Como chegar a Auschwitz e Birkenau: as dicas da Silmara

A Silmara esteve na Polônia em dezembro e fez uma escolha corajosa para um fim de ano: no dia 31 pegou um trem em Cracóvia e foi, sozinha, conhecer o memorial Auschwitz-Birkenau. Em resposta às dúvidas de outra leitora, deixou aqui um relato completo sobre a sua viagem e as dificuldades que encontrou no percurso. Para saber como chegar e circular por onde um dia funcionaram os campos de concentração, siga as dicas da Silmara:

Birkenau

Eu saí de Cracóvia, da estação central. É bom ficar de olho nos horários pois, quando eu fui, era uma espera grande entre um trem e outro. Detalhe: NINGUÉM falava em inglês lá. Tinha (ainda deve ter) apenas um guichê que é pra “viagens internacionais” e daí a atendente fala inglês. Mas não se engane: se você não vai fazer viagem internacional, ela não vai te atender.

Comprei a passagem, mas me venderam um ticket que era para o trem um minuto depois! Perguntei, em inglês, onde era a plataforma, número, etc. (estava tudo em polonês, claro) e a funcionária me respondeu em polonês. Resumo da ópera: corri feito doida, cheguei na lateral de um trem e fui conferir o destino dele. Não deu tempo, o trem fechou as portas e partiu. Perdi. Voltei no balcão da mulher “simpática” e que só fala em polonês contigo (como se fosse a língua mais fácil do mundo e supondo que eu sou obrigada a falar polonês). Tive que escrever num papel que eu havia perdido o trem e queria o próximo. Creio que tive de esperar por volta de duas horas ou mais lá. Frio… enfim…

De Cracóvia até Oswiecim (que é o nome original, em polonês, de Auschwitz) são mais ou menos duas horas de viagem de trem. Chegando na estação de Oswiecim, você pega um ônibus bem na frente mesmo dessa estação minúscula (é só perguntar que eles te informam). É rapidinho até lá. Daí você desce e é free, não paga nada. Leve sua água, algum alimento e lenço de papel. Sim, vai ser necessário. A não ser que seja um coração de pedra!

Estive lá no dia 31 de dezembro de 2011. Chovia e lá é MUITO grande! O caminho todo é feito de terra, portanto, se chover, você vai molhar os pés e talvez escorregar. Eu fui de bota, até porque estava com receio de que nevasse. Passei umas três horas lá, tirei várias fotos. É triste demais.

De lá, peguei um táxi para Birkenau, que é perto dali. Dedique um dia todo pra fazer esses dois roteiros (o meu trem — que eu perdi — era para 7h15, mas só cheguei às 11h). Fique atenta aos horários de encerramento. Me lembro que um fechava às 16h e o outro fechava antes. Então, confira antes de ir!

Birkenau é gigante. Andei muito mesmo. E, para mim, foi o mais horripilante. E eu fui sozinha, sem roteiro ou ajuda de ninguém. No fim do dia, estava muito cansada.

Para ir embora, peguei um ônibus na frente do campo de Birkenau (é só pedir informacão ali na torre de entrada — que era a torre do comando — e eles te informam, caso você não saiba onde pegar). E lá se foram mais duas horas de retorno para Cracóvia. Recordo que cheguei por volta de 20h.

Minha dica: se você for de qualquer lugar com destino a Auschwitz, comece pelo menos um dia antes esse roteiro, pois te garanto, você vai ficar muito cansado, fisicamente e psicologicamente. Tanto é que, quando cheguei no lugar que eu estava para dormir, eu não tive ânimo pra sair e festejar a virada do ano. Tomei banho, comi, falei com minha família pelo Skype e fui dormir. Simplesmente estava exausta e sem clima de festa!

Agradecemos as dicas, Silmara!

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    41 comentários

    Fui a Oswiecin (Auschwitz) aprtir da Cracóvia de ônibus que acho ser a melhor opção. Existem vários horários pega-se no Terminal de ônibus atrás da Galeria Krackovicka no centro, custava em torno de 16 Zlots e a viagem leva 1:40. O ônibus faz um cata-cata e já sai com a lotação de banco completa. Não tem guiche e a passagem é paga direta ao motorista. Deixa em frente ao Memorial de Auschwitz. Não achei tão deprimente assim. Hoje está bem “turismo de massa” tem boa estrutura, a entrada custa cerca de 40Zlots. Bikernau fia a 4km de Auschwitz, mas tem um ônibus do complexo que leva e traz. Reserve 1 dia inteiro para o passeio. Mais detalhes no meu site abaixo:
    https://marcusbarrocas.com.br:1234/cracovia.htm

    Quando estive em Berlim fiz um tour com um guia maravilhoso até Sachsenhausen. Você fica muito cansado fisicamente e psicologicamente! Alguém falou aí que ninguém conversa durante o tour. É mais ou menos isso! O clima é triste, tenso! Muitas coisas passam pela cabeça mas é emocionante e imperdível! Recomendo!

    Estive em Cracóvia em abril de 2014. Fui aos Campos de Concentração de manhã cedo. Contratei o serviço do micro-ônibus na recepção do hotel. Não houve problema algum, no horário marcado ele estava lá para me buscar. Visitar Auschwitz / Birkenau realmente é uma experiência marcante, em todos os sentidos. A entrada em Auschwitz é com grupos guiados. Vale a pena, adorei a visita, faria novamente, apesar da carga negativa que somos tomados.

    Adorei todos os relatos, as maiorias das informações eu já estava a pár e mesmo assim foi mto importante ter certeza e ouvir reais opiniòes de cada um de vocês que passaram por essas experiência, sendo pela excursão ou por conta própria. Estou indo com meus filhos para o Leste Europeu e cada local escolhido por eles, inclusive Auschwitz – Birkenau.
    Eles são completamente culturais, sabem muito bem sobre a historia, leem muito a respeito e assistem muitos livros, pesquisam e perguntam a respeito. Obviamente isso me deixa feliz por ser um lugar que eu sempre fiz questão de ir visitar um dia na minha vida, pela intensidade historica que ele passa, representa e ainda transmite vivo a cada um de nós quando saimos de lá ….
    No entanto me preocupa um pouco o fato de meus filhos terem somente 11 e 13 anos.
    Alguem já foi ou conhece quem já tenha ido com crianças a esse passeio e tenha algum relato, experiencia, opinião ou conselho a respeito ?
    Gostaria de escutar …
    Obrigada

      Olá, Ju! Vamos compartilhar sua pergunta no Perguntódromo. Havendo respostas, aparecerão aqui.

      Ju, não poderia falar por experiência própria. Mas, você lê em inglês? Já vi alguns relatos em blogs de viagem sobre o assunto.

      Ju fui a Dachau com a minhas filhas de 13 e 16 anos . Elas pediram para ir . Não posso falar que gostaram , pois é uma experiência pesada, mas não reclamaram .

      Você conhece seus filhos melhor que nós.

      Eu faria o seguinte paralelo: você acha que seus filhos estariam preparados para visitar um “museu da ditadura militar” com exposição de salas de tortura, objetos de presos mortos e balas usadas em fuzilamento extrajudiciais em quarteis, por exemplo?

      Eu acho que um pré-adolescente de 11 anos pode visitar Auschwitz, desde que já entenda um pouco do contexto que isso ocorreu e consiga fazer o “salto” entre o que lê nos livros e a realidade preservada/reconstruída por lá.

      Como em toda visita a museus e sítios históricos, os pais podem torná-las muito mais produtivas se preparando bem com informações sobre o local.

      Se eu tivesse filhos nessa idade, levaria ao local, sim, mas tomaria o cuidado de prover esse contexto.

      Olha Ju, concordo com o comentário do A.L. logo acima.

      Nunca visitei um campo de concentração com meus filhos, mas em julho desse ano (2014) visitei o Memorial do Holocausto em Washington com eles (menino de 13 e menina de 10), e é, suponho, infinitamente mais brando do que visitar um campo de concetração. Como diz o A.L., não dá pra dizer que eles “gostaram”, assim como acontece o mesmo conosco, adultos. Mas eles aproveitaram a visita sim, rendeu boas reflexões e conversas.

      Tendo os seus filhos as características que você narrou e considerando que eles mesmos escolheram eu levaria.

      Assim como o A.L. mencionou, eu passei várias informações antes para as crianças, contextualizei a situação.

      Eu levaria…

      Prezada Ju.
      Estive em Auschwitz em 1988. O ambiente é pesado demais e houve quem não o suportasse e voltasse para o ônibus que nos aguardava. Houve quem se emocionasse e chorado muito. E para lhe dizer a verdade, estou lhe escrevendo emocionada por recordar tudo que vi: o paredão de fuzilamento, os fornos onde os corpos eram queimados, o pavilhão onde mulheres serviam para experimentos, são exemplos das barbaridades sofridas pelos infelizes que lá ficaram. Montanhas de armações de óculos e outros pertences dos aprisionados são mostrados nos pavilhões. Agora, o que foi mais horripilante para mim: vi tecidos feitos com cabelos dos mortos, para servirem de forração para os carros dos militares mais graduados! Vc pode imaginar isso? Sente-se o peso do sofrimento no ar. Em nosso grupo, ninguém falava. E enquanto caminhávamos, só ouvíamos o barulho de nossos passos sobre os pedriscos do caminho. É terrível! Pense bem antes de levar seus filhos a um lugar do qual jamais esquecerão. No mau sentido…

    Olá Gente!
    Para mim foi muito louco! fiz esta viajem sozinho em outubro de 2012. eu estava em Roma e peguei um trem na estação Termini para Viena e depois para Polônia. Passei a noite inteira viajando, é uma viajem cansativa, mais vale apena. Esta minha opção era para conhecer melhor o leste Europeu. No trem conheci uma Polaca que fala Italiano e fomos conversando até chegar a hora de dormir, sainos as 19 horas de Roma. Durante o percurso os policiais me abordaram, precisamente na entrada de Viena, me fizeram muitas perguntas, porém estava tudo certo e me liberaram. Ao chegar em Viena fomos com a Polaca e seu namorado dar uma volta na cidade, pois meu próximo trem só partia as 13 horas e eu tinha chegado as 8 horas em Viena.De Viena peguei mais um trem para Katowice, cheguei pro volta das 20h30. Eu não tinha reservado hotel, mas durante a viagem pedi a uma amiga que estava no Brasil para pesquisar e enviar por msm nomes de hoteis. Ao chegar Katowice o próximo trem só sairia as 22 horas e estava chovendo, então decidi ir de táxi. Chegando lá encontrei hotel e no dia seguinte fui a Auschwitz e Auschwitz Birkenau. Paguei 35 euros em um pacote, de ida e retorno. Uma Besta nos levou para o campo de concentração com várias pessoas da cidade de Cracóvia. A cada curva meu coração batia mais forte, foi uma emoção muito grande, pois depois de ter visto muitos documentários eu estava pisando naquele lugar em que muitos haviam morrido. Eu estava no grupo See Cracon. Passeio o dia visitando, lá conheci um casal de Brasileiros, descendente de judeus que haviam passado por aquele campo, visitamos tudo e atardizinha voltei para o Hotel. No dia dia Seguinte voltei para Roma de Avião, ao sai do hotel o tempo estava muito frio. Foi muito bom, gostaria de voltar lá e em outros campos de concentração nazistas. Qualquer coisa estou a disposição para responder com mais detalhes minha experiencia. Mário Gomes – Brasileiro quem desejar ver as fotos pode acessar meu face https://www.facebook.com/media/set/?set=a.4271779006419.160262.1644471810&type=3 https://www.facebook.com/media/set/?set=a.4271889169173.160267.1644471810&type=3

    Acho que Sachsenhausen próximo a Berlin já foi minha cota de visita a campo de concentração. Muito bem descrito pela Silmara – cansaço mental. Não cheguei a ficar cansada fisicamente por que lá é bem menor, com certeza, mas a energia lá é punk. Quem sabe um dia na Polônia, eu queira visitar, mas hoje agradeço o post para indicar aos amigos que queiram conhecer.

    Se você tem vontade conhecer um outro campo de concentração bastante importante (e não menos triste ou comovente) visite Dachau, a meia hora de Munique. Estive lá em 2007. Bem fácil de chegar e visitar. Tem muita história lá! A maioria das atrocidades médicas experimentais da época dos nazistas eram feitas neste campo.

    Fiz essa viagem em agosto e foi um sossego ( a parte da logística, claro) já que ninguém vai a um campo de concentração e sai o mesmo.

    Mais uma: de Auschwitz sai um ônibus a cada 30 minutos para levar até Birkenau – não lembro se era gratuito ou pago, mas a espera podia ser grande. Tive sorte da guia de Auschwitz guiar a gente em birkenau também, o que tornou a experiência mais intensa ainda – mas birkenau é mais por conta própria mesmo.

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