Amsterdã: bate-volta aos jardins e Van Goghs do Museu Kröller-Müller 1

Guia de Amsterdã

Amsterdã: bate-volta aos jardins e Van Goghs do Museu Kröller-Müller

Os habituês do Viaje na Viagem já conhecem o Andre L. das caixas de comentários: ele está sempre presente com informações quentes e opiniões incisivas.

O Andre foi o primeiro a falar aqui no blog dos moinhos de vento de Kinderdijk, perto de Roterdã, e da montanha Zugspitze, um excelente bate-volta desde Munique. Alguns de seus comentários são tão completos, que viram post (como este sobre andar de carro pela Europa), ou deveriam, como esta lista de do’s e don’ts em Milão ou este guia completaço para decidir seu passeio pelos fiordes noruegueses.

Entrada do museu Kröller-Müller, perto de Amsterdã

Desta vez ele divide com a gente uma dica bem especial sobre um parque/museu fora do radar comum para quem visita Amsterdã. Vai pelo Andre!

Texto e fotos | Andre L.

A 80 km a leste de Amsterdã, dentro do parque nacional Hoge Veluwe, fica uma das instituições culturais mais interessantes da Europa: o museu e jardim de esculturas Kröller-Müller.

É o melhor bate-e-volta cultural que você pode fazer a partir da cidade, na minha opinião. Morando na Holanda, visitei mais de 40 museus ao longo dos anos, e esse continua sendo o meu predileto no assunto artes plásticas em todo o país.

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Obra de Rodin no Kröller-Müller
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Lago no jardim de esculturas

Lá está a segunda maior coleção de Van Gogh do mundo, e também um extenso acervo de pinturas, gravuras e esculturas que inclui obras de Mondrian, Seurat, Gauguin, Picasso, Redon, Arp e outros mestres europeus do século 19 e da primeira metade do século 20.

Além disso, possui um gigantesco jardim de esculturas com mais de 40 obras, incluindo exemplares de Rodin, Wotruba, André Volten, Richard Serra, além de uma dezena de exemplares de Barbara Hepworth organizados em um pavilhão aberto de Rietveld, famoso designer do movimento De Stijl.

Não é apenas a constelação de nomes de artistas plásticos que torna o Kröller-Müller um lugar especial. Os prédios do museu, arejados, iluminados e com bonita vista, foram construídos dentro de um parque nacional, num local tranquilo e contemplativo.

O museu leva o nome de um casal de industrialistas holandeses que, tendo feito fortuna, compraram extensas áreas de terras (extensas para os padrões holandeses, quero dizer) e investiram, sob cuidadosa recomendação de curadores artísticos profissionais, na formação da coleção.

Ao falecer, a fundadora do museu doou as terras ao Estado e o museu ficou como seu impressionante legado. O resultado é um local inteiramente pensando em arte, sem afetações ou exageros, no melhor espírito comedido holandês.

Van Gogh do museu Kröller-Müller

A curadoria que assumiu o museu há 4 anos colocou a excelente coleção de Van Gogh em destaque na ala permanente. Todo ano montam exposições rotativas temáticas de Van Gogh, fazendo contrapontos interessantíssimos com seus contemporâneos, discípulos ou aqueles que sucederam o mestre.

O museu também tem um programa de exibições temporárias de arte moderna e contemporânea.

O tamanho do museu é sob medida: dá pra ir em todas as salas ao menos espiar o que lá está, se deter no que lhe chama a atenção, dedicar tempo aos quadros mais famosos na ala central, e quando você começa a ficar cansado, já acabou, e é hora então de ir à parte externa.

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Obra de Barbara Hepworth no Kröller-Müller
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Cantinho no jardim de esculturas

O jardim de esculturas já valeria a visita por si só, e para mim é o ponto alto de qualquer visita ao local. As obras estão dispostas entre lagos, pequenas colinas (algo muito raro no relevo holandês), campos e floresta.

É um lugar perfeito para se perder e ir descobrindo as esculturas e instalações (que permitem entrar, tocar, andar) espalhadas pela área.

As esculturas abstratas de Barbara Hepworth, por exemplo, fazem muito mais sentido quando expostas no pavilhão Riteveld, aberto aos elementos da natureza, do que apenas observadas em uma sala fechada.

O jardim ainda tem espaço para obras novas, e é um projeto em movimento. Longe de rodovias ou avenidas, é silencioso, perfeito para conversas despretensiosas entre uma atração e outra, para piqueniques nas áreas demarcadas, para deitar na grama ou simplesmente admirar todo o ambiente.

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Obras de Eugene Dodeigne

Nas visitas que fiz (foram várias), nunca vi o Kröller-Muller estar desconfortavelmente cheio, nem mesmo em finais de semana de julho e agosto (pico da alta temporada europeia).

O museu recebe 6 vezes menos visitantes que o Museu Van Gogh em Amsterdã, por exemplo. Assim, as filas para tudo são muito menores, e a experiência bem agradável.

Se você visitá-lo em um dia de semana entre outubro e março, vai ter todo o espaço que quiser.

Algumas de minhas visitas preferidas foram, de fato, no inverno, quando dá pra ficar minutos a sós em algumas galerias absorvendo o que vejo sem ninguém entrando na frente, sem ninguém esperando sua vez de chegar perto.

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Jardim de esculturas

Fora do museu, há bicicletas de uso gratuito para os visitantes, que podem percorrer as inúmeras ciclovias recreativas do Parque Nacional Hoge Veluwe.

A área tem uma vegetação arenosa temperada típica, que inspirou vários dos artistas cujas obras estão dentro do museu e muitos outros.

Apesar do nome imponente, o parque nacional é pequeno; a unidade onde se localiza o museu pode ser cruzada em menos de 20km de ponta a ponta.

Para saber antes de ir

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Jardim de esculturas

O museu abre de terça a domingo, das 10h às 17h (o jardim de esculturas fecha mais cedo, às 16h30). O ingresso combinado para o Museu Kröller-Müller e o Parque Nacional Hoge Veluwe custa € 18,60 (como o museu fica dentro do parque, não dá para visitar o museu sem pagar ingresso ao parque nacional).

Informações práticas

Se o tempo estiver instável no dia da visita, fique de olho no céu: se chegar lá e estiver sem chuva, aproveite para visitar primeiro o jardim de esculturas, e depois a parte indoor.

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Obras de Cornelius Rogge
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Obra de Cris Booth

Em dia de tempo bom, acho que o roteiro flui melhor começando pelo museu e terminando no jardim. Durante o verão, além do restaurante interno é montada uma lanchonete despretensiosa em uma área aberta.

O local é perfeitamente “visitável” com o eficiente transporte público holandês. Vindo de Amsterdã, é preciso tomar um trem Intercity até Ede-Wageningen (53min de viagem, € 14,40 — valor de setembro de 2017), e do terminal de ônibus ao lado da estação Ede-Wageningen um ônibus até Otterlo Rotonde (direção Apeldoorn), e por fim um mini-ônibus até o museu (35min de viagem, € 3,30 — valor de setembro de 2017).

A viagem total demora 1h35 desde a estação Amsterdam Centraal e as partidas são a cada hora (programe-se para pegar um trem próximo das 8h30 para aproveitar bem o dia).

As conexões do trem com o ônibus e do ônibus com o micro-ônibus são planejadas para funcionarem redondinhas, com poucos minutos de espera.

O micro-ônibus vai parar na portaria do parque e esperar todos os passageiros comprarem o seu ingresso e reembarcarem. Fiscais de trem e motoristas falam um inglês no mínimo básico e em geral bastante razoável.

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Caminho ao jardim de esculturas

Pode parecer confuso, mas o deslocamento é fácil: use o planejador de rotas de transporte público na Holanda 9292.nl (interface em inglês e/ou versão para Android/iOS disponíveis nas app stores).

Coloque o endereço do seu hotel como origem, “Kröller-Müller Museum” como destino e, voilà: toda a sua rota estará planejada já considerando todos os meios de transporte, plataformas de embarque, horários; levando em conta qualquer desvio, atraso, mudança no dia que for viajar.

Os trens e ônibus não tem reserva nem assento marcado e os preços das passagens são fixos.

Excursões de Amsterdã ao Kröller-Müller oferecidas em pacotes fechados em geral são caras, limitam o tempo no jardim de esculturas e incluem paradas pega-turista como lojas de porcelana e queijos — você trocaria duas horas apreciando a singeleza dos moldes de John Arp por duas lojas de bibelôs caros?

Em dia de tempo bom, você pode ir de ônibus só até Otterlo Rotonde, de lá fazer uma caminhada de 15 minutos (mais tempo se decidir fotografar a vila de Otterlo) até a portaria do parque, comprar seu ingresso e finalizar os últimos 4 km num agradável passeio de bicicleta.

As ciclovias ficam bem separadas das vias de carros e não é preciso usar capacete.

Dá pra fazer o inverso ao terminar a visita. As bicicletas do parque nacional podem ser deixadas em qualquer bicicletário dentro do parque, não é preciso se preocupar em devolvê-las no mesmo lugar onde as retirou.

Ao retornar a Amsterdã, se tiver pique, é possível terminar o dia em Utrecht (que já está na rota do trem, lockers disponíveis na estação), num pub à beira dos canais ou na praça perto da imponente catedral medieval, ambos a 10/15 minutos caminhando desde a estação.

Basta comprar passagem de Ede-Wageningen só até Utrecht Centraal. Quando quiser voltar, há trens para terminar a viagem até Amsterdã (22 min.) a cada 15 minutos, até pouco depois de meia-noite.

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Serviço gratuito

    Se estiver de carro, o acesso também é fácil. Fique atento à velocidade máxima, no entanto: há muitos radares nas proximidades do parque, incluindo os que medem velocidade média (60 ou 80) por um trecho longo. Não é preciso alugar carro só para fazer o passeio (o carro vai te dar trabalho na ponta de Amsterdã, para chegar e sair).

    Obrigada pelo relato espetacular, Andre!

    5 comentários

    No dia que fui visitar o Museu Van Gosh existiam duas filas, uma das filas era a fila da fila… foi impossível esperar. Mas! Consegui ver as pinturas do artista em Paris pelo menos.

    Enfim, ficou aquele sentimento de que preciso ir em Amsterdam resolver essa visita 🙂

    Ótimo post!

    Fizemos o parque nacional de bicicleta com filhos e netos que estavam morando em Wgeningen: maravilhoso! Acabamos chegando tarde ao Museu. Não sei se um dia voltaremos. Fica a lição: Planejar! Esse Andre L. é craque!

    Sou apaixonado por Van Gogh, e em minha segunda visita a Amsterdam fiz esse passeio. Tudo foi muito fácil mesmo. Os transportes funcionam azeitados. Dei sorte de pegar um dia lindo de sol. O Museu não estava cheio, e pude apreciar meus Van Goghs com toda a calma do mundo. Almoçamos no próprio museu, uma comida muito saborosa e por um preço bem justo, e depois fizemos um passeio tranquilo pelo maravilhoso parque de esculturas. Em minha próxima viagem a Amsterdam pretendo repetir a dose, pois devido à rotatividade do imenso acervo de Van Goghs, sempre haverá novidades a serem desbravadas. Indico esse passeio a todos os meus amigos que viajam pra Holanda, e a organização das informações no post vão ser muito úteis.

    Sou fã desse museu!!! Tb acho um dos melhores museus de esculturas que conheci! Equipara-se a Inhotim, só que com mais esculturas a céu aberto e mais próximas umas das outras. O dia lá será inesquecível e vale o deslocamento e o tempo investido! Achei o relato super completo e detalhado! Adorei a dica de parada na volta! Vou acrescentar na próxima visita! =)

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