Guia de Cartagena
5 dias repletos de história em Cartagena, por André Urso
E o nosso André Urso está de volta, com o relato de Cartagena que complementa à perfeição o post redondinho de Bogotá. Manda ver, André!
Olhando de cima, ainda no avião, a impressão que tive de Cartagena foi estranha. Já no táxi, saindo do aeroporto a caminho do hotel, o primeiro contato visual com a orla da cidade não ajudou. Aqui, o calçadão é irregular, estreito, com pouco espaço para os pedestres e as praias, de areias escuras, também não causam uma boa impressão.
Mas bastou o táxi oferecer a primeira visão da cidade antiga muralhada para o queixo cair. Foi aí que entendi finalmente porque estava aqui e que, apesar das primeiras impressões, Cartagena era exatamente o que imaginava: uma cidade bonita, conservada e cheia de história. Bem vindo ao cenário de Amor em Tempos de Cólera, de Gabriel García Márquez.
O clima em Cartagena é o oposto da fria e chuvosa capital Bogotá. Só isso já faz você ter a sensação de estar mais próximo da idéia de um paraíso caribenho. Aqui é evidente uma presença mais forte da cultura negra.
O povo é mais caloroso e menos formal que na capital e você se sente logo à vontade para trocar o tênis e os sapatos por confortáveis sandálias e bermudas. Mas a primeira e talvez a mais importante questão com a qual você vai se deparar na sua viagem à cidade logo se impõe: qual o melhor lugar pra ficar? Na cidade antiga ou nos grandes hotéis da orla?
A resposta é simples. Se você quer absorver ao máximo o charme e o principal atrativo da cidade que é a sua história, escolha o centro antigo, a parte da cidade que fica dentro das muralhas do forte que protegia a cidade. Mas essa escolha também depende do tipo de viagem que você quer ter e, óbvio, das suas finanças.
Dentro da cidade antiga os hotéis e pousadas que você vai encontrar são charmosos, mais românticos e impregnados da história da cidade por estarem em casarões centenários, mas, por conseqüência, são mais caros também.
Ficar num hotel barato dentro da cidade antiga pode ser menos compensador em termos de custo-benefício do que ficar num hotel mais confortável e com melhores serviços fora dela. Em todo caso, fique tranqüilo.
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Se a sua reserva for em um dos hotéis da orla, saiba que a distância entre a cidade histórica e os hotéis é curta e, fora o calçadão bem ruinzinho de caminhar, não há maiores transtornos para chegar de um lugar ao outro a pé. E ainda há a boa notícia que o táxi aqui é bem barato (ainda mais do que em Bogotá).
Minha experiência nesse quesito foi a seguinte: graças às milhas de um programa de hospedagem consegui 4 noites de graça no Hilton Cartagena. Botando mais US$ 80 (US$ 20 por noite), consegui upgrade para uma suíte executiva. Bom negócio, não? Só que o padrão Hilton é o padrão americano de hotelão de rede.
Quase tudo OK, mas nada muito personalizado. Como ia passar 5 noites na cidade, na última seria preciso me virar, já que por causa de uma grande convenção internacional, que contou até com a presença do presidente da Colômbia, não havia disponibilidade de vagas para estender a hospedagem naquele hotel.
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Era a minha chance de ficar pelo menos uma noite no centro histórico. Consegui um hotel dentro da cidade antiga. Mas fora o fato da localização privilegiada, o serviço era ruim e nem vale a pena recomendar.
Mas não se assuste. Quem vai no esquema mais econômico, encontra sim várias opções para ficar na velha Cartagena. Uma das mais bacanas é o El Viajero Hostel, bem simpático e próximo a um dos trechos mais animados da cidade antiga. Também há opções de boas pousadas de até US$ 100 tanto dentro das muralhas quanto no bairro histórico de Getsemani. Ou seja, na rua ninguém fica.
Resolvida a questão do hotel, é hora de conhecer a cidade. Andar pelo centro histórico de Cartagena é bem fácil e se perder pelas suas ruelas é obrigatório. Aqui, cada detalhe de uma construção antiga pode indicar um pouco da sua história.
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As casas que têm o balcão da varanda de madeira são coloniais, as que têm estrutura de cimento são republicanas. Os museus são pequenos, simples, mas contam muito sobre essa cidade que um dia foi tão disputada por piratas, espanhóis, franceses, holandeses e ingleses.
Entre eles, o Museu da Inquisição, com seu arsenal de aparelhos de tortura usados pela igreja na idade média, é o primeiro da lista a ser visitado, mas o Museu do Ouro, apesar de bem menos pomposo que o seu primo da capital, também é fascinante.
O Museu Naval guarda memórias de batalhas e conquistas que aconteceram em Boca Chica e Boca Grande, as portas de entrada da cidade pelo mar. Para aproveitar bem a história de cada um deles, contratamos um guia. Pode parecer turístico demais para alguns, mas ajudou a entender melhor tudo aquilo que estava vendo.
Guia completo de San Andrés
À noite, vá jantar no El Santíssimo, perto do luxuoso Hotel Santa Clara, ou no La Vitrola. Bom também é um restaurante italiano que descobrimos por puro acaso e que surpreendeu pela ótima comida, bom atendimento e preço justo, o Delizie Italiane. Fica na Calle Estrella 4-32. Fuja do badalado 8-18 que, fora o excelente mojito, fica devendo no ambiente, na comida e cobra caro demais.
Sem grandes clubes ou boates, o grande programa noturno é sentar nas mesas das calçadas para beber e ver a vida passar. Bares tem a vontade. Os mais animados ficam próximos das Plazas Aduana e San Pedro e sob o Portal dos Dulces, que é mais popular.
Na Plaza Fernández de Madrid o público é mais turístico. Interessante também é o Café del Mar, que fica em cima das muralhas do forte e tem belíssima vista para o mar, para o centro histórico e para a cidade nova. Do popular ao chique, tem de todo tipo. É só achar a sua turma e aproveitar a noite.
Dois programas que não podem faltar: o primeiro é o passeio ao imponente Castillo San Felipe de Barajas, a maior obra de engenharia já construída pela Espanha em uma colônia.
Ele foi iniciado em 1657 para proteger Cartagena de ataques piratas e é um dos mais importante da América Latina. Dele e do convento de La Popa se tem uma das melhores vistas de Cartagena. Se você não é claustrofóbico, explore e se perca nas galerias e túneis dentro do forte.
Outro passeio imperdível são as ilhas do Mar do Caribe colombiano. Para quem não notou, Cartagena é formada por ilhas que os espanhóis ligaram através de pontes. É quando você sai de barco pelo estreito de Boca Chica que nota a exuberância desse conjunto de ilhas. Algumas delas tão pequenas que só cabe uma única casa.
Para ir à praia, escolhemos um daqueles passeios que tinha tudo para parecer armadilha para turista, mas que se revelou uma boa escolha: Majagua em Islas Rosário. Ai, já estamos no mar do Caribe, que apesar de não ter aquele azul bebê, é perfeito para mergulho e snorkel, com ótima visibilidade e bancos de corais cheios de surpresas. Aliás, esses são programas que recomendo fortemente.
Outros passeios interessantes apesar de bem turísticos são as ilhas Grande, Barú, Isla do Tesouro e a Isla Pirata. Todas elas fazem parte do Arquipélago del Rosário. Se quiser a experiência de dormir e passar mais tempo nesse paraíso duas boas opções são o Resort Gente de Mar e o Hotel San Pedro de Majagua, onde fiquei.
Mas o principal programa de Cartagena é mesmo explorar e viver as muralhas do forte. Aqui, turistas e nativos passeiam, namoram, brincam com tempo ou simplesmente sentam para ver o por do sol ao cair da tarde. Dos muros, dá para ver a cidade se mover num ritmo bem peculiar, doce e lento, que só os lugares mais interessantes podem ter.
Mas uma hora o sonho acaba e infelizmente é preciso pegar o avião de volta para casa. Devo confessar que nunca tive maiores fantasias com a Colômbia até vir parar aqui. Mas agora que a experiência se completou, posso dizer que conheci um pouco de um país muito bacana, que deixou belas impressões e a vontade de voltar algum dia.
PS: Coloquei mais fotos de Cartagena no meu Flickr; se a curiosidade bater, é só acessar.
Valeu, André! Brigadaço!
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300 comentários
Fotos maravilhosas!!! Acabo de acrescentar Cartagena à minha wishlist de viagens, obrigada pelo relato! 🙂
Sensacional, vou pra la em junho e ja estou ansioso!
depois do post sobre bogotá, fiquei ansioso esperando o relato do andré urso sobre cartagena. infelizmente, visitei a cidade antes de vê-lo publicado. ainda assim foi um prazer ler o texto agora – talvez até maior, por já ter referências. curioso q tive a mesma sensação de “ai, o q q eu tô fazendo aqui?” dentro do táxi q peguei no aeroporto, e, igualmente, só respirei aliviado ao passar pela muralha.
tendo resolvido viajar em cima da hora, ñ tive a sorte de conseguir hospedagem no centro antigo (nem de ir ao la vitrola, ao el santissimo ou ao 8-18, todos com reservas fechadas em todo o período q estive por lá). mas, se é q eu posso acrescentar algo sobre cartagena após esse texto deliciosamente escrito, posso recomendar como grandes prêmios de consolação o hotel capilla del mar https://www.capilladelmar.com (em bocagrande, com um quarto enorme avarandado e uma tremenda vista a partir da piscina, no último andar), assim como os restaurantes la cevicheria e juan del mar, ambos nas vizinhanças do sofitel santa clara.
valeu pelo post, andré!
e vê se pensa em escrever um blog pp 8D
Cartagena, está em a minha listinha!
Gostoso relato e magníficas fotos, parabéns, André U.!
Cartagena é mesmo uma beleza. Estive lá há muito tempo e fiquei hospedada no Tres Banderas, dentro da cidade amuralhada. https://www.hotel3banderas.com/index.php?newlang=spa
Simples, pero cumplidor. Não sei como estará agora, tanto tempo depois.
Fomos ao restaurante Santíssimo, mas naquele tempo ele não era tão santo assim. Era bem mais simples do que vi no site agora. Mas ainda me lembro que gostamos muito da comida e do lugar. Trouxemos até um cardápio de lembrança.
Saudades…!
Muito bacana… a Colombia está com tudo!
Relato e fotos lindas, muito legal!
Seguiremos para Cartagena em março! O relato vai ajudar muito a nossa viagem! Saudações.
Lindo relato, mais uma cidade prá wish list!