De San Francisco a Los Angeles: a viagem da Evelyn

Golden Gate, San Francisco

Aí vai mais um super-relato da querida Evelyn, de Aracaju. Depois de presentear o site com todos os detalhes da sua viagem pelos vales do Reno e Mosel, na Alemanha , ela agora conta como resolveu o périplo que fez com sua mammy pela Califórnia, começando por San Francisco, pernoitando em Carmel e Solvang antes de chegar a Los Angeles (depois disso ela ainda foi pra Las Vegas). Estou começando hoje a fazer esta viagem, e já estou aproveitando as dicas. Vai pela Evelyn:

Evelyn & mammyDepois de uma looonga viagem, e de algumas malas perdidas, enfim eu e minha mãe chegamos à Califórnia. E a nossa maior recompensa foi sentir, logo de cara, o SUPER ALTO ASTRAL da cidade de San Francisco!

Para o planejamento em SF, foram extremamente úteis os blogs Hotel California (guia completo), Colagem (roteiro bem detalhadinho), MauOscar, Casos e Coisas da Bonfa, Viagens e Imagens, Mundo de Pensamentos, Área de Jogos da Adri, Viajando e Viajando, Uma Malla Pelo Mundo e Mikix.

Bom, após resolvermos as pendências com as malas – e registro aqui um elogio ao profissionalismo da United para tratar do problema –, pegamos um shuttle do aeroporto SFO ao hotel. O SFO tem muitas opções de shuttles, com preços variados. Escolhemos uma das empresas apenas porque ela oferecia cupons de desconto pela internet. Foi só mostrar os cuponzinhos impressos ao motorista para pagarmos somente US$12 por pessoa. Como éramos apenas duas pessoas, saiu bem mais barato que pegar um táxi, e quase o mesmo preço que o Bart (metrô), e com a vantagem de descermos na porta do hotel.

Aliás, essa dica dos cupons de desconto vale para qualquer destino nos EUA. Dá pra conseguir barganhas ótimas em shuttles, restaurantes, atrações… é só googlar “discount coupons” + o nome do destino, imprimir tudo e mostrar na hora de pagar.
Também é possível arranjar uns bilhetes de desconto em SF em uma revistinha gratuita que oferecem no centro de informações turísticas do próprio aeroporto. Além dos descontos, a revista funciona como um guia e é cheia de dicas.

Nos hospedamos no Prescott Hotel, pertinho da Union Square. A reserva foi feita no site Destinia, pelo valor de €440 por 5 noites, sem café da manhã, mas com internet inclusa, e achamos que valeu à pena. Ficaríamos lá de novo.

A região da Union Square é ótima para compras, e também é bem provida de transporte público. A gente se surpreendeu com a vida noturna da área, que apesar de central, é muito bem freqüentada e cheia de restaurantes, bares, clubes de blues e de jazz. E agora uma dica de compras: no último andar da Macy’s tem um centro de visitantes. Antes de começar as compras, passe lá e pegue um cartãozinho que dá 10% de desconto a turistas estrangeiros na compra de todo produto, em qualquer filial da Macy’s. Lá eles também são super solícitos para dar informações turísticas e, além disso, guardam suas sacolas, para você poder comprar mais à vontade (uma bênção!).

Depois de deixarmos nossas coisas no hotel, fomos andar pelo centro. Caminhamos até o Yerba Buena Gardens, e de lá ao SFMOMA (museu de arte moderna) para comprar o SF CityPass. Esse passe vale muito à pena, porque inclui diversas atrações e transporte público municipal (Muni), com exceção do metrô (Bart). Fazendo a conta na ponta do lápis, mesmo que você não visite todas as atrações inclusas, o CityPass compensa.

Em relação ao transporte de SF, ele é bastante eficiente, e dá pra chegar de ônibus ou bonde a todo lugar. Em contrapartida, o metrô (Bart) tem um percurso bem restrito, e confesso que acabamos não utilizando o Bart pelo fato de ele não estar incluído no CityPass.

Como a Chinatown de San Francisco fica pertinho do centro, fomos andando até lá. Ficamos impressionadas com a limpeza e organização da Chinatown de SF! Só o pórtico de entrada na Grant Avenue já vale a visita. Mas toda a arquitetura é muito bonita, e deve ser conferida de perto. As lojinhas de bugiganga são bem ajeitadas e, como em uma Chinatown que se preze, vendem aqueles souvenirs típicos por um ótimo preço.

No segundo dia, pegamos um bondinho na Market Street para o Fisherman’s Wharf. O interessante de pegar o bonde na Market St. é ver o cable car turn around, que é o ponto onde os bondinhos invertem o sentido. O procedimento é bem original, porque o bonde gira em um disco de madeira antigo, empurrado pelos funcionários.

Chegando ao Fisherman’s Wharf, andamos até a Girardelli Square, apreciando a vista da Golden Gate Bridge, e aproveitamos para comprar uns chocolates na lendária loja da Girardelli com nossos cupons de desconto.

Na praça, pegamos novamente um bonde (lá também tem o cable car turn around!), dessa vez para chegar à parte de cima do trecho todo curvo da Lombard Street. Nessa área os bondinhos são indispensáveis, porque as ladeiras são inacreditavelmente inclinadas.

Descemos a sinuooosa Lombard Street caminhando por entre os canteiros e aproveitando a vista da baía, e depois continuamos ladeira abaixo de volta ao Fisherman’s Wharf, em direção ao Píer 39. Almoçamos no Bubba Gump Shrimp Co. (lembram-se de como Forrest Gump ficou milionário?). Adoramos essa rede, que apesar de super turística, é cheia de originalidade, e a comida é sempre saborosa. A vista das mesas para a baía é esplêndida.

Mas não é só o Bubba Gump que é turístico. Todo o Fisherman’s Wharf é lotado de gente de todo lugar e, por isso mesmo, é cheio de atrações “pega-turista”. Mas nem por isso deixa de ser agradável. No próprio píer 39, pegamos um barco da Blue & Gold para fazermos um passeio de uma hora pela baía (incluso no CityPass). O passeio é bem legal porque proporciona uma vista panorâmica de SF, da Golden Gate e ainda passa bem rente à ilha onde fica a famosa e hoje desativada prisão de Alcatraz. Só de passar perto já deu pra sentir a aura pesada do lugar, e como conseguimos visualizar bem o prédio, desistimos de fazer o passeio guiado a Alcatraz, que estava planejado para o dia seguinte.

Leões marinhos em Fisherman's Wharf, San Francisco

Outra grande atração do píer 39 é a aglomeração dos engraçadíssimos leões marinhos, que ficam o tempo inteiro se engalfinhando por um lugar ao sol na madeira do píer. Muito divertido observá-los. Fomos também ao Aquarium of the Bay, mas só porque estava incluso no CityPass. O aquário é legal, mas simples.

Do Fisherman’s Wharf, andamos até o Ferry Building Market Place, que tem um mercado bem legal de produtos originais (queixos, vinhos, orgânicos…), além de ser muito bonito e ter uma vista boa para a Bay Bridge. Alerto que esse trajeto também pode ser feito de bondinho, o que eu aconselho, por ser menos cansativo, especialmente se você estiver cheio de sacolas com bugigangas do Fisherman’s Wharf!

No nosso terceiro dia em SF, pegamos um bondinho até Castro, o bairro onde o movimento gay ganhou força e notoriedade. A principal rua é a Castro St., na qual se situa o Castro Theatre (linda entrada), e também a casa onde morou Harvey Milk (já viram o filme com Sean Penn?), símbolo e principal ativista do movimento. O bairro é super descontraído, cheio de lojas legais e decorado com as bandeirinhas do movimento gay. Infelizmente nesse dia não pudemos passear muito por Castro, porque o céu estava literalmente desabando de tanta chuva. Decidimos parar de lutar contra o clima, e optamos pela prática de atividades indoor.

Assim, voltamos à Union Square e nos dedicamos às compras. Uma dica de restaurante no centro é o Lori’s Diner, que é todo personalizado no estilo dos anos 50 e é ótimo para almoçar. Aqui também valem os cupons de desconto.

O dia seguinte amanheceu ensolarado. Pegamos então um bonde até o Civic Center (bonito!) para bater umas fotos. Essa região é cheia de moradores de rua, pedintes e loucos, mas em nenhum momento nos sentimos ameaçadas.

De lá pegamos um ônibus até a Alamo Square, onde ficam as fofas Painted Ladies, casinhas originais em estilo vitoriano. A Alamo Square, na verdade, parece um parque arborizado, e é bem agradável. Como ela fica em um local alto, a vista da cidade que se estende por trás das Painted Ladies é bem bonita.

Da Alamo Square, caminhamos até a Haight Street, que dá no Golden Gate Park. Essa caminhada é longa, mas vale super à pena, porque a região é bem bonita, cheia de lindas casas vitorianas. Nos trechos da Haight St. mais próximos ao Golden Gate Park a paisagem muda completamente, e dá lugar a casas com pinturas de grafite bem coloridas e lojas beeeem alternativas, cheias pessoas e produtos exóticos, com muita apologia ao movimento hippie e outros ícones menos ortodoxos. Um passeio divertido!

Ficamos encantadas com o Golden Gate Park logo na entrada pela Haight St., onde tem um playground muito fofo pra crianças que simula a areia e as ondas do mar. Garanto que não fomos as únicas pessoas adultas a tirar fotos nesse playground!

Continuando pelo Golden Gate Park, que é enooorme, chegamos até o Conservatory of Flowers. A fachada é muito bonita, com um relógio de flores, e para quem gosta de botânica em geral, vale à pena pagar a entrada (US$7) para ver a (linda!) estufa de vidro com plantas e flores do mundo todo.

Prosseguimos então até a California Academy of Sciences (entrada inclusa no CityPass), que é um museu de história natural espetacular. Além dos tradicionais esqueletos de dinossauros e réplicas de animais, ele tem um aquário de arraias com passarelas e também o IMPRESSIONANTE Rainforests of the World.

O Rainforests of the World é um globo bem grande que simula florestas tropicais do mundo inteiro. É cheio de animais vivos e, à medida que se sobe pelas passarelas, você vai vendo borboletas voando soltas, que chegam inclusive a pousar nos visitantes. De lá de cima, você pega um elevador panorâmico, que desce da copa das árvores, até passar por dentro do aquário lá embaixo. Nesse ponto a pessoa sai do elevador para se deparar com um tubo de acrílico transparente que atravessa o aquário. Fantástico! Você realmente tem a sensação de estar dentro do rio/mar com os peixes. Para nós, uma das melhores atrações de SF!
Almoçamos no Academy Café, que fica em frente ao globo das florestas tropicais. Esse café bem diferente. Pra começar, tudo, absolutamente tudo que eles oferecem é orgânico e bem saudável. O restaurante é enorme, e funciona como uma espécie de buffet. Na entrada, você pega uma bandeja, e vai parando nas diversas “estações”. Cada uma delas é especializada em algum tipo de comida. Tem a parte dos sanduíches naturais, dos tacos, dos cafés orgâncos, das sobremesas etc. Enfim, há bastante opção de comida. No final, é só pagar pelos itens escolhidos no caixa, escolher uma das mesas e apreciar o lanche.

Saindo da California Academy of Sciences, fomos ao De Young Museum logo em frente, mas não entramos nele, só subimos na (altíssima) torre de observação. A subida é gratuita, e a vista da cidade é bem bonita.

Pertinho do De Young, está o Japanese Tea Garden (bilhete pago à parte). Esse jardim é belíssimo, e também vale a visita.

Em um ponto próximo ao Japanese Tea Garden, dentro do próprio parque, dá pra pegar um ônibus até o Vista Point, no Presidio Park, que também é enorme. O Vista Point, além de possibilitar o acesso de pedestres à Golden Gate Bridge, tem vários mirantes de onde se pode admirar a ponte. O local é cheio de canteiros e bem fotogênico.

Depois de andarmos pelo Vista Point e pela Golden Gate, pegamos a mesma linha de ônibus que nos havia trazido, mas dessa vez prosseguindo até o Palace of Fine Arts, ainda dentro do Presidio Park.

O Palace of Fine Arts é outro local agradável para se passear. A partir dele, caminhamos até a praia, de onde se tem uma visão, em outro ângulo, da Golden Gate. Também dá pra visualizar a agradabilíssima região do Marina’s District. Da praia, retornamos ao Palace of Fine Arts para pegar um ônibus até o cruzamento da Chestnut St. com a Fillmore St. Essa área tem um comércio ótimo e de bom gosto, dá pra achar de tudo lá.

Na Chestnut St., subimos em outro ônibus e retornamos ao Fisherman’s Wharf para comer a típica e famosíssima clam chowder (sopa de mariscos servida dentro de um pão italiano) na Boudin. A Boudin é uma padaria super interessante, porque vende uma série de produtos estilizados. Os que mais chamam a atenção são os pães em formatos inusitados como caranguejos, tartarugas gigantes, e por aí vai…

No nosso quarto e último dia “útil” em SF, alugamos um carro na Avis (previamente agendado por telefone aqui no Brasil) para percorrer o Napa Valley, a principal região vinícola da Califórnia, que por sua vez é o Estado dos EUA que mais se destaca na produção de vinhos, alguns dos quais são classificados como os melhores do mundo. Para esse passeio foram essenciais as dicas dos blogs MauOscar (guia completo e simplesmente perfeito!), Viajar e Pensar, Área de Jogos da Adri e Mikix.

Infelizmente o tempo estava péssimo, então acabamos saindo bem tarde em direção à cidade de Napa (nosso eterno azar com vinícolas!). Chegando a Napa, fomos direto ao centro de informações, para obter algumas dicas de promoções.

Como já era quase meio-dia, pegamos a Highway 29, estrada que concentra boa parte das vinícolas mais renomadas do Napa, e paramos para almoçar no Wine Spectator Greystone Restaurant em Santa Helena (dica do blog Área de Jogos da Adri). Esse restaurante funciona em uma faculdade de gastronomia, um prédio belíssimo, todo de pedra. A comida é sensacional, e com preço bem camarada, especialmente se for levada em conta a qualidade dos pratos. E eles são preparados na sua frente, pois a cozinha é aberta, no meio do restaurante. Interessantíssimo! Recomendo inclusive que se chegue cedo, ou que se reserve mesa, pois ao meio-dia a fila de espera por uma mesa era imensa, e para não perder tempo, optamos por almoçar no bar! Ainda assim, adoramos.

Depois de almoçarmos, voltamos pela Highway 29 até o Rubicon Estate, a vinícola de Francis Ford Coppola (detalhe: estamos quase certas de que vimos Coppola em pessoa caminhando em vinhedos próximos ao estacionamento!).  Adoramos percorrer a Highway 29, por esta ser uma estrada bastante panorâmica, rodeada de vinhedos e pés de mostarda, que também é outro produto abundante na região. O mais especial é que agora em março era a época da colheita do grão, então os vinhedos estavam lindos, entremeados pelas flores amarelinhas dos pés de mostarda.

Infelizmente não visitamos nenhuma outra vinícola além da Rubicon Estate, pois já estava tarde, e ainda tínhamos muito caminho de volta. Ficamos então com uma pequena noção do Napa Valley, mas sem conhecê-lo a fundo. Como falei, essa foi uma manifestação do nosso velho azar em passeios por vinícolas.

Na volta a SF, tivemos novos imprevistos em função do clima. Passamos por um letreiro luminoso que alertava sobre inundações na pista, e recomendava pegar uma entrada para outra estrada até SF. Nesse momento, não tínhamos muito tempo para refletir, pois estávamos em uma pista, e ninguém ali anda devagar! Com medo de nos perdermos, decidimos seguir o caminho indicado pelo GPS, não obstante o aviso. Ao chegarmos mais à frente, a estrada havia simplesmente inundado por causa do grande volume de chuva, e estava interditada, conforme alertado pela placa. Como a região estava sem movimento (não havia um ser humano por perto!), nos batemos um pouco até pararmos em um posto e pedirmos informações sobre uma rota alternativa até SF. Desligamos o GPS, que insistia em nos levar pelo caminho bloqueado (afinal, ele era o mais curto), e fomos seguindo as informações dadas, mais as placas. Nesses momentos, a gente se dá conta de quão importante é obedecer à sinalização, e não confiar cegamente no GPS.

Mas o arrodeio até SF se mostrou bastante proveitoso, pois passamos por estradas super panorâmicas que cortam o Sonoma Valley, outra região que se destaca na produção de vinhos. Depois de conseguirmos retomar o percurso até SF, e já com o GPS ligado, seguimos até Sausalito, uma cidadezinha litorânea, pequena e bem bonitinha do outro lado da baía. Passeamos um pouco e retornamos a SF, atravessando a Golden Gate Bridge. Atravessar a Golden Gate foi, para nós, uma ótima despedida de San Francisco, cidade que nos encantou e nos conquistou!

Uma informação adicional sobre estradas: andamos bastante pela Califórnia, e o único percurso em que pagamos pedágio foi esse do Napa Valley. Pelo que percebemos, os pedágios estão relacionados não às estradas, e sim às pontes. Só cobraram pedágio na Bay Bridge, na Golden Gate, e em outra ponte cujo nome não lembro. Os valores giravam em torno de US$5 ou US$6. E uma dica de estacionamento próximo à Union Square: na Stockton St. (no trecho entre a Bush St. e a Sutter St.) tem um estacionamento gigante que cobra preços bem razoáveis pelo pernoite, tendo em vista que estacionamento nessa área não é nem um pouco barato!

No dia seguinte (ensolarado!), partimos de SF pela Highway 1 em direção a Monterey. A Highway 1 é uma estrada que beira o Pacífico na maior parte do tempo, e tem um trecho considerado como um dos mais panorâmicos do mundo, conhecido como Big Sur. O trecho de Big Sur começa depois da cidade de Carmel-by-the-Sea e vai até San Simeon. Blogs que foram uma “mão na roda” para o planejamento dessa parte da viagem: Uma Malla pelo Mundo, Área de Jogos da Adri, Aprendiz de Viajante, Viajando e Viajando e Mikix.

Apesar do trecho de Big Sur, como falei, só começar em Carmel, decidimos pegar logo a Highway 1 a partir de SF, mesmo esse não sendo o caminho mais curto até Monterey. E essa se mostrou uma decisão acertada, pois a estrada já é linda a partir de SF. Tem todo aquele visual de penhascos à beira do Pacífico. A gente não conseguia parar de pensar: “se a Highway 1 já é tão bonita aqui, imagine no trecho de Big Sur, que é o mais famoso e o mais fotogênico?”.

Chegando a Monterey, estacionamos na San Carlos Beach (vista bonita do oceano) e fomos de lá andando até a Cannery Row, uma rua com uma histórica fábrica de sardinhas desativada, e hoje cheia de lojinhas e restaurantes.

Saímos de Monterey para pegar a 17-Mile-Drive, que é outra estrada famosa por sua beleza. Na entrada da 17-Mile-Drive, você paga na faixa de US$10 por carro, e ganha um mapinha bem didático, explicando a história de todos os pontos de parada. Na verdade toda a 17-Mile-Drive é auto-explicativa. É só seguir as placas indicando os mirantes, todos numeradinhos de forma bem organizada. A 17-Mile-Drive é tãaao linda, que a gente não resistiu e parou em todos os mirantes. O conjunto da paisagem de ciprestes + penhascos + oceano é perfeito! A cada curva, a gente se deparava com um cenário mais bonito que o outro.

A 17-Mile-Drive termina em Carmel-by-the-Sea. Realmente, não existiria lugar mais conveniente para uma estrada tão espetacular terminar. Carmel é muito fofa e muito linda, uma cidadezinha encantadora à beira-mar. Em uma hora é possível conhecer Carmel, porque ela é pequenininha, mas a graça é justamente ficar perambulando por suas ruas, cafés e lojinhas. Não foi à-toa que Clint Eastwood quis ser prefeito de lá!!!!! E mais: Carmel é totalmente “pet-friendly”. Os animais de estimação são verdadeiros cidadãos! São admitidos na maioria das lojas, e os cafés e padarias vendem biscoitinhos próprios para o consumo dos bichos! Na porta de várias lojas tem potinhos de louça bem fofos com água, para os mais sedentos se saciarem! Acho que o sonho de todo cão de estimação é viver em Carmel!

A gente se hospedou no Carmel Village Inn. Esse hotel é super bem localizado e custou apenas US$69 por uma noite, com internet, estacionamento e café da manhã inclusos (promo no site Booking.com). Um verdadeiro achado em uma cidade tão cara para se hospedar como Carmel.

Era cada vez maior a nossa satisfação por estarmos nessa cidade, ainda mais porque o dia estava lindo, bem ensolarado! No entanto, os incidentes climáticos dos dias anteriores nos trouxeram uma nova contrariedade. Meio por acaso, descobrimos, com pesar, que houve grandes deslizamentos na Highway 1, exatamente no trecho de Big Sur, e ela se encontrava fechada (as fotos com a pista desmoronada no meio do penhasco eram chocantes!). Sim, depois de meses e meses sonhando, devaneando com a Big Sur, não poderíamos conhecê-la. A pista só seria reaberta em duas semanas, e algumas cidades ainda estavam meio isoladas do resto do mundo!

Depois de alguns momentos de consternação, enfim nos consolamos (bola pra frente, né?), e fomos checar a procedência da informação na internet. E deixo a dica pra quem for viajar de carro pela Califórnia: o site da Caltrans, que cuida do sistema rodoviário da Califórnia, é extremamente eficiente e atualizado. É só digitar o nome da pista, que ele informa tudo que está ocorrendo, como obras, trechos interditados, datas de reabertura e demais informações úteis. Consultando esse site realmente assimilamos que não daria pra conhecer a Big Sur. E a gente deu graças a Deus de ter pego a Highway 1 de SF a Monterey, porque pelo menos deu pra ter uma noçãozinha leve de como seria a Big Sur. Essa frustração, adicionada à do Napa Valley, se transformou no clichê de que “pelo menos temos motivos de sobra para voltarmos à Califórnia”. Na verdade, gostamos tanto do Golden Estate, que eu poderia fazer uma lista infinita de razões para retornar!

No dia seguinte, já consoladas, partimos para Solvang, mas não pela Big Sur, e sim pelo caminho mais curto, pegando a freeway. E chegamos rapidinho, ao meio-dia.

Highway na Califórnia

Solvang é uma cidadezinha peculiar dos EUA, por ser de colonização dinamarquesa e sua arquitetura lembrar em tudo vilarejos europeus. Tem até moinhos! Muito fofa! Nosso hotel foi o Holliday Inn Express Solvang, que custou US$149,68 por uma noite (site Hoteis.com) com café da manhã, internet e estacionamento. Gostamos bastante.

Solvang é outra cidade “pet-friendly”. Acreditam que os bebedouros públicos também têm uma torneirinha exclusiva para os bichos de estimação? Basta que a pessoa acione o botão da torneirinha de baixo, e o animal simplesmente beberá água junto com o dono!

Como Solvang está incrustada na região vinícola do vale de Santa Ynez (lembram onde se hospedaram os protagonistas de Sideways?), a cidade é cheia de lojas especializadas em vinhos e degustações.

Infelizmente não tivemos tempo algum para explorar o vale, porque só passamos uma tarde e uma noite em Solvang. Mas achei interessantíssimo saber da existência, em Solvang, de um ônibus do tipo hop on hop off que passa pelas vinícolas da região. Muito prático, né? Talvez seja a solução perfeita para quem sempre passa pelo dilema degustação em vinícolas X direção automobilística. Como falei, motivo é o que não falta para retornarmos à Califórnia.

Deixamos Solvang pela manhã, em direção a Santa Bárbara, uma cidade litorânea super aprazível. Fomos até o shopping Paseo Nuevo (todo a céu aberto), andamos pela State Street, que é bem gracinha e cheia de lojinhas legais, e caminhamos um pouquinho pela orla. Fomos de carro até a Old Mission Santa Barbara, a parte mais histórica (visual bonito por causa das montanhas) e depois partimos em direção a Los Angeles. Mas antes de LA, uma parada estratégica para compras no Camarillo Premium Outlets (dica geral sobre outlets: antes de começar as compras, vá atrás das revistinhas de descontos disponíveis no centro de visitantes. Dá pra arranjar muita barganha).

De Camarillo, pegamos uma estrada até Malibu, passando pelos Malibu Canyons, e depois fomos beirando o Pacífico, até Santa Monica, e prosseguimos até Venice, onde ficava nosso hotel.

Tivemos bastante dificuldade para achar hotéis em áreas aprazíveis de LA que cobrassem um preço justo. Os preços de hospedagem estavam exorbitantes, mesmo em hotéis bem moquifentinhos. Diante disso, decidimos usar pela primeira vez o Hotwire. Pra quem não conhece, o Hotwire é um site de reservas em que você fecha o hotel às cegas, sabendo apenas a região onde ele fica e os serviços e comodidades que ele oferece. Geralmente se consegue reservar quartos em hotéis muito bons, luxuosos até, por preços bem menores que os usualmente cobrados.

Queríamos um hotel em Santa Monica, e no Hotwire conseguimos achar um nessa área por um preço bem convidativo, e com boas notas no Tripadvisor. Mas a gente se passou em um detalhe: a área de Santa Monica no Hotwire também incluía Venice, onde nós NÃO queríamos nos hospedar de jeito nenhum. E pela lei de Murphy, nosso hotel calhou de ser exatamente lá, em Venice. Infelizmente não nos adaptamos ao sistema do Hotwire. Conhecemos pessoas que sempre usam e se dão super bem, mas conosco não deu muito certo, talvez por inexperiência nossa. Preferimos os sites mais “convencionais”, em que você sabe exatamente o que está comprando.

O Hotel Erwin fica bem no miolo de Venice. Para quem quer ficar nessa cidade, não tem localização melhor, realmente. O hotel é bom, confortável, moderno, e de fato pagamos bem menos do que o que ele cobra normalmente (US$383,08 por 3 noites, com taxas). Mas a internet e o estacionamento não estavam inclusos, e custavam caro. O café da manhã também era cobrado à parte.
Venice não é apenas uma cidade “descolada”. Ela é beeeeem alternativa, alternativa meeeesmo. O calçadão é cheio de moradores de rua e pessoas bem peculiares, que vivem de artesanato e em um estilo bem “hippie”, e muitas vezes parecem estar sob efeito de substâncias “obscuras”. Mas não tem como não rir com as presepadas que eles fazem para atrair a atenção dos passantes.

Esse calçadão, o Ocean Front Walk, vai até o Píer de Santa Monica, e é muito legal de ser percorrido, especialmente de bicicleta. Ele tem muita estrutura esportiva, com áreas próprias pra praticar escalada, andar de skate, academias que funcionam ao ar livre etc. É um bom lugar para se apreciar o pôr-do-sol. Mas mantenho a opinião de que Venice é uma cidade para se passear, e não para se hospedar.

Nos arredores da Dell Avenue, ficam os canais que originaram o nome da cidade. É uma região residencial bem bonitinha, as casinhas ficam à beira dos canais, com barquinhos, pontes… A área é super tranqüila, quase não tem movimento, e não lembra nem de longe a “loucura” do calçadão.

No outro dia, fizemos nossa primeira incursão à gigante LA. Los Angeles não parece uma cidade propriamente dita, mas sim um conglomerado de cidades menores ligadas por auto-pistas de várias faixas e anéis, sempre entupidas de carros. Na verdade, LA é difícil de descrever. E não consigo imaginar um outro meio para se locomover em LA que não seja o automóvel.

O primeiro ponto visitado foi o Getty Center. Esse museu é, em si, uma obra de arte. Tem uma arquitetura bem impressionante, e fica no alto de uma colina, de onde se tem uma vista bem bonita. Ele não cobra entrada, só o estacionamento (US$15 por carro), o que é justo. Do estacionamento, os visitantes pegam um trenzinho bem moderno até o topo, onde fica o museu. Acredito, inclusive, que só se tem acesso ao Getty Center por esse trem.

O museu é enorme, cheio de anexos e passarelas. Há muitas obras de arte expostas ao ar livre, e a parte externa é tão ou mais interessante que a interna. Os Getty Gardens são incríveis. E a vista, de qualquer ponto do museu, é sempre espetacular. Só o exterior do Getty Center já satisfaz.

Do Getty Center, pegamos o caminho de volta e passamos a tarde em Santa Monica. Deixamos o carro em um estacionamento embaixo do píer. Pra variar, almoçamos no Bubba Gump Shrimp Co., que também tem filial em Santa Monica. Depois do almoço, passeamos pelo píer, pela orla e pela Third Street Promenade. No fim do dia, retornamos ao hotel.

No outro dia, nos encaminhamos a Los Angeles Downtown. A primeira parada foi no Echo Park, que é grande e bem bonito, com um lago e muita área verde, e oferece uma vista legal dos arranha-céus da área central. Do Echo Park, fomos até o Disney Concert Hall, que tem uma arquitetura bem bonita. Infelizmente nos conformamos com a vista panorâmica, porque os estacionamentos próximos cobravam preços extorsivos que não estávamos nem um pouco dispostas a pagar.

Prosseguimos então até o Griffith Park Observatory, que é um observatório astronômico localizado em uma colina bem alta. Mas não fomos até lá para visitar o observatório, e sim para apreciar a vista de LA, sob um novo ângulo, e também ver mais de perto o letreiro de Hollywood. Para quem tiver disposição, é só se embrenhar pelas estradas do Griffith Park subindo as Hollywood Hills, a fim de ter uma vista ainda melhor do letreiro. Nós ficamos satisfeitas em vê-lo do observatório.

A próxima parada foi a Hollywood Boulevard, a avenida em que se situam a Calçada da Fama, o Chinese Theatre (antigamente o Oscar acontecia lá) e o Kodak Theatre (onde atualmente ocorre o Oscar).Eles ficam praticamente um ao lado do outro. Que a Hollywood Boulevard era uma grande muvuca, nós já sabíamos. Muitas pessoas perambulando, várias lojas de bugigangas, gente fantasiada pra tirar foto com turistas em troca de uma moedinha etc. Mas o que realmente nos surpreendeu foi a falta de glamour da entrada do Kodak Theatre. Parece um shoppping bem desorganizado! Tem lojas e tudo mais. Eles realmente conseguem “maquiar” aquilo ali na noite do Oscar!

Ainda assim, pagamos pelo passeio para ver o teatro por dentro (dica: passem antes no centro de informações turísticas, que fica na porta do teatro, porque eles dão cupons de desconto!). O tour por dentro do teatro valeu à pena, e atenuou um pouco a má impressão que tivemos na entrada. O guia dá várias informações interessantes. Inclusive, estão montando no palco do Kodak Theatre uma super produção do Cirque Du Soleil sobre a história de Hollywood. No futuro então essa área vai ter mais uma atração.

Dica de estacionamento barato em Hollywood: na Hollywood Boulevard, no mesmo trecho dos teatros, tem um shopping com um estacionamento bem grande. Mas a entrada dos carros se dá por uma rua lateral, bem discreta. Esse shopping foi para nós um achado, porque não nos estressamos com o problema de vagas na caótica Hollywood Boulevard.

Deixando a bagunça da Hollywood Boulevard, fomos a Beverly Hills, que fica colada em Hollywood. Passamos no Beverly Center, que é um shopping sem maiores atrativos, em nossa opinião. Depois fomos à Rodeo Drive, uma das ruas mais luxuosas do mundo (lembram as humilhações sofridas por Julia Roberts em Uma Linda Mulher?). Passeamos por lá rapidinho e retornamos ao hotel já de tardezinha.

Apesar das diversas críticas negativas que lemos sobre LA antes da viagem, nos surpreendemos com a cidade. Acho que esperávamos tão pouco dela que no final conseguimos fazer programações bem legais como o Getty Center, o Echo Park, o Griffith Park e até o tour pelo Kodak Theatre, que no final se mostrou interessante. Tá certo que não ficamos apaixonadas por Los Angeles, mas até que ela superou nossas expectativas.

Enfim, chegou a hora de nos despedirmos da Califórnia. No nosso último dia lá, pegamos estrada novamente, dessa vez em direção a Las Vegas. Decidimos ir de carro até a Sin City porque o dia extra não alterava em nada o preço do aluguel. Como a gasolina nos EUA não é cara, valeu bem mais à pena do que pegar um vôo (especialmente levando em conta que pagaríamos excesso de bagagem no vôo interno). Em quatro horas, já estávamos em Vegas!

Dica final: a Avis não cobra taxa de devolução em Vegas, desde que você devolva o carro na loja do aeroporto, e não na Strip.
Depois desse relato tão longo, só me resta agradecer a toda a equipe do VnV (Riq + Bóia), bem como a todos os trips e blogueiros por todas as informações e dicas prestadas.

Reservo um agradecimento especial a Gabriel Dias do (essencial!) site Falando de Viagem, que de forma muito paciente e atenciosa me ajudou com o meu roteiro em Vegas!

*PS: Riq, boa viagem!!!!!!!!

Obrigado, Evelyn! Detalhadíssima, como sempre!

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108 comentários

Vou fazer esta viagem em setembro. Ajudou D+++++. Obrigada!

Ai, que legal ver meu relato aqui!!!!!
Obrigada a todos!!!
Riq, tou ansiosa pelos seus posts sobre a Califórnia!!!
Vou viajar de novo!
Grande beijo!

    Evelyn, que legal que as minhas dicas lá na Area de Jogos ajudaram a sua viagem a ser tão especial! Tamos às ordens!

Detalhadissimo..

Fico feliz em saber que as nossas dicas fora úteis o planejamento da sua viagem 😀 Como comentei anteriormente, uma pena que vocês pegaram o tempo ruim lá em Napa.. Esta viagem que fizemos em Setembro do Ano passado foi incrivel, acho que uma das melhores que já fizemos.. Estamos considerando seriamente a possibilidade de voltar à Califórnia pela terceira vez para fazer todo o trajeto da Hgw 1 a qual tivemos a chance de fazer somente de San Francisco até Santa Cruz.. A Califórnia é o máximo… Na minha opinião o melhor estado dos EUA.. Para ser perfeito poderia ser Tax Free como Delaware, não ter terremotos e ter gasolina mais barata 😀
Riq e Nick aproveite bastante a viagem!!!!

Excelente roteiro! 😀

Gostei especialmente da sugestão de caminhada entre a Alamo Square e o Golden Gate Park, algo que gostaria muito de ter feito — mas sempre vai ter a próxima vez, como a Evelyn bem destacou…

O fato é que, com carro alugado (como é usual nas viagens pela região) acabamos restringindo os deslocamentos a pé… Se ajudou contra o frio, perdemos muito da percepção da cidade. E, sem “precisar planejar” os passeios, senti também que às vezes andávamos de modo meio errático — e a cidade não é pequena pra ficar perdendo tempo em deslocamentos.

Enfim, percebemos (tarde) que, diferente de LA, em San Francisco teria sido melhor NÃO ter carro. Mas na próxima… 😉

San Francisco, minha ex cidade. Saudades de lá e dos amigos. Só uma dica, NUNCA deixem de ir a Alcatraz, o passeio é uma surpresa ótima. Não adianta ver a ilha de longe, tem que ir lá e entrar, pq vcs terão boas surpresas. Vale muito à pena!!! SForever…

AAah! Não vejo a hora de voltar para San Francisco!

Que legal! Eu ainda nao fiz essa viagem pela Highway 1 e sou louca pra fazer, e Napa…ai ai…

Fiquei feliz que o bloguinho ajudou no planejamento 🙂

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