Guia do Rio de Janeiro
Passeio de helicóptero no Rio: é melhor sair da Barra
Por que sair da Zona Sul e ir até a Barra da Tijuca para embarcar num passeio de helicóptero no Rio de Janeiro?
Eu sempre me fiz essa pergunta. Até que fui testar o passeio de helicóptero no Rio saindo da Barra da Tijuca e descobri duas grandes vantagens.
A primeira: o custo x benefício é imbatível. Pelo preço de um voo de 8 minutos ao Cristo Redentor saindo da Zona Sul, você faz um voo de 25 minutos, incluindo o Cristo Redentor e passando por toda a orla da Barra até Copacabana, com direito a ‘bis’ das praias no percurso de volta.
O passeio de helicóptero saindo da Barra da Tijuca cobre:
- Toda a orla da Barra da Tijuca a Copacabana, passando por São Conrado, Leblon, Ipanema e Arpoador
- A Lagoa, vista da orla, por cima e do Cristo
- O Cristo Redentor (com uma volta em torno da estátua)
- O Pão de Açúcar, visto do Corcovado e de Copacabana
A segunda grande vantagem: você pode aproveitar seu deslocamento para combinar o voo com outras atrações da Barra da Tijuca e arredores.
Dá para encaixar pelo menos mais duas atrações no seu dia, entre elas:
- Sítio Roberto Burle Marx (classificado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade)
- Museu do Pontal (o mais bonito museu de arte popular do Rio)
- Ilha da Gigoia (com seu passeio ecológico de barco e seus restaurantes)
- As praias da Zona Oeste (Reserva, Pontal, Prainha, Abricó, Grumari…).
Ah, sim: e se você for ao Rock in Rio, já vai estar do lado!
Veja neste post como foi o meu passeio e como montar o seu roteiro.
Passeio de helicóptero no Rio: a minha experiência
Parte 1: o voo
Fiz o passeio de helicóptero saindo da Barra da Tijuca a convite da HeliTour Rio. Eles costumam trabalhar com a agência Trip Carioca, que faz os trânsfers e passeios para os clientes interessados pelo roteiro completo.
O guia Daniel me pegou de carro e levou ao aeroporto de Jacarepaguá, que fica na região hoje oficialmente conhecida como Barra Olímpica, entre a praia da Barra e o Parque Olímpico.
Ao chegar, já simpatizei com o helicóptero, com suas janelas superpanorâmicas.
Mas não cometa o mesmo erro que eu cometi. Use roupas escuras para diminuir o reflexo nas fotos! A minha camisa estampada em fundo claro acabou manchando as fotos feitas no contraluz.
Aperte o cinto… vamos subir!
A primeira vista do alto revela o miolo da Barra da Tijuca. Você sabia que existia esse canal? É o Canal de Marapendi.
Em seguida a gente pega o retão da praia da Barra, em direção ao Quebramar e a São Conrado.
(As fotos de São Conrado ficaram mais bonitas no percurso de volta – vão aparecer mais para baixo no texto.)
Olha o Leblon aí, gente! As Helenas do Manoel Carlos estão passeando lá embaixo.
No canto esquerdo da foto, a prainha do Vidigal (onde está o hotel Sheraton), o morro Dois Irmãos e a comunidade do Vidigal.
Quando você pega um táxi para Ipanema ou Leblon, os taxistas normalmente perguntam: pela praia ou pela Lagoa? Pois indo de helicóptero da Barra para o Cristo, a resposta é: “Pela Lagoa!”
Esse canal que você vê ligando o mar à Lagoa é o do Jardim de Alah – que serve de divisa entre o Leblon (à esquerda) e Ipanema (à direita). O terreno sem prédios do lado direito da foto é o Country Club, em Ipanema. E a pista ao fundo à esquerda é o Jockey Club, entre a Gávea e o Jardim Botânico.
Minha Nossa Senhora do Cartão Postal! Tem cidade mais linda no mundo?
Dar a volta na estátua do Cristo (e ver o Pão de Açúcar compondo o quadro) é o momento mais emocionante do voo.
E ainda não chegamos à metade do passeio! Nos passeios curtos saindo da Zona Sul, você já estaria há alguns minutos em terra firme, dizendo – ‘poxa, foi tão rápido!’.
Depois do Cristo, a Lagoa Rodrigo de Freitas vista de outro ângulo. Percebe como ela é grande? A faixa de terra onde estão Ipanema e Leblon, ao fundo, parece estreitinha na comparação.
Sobrevoando Ipanema, vale a pena apreciar o grid perfeitinho das quadras junto à Lagoa, com seus prédios baixos e ruas arborizadas.
Voltando à orla, seguimos na direção leste, por cima de Ipanema. Aquela pontinha lá ao fundo, à direita, é a Pedra do Arpoador, de onde se aprecia o mais bonito pôr do sol do Rio.
No alto do morro, à esquerda, a comunidade do Cantagalo.
Copacabana fica mais adiante, virando a curva.
Bora dobrar a esquina? Vemos aí a Pedra do Arpoador, a Praia do Diabo, o Forte de Copacabana e a praia de Copacabana. Ao fundo, olha ele aí de novo: o Pão de Açúcar.
Vê o prédio alto ao lado de uma avenida? É o antigo hotel Méridien (atual Hilton), que sinaliza o início da praia do Leme.
Logo atrás, o Pão de Açúcar, guardando a entrada da Baía de Guanabara.
A volta tem gostinho de bis: mais uma chance de ver as belezas do Leme a (quase) o Pontal.
Veja no cantinho direito da foto: é o Copacabana Palace. Mais atrás, escondidinho, note o Cristo, lá longe.
E ESSA PINTURA, AMIGUINHOS? O Forte de Copacabana em primeiro plano, o Posto 6 de Copacabana à direita, a Pedra do Arpoador no meio do quadro, Ipanema e Leblon postados com o Dois Irmãos e a Pedra da Gávea ao fundo.
O Rio pede pra ser visto do alto!
Taí um ângulo diferente para ver o Morro Dois Irmãos, concorda?
Conforme prometido, aí vai a foto de São Conrado. E, de brinde, nosso piloto Alessandro, que conduziu tão bem o nosso voo.
Eita, que prainha é essa? Estava aí na vinda? Tava sim. É a praia da Joatinga, entre São Conrado e a Barra, que pouquíssimos turistas chegam a visitar.
São 25 minutos de deslumbre, num passeio muito mais satisfatório do que os rapidinhos da Zona Sul. Você pousa e não tem dúvidas de que o investimento valeu a pena.
Parte 2: Museu do Pontal
O Daniel da Trip Carioca estava à nossa espera ao fim do voo. Em menos de 15 minutos, chegamos ao Museu do Pontal.
O mais importante museu de arte popular do Rio tem origem privada. O designer francês Jacques van de Beuque amealhou quase 10.000 peças de mais de 300 artistas populares brasileiros – que, por decisão de sua família, se tornou patrimônio da cidade do Rio de Janeiro em 1991.
Obras originais de Mestre Vitalino, Eudócio de Barros e Mestre Didi encabeçam uma coleção lindamente exposta, com museologia de primeira.
Além da coleção permanente, o museu oferece exposições temporárias que lançam luz sobre artistas populares contemporâneos.
No fim de maio de 2024, estavam em cartaz uma encantadora mostra da pintora roraimense Carmézia Emiliano, indígena da etnia macuxi, e duas salas dedicadas ao genial artista niteroiense Marcelo Conceição, que já foi sem-teto e trabalha apenas com objetos que acha na rua.
Depois de ter visto o Rio do alto parece difícil se deslumbrar com alguma outra coisa, mas o Museu do Pontal dá conta da tarefa.
A entrada é gratuita – é possível deixar uma contribuição voluntária. Mas atenção: o museu só funciona de 5ª a domingo.
Informações práticas – Museu do Pontal
Parte 3: Ilha da Gigoia
O que comumente é chamado de “ilha da Gigoia” é um arquipélago de 10 ilhotas escondido no iniciozinho da Barra.
Acessíveis apenas por embarcações e rodeadas por manguezais, as ilhotas são a antítese completa do bairro. Alguém que fosse trazido com olhos vendados e só tirasse a venda ao chegar jamais imaginaria que está em plena Barra da Tijuca.
Depois da chegada do metrô, em 2016, o arquipélago tem atraído cada vez mais moradores e visitantes, que vêm passear de barco pelo “Pantanal carioca” (os manguezais preservados nas ilhotas não ocupadas), beber e petiscar nos bares e restaurantes à beira d’água.
Os píers de embarque ficam a 15-25 minutos de carro do Museu do Pontal, dependendo do trânsito.
Eu costumo usar o píer junto à estação Jardim Oceânico. Ali você pode pegar um barquinho de passeio (R$ 45 por pessoa por 45 minutos de navegação pelo ‘Pantanal Carioca’) ou embarcar no próximo barquinho de linha, que deixa você em qualquer ponto do arquipélago por tarifas entre R$ 2,50 e R$ 6 por pessoa. Pague só a ida – a volta pode ser feita por qualquer outro barco que passar (ou que seja chamado pelo restaurante onde você estiver).
Atenção: leve repelente! E passe já ao entrar no barco.
Como eu já fiz o passeio ecológico, meu objetivo desta vez era apenas almoçar no Ocyá, na Ilha Primeira, o primeiro restaurante do arquipélago com maiores pretensões gastronômicas.
A proposta do Ocyá é singular: servir peixes preparados com a técnica japonesa do ikejime. Abatidos sem stress, os peixes têm todo o sangue eliminado e então passam um tempo na câmara de maturação – um processo que mantém seu sabor e melhora a sua textura.
O cardápio é recheado de pratos originais. Nas entradinhas, pão de alho com crosta de camarão, linguiça de peixe defumado, pastel de ovas com bacon de peixe, colar de peixe com caramelo picante…
Acabei escolhendo o mais simples: o sashimi de peixe maturado, para entender melhor a técnica. De fato, a sensação é de estar comendo um peixe fresco, cheio de sabor – mas com uma textura mais firme.
Os pratos principais são mais convencionais do que as entradas. Desta vez, pedi o peixe maturado na brasa, com brócolis e farofa fria. De novo, o peixe entregou muito sabor e uma textura mais carnuda. Mas a farofa fria de cenoura… vontade de levar pra casa e comer todos os dias rs.
E foi isso, pessoal: o passeio começou no alto, continuou elevado e terminou à altura.
A gente voltou para casa de metrô, mas se quisesse o Daniel esperava e deixava a gente de carro em casa.
- Ocyá | Ilha Primeira | Tel.: (21) 97286-1250 | Abre de 4ª a domingo | Cardápio | Reservas | Instagram
Como montar o seu roteiro
O passeio de helicóptero no Rio de Janeiro saindo da Barra da Tijuca, além de proporcionar um voo mais longo e completo, oferece a oportunidade de ticar outras experiências bacanas na Barra e arredores.
Dá para compor um roteiro com 3 atrações, para curtir sem correria nem perrengues.
Minha fórmula perfeita para esse dia pela Zona Oeste é:
- 1. O passeio de helicóptero
- 2. Uma atração cultural (Museu do Pontal ou Sítio Roberto Burle Marx)
- 3. Natureza + almoço (Ilha da Gigoia ou Prainha ou Abricó)
A combinação mais simples é a que eu descrevi neste post: o voo de helicóptero + Museu do Pontal + Ilha da Gigoia (com passeio de barco e almoço). Sempre lembrando que o Museu do Pontal só abre de 5ª a domingo. Caso você escolha o Ocyá para almoçar, vale a pena reservar.
Caso você opte pelo Sítio Roberto Burle Marx, vai precisar reservar com pelo menos uma semana de antecedência (idealmente, duas a três semanas). O agendamento é feito pelo site do Sítio. A visita custa R$ 10 por pessoa.
Informações práticas – Sítio Roberto Burle Marx
O Sítio fica perto das praias da Zona Oeste, que acabam funcionando como um fecho perfeito para o passeio. Minhas duas sugestões para almoçar (e dar um mergulho):
- O restaurante Mirante da Prainha, no canto direito da Prainha, tem uma das vistas mais bonitas do Rio.
- O quiosque Clássico Beach Club Grumari, localizado na parte ‘vestida’ da Praia do Abricó, dá acesso à única praia nudista do Rio (mas tem que tirar a roupa para entrar na área naturista).
- Mirante da Prainha | Av. Estado da Guanabara, 689 | Instagram
- Clássico Beach Club Grumari | Praia do Abricó | Instagram
Rock in Rio 2024 + passeio de helicóptero
O local do Rock in Rio, no Parque Olímpico, é muito próximo ao aeroporto de Japarepaguá.
Fazer um passeio de helicóptero antes de ir para o festival é um jeito espetacular de aproveitar seu deslocamento até a Barra da Tijuca e, de quebra, chegar cedo e sem perrengue ao local.
Aproveite que vai estar em turma para conseguir os preços mais em conta.
Veja também nossas dicas para curtir o Rio durante o Rock in Rio 2024.
Quanto custa o passeio de helicóptero no Rio saindo da Barra?
As operadoras de passeio de helicóptero no Rio oferecem diferentes itinerários.
Eu fiz o roteiro ‘Classic‘ (25 minutos, com orla e Cristo) da HeliTour Rio, que custa desde R$ 680 por pessoa.
(Para comparar: um voo de apenas 8 minutos saindo da Lagoa sai desde R$ 770 por pessoa. Um voo de 22 minutos saindo da Lagoa, desde R$ 1.700 por pessoa.)
Para conseguir esta tarifa, é preciso fazer a reserva para 3 pessoas (a lotação de um helicóptero panorâmico como este em que voei) e pagar em dinheiro ou pix. Reservando o helicóptero entre apenas dois passageiros, o voo sai R$ 960 por pessoa (ainda assim, bem mais em conta do que os passeios saindo da Lagoa).
No cartão há um pequeno acréscimo, mas é possível parcelar em até 10 vezes.
O traslado de ida e de volta com a Trip Carioca sai R$ 200 por carro. Com mais duas atrações na região, acrescente outros R$ 200 por carro. Ingressos e refeições são pagos à parte.
1 comentário
Excelentes dicas, como sempre. O Rio é inesgotável!! Fiz esse passeio de helicóptero e recomendo muito!