Madrugar para seguir viagem: pense duas vezes
No afã de rentabilizar ao máximo os dias de viagem, temos a tendência de marcar os deslocamentos para o mais cedo possível.
O raciocínio tem lógica: acordando cedinho e pegando o primeiro vôo ou o primeiro trem, tentamos não desperdiçar o dia no deslocamento, aproveitando o próximo destino quase que como se tivéssemos acordado por lá.
Na vida real, porém, não é bem isso que acontece. (Falo de cadeira porque já cometi esse erro muitas vezes. Aliás, já cometi todos os erros muitas vezes.)
Ao programar a continuação da viagem para um horário muito cedo, já prejudicamos a noite anterior: ficamos com a obrigação de voltar cedo para o hotel e de pegar no sono logo. A tensão de acordar cedo para não perder um vôo ou um trem pode levar a uma noite mal dormida.
No começo da viagem, quando você ainda não se acostumou com o fuso horário, a tortura de acordar cedo pode ser ainda maior do que a de acordar para trabalhar no pior dos empregos. (E a idéia dessa viagem era tirar férias, lembra?)
Daí aparecem os problemas logísticos de seguir viagem tão cedo. Um vôo às 7h30 significa estar no aeroporto às 5h30 — o que implica em conseguir transporte para as 4h ou 4h30.
Café da manhã? De pé no aeroporto ou na estação (tomara que os lugares já tenham aberto).
Ao desembarcar no próximo destino, você não é mais aquele zumbi que acordou às 4h30 com 5 horas de fuso de diferença. Mas não pode usar a adrenalina da chegada para sair passeando: tem que levar as malas ao hotel. Que, claro, só vai ter disponibilidade de quarto às 14h ou 15h.
É quando você descobre que a roupa que escolheu para viajar não é a mais indicada para a temperatura ou o programa imediato nessa nova cidade. E você daria qualquer coisa por um lugar onde pudesse abrir a mala e trocar de roupa.
Quando finalmente você estiver na rua, vai acabar sentindo o pique terminar antes da hora. Tomara que você não tenha marcado nenhum passeio cedíssimo no dia seguinte, para dar condições do seu corpo se recuperar.
Vai por mim: restrinja ao máximo essa “rentabilização” do dia que implica em acordar em horário desumano nas suas férias. Dormir direito faz parte da viagem e deixa você em condições muito melhores de vivenciar o que a viagem lhe oferecer.
(Abusar do seu organismo pode abrir a porta para gripes e intoxicações alimentares, prejudicando muito a sua viagem.)
O melhor que temos a fazer é não considerar o dia do deslocamento como um dia “útil”. Siga viagem num horário civilizado; tente coordenar a chegada com o momento em que já dá com certeza para ocupar o quarto do próximo hotel. Use o fim desse dia como reconhecimento de terreno — um aquecimento para o jogo de verdade, que só começa no dia seguinte.
E aí sim, acorde cedo para aproveitar bem o dia. Mas aquele “cedo” de turista. Que tal, 7h30?
Leia mais:
52 comentários
Sou adepta das viagens mais longas, internacionais, serem feitas a noite. Geralmente um vinho no jantar ajuda a relaxar. Deslocamentos dentro do roteiro dou preferencia por rentabilizar a diária. Durmo de malas prontas, acordo no meu horario habitual da viagem e sigo para o proximo destino naquele horário meio morto entre o Check-out de um hotel e o Check-in do outro. Tem dado super certo.
Por necessidade financeira, em 2005 descobri que o trem que levava para um dos aeroportos distantes de Londres não funcionava num horário. Gastei dinheiro e tempo num shuttle muito mais caro. Também fiquei 1 hora esperando para ir a um banheiro por que na rodoviária de Berlin o banheiro só abria depois das 6hs (por que vindo de Amsterdam o ônibus era a melhor opção de tempo e custo). Post ótimo e adiciono como inconvenientes além do efeito “bagaço/se sentindo um trapo”, o transporte mais caro a depender do horário e falta de infra-estrutura em estações que não são 24hs.
Por necessidade de disponibilidade de transporte, eu que ODEIO acordar cedo e nas férias não admito acordar antes do que acordaria para trabalhar, pra passar uma semana no Peru e conhecer Machu Picchu, que era um sonho, tive que acordar cedo todos os dias, chegando ao ponto de “dormir” de 10 às 2hs da manhã para pegar o vôo para Cuzco. E de 10 às 3hs para pegar o carro que levaria até Ollantaytambo para pegar o trem para Machu Picchu, que sairia as 5hs. Resultado – Machu Picchu vazia só para meia dúzia, um almoço tranquilo depois do guia nos mostrar a história e uma tarde livre para fotos. Mas ainda bem que dormi em Águas Calientes 2 dias por que voltei no dia seguinte para subir Wayna Picchu no 2o grupo, de 10hs – o único dia que dormimos até um horário razoável.
Dormir até 10hs em Paris no dia seguinte da chegada do Brasil – já fiz n vezes. E faço de novo. Sem culpa. Concordo com a Nina que estando mal e no meu caso, dormindo pouco, a gente nem acha graça de lugares nota 1000…
Vivo tentando convencer meu marido a evitar essa roubada (ele é adepto do “quando mais cedo melhor”). Além de tudo, tomo remédios para enjoo que me deixam com sono! Já cheguei a odiar a Fontava di Trevi porque estava cansada e sonolenta. Quero abolir excesssos!
Também ja cometi esse erro! No início de uma viagem até vai, mas nos últimos deslocamentos é uma tortura zumbi! Hoje em dia mesmo viajando lowcost, eu me dou uma diária a mais se vou chegar muito cedo. E se o transporte para o próximo destino for muito tarde também! Se para voltar para casa então, é a senha para a exaustão e ficar perambulando por uma cidade que a gente já conheceu com as panturrilhas ardendo, pode apagar o brilho do lugar. Já me achei com super poderes. Agora eu os aproveito para planejar melhor!
Perfeito. Já faço isto há mais de 10 anos. Tenho meu “jet lag” particular, sempre durmo tarde na véspera (a única hora que consigo fechar mesmo a mala), fico controlando o despertador (pavor de perder a hora, do bichinho não tocar, etc.) e não importa se são 3 ou 12 h. de vôo, sempre fico meio mareada no primeiro dia. Acho que é mistura de excitação, adrenalina e cansaço. Café da manhã em aeroporto? Nãooo! Aqui no Galeão, RJ (dentro da sala de embarque já que a praça de alimentação está em reforma interminável), no máximo 1 pão de queijo ou 1 pão de batata (ruins)e café ou refrigerante… Suco? Só de latinha (argh!) – tudo isso na mesma rede de lanches de sempre. Sobre a segurança na madrugada no RJ (trânsito tb), já aviso que vai inaugurar um hotel (de rede) próximo ao aeroporto (na avenida, perto mas não o suficiente para caminhar, torcendo pelo serviço de shuttle). Vôos muito cedo, só se não houver nenhuma outra opção. Férias são para gozar e não para sofrer!
Assino embaixo! Pago mais caro mas não pego voos curtos (dentro da Europa ou EUA por exemplo) antes das 10h. Levo muito a sério a palavra férias! 🙂
Excelente, verdade-verdadeira. Acabei, claro, me arrependendo muito todas as vezes que fiz isso. Aliás, me arrependi muito também das vezes que peguei o voo de volta pra casa, ao final das férias, também assim cedinho – no famigerado “último dia”, acho que também acordar num horário razoável, tomar um bom café da manhã e poder fazer o trajeto hotel-aeroporto com razoável calma e tempo hábil faz toda diferença para terminar bem a viagem e chegar feliz de volta.
Também detesto isso, mas as vezes é inevitável. Uma vez precisei pegar uma voo entre Amsterdã e Praga, que saía as 7 da manha. Então rolou tudo isso: noite mal dormida, preocupação de perder a hora, sem café da manhã e, para piorar, sem trem para o aeroporto.
Na verdade, para piorar mais ainda, o ônibus que fazia a rota para o aeroporto de madrugada não apareceu e tivemos que pegar um táxi até la. Menos mal que programamos tempo suficiente e não perdemos o voo.
No entanto, gosto de fazer esse tipo de viagem o mais cedo possível (notem bem, o meu cedo) por volta de 10 ou 11 da manhã. Assim dá para acordar em um horário civilizado, chegar mais ou menos na hora do checkin do hotel e ainda aproveitar um pouquinho da nova cidade a visitar!
Como sempre, otimas dicas. Realmente, eh um dos erros mais comuns e eh mico total, com tudo isso que o Riq descreveu muito bem. Agora mesmo, programando um voo barcelona-sevilha, tinha opcoes de voos as 8 h e as 14h. Optei pelo segundo! Acho q , aos 64, estou comecando a aprender…
Nossa, ja vivi isso tudo com meus pais. ODIAAAAAAVAAAAA acordar cedo, perco o dia todo pq nao consigo raciocinar. E concordo com vc, é uma furadaaaaaaa.
Agora quando meus amigos me dizem que tem voos mais cedo eu logo contesto.
abraços