Toscana de carro: um dia entre Cortona, Arezzo e Lucignano
Depois de conquistada sucessivamente por úmbrios, etruscos, romanos, godos, napolitanos e florentinos, a bela cidade de Cortona, na divisa da Toscana com a Úmbria, viu-se nos últimos anos novamente invadida: desta vez, por leitores de Frances Mayes.
A autora de Sob o sol da Toscana — e de uma estante inteira de bem-sucedidos spin-offs — transformou sua Cortona numa parada inegociável no circuito italiano de gente de toda parte do mundo.
Mas dona Frances não exagerou nada: a cidadezinha é um encanto, e vale quanto tempo você quiser ou puder dedicar a ela. Cortona pode servir como base para se aventurar pela Úmbria (Città di Castello, Gubbio, Perugia, Assis) e até por Le Marche (Urbino deve ser um gioiello!).
Pode render um dia completo de peregrinação pelos lugares (e em busca dos personagens) que você já conhece dos livros.
Mas, se você não fizer questão de examinar cada mural de Signorelli nem de subir até Bramasole (a casa de Ms. Mayes), pode incorporar Cortona a um passeio de um dia pelo vale do rio Chiana — Valdichiana, para os íntimos. Foi o que eu fiz.
Lucignano + Cortona + Arezzo: P | M | G
O interessante deste roteiro é que você tem, no mesmo dia, a experiência de passar por três cidades de portes diferentes. Lucignano é aquele vilarejo piccolino, fora do circuitão. Cortona é uma cidadezica já um pouco maior, que se esforça para manter sua personalidade mesmo tendo se tornado ímã turístico. E Arezzo é uma cidade quase grande, que já não existe mais apenas em função do seu centro histórico.
Saindo de Siena ou de Florença, o roteiro completo dá cerca de 200 km. Calcule umas três horas de estrada (a maior parte dos deslocamentos é por autopista). Na caminho de volta é possível dar uma paradinha no outlet Valdichiana (se você está voltando para Siena) ou no outlet Space, da Prada (se você está voltando para Florença).
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Lucignano, La Perla Della Valdichiana
A pequena Lucignano (diga: Lutchinháno) não entrou por acaso no roteiro, não. Eu tinha ficado de olho nela pelos elogios que dona Frances lhe pespegou em Every day in Tuscany, um dos mais recentes a sair do seu forno toscano.
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O que faz de Lucignano um vilarejo único é o seu traçado urbano elíptico, com vielas intramuros que vão avançando à praça central em anéis concêntricos, como num labirinto (mas com servidões que permitem cortar caminho).
Ali aconteceu comigo aquilo que, na sua viagem, vai acontecer num outro lugar: a Grande Surpresa, o momento Nossa-Nunca-Imaginei-Que-Fosse-Tão-Tão-Tão-Nem-Sei-Dizer.
O fato de, naquela manhã ensolarada do meião de outubro, não haver nenhum outro turista no vilarejo além da gente, também contribuiu para o deslumbre. Resultado: o lugar mais fotografado do dia. Brigadinho, dona Frances…
Como chegar em Lucignano de carro
Lucignano está a 47 km de Siena, pela E-78 e a 88 km de Florença, pela A-1.
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Cortona, sob o sol da Frances Mayes
Não foi Frances Mayes quem pôs Cortona nas alturas. Sempre esteve: é preciso vencer uma elevação de 600 metros, serpenteando morro acima, até chegar à sua entrada.
De lá de cima você contempla não apenas a Valdichiana, mas também a igreja de Santa Maria delle Grazie al Calcinaio (que me soa como Santa Maria das Graças da Futebolada, mas deve ser outra coisa, ha).
A ruela de entrada é a única totalmente plana da cidade (por isso o nome em dialeto local, Ruga Piana). O comércio é charmoso, com lojas mais interessantes do que as que você encontra em San Gimignano ou Pienza (palmas para o turismo literário!).
A Ruga Piana vai dar na praça — que é um dos personagens principais dos livros da Frances. O Teatro Signorelli à primeira vista parece fora de lugar — uma fachada renascentista numa praça medieval –, mas no fim das contas ajuda a imprimir uma personalidade própria a Cortona.
Para explorar o vilarejo em detalhe — a cidade e seus arredores têm vestígios da ocupação etrusca, igrejas renascentistas e bons museus — , passe no Ufficio di Turismo (ali mesmo na praça) e pegue um mapinha — tem até a indicação para subir a Bramasole (a casa de Frances Mayes), se você faz questão.
Como chegar em Cortona de carro
Cortona está a 34 km de Lucignano, pela E-78 e SR-71; a 29 km de Arezzo, pela SR-71; a 74 km de Siena, pela E-78; e a 115 km de Florença, pela A-1.
Como chegar em Cortona de trem
Cortona está a 1h20 de trem de Florença e a 18 minutos de trem de Arezzo. A estação fica em Camucia, no vale, de onde ônibus locais levam à cidade em 11 minutos. Não há uma linha conveniente para vir desde Siena.
Como chegar em Cortona de ônibus
Cortona está a 1h05 de ônibus de Arezzo (veja horários aqui). O trem é uma opção bem mais interessante, mesmo deixando fora da cidade.
Mala de bordo nas medidas certas
Arezzo, ladeira acima
A via del Corso é a máquina do tempo de Arezzo (diga: Arédzo). Na parte baixa está o comércio mundano da cidade, com lojas de departamento e conveniência. Mas à medida que você vai subindo, a arquitetura vai ficando mais antiga — e mais sóbria.
Ao atingir a praça do Duomo você estará sem fôlego — no sentido literal, pelo esforço rampa acima, mas também no sentido figurado, se no caminho você tiver feito o desvio providencial à direita para ver a belíssima Piazza Grande.
A maior atração da cidade está na Basílica de San Francisco: é o ciclo de afrescos de Piero della Francesca ilustrando a História da Verdadeira Cruz. Para visitar, porém, é preciso se programar, comprando ingresso com hora marcada por este site (8 euros + 3 euros de taxa). Abre de 2ª a 6ª das 9h às 19h; sábado das 9h às 18h; domingo das 13h às 18h.
Nos arredores da basílica funciona o bicentenário Café dei Costanti, o mais elegante de Arezzo; é um excelente lugar para terminar o seu périplo, aproveitando a hora do aperitivo (o buffet sai de graça para quem comprar uma bebida de € 8).
Como chegar em Arezzo
Como chegar em Arezzo carro
Arezzo está a 29 km de Cortona, pela SR-71; a 88 km de Siena, pelaA-1 e E-78; e a 75 km de Florença, pela A-1.
Como chegar em Arezzo de trem
Arezzo está a 39 minutos de trem rápido e a 1h05 de trem convencional de Florença, e a 18 minutos de trem de Cortona (a estação de Cortona fica em Camucia, no vale, de onde ônibus locais levam à cidade em 11 minutos). Não há uma linha conveniente para vir desde Siena.
Como chegar em Arezzo de trem ônibus
Arezzo está a 1h30 de ônibus de Siena (veja horários aqui). O trem é uma opção bem mais interessante, mesmo deixando fora da cidade.
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Um pit stop para compras
Comprólatras podem aproveitar o caminho da volta para dar uma passadinha num dos outlets da região.
Quem está em Siena pode passar no Valdichiana Outlet Village, que fica no entroncamento da A-1 com a E-78, a 38 km de Arezzo e 53 km de Siena.
Quem precisa voltar a Florença tem mais sorte: pode dar um pulinho no Space Prada, o outlet de dona Miuccia. Fica em Lavanella, à beira da SR-69, a estrada secundária entre Arezzo e Florença, a 25 km de Arezzo e 50 km de Florença.
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213 comentários
Amantíssimos Ric, Bóia e viajantes,
Estou preparando a minha viagem em abril e já tinha postado pedindo conselhos.
Querida Bóia já seguindo. Lendo e programando a viagem de acordo com os posts.
Mais conselhos:
Quando vejo as fotografias de 5terre não me entusiasmo.
Qual o “ce pas quoi” de lá?
Vale a pena trocar um dia Florença por uma ida lá? ou outro roteiro do post “toscana de carro”?
E olha que eu ja conheço Florença, mas não cheguei a entrar no batistério e na galeria da Academia. Quero voltar.
Tenho um roteiro de 21 dias: 1 em Florença 5 dias na Toscana de carro, 4 dias em Praga e 4 na rota romântica alemã de Munique até Frankfurt, de onde volto ao Brasil. (com o desconto dos deslocamentos)
Será que sou exagerada? Fico pensando se não é mais interessante eliminar a rota alemã e aproveitar mais da Toscana e de Praga. Ai ai… Ô indecisão.
Olá, Rita! O mundo já é cheio demais de lugaares para que a gente vá nos que não nos tocam o coração. Se algum lugar não tem o it especial que te atrai, tire da sua lista. É melhor para as suas viagens.
O que temos aqui no site não é uma lista de lugares que todo mundo precisa visitar; é apenas um banco de estratégias para que quem esteja a fim de visitar um lugar consiga aproveitar.
Querinha Boinha,
Vcs não são um simples banco de dados, Não ! Vcs são o suporte para a realização de sonhos e ainda por cima bons psicólogos.
Sua resposta foi perfeita!
Abraços,
Oi, Ricardo e Bóia!
Estive na Itália em agosto/setembro do ano que passou e segui/usei muito suas dicas e conselhos! Como estava fazendo um curso em Firenze (40 dias!) só usava os finais de semana para os “bate-e-volta” …. Conhecí Arezzo, San Gimignano, Lucca, Pisa, Viareggio, La Spezia, 5 Terre, Assisi, Ravenna e, claro, muito de Firenze, minha querida de coração!
Estou escrevendo só pra dizer que seguí o roteiro de fazer base em La Spezia para curtir 2 dias em 5 Terre (era verão e não tinha como ficar hospedada em nehuma das cidades) e foi muito bom …
Adorei Arezzo (era um dia de festa na cidade) e tb não tive aquela sensação que dizem que Assisi dá nas pessoas … em compensação, em Lucca chorei tudo que podia chorar!!!
Obrigada pelo site! que trabalho bom, hein? hehehehehe!!!!!
Nesse 2013 devo retornar, para fazer mais cidadezinhas pequenas, como Cortona, Loretto e etc… um grande abraço, Rubia Coelho.
PS: só para incentivar as pessoas, tenho 60 anos e viajei sozinha, adorando!
Olá, Rubia! Obrigadíssimo pelo feedback e parabéns pelas viagens!
Ir para a Itália em fevereiro, carnaval, vale a pena? Em especial a região da Toscana vale conhecer nessa época?
Olá, Luiza! No inverno o Ricardo Freire recomenda cidades de porte médio e grande; vilarejos nesta época costumam dar a sensação de estar hibernando.
No inverno é melhor ir para Milão, Veneza, Florença, Siena, Roma. Viagens de carro pela Toscana ficarão mais interessantes na primavera.
Oi Bóia. Tenho uma irmã que mora em Barcelona, ela é cidadã espanhola e meu marido possui passaporte italiano. Minha irmã fará una carta-convite para irmos para Barcelona.Mesmo assim preciso de todas as reservas antecipadas???? Obrigada mais uma vez.
Olá, Daniela! A carta-convite basta. É ou um, ou outro 🙂
Olá. Eu e meu marido estamos planejando uma viagem de moto pela Toscana em Maio/13 e escolhemos Cortona e Siena como base. Voces saberiam dizer se para essa época é necessário fazer as reservas nos hotéis com antecedência ou se podemos deixar para reservar lá? As tarifas podem aumentar muito ou conseguimos preço mais em conta??? Obrigada!
Olá, Daniela! Para entrar na Europa você precisa de hotéis reservados por toda a sua estadia.
Olá Ricardo. Vou fazer uma viagem à Itália em janeiro. Sei que é inverno por lá, mas estarei de férias somente nesse período. Depois de Milão e Veneza, teremos Florença como base , onde ficaremos por 9 dias, depois iremos à Roma. Qual o roteiro que vc recomenda p/ conhecermos as principais cidades da Toscana? Vc recomenda alugarmos um carro ou irmos de trem ou ônibus? Muito obrigada.
Vaneska.
Olá, Vaneska! Quem responde é A Bóia. Infelizmente não temos como fazer roteiros individuais.
Dê uma lidinha nos posts desta série, são bastante elucidativos:
https://www.viajenaviagem.com/category/toscana
Vale a pena ir para Toscana em janeiro?
Olá, Ludmila! O Ricardo Freire não recomenda muito não. No inverno ele recomenda cidades grandes. As cidades pequenas hibernam, você precisa ter um tipo de personalidade específico para curtir.
Aproveito para dizer que amei Arezzo, eu e o marido fomos lá no ano passado, mas cuidado, as multas de transito continuam chegando!!!Mas deixo a dica de um restaurante que fui na Piazza Grande, delicioso… meu relato neste post https://www.frangocompequi.com.br/?p=669
Aproveitem!
Olá,
Passaremos todo o mês de setembro na região da Toscana.
Escolhemos a cidade Cortona como nossa base.
Além de Cinque Terre, La Spezia, Pienza, Chianti, qual sua sugestão P & M ? O que vc acha de Lucignano
Obrigada,
Rosana
Olá, Rosana! Cinque Terre é muito longe para bate-voltas de Cortona.
De Cortona pense em explorar a Úmbria e Le Marche, que estão próximas.
Estou adorando os posts da Toscana. 🙂