Europa no inverno: impressões (e dicas) de um recém-chegado
Fazia tempo que eu não passava a virada do ano no frio. Depois de dois anos seguidos com viagens ao hemisfério norte no inverno (2000/2001 Réveillon em Paris, 2001 carnaval entre Londres e Nova York, 2001/2002 Natal e Réveillon entre Andaluzia e Portugal), nunca mais tínhamos nos aventurado voluntariamente por temperaturas abaixo dos 10ºC.
Você conhece o meu lema: nem sempre que eu tô feliz eu tô de Havaianas, mas sempre que eu tô de Havaianas eu tô feliz.
Em 2007, quando subi um post-enquete sobre Europa no inverno, tive que puxar pela memória para fazer minhas recomendações (que mais eram desrecomendações: “não vale a pena torrar uma grana que nos faz falta para brigar com as condições atmosféricas”).
E, claro, pedi a opinião dos trips. Muitos contra-argumentaram dizendo que amam viajar no frio. Outros ainda vieram dizer que não têm outra alternativa; só podem tirar férias grandes em janeiro.
Pois bem. Acabo de chegar de 11 dias de inverno europeu (10 deles debaixo de neve). De maneira geral, mantenho a minha opinião de dez anos atrás. Adorei ter tido a sorte de viver um Natal Branco — e desejo isso a todo mundo; foi mágico. Mas não gostaria de repetir isso todos os anos, não.
Se mantive minha opinião, por outro lado trouxe mais insights e dicas testadas para que você que não pode viajar em outra época (e mesmo você que adora frio) possa aproveitar ainda mais esta época no Hemisfério Norte.
As vantagens
Sim, até eu que não curto viajar no frio consigo enumerar algumas vantagens (até porque são evidentes).
– Menos turistas disputando espaço com você. O frio espanta as massas (e, no caso da Ponte Carlos em Praga, até mesmo os vendedores de bugigangas!). Isso é menos válido na semana entre Natal e Réveillon, que é semana de férias em todo lugar. Mas em dezembro antes disso, e depois em janeiro e fevereiro… pista livre.
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– Hotéis menos caros. Com exceção da virada do ano, as diárias de hotel costumam ser sensivelmente mais baratas no inverno (a não ser, claro, em estações de esqui).
– Comer e beber com gosto e sem culpa. O inverno vem sempre forrado de coisas gostosas — e sazonais — para comer e beber. Mais do que em qualquer época do ano, comer é programa.
As desvantagens
– Aquelas que você já está desprovido de cabelos de saber. Dias curtíssimos (dezembro é pior, março menos). Os dias nublados parecem ainda mais cinzas e tristonhos do que no resto do ano. A Europa das mesas na calçada desaparece da vista. Longas caminhadas deixam de ser um prazer para virar um suplício. Nevascas podem trazer o caos aéreo (e às vezes até ferroviário) sem aviso prévio. Dirigir exige mais paciência e destreza (e, em algumas regiões, correias).
O que fazer
– Mantenha os pés secos e as extremidades aquecidas. Calçados impermeáveis são o item mais importante do seu vestuário. Meninas, arrumem um jeito de se sentir elegantes vestindo botas de trekking — pés molhados e gelados são uma tortura (e uma porta aberta para a gripe). Luvas e gorro também são essenciais. E seu casaco precisa ser impermeável.
Não exagere na estratégia cebola, ou você vai ter que se livrar de várias camadas sempre que entrar nos ambientes fechados, que são aquecidos. (Roupa de baixo colada no corpo, suéter de lã e um bom casaco devem ser suficientes, desde que você use luvas e gorro.)
– Privilegie cidades grandes. Pense que a sua viagem vai ficar mais confortável quanto maior for o número de atividades em ambiente fechado que você possa fazer. Lembre-se que, com exceção das estâncias de esqui (e de cidadezinhas com feiras natalinas), as cidades pequenas estarão hibernando (sobretudo à noite).
– Vai viajar em dezembro? Inclua lugares em que o Natal seja especial. A Europa Central comemora o Natal com mercados natalinos gostosíssimos. É o tipo de experiência sazonal que redime todas as dificuldades de viajar nesta época.
– Considere cidades que ficam abarrotadas no verão. No inverno elas oferecerão uma densidade demográfica bem mais palatável. Os melhores exemplos: Veneza e Praga. (De novo: na semana entre Natal e Réveillon a diferença será menos gritante.)
– Invista um pouco mais em hospedagem. Você vai ficar mais no quarto. Ou pelo menos vai querer um pouco mais de aconchego sempre que voltar. Para estadas a partir de cinco dias, alugar apartamento é ideal.
– Saia do hotel sabendo onde vai comer. O inverno rigoroso não é uma época apropriada para escolher restaurante ao acaso, na base da intuição. Faça o seu dever de casa e estude onde vai fazer as refeições e como se chega: ninguém merece rodar ao léu no frio e com fome.
– Vá devagar. O inverno deixa você naturalmente mais lento. Vá com tempo sobrando e usufrua da preguiça que o frio traz. Sua viagem fica muito mais gostosa quando você não abusa do organismo e segue o ritmo da estação.
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691 comentários
Concordo com as observações pró e contra os rigores do frio. Mas o fato é que gostamos muito, minha mulher e eu, de viajar no inverno. É claro que temperaturas muito baixas não são desejáveis. Sempre que viajamos alugamos carro e saímos dirigindo pelo(s) país(es) escolhidos. Desta vez vamos passar 4 dias em Paris e, por causa, das precárias condições nas estradas (principalmente na parte mais setentrional da Europa), vamos para Reims e logo depois rumamos para o sul da França (pelo lado oriental do território francês) em direção à Provence e à Côte d’Azur. Daí seguiremos pela Itália (pela costa ocidental) esticando até Roma (e dando um pulinho em Nápolis). Por mais de uma vez deixamos de ir à Nápolis “orientados”, até mesmo por italianos, a não nos arriscarmos (é uma cidade perigosa, roubam carros até mesmo dentro de garagem ou estacionamento, etc.). Alguém poderia me dizer algo encorajador sobre Nápolis?
Adri,
Eu estive em Bruges em junho e 18h tb estava tudo fechado. Inclusive em Bruges eu passei por uma situação que nunca imaginei, estava numa loja escolhendo chocolates, com várias outras pessoas, e a dona de repente avisa que a loja estava fechada e pediu para sairmos. 🙁
Riq, também acho que não curtiria muitos dias na neve, não. Quando fui a Madri/Paris pela 1ª vez e só podia ir no inverno, por conta de férias, fui no finalzinho, 2ª quinzena de março. Era um frio bem suportável, foram poucos os dias em que a temperatura se aproximou de zero (e só em Paris)e achei a paisagem linda. Acho o finalzinho do verão, ou mesmo o outono, a época ideal, porque bater perna com calorzão também é um horror, né? Feliz 2011 pra você e pro Nick e para todo o povo da bóia.
Adoro viajar no frio, passei um dezembro em NY e um janeiro em Londres, foram dias ótimos. Frio vc resolve usando a roupa certa e tomando muito chocolate quente e vinho. Detesto viajar no calor, já basta o calor eterno de Recife.
Este ano vou fugir da neve pq não quero ficar presa em aeroportos,
dia 18 de jan estou indo para a Espanha, vou passar por Barcelona, Valência, Madri ( com bate e volta para àvila, Toledo e Segóvia), Granada, Sevilha e Córdoba. Acho que só vou pegar frio de verdade em Madri e arredores.
O lema das havaianas é perfeito prá mim. Sou mesmo um bicho dos trópicos. Ai, que saudades da Rota…e olha que fui prá Noronha esse mês!
Um ótimo fim de ano quente e ensolarado prá vcs, Ricardo.
É, Riq, e vc ainda foi “premiado” neste fim de ano, pq acho que “nunca antes na história desse mundo” nevou tanto assim nessa época, e inclusive nas cidades grandes!!
E, como “habitué” do inverno ñ tão rigoroso(prefiro sempre esquiar em março por ñ ser tão frio,em tese), assino embaixo de todas as suas dicas, em especial a de dar um jeito de ficar chique c/botinhas de trekking, e de fugir da estratégia cebola!
Definitivamente, o frio ñ é convidativo p/turismo! Mas, como diz a Sylvia, a melhor época prá gente ir a determinado lugar é aquela que a gente pode ir.
Bjs,
Lu
E não é que é…
Estive com minha irmã em Bruges em Dezembro de 2008. Chegamos à cidade às 18h, e achávamos que era uma cidade fantasma! Todos já entocados. Só fomos descobrir vida na pracinha central, com pista de patinação, baraquinhas vendendo vinho quente e várias guloseimas.
Eu acrescentaria mais uma desvantagem de viajar no inverno: mais volume nas malas por conta do excesso de roupas pesadas… Faço o possível e impossível para não viajar para o hemisfério norte entre dezembro e fevereiro.
Não é bem assim, também. O problema é o pensamento de se preparar para o inverno europeu com a estratégia usada para inverno brasileiro – muitas volumosas roupas de lã ou outros tecidos pouco eficientes.
Adorei o lema das Havaianas também!!!!Vc devia estar em alguma publicidade delas…
Vou incorporar!Agora, entao, vc deve estar felicíssimo!!Bjo.