Dinamarca dos contos de fada: Odense e castelo de Broholm
Enviado especial | Hugo Medeiros
Você descobre que ainda tem muito a aprender nessa vida quando fica sabendo que irá conhecer a cidade natal de H.C. Andersen, e não faz a menor idéia do que isso signifique.
Com o auxílio do Google, o santo padroeiro dos ignorantes, descobri que ele é um dos mais famosos escritores infantis de todos os tempos. Fábulas como a da pequena sereia, do patinho feio e do soldadinho de chumbo são de sua autoria. Seus livros já foram traduzidos para mais de 150 idiomas. Milhões de crianças ao redor do mundo já sonharam, se assustaram e viveram aventuras graças à genialidade de Andersen, inclusive eu.
O dia internacional do livro infanto-juvenil foi criado em homenagem a Hans Christian Andersen, que nasceu no dia 2 de abril de 1805. Filmes da Disney como “A Pequena Sereia” e “Frozen” se baseiam em obras escritas por Andersen há mais de um século.
Trata-se, sem dúvida, de um dos mais importantes escritores infantis de todos os tempos, e a cidade de Odense, com imenso orgulho, se dedica a manter viva a lembrança e a história de Andersen.
Saindo de Copenhagen, você pode ir para Odense de carro ou de trem, numa viagem em torno de 1 hora e meia. No caminho passamos por vários campos repletos de canola (o nome certo da planta é colza). A vontade era acionar a parada de emergência do trem e descer para ver de perto aquelas maravilhas.
Chegando na cidade já saímos para passear. Ela é maior do que eu pensava, mas pode ser tranqüilamente percorrida a pé. Ou de bicicleta. Algo que me espantou foi a quantidade de bicicletas na cidade. Inclusive, temos de ter cuidado redobrado, pois atravessar uma rua envolve não apenas observar os carros, mas também os ciclistas.
As ciclovias são bem delineadas, e os ciclistas param nos sinais, prosseguindo apenas quando o “verde” aparece.
Para se hospedar, o interessante é ficar na região central. Duas opções interessantes são o Cabinn Odense Hotel e o First Hotel Grand, ambos com diárias em torno de 650 coroas dinamarquesas (DKK).
Em seguida nos encontramos com a guia brasileira Raquel Watanabe e com o guia dinamarquês Andreas Skov. Ambos conhecem detalhes não apenas da cidade como também da história de Odense. A Raquel promove passeios em inglês, dinamarquês ou português, enquanto que o Andreas é historiador especializado na 2ª Guerra Mundial. Para quem se interessar, ele pode explicar com precisão sobre como foi a invasão alemã nos idos da década de 40, e as repercussões que isso gerou no país.
Para ajudar futuros viajantes a Raquel e o Andreas me passaram algumas das principais atrações de Odense: (I) Museu Hans Christian Andersen, (II) Museu Ferroviário da Dinamarca, (III) Zoológico de Odense, (IV) Vila de Fiônia, um museu a céu aberto com casas da época de H.C. Andersen trazidas da Ilha de Fiônia, (V) Igreja de São Canuto e (VI) visita aos lindos parques Munke Mose e Fruens Bøge.
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Fomos primeiro visitar a casa onde H.C. Andersen morou, assim como o maravilhoso e moderno museu construído ao seu lado. Tem uma área dedicada apenas às crianças, mas que não pude conhecer pois naquele momento estava fechada.
O museu tem um enfoque histórico, mostrando um pouco da vida de H.C. Andersen. Os painéis e quadros são bonitos e a visita não é demorada, mas o contexto e compreensão das imagens e pinturas é muito mais fácil na companhia de um guia como a Raquel. Em seguida passamos pelos belíssimos jardins que ficam em frente à saída e fomos para o parque Munke Mose, onde realizaríamos um passeio pelo rio Odense.
Mas, no meio do caminho tinha uma feira, e na feira tinha tudo de mais gostoso que se possa imaginar.
Essa feira, chamada de “International Market”, acontece duas vezes ao ano, sendo uma na primavera e outra o inverno e reúne itens da culinária e cultura de diversos países participantes. Os queijos, os pães, os salames e tudo o mais que estava lá era de enlouquecer. A melhor forma de saber os dias em que a feira estará funcionando é pesquisando no site do próprio International Market.
Um pouco mais adiante chegamos ao parque Munke Mose. Eu adoro parques, e o de Odense é maravilhoso. O dia estava agradável, boa temperatura e céu azul. Ficaria horas somente ali vendo as pessoas passear.
Rapidamente entramos no barco, junto com uma excursão de crianças, que tornaram tudo ainda mais alegre. O almoço consistiu em sanduíches deliciosos. Tudo simples, mas extremamente saboroso. É possível comer bem sem gastar uma fortuna! Bons ingredientes e um pouco de imaginação podem fazer milagre.
O barco faz algumas paradas no rio e em uma delas desembarcamos. Os jardins e a paisagem eram deslumbrantes, e vagarosamente fomos em direção ao ônibus, que nos levaria ao Broholm Castle.
Foi com grande pesar que deixei Odense. Queria ter tido mais tempo para explorar essa cidade, andar nos seus parques, conhecer suas atrações, ou pelo menos continuar a agradável conversa com o Andreas sobre a 2ª Guerra Mundial, aprendendo mais alguns detalhes desse evento, que somente historiadores como ele conhecem.
Nesse primeiro contato a Dinamarca se mostrou um lugar fácil. Tudo está ali, bem perto, para ser aproveitado. Não tem a grandiosidade dos fiordes, mas um charme próprio.
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Demorou em torno de 45 minutos até o Castelo de Broholm. Chegando lá a sensação era de termos realizado uma viagem no tempo, e chegado em um pequeno castelo da idade média, onde ficaríamos hospedados. Logo em frente um campo de equitação para os ilustres cavaleiros, e um pouco mais adiante um enorme campo de canola parecia um exército na iminência de conquistar o lugar.
Os quartos são rústicos, mas muito agradáveis. Como aconteceu em todos os outros hotéis, não existe ninguém para carregar de malas, e subir até algumas acomodações, como as do quarto andar, pode exigir um esforço extra. Mas nada que um passeio pelo belíssimo lago que fica na parte de trás do castelo não compense.
Um detalhe interessante é que um braço desse lago se estende ao redor de todo o castelo, criando um formidável fosso que, nos idos do século 14, deve ter trazido muita dor de cabeça para eventuais invasores.
As diárias a partir de 1500 DKK no quarto mais simples representam um preço bem razoável. Um hotel desse nível no Brasil não sairia por menos. Mas quero deixar claro que o principal enfoque do lugar é charme, tranquilidade, descanso e história.
Passeando pela propriedade pude visitar um interessante museu que fica dentro do hotel, e que possui diversas descobertas arqueológicas. O local é pequeno, mas vale uma rápida visita. Adorei sentar na beira do lago e ficar observando os pássaros. Fui, ainda, no campo de canola que tem lá perto, e realmente é maravilhoso.
Mas o melhor ainda estava por vir.
O jantar foi no belíssimo restaurante do hotel, onde tivemos a oportunidade de degustar 4 maravilhosos pratos, harmonizados com excelentes vinhos. O preço do menu degustação é de 565 DKK, e a harmonização com os vinhos custa outras 465 DKK. Certamente não é barato, mas compensa. Na minha opinião, o melhor é optar pelo menu degustação, e pedir uma garrafa de vinho básico (a partir de 300 DKK), que serve duas pessoas.
A apresentação dos pratos estava impecável, e o sabor era simplesmente inesquecível. Ao final da refeição, a sensação era de pura felicidade, que foi completada com uma deliciosa xícara de café em frente à lareira da sala principal.
O castelo, porém, em virtude de sua localização mais afastada, não é uma boa base para se conhecer Odense. O ideal é ficar alguns dias na cidade, e conhecê-la com calma, para então passar uma noite no Broholm, antes de partir para o próximo destino. Trata-se de uma boa pitada de charme e descanso, em meio a viagens que normalmente são cansativas e corridas.
O café da manhã foi de uma simplicidade e qualidade ímpares. Cada mordida evocava a descoberta de novos sabores.
Após passar algumas noites em Odense, ir para Broholm pode não ser a forma mais econômica de se viajar. No entanto, para quem aprecia boa comida, lugares charmosos e ambientes bucólicos, trata-se, na verdade, da descoberta de um pequeno tesouro, que certamente nunca será esquecido.
Após uma noite num castelo, rumamos para a última etapa da viagem. Copenhagen era uma capital até então desconhecida por mim. Após tantas maravilhas, achava difícil que o mesmo nível e qualidade fossem mantidos. Já me preparava para uma pitada de decepção. E nesse momento, quem já foi naquela incrível cidade, sabe que eu ainda teria muitas surpresas pela frente.
Leia mais:
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10 comentários
Boa tarde , estou indo para Dinamarca em maio de 2024 , pode me enviar alguns contatos de guias que , falam Portugues , em cidades vizinhas a Copenhaguen
Olá, Mariluce! Veja se acha alguém no corpo do texto ou nos comentários deste post:
https://www.viajenaviagem.com/guias-brasileiros-exterior-dicas/
N’a verdade minha dúvida seria se devo após Berlim continuar pela Alemanha ou só ir a Berlim na Alemanha e partir para Copenhagen?
Olá, Mariana! É uma decisão pessoal. Não existe ‘obrigação’ de você esgotar um país antes de passar para o outro. A vantagem de concentrar uma viagem regionalmente é economizar tempo e dinheiro nos deslocamentos. Mas se você quiser combinar Berlim com Santorini ou Madri ou Istambul ou Dublin, e alocar dias suficientes para a visita proveitosa desse destino distante, está valendo. Veja quais outras cidades você gostaria de visitar na Alemanha se não fosse a Copenhagen e avalie qual roteiro lhe interessa mais.
Leia:
https://www.viajenaviagem.com/2011/12/como-montar-viagem-europa/
https://www.viajenaviagem.com/2010/07/europa-quantos-dias-em-cada-lugar/
Olá
Gostaria de um conselho …. vou viajar em julho de 2021.
Bélgica, Bruxelas, Ghent, Antuerpia e Bruges. Depois Amsterdam (já conheço quero rever). Agora começa a dúvida …pensei em Berlim e depois um dia em Hamburgo rumo a Copenhagem para diminuir a distancia da viagem.
minha dúvida é : ir ou nao a Copenhagem …ou após Berlim conhecer outra cidade dda Alemanha. tenho uns 16 a 18 dias para realizar essa viagem. o que vc escolheria
Olá, Mariana! As cidades belgas acabam sendo repetitivas e serão um replay modesto de Amsterdã. Copenhagen é uma cidade mais interessante do que elas.
Amei Odense de tal forma que estou pensando em passar uma temporada boa por aqui. Cidade maravilhosa.
Vou a Copenhagen em maio , fico 5 dias , depois faço um cruzeiro.
Me indica um bairro bom para alugar um apartamento, com preço bom.
Tem algum guia em Odense , que fala português , para indicar?
Nossa Hugo, achei que nunca ia ler sobre Odense em nenhum blog de viagem além do meu!! rs Que legal que gostou de Odense, foi justamente nessa cidade que fiquei no meu intercâmbio 15 anos atrás!! hehehe (tb não sabia nada do H. C. Andersen antes de ir). Não conheci esse castelo que você falou, mas AMEI o Castelo de Egeskov ali pertinho. Acho que foi o 1o castelo que eu vi! Contei um pouquinho sobre odense e a ilha de Fyn aqui: https://taindopraonde.blogspot.com.br/2013/11/o-que-fazer-odense-ilha-fyn-dinamarca.html.
Fernanda, Odense realmente é um lugar lindo. Mas também encontrei pouquíssima informação sobre a cidade. Seu texto ficou muito bom.