Visitando as Igrejas de Chiloé, patrimônio da humanidade da Unesco
A arquitetura de uma cidade é uma das formas mais interessantes de descobrir sua história e sua cultura. Quando construções típicas de uma localidade ganham a chancela de Patrimônio Mundial da Unesco, então, se tornam pontos ainda mais bacanas de visita. Assim são, no Chile, as igrejas de Chiloé, em especial 16 delas, condecoradas com o título da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
Uma das mais antigas igrejas de Chiloé, Santa Maria de Loreto de Achao, teve sua construção iniciada em 1730. Mas pequenas capelas já eram erguidas nas ilhas desde o início do século 17, quando os jesuítas ali desembarcaram e começaram suas missões evangelizadoras. Dali até mais da metade do século 18, várias igrejas foram construídas contornando as ilhas, em áreas um pouco mais altas, a fim de servir também como guias para os marinheiros, mesmo quando a maré subia muito.
Nesse tempo (e nos anos que se seguiram, quando franciscanos continuaram os trabalhos), foram levantadas aproximadamente 150 igrejas no arquipélago, todas feitas de madeira, o principal material disponível na região. Nascia assim a chamada “Escola Chilota” de arquitetura, uma fusão do estilo europeu com as habilidades locais dos moradores da região. Essa “cultura mestiça” criou as estruturas de madeira mais significativas da América Latina, na visão da Unesco.
Entre as características dessas edificações estão a fachada simétrica, que lembra o desenho de uma casinha feito quando se é criança, com uma torre, e grandes arcos de entrada. No interior, o teto chama a atenção. Como a economia local sempre foi muito ligada ao mar, aqueles que ajudavam a construir as igrejas tinham um sólido conhecimento em como fazer barcos, e levaram essa sabedoria para a arquitetura. Assim, o teto tem o formato de uma embarcação, mas virada ao contrário.
Curioso também é notar que, nas áreas que foram preservadas (reformas foram feitas a fim de manter tudo até hoje) as madeiras têm encaixes, mas não pregos. As cores das imagens religiosas, assim como outras decorações internas são outro fator interessante da cultura local, mantido até os dias atuais.
É possível visitar as igrejas, mas é importante organizar o passeio previamente, pois elas costumam ficar trancadas, e as chaves em poder de alguma das senhoras da vizinhança. Eventualmente também é possível subir às torres das construções para ver o sino, como em Quinchao (as escadas e passagens são bem estreitinhas, mas valem o esforço). Em Achao, há também um pequeno museu de itens encontrados quando das reformas de preservação do prédio.
San Antonio de Vilupulli; Nuestra Señora de los Dolores de Dalcahue; San Juan Bautista de San Juan; Nuestra Señora del Patrocinio de Tenáun; Santiago Apóstol de Detif; Santa Maria de Rílan; San Francisco de Castro; San Antonio de Colo; Nuestra Señora del Rosario de Conchi; Natividad de Maria de Ichuac; Jesus Nazareno de Aldachildo; Nuestra Señora del Rosario de Chelin; Nuestra Señora de Gracia de Nercón; Nuestra Señora de Gracia de villa Quinchao; Santa Maria de Loreto de Achao e Jesus Nazareno de Caguach são as igrejas consideradas Patrimônio Mundial no arquipélago.
Heloísa viajou a convite do Tierra Chiloé.
Leia mais:
- Ilha de Chiloé: uma beleza bruta
- O luxo sereno do Tierra Chiloé
- Chiloé: uma viagem no tempo (e por cenários de Isabel Allende) à ilha Mechuque
- Atacama com estilo: Tierra Atacama
- Torres del Paine: aos cuidados do Tierra Patagonia
- Dicas de Chiloé no Viaje na Viagem
2 comentários
Só fui saber que a cidade fica no Chile por conta do link no começo do texto…
As vezes nem todos os viajantes são tão bons de geografia…
Chiloé é um arquipélago, onde a principal ilha é a Ilha Grande de Chiloé, a quinta maior da América do Sul. A Ponte Chacao, em construção, vai conectar a ilha com o continente e será a maior ponte pênsil da América Latina. Atualmente o transporte é feito através de ferrys. Castro (capital) e Ancud são as principais cidades.