cara de turismo em outro continente ou país atrás de compras – a menos que seja uma viagem de negócios domésticos mesmo.

    Não recrimino quem viaja assim, todos somos livres para viajarmos como quisermos, mas não me contenho em, sem vocalizar ou externalizar meus pensamentos, fazer a conta do quanto custa o tempo que amigos ou conhecidos dizem que gastam em compras, dividindo o custo total da viagem pelas horas úteis por dia de viagem.

    Na verdade, eu até entendo a lógica de comprar por € 100 uma calça que no Brasil custa R$ 1.200, ou por € 399 câmera top que no Brasil custa R$ 2.999. Eu só não entendo a lógica de, depois de achar um produto 80% mais barato que no Brasil em 1 hora de compras, gastar outras 4 horas tentando achar outra loja onde ao invés de 80% a diferença seja de 85%.

    hehe desculpem o desabafo :/

    Ah, eu compartilho da sua perplexidade. É verdade, já comprei coisas caras lá fora. Netbook, PS3, o cojunto do Beatles Rock Band com bateria e baixo, coisas que aqui custavam 4 vezes mais. Mas nunca fiz “dia de compras” no sentido de “criar necessidades”. O mais perto que tive disso foi na Irlanda, quando estava fazendo um tempo miserável e a única solução foi rodar os shoppings e galerias de Galway (que nem eram tantos), ou uma vez em Nova York em que matei BH, Sephora e Macy’s em apenas uma manhã para as encomendas dos parentes e amigos.

Nós fomos pra Roma ano passado na Semana Santa, mas no nosso caso foi justamente por ser Semana Santa; um amigo que trabalha no Vaticano nos conseguiu convites para as cerimônias (na Sexta-Feira Santa foi convite VIP, só faltou comungar com o Papa).

Na Quinta-Feira Santa visitamos igrejas e almoçamos sem problema perto de São João do Latrão (onde assistimos à missa do lava-pés);

na Sexta-Feira Santa fomos ao Coliseu e ao Foro Romano, abertos; de lá fomos pro Vaticano para o ofício da Paixão, e de lá voltamos pro Coliseu para a Via Sacra;

no sábado, começamos em São Paulo Extra Muros, de lá para os Museus Vaticanos, e depois mais uma vez na Basílica de São Pedro para a Vigília Pascal;

domingo fomos de novo ao Vaticano para a missa e a bênção Urbi et Orbi, e depois ao Castelo Sant’Angelo. Com direito a sorvete no fim do dia.

Em todos os dias o restaurante na frente do hotel (perto de Termini) estava aberto. As lojas de temática religiosa (de igrejas, como em Santa Maria Maior) também estavam sempre abertas, inclusive na segunda-feira pós-Páscoa, que também é feriado lá – no sábado, antes da missa, até a livraria do próprio Vaticano estava aberta!

Mas, de resto, como não sou comprólatra, não me aflijo com esse tipo de situação. Até porque em alguns casos eu compro antes, na internet, e mando entregar no hotel uns dias antes da minha chegada, então tanto faz ser feriado ou não.

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