Belém + Marajó na carona da Maria das Graças e da Luciana
A Loanda estava planejando uma ida à ilha do Marajó, e não conseguia encontrar online informações além do básico. Na falta de relatos em blogs de viagem, abrimos um post participativo para saber dicas de quem já foi. Recebemos um guia generoso da Luciana Pordeus, que mora em Belém e já foi por duas vezes ao Marajó. Por coincidência, dois dias antes a Maria das Graças — que já era nossa ídala por causa de seu método de viajar sem malas despachadas — havia deixado um depoimento comovido sobre capital do Pará, com ótimas indicações de passeios. Vai por elas:
Belém
Texto | Maria das Graças
Passei uma semana em Belém no final de junho. Viagem memorável!
Que viagem rica em conhecimento, agradável pelo contato com o amável povo paraense e gastronomicamente ímpar, por conta da riqueza e variedade de ingredientes valorizados ao extremo pelo povo.
O povo paraense tem orgulho do seu estado e da sua cidade. Tem bandeira do Pará por todos os lados e em conversas com locais pude constatar esse sentimento. O povo de Belém tem uma vocação nata para receber visitantes, tem orgulho da sua terra, da gastronomia e do artesanato. Tudo é festa naquela terra.
O Pará é um lugar para muitas viagens e, aí, quantas mais virão vai depender do interesse de cada um. Como tenho muitos, acho que vou morrer indo ao Pará. E ainda não conheço Manaus e outras capitais da região norte.
Os motoristas de taxis são únicos no mundo que conheço. Nunca vi nada igual. E aí vem a história do orgulho de ser do lugar. Comovente!
Deixei de ir a muitos lugares. Mas nos que fui eis os que considero imperdíveis:
Mangal das Garças
Um parque pequeno com atrações como o borboletário; a torre, com uma bela vista; e um restaurante (Manjar das Garças), estilo bufê, com uma comida excelente para o estilo. O Pato ao Tucupi foi o melhor que comi. A torta de açaí (deliciosa) e o doce de cupuaçu com creme de leite (também delicioso).
São José do Liberto
Antiga prisão transformada em Museu de Gemas do Pará. Pólo joalheiro com oficinas, centro cultural e, em uma parte, venda de lindíssimas peças do artesanato regional, tanto em cerâmica como em fibras, e jóias com belo design. Fantástico!
Feira de Domingo da Praça da República
É lá que toda a Belém se encontra. Artesanato regional de ótima qualidade, comida e festa, muita festa.
Passeio de uma hora e meia
No final da tarde, pela orla de Belém. Pega-se o barco nas Docas. Beleza pura!
Teatro da Paz
Lindíssimo e, o que é melhor, em plena atividade, com apresentações diárias (o que garante a manutenção). Tem visita guiada de hora em hora.
Estação das Docas
Espaço de convergência da população, especialmente na Amazon Beer. Lugar animado, ótimo para uma cervejinha no final da tarde vendo o pôr do sol. Comi isca de pescada amarela preparada à perfeição.
Forte do Presépio
Lugar agradável, com um pequeno museu muito bem montado, que nos conta em poucas palavras e, através de objetos expostos, a história da fundação da cidade.
Comer castanhas-do-pará frescas
Descascadas na hora, leitosas e suculentas. Vê-las ainda dentro do ouriço. O ouriço é usado para fazer artesanato, instrumentos musicais. Tem vendedores de castanhas nas esquinas. Um deles, na Praça da República, esquina de Avenida Presidente Vargas com Rua Oswaldo Cruz. Outro na Avenida Serzedelo Corrêa com Gentil Bittencourt, em Batista Campos.
Gostaria de ter tomado o Tacacá da Dona Maria na Avenida de Nazaré, mas não tive fome. A barraca é na calçada, todos os dias das 17h às 20h. É ponto de encontro dos locais. O chá da tarde. Estive lá duas vezes, conversei, mas é muito para quem almoçou bem.
Ao mercado Ver-o-Peso fui às 8 horas da manhã. Comecei pelo mercado de peixe que ocupa a metade do prédio. A outra metade está em reforma. Peixes fresquíssimos. A maioria, enorme. Uma maravilha! Do lado de fora, funciona o Ver-o-Peso propriamente dito. Conheci e tirei da minha lista.
Às segundas-feiras a maioria das atrações está fechada, incluindo a maioria dos restaurantes.
Ilha de Marajó
Texto | Luciana Pordeus
Estou agora morando em Belém e estive no Marajó duas vezes – uma em junho e a segunda em julho.
Cidade e praias
A melhor cidade é Soure, onde estão as praias mais legais: Barra Velha, Pesqueiro e Araruna.
Na praia de Barra Velha, fique na barraca do Jorge – tudo limpo, peixe fresco que ele pesca diariamente, cerveja gelada, música numa altura que não atrapalha. Nas demais barracas a altura é demais e a música deixa de ser um coadjuvante. Vai por mim!
Em Pesqueiro, fique na barraca vermelha. O rapaz se chama Ericsson. Tem uns tira-gostos muito saborosos, cerveja gelada e um redário pra se espreguiçar.
Araruna não tem barraca, então leve água, cerva, enfim…
Aliás, carregue a água com você o tempo inteiro, o calor é grande e a sede é maior ainda!
Onde comer
Em Soure é onde tem os melhores restaurantes: Delícias da Nalva (tudo em porções imensas; 4ª rua, 1051, telefone 91 8229-9678) e o Paraíso Verde (tem de experimentar o turu! Travessa 17 com 10ª, telefone 91 3741-1581 e 91 8101-5565).
Experimente o filé de búfalo, filés de peixe (filhote, dourada, pescada amarela ou branca) fritos e sempre acompanhados de farofa e vinagrete, a caldeirada de filhote, o frango ou pato ao tucupi. O queijo e a manteiga de de búfala são excelentes. A batata frita caseira dos dois restaurantes são ótimas. Manja aquela batata frita da casa da mãe, batata em palitos cortada na faca pela empregada de vida toda? Pois é!
O turu… inesquecível! É um molusco que vive nas árvores caídas nos mangues. Ele solta um caldo azul lindo! Dizem que é o viagra natural do Pará…
Para beber, prefira os sucos com as frutas regionais – bacuri, graviola, cupuaçu, taperebá, e peça sem açúcar. Aqui no Pará eles gostam de tudo docinho – muito doce para o meu paladar. Com estas frutas eles fazem também caipiroscas. Delícia!
Dinheiro
Leve dinheiro vivo porque quase ninguém aceita cheque, tampouco cartão. Existe uma agência do Banco do Brasil em Soure e do Banpará. Tem um caixa 24 horas em Salvaterra, mas quase sempre está sem reserva ou sem conexão.
Passeios
Um passeio imperdível é na Fazenda Bom Jesus – telefones 91 3741-1243 e 91 9616-6999. (Mande um beijo meu para a Dra. Eva e para Brinquedo e Rambo!) Pense num pedaço de céu na terra – é a fazenda com seus alagadiços, pássaros em abundância, um rebanho de búfalos lindo, cavalos marajoaras, tartarugas, jacarés, capivaras, macacos e a companhia sensacional da proprietária, Dra. Eva, que faz um trabalho colossal de resgate e recuperação da fauna local – ela reservou uma área imensa (acho que 300 hectares) para soltura dos animais.
Em Soure você pode visitar o Curtume, tem o mercado de frutas, legumes, peixes. É interesante.
Em Salvaterra é um bom passeio ir até as ruínas dos jesuítas e às praias de Joanes (distrito de Salvaterra).
Tem o Museu do Marajó em Cachoeira de Acari – distante mais ou menos 60km de Salvaterra, que vale o passeio. Apenas o museu, lá não tem praia.
Na estrada para Joanes tem uma parada obrigatória que é o Igarapé do Ceará – um banho refrescante numa lagoa de água translúcida. Claro que, dependendo da data do passeio, o igarapé vai estar seco, portanto conte com a sorte.
Onde ficar
A primeira vez me hospedei na Pousada dos Guarás (em Salvaterra) e adorei. Todos os dias a gente tinha que pegar a balsa e atravessar para Soure. A balsa sai de hora em hora, ou então atravessava de voadora – uns barquinhos que ficam no porto e vão e voltam o tempo inteiro. Esta travessia dura 10 minutos, se tanto.
Nesta primeira vez fomos sem carro e contei com o Sydnei (91) 9142-0157 para fazer os trajetos conosco. Entre em contato com ele antes de ir, fale os dias que você vai estar e diga os passeios que quer fazer. Gaste um dia em cada praia ao menos.
Na segunda vez fomos de carro e alugamos uma casa. Ah, que maravilha! Eu não vou colocar o telefone da proprietária aqui neste post, mas se alguém se interessar me avise que mando por email, ok? A casa é simples, mas é uma delícia – o quintal é a praia… na areia… maravilha.
Em Soure tem ainda um hotel que visitei e gostei muito, o Casarão da Amazônia, no centro da cidade. Para ir para a praia vá de mototáxi.
Transporte
Na balsa que nos leva até a ilha existem dois níveis – regional (sem ar) e VIP, com ar-condicionado e poltronas mais confortáveis. Vai por mim: vá de VIP sem dó nem piedade (nem é caro – R$20,00).
Tudo lá é na base do mototáxi, uma graça. Tem carro de praça também, mas o charme é mototáxi! (Putz! Carro de praça é antigo demais…)
Búfalos
Os búfalos são gigantes gentis – enormes, pesados, malemolentes. Existem 4 raças e todas lindas! São calmos e mansos, e o unico jeito deles atacarem é chifrando, portanto, cuidado com os chifres. Eles não dão coices e não têm dentes. São ruminantes, e se vocês tiverem a boa sorte de poder dar de comer a eles, deixem a mão ir junto com as folhas. É legal demais sentir a boca dos animais!
Outras dicas
No mais, recomendo levar apenas roupas para calor – muito calor. Repelente, dinheiro em espécie, havaianas e ponto!
Não chegue imaginando que existe estrutura para turista como em outros balneários – não tem. É tudo rústico, simples, caseiro, carinhoso. Eu voltei encantada e apenas de me recordar para escrever já quero voltar!
Ah! Uma recomendação importante – ao entrar nas piscinas que se formam na vazante da maré, entre com cautela, arrastando os pés. Pode ter arraia. Acreditem, eu fui ferrada por uma e, definitivamente, não foi bom… Ah, não foi mesmo!
Luciana e Maria das Graças: adoramos as dicas!
Leia mais:
- Instapost: passeando no Marajó
- Belém: city-tour no tucupi
- Belém: o Círio de um não-devoto
- Alter que enfim 🙂
98 comentários
Olá, bom dia! Vou à Ilha de Marajo, de carro, no dia 18 de agosto, domingo, preciso reservar a balsa com antecedencia, ou é só chegar no horario? são muitas balsas levando os carros?
Obrigada
Olá, Akiko! Reserve com antecedência ou você corre o risco de não embarcar.
Moro em São Paulo, dá para reservar a balsa daqui?
Obrigada,
Olá estou indo para Belem (13/07 a 20/07) e gostaria de passear na Ilha de Marajó, pode me dizer se vale a pena alugar um carro para andar por lá?
E nessa epoca e necessario comprar as passagens da travessia para a Ilha antecipadamente?
Grato,
Alexandre
Olá, Alexandre! Sempre é bom comprar de véspera; na hora você pode enfrentar filas e até mesmo não encontrar lugar. Em Marajó, é perfeitamente viável andar de táxi ou mototáxi.
Se quiser ir de carro, alugue em Belém e vá na balsa de carros.
Longe dos olhos preconceituosos que todo viajante deve ter, Belém nos reserva uma coleção de imagens e lembranças de uma fauna e flora diversas, uma faceta do Brasil em cores, cheiros e sabores!
vale a pena conhecer!
https://muitaviagem.com.br/b/belem/
Obrigada!
Olá para todos. Estou planejando uma viagem ao Pará entre 28 de setembro e 13 de outubro. Já conheço Belém e Mosqueiro e adorei. Tudo o que disseram acima é verdade, comida ótima, povo maravilhoso, lugares lindos. Nessa, pretendo incluir a Ilha do Marajó (vi a recomendação de 3 pernoites. Confirma?), Alter do Chão(3 dias seriam suficientes?) e Santarém (1 dia está bom?). Fiquei relativamente interessada na Ilha do Algodoal, mas achei longe pra passar poucos dias (2 dias?). O que vcs sugerem? Outros lugares? A época do ano é boa? Obrigada.
Olá, Joana! A época do ano é boa. Tanto Marajó quanto Alter do Chão ficam melhores durante a semana, quando estão a salvo das multidões vindas de Belém e Santarém. 3 dias em cada uma está de bom tamanho, se quiser acrescentar o dia de Santarém a Alter fica melhor.
O foca da minha viagem é Alter do Chão, vou passar 5 dias lá. Fica muito ruim ir para Ilha de Marajó e ficar apenas uma noite?
Olá, Renata! Recomendamos ficar pelos menos 3 noites na Ilha de Marajó. Com 1 noite apenas, você não terá nenhum dia inteiro. Você não vai conseguir aproveitar muito.
Obrigada pela resposta! Animei mais agora. Para mim não vai ter outro jeito, tem que ser em abril pois não moro no Brasil e a passagem daqui para aí já está comprada.
ps: não me incomodaria com a chuva se fosse uma vez por dia um pé d’água daqueles. Mas se alagar a ponto de interferir nos passeios ou se chove o dia inteiro aí complica mesmo.
Olá, Liliana! Ir na época de chuvas à Amazônia não é mau, porque com o nível alto das águas os passeios ficam mais interessantes.
Você pode dar o azar, sim, de pegar dias seguidos de chuva, mas o mais provável é que chova torrencialmente uma vez por dia. Se quiser pegar menos chuva, programe sua viagem para a partir do fim de maio até julho, antes das águas baixarem.
Estava querendo ir para a Ilha de Marajó pouco depois da Páscoa, mas já li que é uma época de chuva por lá. Como a previsão do tempo nem sempre acerta, e as mudanças climáticas tb não contribuem para que os acertos sejam grandes, queria saber se alguém já teve a experiência de ir nessa época e como foi. Obrigada!
Estou indo pra lá no dia 19/04 pra passar o final de semana e tb estou com receio das chuvas e cheias :.) Eu faço michilao e por regra nao fico em local caro (diaria ate 40 reais)
Voce achou algo nesses sentido? (soure)
Olá,
Estou de viagem marcada para Ilha de Marajó e me agradou a ideia de alugar uma casa, conforme dissestes no texto acima. Podes enviar o telefone para meu e-mail? E em que local fica a casa?
Obrigada,
Herta
Gostaria de ir a Belém em agosto, chegando numa quinta-feira e voltando numa terça-feira. Sobram 4 dias inteiros – é suficiente para conhecer uma boa parte da cidade? Como vi que às segundas-feiras boa parte das atrações fecha, é viável fazer um passeio bate-e-volta para a Ilha do Marajó?
Vi algumas dicas do Riq sobre Belém no Estadão, inclusive com os nomes dos hotéis mais indicados por localização, mas não as encontrei no VnV – elas estão em algum lugar?
Muito obrigada. Cibelli
Olá, Cibelli! De Belém a Marajó são 4 horas de viagem (se você for até Soure). O bate-volta é inviável. Recomendamos três pernoites na ilha, durante a semana.
Estação das Docas, Ver o Peso, Basílica de Nazaré e Catedral da Sé abrem na segunda-feira.
Pegue um hotel com piscina, como o Radisson (o mais novo da cidade, em Nazaré) ou o Golden TulipM/a>(encravado na região de barzinhos, perto do melhor shopping).
Muito obrigada pela dicas, Bóia!