Dirigindo na neve na Alemanha: o relato do Carlos Henrique
Contra tudo e contra todos, eu e minha esposa resolvemos encarar o desafio de cumprir o planejamento que vínhamos elaborando desde o dia 13 de julho de 2010, quando, por motivos de (in)disponibilidade de retirar passagens com nossas milhas, nosso destino de viagem de fim de ano mudou dos Estados Unidos para Alemanha.
Pois é, o frio era nossa única certeza já que, ao contrário de muitos, nós adoramos viajar para lugares frios. De calor basta o ano inteiro em Hellcife!
De início, sabíamos que nossa viagem iria começar e terminar em Frankfurt pois era o aeroporto que a TAM operava e as datas que tínhamos. A partir daí fomos montar um roteiro que se encaixasse em nossas pretensões.
Após muita consulta na internet, de ler e reler as páginas (inclusive os comentários) do Viaje na Viagem, pedido de dicas aos trips, achamos o blog Alemanha, por que não? da incrível Angela que, com muita paciência nos ajudou a montar um roteiro que caía como uma luva em nosso planejamento.
A meta era pegar um carro em Frankfurt a caminho de Munique (em torno de 400 km), com um pit-stop em Rothenburg ob der Tauber para almoço e conhecer a cidade rapidamente.
Munique serviria de base para conhecermos também Salzburg (145 km) e Füssen (133 km), e de Munique iríamos a Nuremberg (150 km) onde dormiríamos e partiríamos a caminho de Berlim (586 km) com uma parada em Leipzig para almoçar e também conhecer rapidamente a cidade. Em Berlin, nosso último ponto, devolveríamos o carro e voltaríamos para Frankfurt de avião.
Pois bem? com a proximidade da viagem, já com tudo preparado, carro e hotéis reservados o inverno europeu começou a dar indicações que seria mais severo do que o normal. Já em novembro começou a nevar e as coisas foram se intensificando para caos aéreo pela Inglaterra e alguns outros países europeus.
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Para acompanhar mais de perto, passei a seguir o twitter do Eurocontrol (espécie de Infraero da Europa) e fui recebendo as notícias em tempo real.
Na semana anterior à partida, já tínhamos um plano B “na manga”, programamos rapidamente uma viagem (também de carro) iniciando em Barcelona e indo pelo sul da França até Mônaco pois, apesar de frio, não estava nevando por aqueles lados. Mas por via das dúvidas mandei um email para Angela que me acalmou e garantiu a viabilidade da viagem, apesar das nevascas.
Segundo Angela, o governo alemão não brincava em serviço e as estradas que são consideradas patrimônios do povo eram constantemente limpas e sempre se encontravam em condições de trafegar. Também me consolou a ida de Riq para Munique a caminho de Dubai, segundo ele, estava frio, tinha nevado, mas ele passeou por Munique, foi a Füssen, e não relatou nenhum problema.
No dia de embarcar minha mãe, que também iria, desistiu de ir, com medo de ficar presa na tão noticiado “caos aéreo” que insistia em chegar por aqui no Brasil tanto por televisão, quanto pela internet com fotos e imagens do povo dormindo em camas de campanha no aeroporto de Frankfurt. Eu e minha esposa, acreditando nos fatos que tínhamos fomos em frente.
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Para não dizer que não pegamos nenhum caos, o único que passamos foi a operação padrão que a Polícia Federal estava fazendo no Galeão, pleiteando um aumento salarial, diminuindo o número de guichês para controle de passaporte ocasionando uma fila monstruosa no meio do saguão do aeroporto. Mas nada que uma hora e meia de espera não resolvesse!
Por conta da fila nosso vôo saiu quase 30min atrasado, mas não podemos reclamar pois também chegou quase 20min adiantado.
Em Frankfurt, pela janela do avião no procedimento de aterrissagem eu já vinha olhando as estradas que permaneciam limpas, embora tivesse muita neve, justamente como Angela tinha me dito. Já nessa hora foi me dando uma sensação boa, de que a viagem seria mesmo maravilhosa.
Quando chegamos no ônibus, do avião para o terminal, pude ver do que tanto se falava por aqui no Brasil.
Ao pegar o carro, no outro dia, e seguir em direção a Munique a constatação do que vinha observando no avião: as estradas realmente são limpas tanto dentro da cidade quanto nas rodovias nacionais.
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Como demoramos a sair de Frankfurt devido a atrasos na retirada do carro, volta ao hotel para pegar a bagagem e também devido ao dia estar escurecendo por volta das 16:30, decidimos ir direto a Munique não parando em Rothenburg ob der Tauber. Também precisávamos de uma boa desculpa para refazer essa viagem na primavera ou no outono!!
Na A3 chegando em Munique:
Em um momento ou outro da estrada a velocidade diminuia e chegávamos a parar, por no máximo 5 minutos, algo que Angela também tinha nos alertado.
Era o povo limpando as estradas ou ainda consertando buracos do tamanho de uma bola de tênis, para que não aumentassem e causassem acidentes.
Em Munique notamos os mesmos cuidados em relação às estradas. Bastava nevar um pouco para os caminhões e tratores limparem as ruas e as calçadas.
No dia de irmos a Salzburg o GPS do carro, que estava programado para nos levar pelo caminho mais curto, nos indicou uma rota que até podia ser a mais curta, porém estava longe de ser a mais rápida! Para chegar no destino ele nos fez passar por dezenas de pequenos vilarejos da Alemanha e não pegamos um quilômetro de auto-estrada.
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Por um lado foi ruim pois demoramos mais de duas horas e meia para percorrer 145km, mas por outro lado presenciamos paisagens de tirar o fôlego, além de constatarmos que até as estradas das pequenas cidades são limpas impecavelmente!
Na volta programamos o GPS para a rota mais rápida e chegamos em Munique com uma hora a menos do que na ida!
Nossa ida a Füssen também foi abortada pois, como minha esposa tem porblema de coluna e não pode andar por muito tempo sem sentar, tínhamos programado para o dia 25/12. Sabíamos que o castelo estaria fechado, mas tínhamos a intenção de vê-lo por fora e tirarmos foto.
Mas a incerteza se conseguiríamos chegar perto com o carro a ponto de poder tirar foto, ou se perderíamos a viagem preferimos ficar em Munique para aproveitar mais a cidade que tem tanto para se fazer e não tínhamos tempo a perder!
Mala de bordo nas medidas certas
A ida a Nuremberg também foi muito tranqüila. Para variar um pouco a estrada limpa e tranqüila.
Ao chegar em Nuremberg podemos notar que o cuidado com as vias locais não são tão rigorosos do que em Munique, porém nada que represente perigo iminente desde que haja cautela.
No nosso caso, por precaução pois não sabíamos com exatidão como seriaas condições das estradas, alugamos um veículo 4×4 com controle de tração que faz todo o trabalho pesado pelo motorista, trazendo mais segurança!
O pior dia que pegamos nas estradas alemãs, foi justamente o dia em que deixamos Nuremberg em direção a Berlim. Durante todo o trajeto enfrentamos chuva, neve e chuva com neve, porém, mais uma vez, nas estradas a situação foi tranquila.
Ao pararmos em Leipzig para descansarmos um pouco, almoçarmos e continuarmos a viagem até Berlim, o que vimos foi uma mistura de Munique e Nuremberg, ou seja, algumas vias estavam limpas, porém algumas ainda estavam com neve o que, pelo menos para mim, demonstrou que estavam sendo limpas, mas não na velocidade que vimos em Munique.
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Algumas vias em Leipzig estavam completamente limpas, enquanto outras ainda estavam com neve:
Agora, a suspresa negativa da viagem foi que, ao chegar em Berlim, pensando que as ruas seriam limpas feito Munique, achei um certo descaso. Tudo bem que cheguei em meio ao maior frio que pegamos e a maior quantidade de neve, porém não vi em toda a minha estada (7 dias) nenhum trator ou caminhão limpando as ruas ou calçadas.
Nesse tempo todo nevou muito pouco (para não dizer quase nada), a neve acumulada continuou nas ruas e calçadas até que o tempo as descongelasse, e como o frio ficou em torno dos -6°C, só fomos conhecer a calçada do nosso hotel quando estávamos entrando no táxi em direção ao aeroporto.
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Resumindo tudo: quem gosta de viajar no frio e de carro como eu e minha esposa, pode ir para a Alemanha sem medo de ser feliz! Apenas tomando um pouco de cuidado pode-se conhecer todas as cidades que desejarem.
Abraços,
Carlos Henrique Loyo
Obrigado, Carlos Henrique! Belo relato!
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55 comentários
Adorei o relato e fiquei muito feliz em saber que vcs adoraram vir para cá com toda esta neve.Foi muito bom ajudá-los nesta aventura! Quando será a próxima?
Oi Angela, estamos começando a planejar, mas acredito que não vai mais ser no inverno! Difícil é arrumar tempo para fazermos todas as cidades que gostaríamos! hahahahah
Angela,
Estou marcando para ir a Alemanha fevereiro próximo, uma das minhas grades duvidas foram esclarecidas neste blog, outra duvida que tenho é sobre a paciência dos Alemães com os turista, eles costumam ser receptivos?
Outro ponto, você tem dica de sites de restaurantes?
Obrigado.
Onildo.
Olá, Onildo! Ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, os alemães são afáveis e super receptivos.
Para falar com a Ângela, dê um pulinho no superblog dela: https://www.alemanhaporquenao.com .
O período recomendado para uso de pneus de inverno é “von Oktober bis Ostern”, ou seja, de outubro até a Páscoa. A razão é que, mesmo que não caia neve, os pneus próprios de inverno têm uma aderência melhor no frio, devido à diferenças na composição da borracha.
Enquanto não neva a polícia não exige o uso, mesmo que já seja dezembro. Mas, no momento em que começa a nevar, se você for pego sem os pneus corretos, a multa é salgada.
Então, a recomendação é fazer como o Carlos Henrique, se for alugar carro no inverno, já solicite no momento da reserva que os pneus sejam apropriados. Normalmente já existe uma caixinha para marcar a escolha dos pneus nas próprias páginas do site da locadora.
Para dirigir em estrada com neve, que ainda não tenha sido limpa, o importante é reduzir a velocidade (óbvio…) e não fazer movimentos bruscos com o volante. De qualquer modo, a grande maioria dos carros alugados já vem com ESP, o controle de tração, que ajuda a manter o carro em linha reta mesmo em pistas escorregadias.
Com relação à limpeza nas estradas, a região mais preparada é o sul da Alemanha (Bavária e Baden-Württemberg). Quanto mais ao norte se segue, dá para notar que a limpeza das ruas não é tão eficiente. A razão é porque o volume de neve é bem menor que o do sul, e número de pessoas e equipamento empregadas para a limpeza também é bem menor. O que acontece é que quando temos uma grande quantidade de neve, como aconteceu em dezembro, o foco fica em limpar as estradas e ruas principais, enquanto ruas secundárias, calçadas e parques ficam com neve acumulada.
Aí o perigo se torna o gelo, pois com a pressão dos carros e pessoas, além do próprio peso, a neve embaixo se transforma em gelo, e é MUITO escorregadio. Nesta situação, mesmo dirigindo a 10km/h, o carro escorrega e o ABS entra em funcionamento em quase todas as freadas. É importante manter distância dos carros à frente, para evitar surpresas e estragar as férias.
ola pessoal,
estou indo daqui ha 3 dias p alemanha. vou fazer berlim(3d), e vou de carro p praga, viena, salzbourg, innsbruck e munique. alugamos um carro station wagon, que ja vem com pneu de “frio”. o meu receio é quando entrarmos na rep tcheca e depois na austria, principalmente innsbruck, pelo risco de neve/nevasca. minha duvida, quando formos retirar o carro, ja tem q vir c correntes? e obrigatorio? mesmo estando c pneus DITOS proprios p neve/frio?
esse carro nao tem tracao 4X4. to tentando pegar um e nao estou conseguindo.
obrigado
O maior perigo de dirigir na neve é quando acontece a primeira neve, aí não tem como limparem. Se formar gelo sobre o asfalto então, não tem como segurar. Depois de alguns dias, as estradas e ruas principais já estão limpas e é tranquilo viajar.
Duas coisas importantes : é fácil dirigir na neve nas condições ditas no post, mas nunca se esqueçam que em caso de nevasca a visibilidade é zero. Outra – sempre levem as correntes porque em determinadas situações é fundamental – e item obrigatório no carro.
Os pneus de inverno não se diferenciam tanto por sulcos (isso é pneu de lama/areia/barro), mas ela textura da borracha que proporciona maior aderência e evita formação de gelo pela geometria. Eles desgastam muito mais rápido que pneus normais.
Eu e meu marido também adoramos viajar no inverno e fora ele ter enchalhado com o carro na neve em Montebello no Canadá uma vez, e a cidade inteira ter parado para nos ajudar, de resto ele também tirou de letra dirigir na neve 🙂
O cuidado com as estradas na Alemanha é impressionante!
Gostei da coragem do casal de enfrentar a neve!
Abs!
Saudades da Alemanha!
As estradas são realmente impecáveis, e é uma experiência fantástica seja pela velocidade nas autobahns, seja pela beleza das estradas menores que passam por dentro das cidadezinhas.
Peguei um pouco de neve também, em novembro de 2010:
https://www.ronaldogiusti.com/2011/01/europa-dia-11-em-busca-da-neve.html
Olá,
Eu e minha familia nos aventuramos pela Alemanha em dezembro como vcs. A única diferença é que moramos em Siena, na Italia, e foi de lá que saimos rumo a Alemanha. Saimos da Italia no dia 21 de dezembro de manha e chegamos na Floresta Negra pela noite, via Duiça. Havíamos alugado uma casa em Titisse Neustadt, através do site Homelidays. De lá fomos para Salzburg, Freiburg, Baden Baden, Lake Konstanz e Strasbourg. Vivenciamos o mesmo tipo de experiencia com a neve que vcs. Nevava e logo em seguida tinham pessoas fazendo a limpeza… Tanto nas auto estradas como nas estradas vicinais. Incrivel !!! Depois de uma semana fomos para a Bavaria. Haviamos alugado uma outra casa perto de Munich. Ali fomos parados pela policia pois nosso carro não tinha pneu de neve…. Usavamos somente as correntes nos pneus dianteiros, como é comum na Toscana onde moramos. Tivemos a sorte de não sermos multados, pois soubemos que é contra a lei dirigir na Alemanha, durante o inverno, sem os chamados pneus de inverno. Achamos mais prudente trocamos os 4 pneus uma vez que nossa viagem se estenderia até a Austria e sabiamos que havia muita neve por lá. Gastamos 200 euros para trocar os 4 pneus, incluindo mão de obra. Imaginávamos gastar muito mais… De Munich fomos até Fussen. No dia 29 de dezembro visitamos o castelo do Ludwig e não tinha muita neve no caminho. No dia 1o fomos no castelo do pai, que estava aberto pois é um castelo particular… diferente do Castelo do Ludwig que pertence ao governo alemão. De lá seguimos para Salzburg, na Austria. A unica cidade em que tivemos problemas com neve nas ruas foi Baden Baden. Tinha muita neve e a impressão é que as ruas estavam “sujas” de neve há dias. Foi horrivel a experiencia de dirigir naquelas condiçoes.
Até mais,
Ana Luiza
Pois é Ana Luiza, antes de viajarmos eu lí uma matéria na folha online falando que o governo alemão estava exigindo os pneus específicos de neve para quem trafegava nas estradas, eu alterei a minha reserva (aluguei na Hertz) para que equipassem o meu carro. Mas ao chegar eu não ví muita diferença não, pelo contrário, me deu até impressão de ser pneus para estrada seca, pois não tinham sulcos fundos nem largos mas como estava descrito (e cobrado) na tarifa fiquei despreocupado pois se me multassem eu teria como reclamar. Porém em toda a nossa viagem a policia não nos parou nenhuma vez.
É por esses e outros motivos que acho a Alemanha um país fora de série.. Eu acho o máximo dirigir na neve!!
Ótimo relato 🙂
Que relato bárbaro, adorei! E finalmente achei alguém que curta viajar no frio, como eu.