Guia da Côte d'Azul
Bate-volta de Nice a Mônaco, pelas três Corniches ao mesmo tempo :-)
Apenas 20 km separam Nice de Mônaco. Mas existem tantas maneiras de fazer esse percurso, e tantas atrações no caminho, que é muito difícil gastar menos de um bom dia inteiro no trajeto.
A não ser, é claro, que você vá pelo jeito chato: a auto-route A8, que passa longe da costa e esconde da sua curiosidade tudo o que você possa querer ver.
Além da auto-route A8, você pode fazer o percurso de Nice a Monaco por outras três estradas, as míticas Corniches.
A Basse Corniche (Corniche de baixo) sai de Nice por cima do porto e desce para o mar à altura de Villefranche-sur-Mer, continuando pela bord de mer até Mônaco.
Na alta temporada é engarrafadíssima. O destaque aqui é a península de St.-Jean-Cap-Ferrat, onde está o palácio da baronesa Béatrice de Rotschild, a Villa Ephrussi, transformado em museu.
A Moyenne Corniche (Corniche do meio) é a mais veloz das três; funciona como a alternativa para quem não quer pagar pedágio na auto-route. Na temporada, porém, pode ficar lenta. O tesouro do caminho é o burgo medieval de Èze.
Finalmente, a Grande Corniche (Corniche do alto) é o antiga estrada romana Via Aurelia (também chamada neste trecho Via Julia Augusta). A 500 metros de altura, praticamente sobrevoa a Côte. O ponto alto (ops) da rota é o vilarejo de La Turbie. (É possível também continuar por ela a Roquebrune-Cap-Martin e Menton.)
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Apesar de ofereceram vistas excepcionais, nenhuma das três estradas é panorâmica na acepção turística da palavra. Praticamente não há belvederes organizados, e a ausência de acostamento faz com que seja bem difícil achar um lugar para estacionar (na temporada deve ser ainda pior).
Outra pegadinha: na saída de Nice, a Basse Corniche é mais panorâmica do que a Grande Corniche! Isso porque a Basse Corniche não é totalmente baixa até Villefranche-sur-Mer, e porque a Grande Corniche se embrenha por trás da montanha, só ganhando vista para o mar mais ou menos à mesma altura (Villefranche).
Ir por uma Corniche e voltar por outra tampouco resolve o problema: a vista da volta (Mônaco-Nice) é bem inferior à da ida (o fator vertigem desaparece), e de todo modo faltará uma Corniche na conta.
Bolei então uma estrategiazinha que aparentemente resolve todas as variáveis da equação.
Trata-se de um roteiro que combina os pontos de parada imperdíveis de cada uma das corniches, aproveitando as ligações que existem entre elas. Não é um roteiro totalmente linear: há um pequeno ziguezague interno, que permite refazer o trecho imediatamente anterior de uma altura mais elevada.
Veja como fiz de Nice a Mônaco pelas três corniches ao mesmo tempo:
Primeiro trecho: de Nice à Vila Ephrussi
Saí de Nice pela Basse Corniche. Olha o porto de Nice aí!
Fiquei imaginando como Villefranche-sur-mer seria bonita com tempo ensolarado…
Entrei em St.-Jean-Cap-Ferrat para visitar a Villa Ephrussi. O palacete veneziano é um delírio; mas o que é mais encantador são os nove — nove — jardins da propriedade: um grande, clássico, e oito pequenas fantasias (florentino, espanhol, japonês, exótico, de lápides…). Linda parada.
Continuando o contorno da península, é possível visitar, em Beaulieu, outro palacete que pertencia à família, a Villa Kerylos, que reproduz uma casa aristocrática da Grécia Antiga.
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Segundo trecho: da Vila Ephrussi a Èze Village
Voltei pela Basse Corniche até Villefranche e subi para a Moyenne Corniche. Essa aí é a península de Cap-Ferrat vista do primeiro lugar em que conseguimos parar.
A Basse Corniche vista da Moyenne:
Um pouco adiante o olho treinado poderá identificar o vilarejo de Èze no alto do penhasco.
Não viu? A sorte é que esse blog tem zoom…
Èze é pequeníssima, mas dá trabalho de visitar: tem muita ladeira até chegar ao topo, onde está instalado um bonito jardim exótico (a 6 euros a entrada).
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Terceiro trecho: de Èze Village a La Turbie
Daria para subir até a Grande Corniche pela estrada direta a Col d’Èze, mas achei que valia a pena voltar até o acesso imediatamente anterior, poucos quilômetros antes.
Valeu a pena: a vista da mesma península de Cap-Ferrat de uma terceira altura deu a exata dimensão da diferença das três corniches.
A qualidade da Grande Corniche é a vertigem, e não o panorama — neste quesito, a Moyenne entrega mais. Mas a sensação de rodar a 500 metros de altura é única.
Côte d’Azur e Provence
Dei um jeitinho de parar antes de Col d’Èze para fotografar Èze de uma corniche acima.
Mais adiante você passa por La Turbie, onde está o Troféu de Augusto, monumento romano que é uma relíquia da Via Aurélia. (Tentei parar na cidade, mas o estacionamento, mesmo fora de temporada, estava impossível de conseguir).
De La Turbie peguei a descida a Cap d’Ail, que leva a Mônaco.
De La Turbie a Mônaco
Nunca achei nada demais em Mônaco, mas os entusiastas da Fórmula 1 costumam ficar emocionados ao se verem rodando nas mesmas ruas que reconhecem das transmissões do Grand Prix.
Seguindo as placas para o estacionamento Casino, você chega… ao Cassino!
Paga-se 10 euros para entrar — e chegando assim, de tarde, e fora de temporada, o que você vai ver são enfadados crupiês de smoking jogando entre si, e uma sala bem vagabundinha de caça-níqueis. Mas as instalações são realmente palaciais; pena que não dá para tirar foto.
Saímos do cassino em direção ao porto, onde dava para ver as luzes feéricas do parque de diversões. Mas preferimos voltar para jantar em Nice. Voltamos pela Moyenne Corniche.
Pra lá de Mônaco
Aproveitando os dias mais longos do verão daria para contornar Mônaco pelas corniches do alto ou do meio e chegar a Cap-Martin (onde há uma beira-mar projetada por Le Corbusier) e a Menton (onde acaba de ser inaugurado um segundo museu dedicado a Jean Cocteau, o Severin-Wunderman Collection).
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251 comentários
Muito profissional a “estrategiazinha”.
Fizemos a Moyenne Corniche (que eu nem sabia que se chamava assim) em junho, breve teremos um post sobre Eze lá no blog.
Thankx comandante, por nos mostrar tudo o que deixamos para a próxima 😉
Eu e meu marido iremos pela primeira vez a Europa em março/2012. desembarcaremos em Savona dia 24 e, antes de percorremos a Itália, temos 2 dias para conhecer um pouco da Cotê D’Azur (depois iremos para Gênova). A idéia inicial é ficarmos em Ventimiglia. Nosso transporte será o trem. Por favor,alguém tem sugestões? Ventimiglia é um bom lugar para ficar? O que é imperdível? Obrigada!
Olá, Vera! Ventimiglia é a última estação de trem na Itália. Nice está a 50 minutos; Mônaco a 30 minutos de trem. Dá para parar também em Menton, em Èze-Sur-Mer, em Antibes e Cannes.
A cidade mais interessante do percurso é Nice, com vida noturna animada mesmo fora da temporada (você chegará ainda no inverno). Com certeza seria a indicada pelo Ricardo Freire para montar a sua base. De Nice é possível também ir de ônibus a St Paul de Vence e de trem a Grasse.
Claro que em dois dias você não terá tempo de ver tudo isso. Acompanhe aqui a viagem do Ricardo Freire e depois escolha as cidades que vai querer visitar.
Olá Vera,
Estivemos em agosto nesta região, dê uma olhada nos posts abaixo para ter uma idéia de cidades para visitar na Riviera Italiana, entre a Côte d’Azur e Gênova, se você tiver tempo.
https://www.alemanhaporquenao.com/search/label/Liguria
Vera,
há 2 semanas fizemos base no Ibis Nice Aeroporto Promenade dos Anglais, que eh fora de mão para conhecer Nice mas ótimo para conhecer Cannes e Monaco, pois fica no meio do caminho.
Ventimiglia é uma cidade bem sem graça, perdida no mundo!
Fique em Nice, muito mais bem estruturada e localizada.
Pois é, Riq e comentaristas, isto que queríamos. Na próxima VnV baiana vou agradecer de joelhos. 😉
Lugar bonito! Imagino que o sol tem que ser espetacular, com a vegetação verde eo azul profundo do mar.
Eu estava no Mónaco por muitos, muitos anos e não me lembro de quase nada do lugar. Somente que apenas as montanhas eram muito próximos ao mar.
Já morei na região (Antibes), e concordo com a Elisa no quesito trem. Além de ser barato e rápido, vai-se de Cannes até Menton, bem pertinho da fronteira com a Itália, em cerca de 1:30 (se for trem expresso), e tem trens que vão parando em várias estações em cidadezinhas de toda a Côte, fora que a visão panorâmica que se tem a partir dos trens é maravilhosa, ele vai margeando a costa, então de um lado você vê aquele mar azul celeste e de outro os alpes… Vale lembrar que, na França, quem tem menos de 25 anos tem desconto nas passagens de trem simplesmente por esse fato, e se você for morar lá, pode também comprar a Carte 12-25 que dá descontos ainda maiores nos trens por toda a França e em trajetos a partir da França com outros países Europeus. Como a Elisa disse St. Paul de Vence é imperdível, assim como Grasse, há ônibus saindo de Nice para as duas cidades, só se informar… O gostoso mesmo é ir descobrindo as cidadezinhas ao longo da costa, os mercados, as feirinhas de antiguidades e mercadinhos de pulgas que se organizam nas cidades em alguns dias… Adoro a Côte d´Azur! Ps: uma alternativa bem popular entre os locais são os “scooters”, tipo motocicletas menores, ideais para circular pelas ruas estreitas das cidadezinhas, muitos franceses que moram na Côte preferem o scooter à “voiture”.
Fantástcio esse roteiro super detalhado, dá vontade de voltar pra conferir. Qdo estive por aí, fiquei num hotel na beira da praia, na cidade logo depois de Monaco. Juro que era só 10 minutos de carro, mas um outro mundo. Hotel super barato e bom. Preciso procurar o nome
Gostei dessa idéia! Sempre passei pela Moyenne Corniche, que é conhecida por ter a vista mais bonita, da proxima vez vou experimentar as três 🙂
Oi Riq, já fiz esse roteiro algumas vezes, mas uma cidade ( e a praia) que realmente me encantou foi Juan les Pins, do lado oposto de Mônaco. Indo de Nice é bem pertinho. Vc já esteve lá ?
Também curti muito Antibes Juan-les-Pins, até porque no verão é uma das poucas que não tem as abomináveis pedras nas praias. Fora o festival de jazz em julho.
Olá!
Muito legal saber disso. Fiquei muito interessada pelo que vc postou!
Este trem passa por todos estes lugares e tem com saltar e visitar. E qual o trem vc pegou?
Um grande abraço
Leila
Estivemos no último verão na Riviera Italiana, e visitamos Nice, Mônaco e Menton (que achei muito melhor que Nice, talvez por ser temporada e Nice estava completamente cheia).
Devido ao pouco tempo fizemos o caminho entre as cidades pela A8.
Já sabia o que iria perder, mas temos um motivo para voltar! 🙂
Já fiz quase tudo isso de trem. E no começo do verão europeu. É uma delícia, lindo, tudo azul. Eze é uma das minhas favoritas, mas no quesito “cidadezinha no morro”, meu coração bate mais forte por St Paul de Vence.