Guia de Portugal
À descoberta de Portugal, de pousada em pousada
Criadas pelo estado na década de 40, as Pousadas de Portugal compõem uma rede formidável de mais de 40 pequenos hotéis espalhados pelo país.
A inspiração veio da Espanha, que começou a montar sua rede de Paradores pouco mais de uma década antes. Em Portugal, mesmo tendo nascido subordinadas ao Departamento Nacional de Propaganda salazarista, as pousadas serviam a uma boa causa: valorizar a hospitalidade e a culinária de cada região portuguesa.
No início as pousadas eram construídas do zero. A partir da década de 50, castelos, mosteiros, hospitais e palacetes começaram a ser incorporados á rede.
Em 2003, as Pousadas de Portugal passaram a ser administradas pelo Grupo Pestana, vencedor da privatização de 49% da autarquia Enatur.
Nesses quase dez anos, algumas unidades foram desativadas e outras ganharam reformas vistosas, assinadas por arquitetos portugueses do primeiro time, compondo uma nova categoria — a de “pousadas históricas-design”.
Uma das estrelas da turma é a Pousada Mosteiro de Amares, um mosteiro cisterciense repaginado por Eduardo Souto de Moura. O mesmo arquiteto é também autor do projeto da aguardadíssima Pousada da Serra da Estrela, que funciona num antigo sanatório dos funcionários da estrada de ferro.
Mesmo com a privatização, as diárias continuam palatáveis — há muitas promoções na baixa temporada e durante a semana, quando é possível conseguir tarifas abaixo de € 100.
A proposta dos restaurantes também foi mantida: todos servem especialidades portuguesas com ênfase nos pratos e vinhos regionais (e estão abertos a não-hóspedes). Menus do dia, com entrada, prato principal e sobremesa.
De Valença do Minho a Tavira, no Algarve, as Pousadas de Portugal cobrem todo o território português. Hospedar-se nas Pousadas é ter a certeza de encontrar um serviço amável e bastante profissional por onde você zanzar em Portugal.
O grupo Pestana e as Pousadas de Portugal apoiaram a etapa portuguesa do meu tour de carro pela Europa do ano passado. Inauguro, então, a série de posts da Terrinha com um relato das pousadas em que me hospedei. O monteiro foi montado a quatro mãos; disse as regiões onde queria montar base, e o grupo recomendou pousadas de diferentes categorias.
Vamos aos relatos — na ordem em que me hospedei.
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Pousada Mosteiro do Crato (Crato, Alentejo)
Em 2001, me hospedei numa linda suíte da Pousada Convento de Évora, em Évora, localizada em frente às ruínas do templo de Diana. Desta vez quis fazer minha base alentejana em Marvão, que não tinha visitado daquela vez. Apesar de haver uma pousada dentro das muralhas de Marvão, a rede me sugeriu ficar a meia hora de lá, na Pousada Mosteiro do Crato.
Deu para entender: desta maneira eu já iniciei a temporada direto numa pousada “histórica-design”. A Pousada do Crato funciona num conjunto quinhentista, originalmente gótico, que serviu como castelo e mosteiro. Uma nova ala, de linhas minimalistas, foi adicionada pelo arquiteto Carrilho da Graça. O mobiliário contemporâneo proporciona um ótimo contraste à estrutura medieval.
Pousada Mosteiro do Crato
É uma pousada muito bem situada para explorar o Alto Alentejo: o vilarejo do Crato está a 2 km; Alter do Chão, a 15 km; indo em direção à Espanha, Castelo de Vide está a 30 km, e Marvão, a 42 km.
Já o Alentejo mais mainstream — com a paisagem mais característica de sobreiros, as árvores de onde se extrai a cortiça — fica um pouco mais longe: Estremoz está a 70 km, Elvas a 80 km, Évora a 105 km e Monsaraz a 115 km.
O Crato é uma boa base para quem quer prosseguir à Serra da Estrela pelo sul, entrando por Castelo Branco; Covilhã está a 140 km.
Outras Pousadas da região: Pousada Convento de Évora (Évora), Pousada de Marvão (Marvão), Pousada Castelo de Estremoz (Estremoz), Pousada Convento de Vila Viçosa (Vila Viçosa), Pousada Convento de Arraiolos (Arraiolos), Castelo de Alvito (Alvito), Pousada Convento de Beja (Beja), Pousada Castelo de Alcacer do Sal (Alcácer do Sal).
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Pousada de Condeixa Coimbra (arredores de Coimbra)
A segunda pousada do meu périplo, a de Condeixa Coimbra, está classificada na categoria “charme”. Ocupa um palacete reformado ao longo do tempo, e tem mobiliário bastante convencional. No verão deve ser muito gostoso descansar à beira da piscina circundada pelo belo gramado.
Seu maior trunfo é a localização, bastante próxima à auto-estrada A1, que faz da pousada uma grande base para explorar de carro boa parte do centro de Portugal. As ruínas romanas de Conímbriga estão a menos de 3 km. Coimbra é uma escapadinha de 15 km, factível tanto de dia quanto à noite.
De lá você pode visitar as cidades litorâneas de Aveiro (68 km), Figueira da Foz (60 km) e Nazaré (107 km); os mosteiros da Batalha (77 km), Tomar (100 km) e Alcobaça (105 km); e o Santuário de Fátima (75 km). Óbidos está a 132 km.
Outras Pousadas na região: Convento de Vila Pouca da Beira (Vila Pouca da Beira), Pousada Castelo de Ourem (Fátima), Pousada Castelo de Obidos.
Pousada de Viseu
Construída no século 19 para ser um hospital, a Pousada de Viseu foi convertida em hotel em 2009, com projeto assinado por Gonçalo Byrne e um spa completo.
O pátio interno — “Claustro Mestre Grão Vasco” — foi coberto e ganhou um bar. O resultado é um ambiente que se identifica com hotéis modernos (os corredores externos dos andares dão para um pátio interno com pé direito altíssimo), mas funcionando num prédio centenário.
Viseu, que não é uma escala comum em roteiros de brasileiros por Portugal, é uma cidade da maior simpatia. Nos arredores há ruínas romanas e, no centro da cidade, o tesouro da Sé e o Museu Grão Vasco, que dá especial ênfase à obra de Vasco Fernandes, principal pintor quinhentista português.
A cidade é uma base conveniente para fazer um bate-volta à Serra da Estrela (um circuitinho básico: entrar na área do parque nacional, ir a Manteigas, então dar uma paradinha em Belmonte para ver o museu À Descoberta do Novo Mundo, voltando pelo caminho que passa pela estação de esqui de Torre).
Viseu também está perto do Douro: o Peso da Régua, no mais belo trecho da região dos vinhedos, está a 70 km, e proporciona tanto um bom bate-volta quanto um pit-stop em direção ao Porto.
Salamanca, na Espanha, está a 230 km.
Outras Pousadas na região: Pousada da Serra da Estrela (Covilhã) e Pousada de Belmonte.
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Pousada de Viana do Castelo (Minho)
A localização da Pousada de Viana do Castelo é espetacular: no alto do monte de Santa Luzia, pairando sobre a Basílica, a foz do rio Lima, a cidade de Viana do Castelo e o Atlântico.
Adorei a decoração: elegante e romântica, em perfeita harmonia com a arquitetura.
A cidade ali embaixo é bonita e bastante organizada: há um mega-estacionamento subterrâneo embaixo da rua principal, conectado à estação e ao shopping.
Viana do Castelo é uma base conveniente para rodar pelo Minho sem precisar entrar e sair todo dia do Porto. Braga está a 68 km; Guimarães, a 83 km. Barcelos está a 53 km, Ponte de Lima a 32 km e Valença do Minho a 68 km. Funciona também como uma boa última escala em Portugal antes de escapulir para uns dias na Galícia espanhola; Santiago de Compostela está a 180 km.
Outras pousadas na região: Pousada Mosteiro de Guimaraes (Guimarães), Pousada Pousada de Valença (Valença do Minho), Pousada Mosteiro de Amares (Amares), Pousada do Gerês-Caniçada (Caniçada).
Pestana Palácio do Freixo
Pestana Palácio do Freixo
O Pestana Palácio do Freixo é a jóia mais valiosa do catálogo das Pousadas de Portugal.
Pestana Palácio do Freixo
As áreas sociais (recepção, bar, restaurantes) ocupam o Palácio do Freixo, um monumento do barroco português, à beira do Douro, imediatamente ao norte da cidade.
Com o tempo, a região deixou de ser nobre e passou por ciclos de industrialização e desindustrialização. Pois até isso foi aproveitado pelo inteligente projeto de David Sinclair: um moinho construído ao lado do palácio e posteriormente desativado é usado como ala de apartamentos.
Um dos armazéns foi transformado em spa. A piscina à beira do Douro é muito charmosa e se conecta com o píer do hotel.
A localização é estratégica para quem está de carro. Chega-se à Ribeira, ao centro do Porto e até mesmo à foz pela beira-rio — mas o acesso à rede de auto-estradas também é muito fácil, com uma avenida expressa passando a um quilômetro do hotel, e a ponte do Freixo levando à outra margem do Douro.
Da pousada até Amarante são 62 km; ao Palácio de Mateus em Vila Real, 105 km; ao Peso da Régua, centro da região mais fotogênica dos vinhedos à beira do Douro, 100 km. O Minho também está muito à mão: Guimarães e Braga ficam a cerca de 50 km, Barcelos a 65 km. Na direção sul, Aveiro está a 73 km.
A região de Trás-os-Montes oferece uma linda continuação de viagem, com pernoite (Chaves está a 150 km; Bragança, a 215 km).
Santiago de Compostela está a 230 km.
Outras pousadas na região: Pousada Barão de Forrester (Alijó); e em Trás-os-Montes: Pousada de Bragança
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70 comentários
Sinto saudades de Portugal tambem. Oh viagem boa!
Jantei na pousada dos Loios em Evora e almocei na pousada de Marvao, inesqueciveis…
Como nao conheci Porto e regiao de Peso da Regua, esta’ anotado.
Que saudade de Portugal…
Eu também, Mô!
Uau! Muito propício o momento. Vou embarcar para um tour pelas Pousadas de Portugal na semana que vem. Que venham mais relatos… Esse já foi um belo aperitivo! 🙂
impressão minha ou o vírus das mesas e cadeiras de plástico também pegou por lá???
Ano passado fiz um tour de 15 dias pelo norte de Portugal e fiquei hospedada em algumas destas maravilhosas Pousadas de Portugal! Foi tudo perfeito! Recomendo muito!
Kelly
Olá amigo
Mais um belíssimo post sobre as nossas coisas boas…
E com quem vou eu estar no fim do mês em Lisboa?
Com uma amiga sua – linda, alta, loura e poderosa…
Jinho
😉
Caraca! Uma mais legal que a outra…
Nossa adorei as descrições das Pousadas, que são belíssimas, e as sugestões de roteiros. Mas eu estava certo de que, antes de Portugal, viriam os relatos da Provence, que eu tanto aguardava para o planejamento da minha viagem em outubro. Será que virão na sequência?
Olá, Beto! Todos os assuntos estão sendo desenvolvidos em paralelo; a Suíça e a Toscana é que já estão no final. Da França já houve um post sobre as Corniches.
O segredo para a Provence é simplificar. Fique pelo menos 3 dias inteiros no Lubéron, num bom hotel, curtindo os vilarejos, a piscina, a gastronomia. Acrescente um dia para cada bate-volta que queira fazer.
Mais uma vez esse site me surpreende. Estou justamente decidindo a minha próxima viagem e quando acesso hoje para ver as novidades me deparo com essa maravilha de post de Portugal e ainda fico sabendo que vem muito mais. Não vejo a hora. Coloque mais!!! Quero mais! E com todos os detalhes da sua viagem para me ajudar na minha. Parabéns!
Já posso parar de babar?