Cartão global: vale a pena usar para viajar?

Cartão global: vale a pena usar para viajar?

Se você viaja para o exterior ou faz compras em sites estrangeiros, precisa providenciar um cartão global. Os cartões de débito de contas globais são atualmente o meio de pagamento mais vantajoso para seus gastos no exterior.

Todo cartão global oferece dólar mais barato do que nas casas de câmbio, e com IOF igual ao dinheiro vivo – 1,1%, contra 4,38% dos cartões de crédito convencionais.

Você com certeza já ouviu falar pelo menos algum cartão global: Wise, Nomad, Revolut, C6 Global, BS2 Go, Inter Global…

Recentemente, os grandes bancos tradicionais também entraram neste mercado, com os cartões Avenue (associado ao Itaú), BB Américas (Banco do Brasil), MyAccount (Bradesco) e Select Global (Santander).

Saiba neste post as vantagens e as pegadinhas de usar um cartão global em 2024.

A Bóia resume:

Cartão global: que negócio é esse?

Antigamente, para escapar do dólar caro dos bancos brasileiros e do IOF altíssimo das compras internacionais, você precisava abrir uma conta no exterior. Mas era coisa de rico.

O surgimento das fintechs (financeiras digitais que competem os com bancos tradicionais) democratizou o acesso a uma conta internacional – agora chamada de ‘conta global’.

Na maioria dos casos, não há exigência de depósito mínimo nem tarifas de uso.

Numa conta global você pode manter depósitos em dólar (ou outras moedas estrangeiras disponíveis) de maneira totalmente legal. E recebe um cartão de débito Visa ou Mastercard para movimentar os seus fundos no exterior.

O cartão de débito de conta global chegou para substituir, com vantagem, o dinheiro vivo e o cartão de crédito nas viagens ao exterior e nas compras em sites estrangeiros.

As vantagens do cartão global:

Todo cartão global oferece essas vantagens:

  • IOF igual ao do dinheiro vivo (1,1%), bem mais barato do que os dos cartões de crédito ou débito brasileiros (4,38% em 2024)
  • Dólar mais barato do que nas casas de câmbio e BEM mais barato do que o dólar dos cartões de crédito e de débito brasileiros
  • Conversão justa para outras moedas – mais vantajosa do que levar dólar cash e trocar em casa de câmbio no exterior
  • Cartões virtuais para usar na internet – disponíveis assim que o seu cadastro é aprovado. Você não precisa esperar o cartão físico para fazer gastos internacionais
  • Saques em moeda local em caixas automáticos
  • Possibilidade de adicionar moeda a qualquer momento, fazendo um PIX

Desde quando existem esses cartões?

A novidade chegou ao Brasil em meados de 2021, em plena pandemia, quando a maioria dos países ainda estava fechada para viajantes brasileiros.

Por que o IOF é mais barato que o dos cartões de crédito?

Ao enviar dinheiro para sua conta global, tecnicamente você está fazendo uma “transferência internacional para conta da mesma titularidade”. O IOF para esta operação é de 1,1% (bem menor que os 4,38% dos cartões).

Depois de enviar dinheiro à conta, você não paga mais IOF brasileiro em nenhuma transação que você faça com o cartão global.

Por que os cartões globais vendem moeda estrangeira mais barato?

O ambiente digital aumenta a concorrência e barateia custos.

As fintechs das contas globais conseguem trabalhar com spread entre 1,5% e 2% ao vender moedas fortes como dólar e euro. Veja você: os grandes bancos brasileiros embutem spread de 4% a 6% na cotação do dólar de seus cartões de crédito.

Na comparação com as casas de câmbio, os cartões globais também levam uma pequena vantagem na venda do dólar (você pode conferir comparando a cotação do seu cartão com a menor cotação na sua cidade mostrada pelo site Melhor Câmbio).

Já nas moedas fracas (peso chileno, peso colombiano, sol peruano, peso mexicano), os cartões globais ganham de lavada das casas de câmbio, que cobram spreads de 10% ou mais. Sempre vai ser muitíssimo mais barato usar cartão global nos países que usam essas moedas, mesmo que o cartão esteja carregado em dólar.

O que o cartão global muda nas suas viagens?

Dá para dividir os viajantes brasileiros em dois tipos. Os que viajam com dinheiro vivo no bolso e os que ainda usam cartão de crédito convencional no exterior.

O cartão global traz ótimas mudanças para os dois grupos.

Para quem costuma viajar com dinheiro vivo

  • O fim do maço de dinheiro na doleira

Não, não é normal andar para cima e para baixo com um bolo de cédulas escondidas por baixo da calça. Você só faz isso porque desde 2011 o IOF imposto sobre gastos com cartão de crédito no Brasil é leonino.

Um cartão global com IOF baixo vai livrar você disso.

  • Você não vai perder passeios ou passagens baratas

Muitos viajantes brasileiros têm tamanha aversão ao cartão de crédito que deixam para comprar passagens, ingressos e passeios presencialmente, para usar dinheiro vivo. Ao fazer isso, perdem tarifas promocionais e encontram atrações com disponibilidade esgotada.

Com um cartão global você vai poder fazer suas reservas online com antecedência e economia, e aproveitar melhor sua viagem.

  • Você não vai mais perder tempo de viagem em casa de câmbio

O cartão global é uma casa de câmbio de bolso, que funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, oferecendo a melhor cotação.

Já pensou, não precisar mais bater perna para comparar cotações entre casas de câmbio, nem enfrentar fila para poder usar o seu dinheiro? Sim, é possível.

E o que é melhor: usar cartão global sai mais barato do que levar dólar para trocar na casa de câmbio.

  • Você vai pagar suas despesas do jeito que faz no Brasil

No Brasil você já se acostumou a pagar até mate na praia no débito. Não é bem mais prático? Pois no exterior também pode ser assim!

OK: talvez você precise de algum dinheiro vivo para usar em estabelecimentos que não aceitam cartão, mas serão uma minoria.

De todo modo, você vai poder levar muito menos dinheiro vivo – ou deixar para fazer um saque em moeda local no caixa automático.

  • Você não vai passar perrengue em países ‘cashless’

Alguns países, como Reino Unido, Holanda e Suécia se encaminham para não aceitar mais dinheiro de papel. Estão implantando a economia ‘cashless’ – sem cédulas físicas, apenas pagamentos digitais.

Muitos brasileiros têm sofrido para conseguir gastar suas cédulas de euros e libras nesses países.

Para quem ainda usa cartão de crédito em viagem

  • Sua viagem vai ficar até 10% mais barata

Com IOF e spread bem mais baixos, o cartão global vai fazer seu dinheiro render muito mais no exterior.

A economia de até 10% compensa quaisquer outras vantagens dos cartões de crédito, como acúmulo de milhas.

  • Você vai voltar da viagem sem contas para pagar

O cartão de débito vai deixar a sua viagem bem mais controlada, sem aquela sensação de falência na volta.

(Mas se precisar de fundos extras, o cartão de crédito vai continuar à mão para extravagâncias.)

Cartão global: as pegadinhas

O cartão global tem algumas peculiaridades que você precisa conhecer antes de começar a usar.

E é bom ter em mente que em algumas situações você vai ter que lançar mão de um plano B.

  • Configure os limites por cada tipo de transação

Por uma questão de segurança, alguns cartões globais vêm ‘de fábrica’ com limites muito baixos por operação.

Entre nas configurações do aplicativo para aumentar esses limites. Normalmente você pode mexer no limite diário, semanal e mensal em compras por aproximação, compras por inserção com senha e compras online.

Faça isso antes de viajar. Se você precisar alterar esses limites durante a viagem, o cartão pode levar de 12 a 24 horas para liberar o novo limite.

  • Se não passar no débito, tente no crédito

Algumas maquininhas identificam os cartões globais como aqueles antigos pré-pagos (tipo travel money), que passavam no crédito. Por isso, se a compra não for aprovada no débito, peça para passar de novo no crédito.

Pergunte também se o estabelecimento não trabalha com outra maquininha – eventualmente pode haver incompatibilidade entre o seu cartão e alguma das inúmeras maquininhas em operação nos países.

É por isso que recomendamos ter um plano B – um cartão de débito de outra bandeira ou um cartão de crédito convencional.

  • Se não conseguir sacar no débito, tente no crédito

Como já explicamos no tópico anterior, alguns sistemas identificam os cartões de débito como os antigos pré-pagos, que funcionavam na função crédito.

Se não conseguir sacar no débito (“withdrawal”, “checking account”), tente no crédito (“credit”). Se ainda assim não conseguir, procure um caixa de algum outro banco.

  • Não dá para alugar carro só com cartão global

As locadoras exigem um cartão de crédito convencional como garantia – e também para fazer um bloqueio prévio maior do que o valor da locação.

Mas você pode negociar para que o seu cartão de crédito convencional seja dado como garantia e o pagamento da locação seja feito com o cartão global.

  • Não vale a pena usar cartão global quando há bloqueio de caução

Não é só no aluguel de carro que o seu cartão é usado como caução. Há outras situações em que um naco do seu saldo é bloqueado temporariamente como garantia.

Alguns hotéis (principalmente de redes americanas) fazem um bloqueio extra para cobrir ‘incidentals’ – eventuais gastos extras durante a sua estada. O que não for gasto acaba sendo estornado para a sua conta, mas o processamento pode levar até 15 dias. Nesses hotéis o melhor é pagar as diárias no check-in com o cartão global e dar um cartão de crédito convencional para o bloqueio dos ‘incidentals’.

Em postos de gasolina self-service também acontece algo parecido: as bombas debitam um tanque inteiro, não importa quantos litros você abasteça. O pagamento a mais só será estornado até 15 dias mais tarde. Caso você não tenha saldo sobrando no cartão global, é melhor pagar com cartão de crédito.

  • Na Holanda, Mastercard funciona melhor que Visa

O pequeno comércio holandês usa uma rede que só aceita débito Mastercard. (Mas o Visa é aceito em hotéis e no comércio voltado para turistas.)

  • No Chile, cartão de débito não dá direito à isenção de IVA em hotéis

Os hotéis no Chile dispõem de maquininhas que cobram em dólar, isentando os hóspedes estrangeiros do pagamento de 19% de IVA. Essas maquininhas, no entanto, só funcionam com cartões de crédito. Não dá para usar cartão global.

Ou seja: para não pagar IVA nos hotéis do Chile, use dólar cash ou cartão de crédito.

  • Não dá para usar cartão global no exterior carregado em reais

Alguns cartões globais permitem que você mantenha um saldo em reais. Mas só funcionarão no exterior carregados com dólar ou outras moedas estrangeiras disponíveis.

  • É preciso incluir as contas globais na declaração do Imposto de Renda

É perfeitamente legal ter contas globais, e você não vai pagar nada de imposto de renda sobre o saldo depositado. Mas vai precisar incluir essas contas na sua declaração de I.R.

Você vai conseguir baixar os informes de rendimento de cada conta no seu aplicativo.

  • As contas globais não estão protegidas no Brasil

Ao abrir uma conta global, você não estará protegido pelo Fundo Garantidor de Créditos do sistema financeiro brasileiro.

Os bancos e fintechs globais que atuam no Brasil têm sedes registradas nos Estados Unidos, nas Ilhas Cayman e no Reino Unido. Todos oferecem algum tipo de garantia, mas estarão longe do alcance da justiça brasileira.

De todo modo, a ideia aqui é poupar para viajar, não tranferir sua vida bancária do Brasil para nenhuma dessas contas, certo?

Qual é o melhor mix de meios de pagamento no exterior?

Nunca dependa apenas de um meio de pagamento no exterior – seja qual for. O mais seguro é diversificar.

Nossa recomendação:

  • Priorize os gastos num cartão global
  • Leve um pouco de dinheiro vivo (o equivalente a 200-300 dólares) ou então faça um saque em moeda local no dia da chegada
  • Leve um cartão de crédito convencional (de preferência, de bandeira diferente do cartão global) para usar em situações com caução (locação de carro, ‘incidentals’ de hotéis, postos de gasolina self-service) e também para usar como plano B
  • Considere ter um segundo cartão global, de bandeira diferente do principal, para aumentar suas chances de sucesso com qualquer maquininha ou caixa automático

Como abrir a conta e usar o cartão global?

Os cartões de débito de contas globais têm um funcionamento muito parecido com o dos antigos cartões pré-pagos, tipo travel money.

A diferença é que você vai ter que abrir uma conta, que precisará ser declarada no seu imposto de renda.

Veja o passo a passo:

  • 1. Baixe o aplicativo

A abertura de uma conta global é feita sempre por aplicativo, que você baixa na loja do seu celular.

Depois da aprovação, você vai conseguir acessar sua conta global também no computador. As configurações mais importantes, porém, só estão disponíveis no aplicativo.

  • 2. Abra sua conta

O processo de abertura de conta tem muito pouca burocracia, como já acontece com os bancos digitais brasileiros. Na maioria das vezes você vai precisar fazer upload de um documento de identidade, um comprovante de endereço e também tirar uma foto logado no aplicativo.

Caso você abra uma conta global num banco brasileiro do qual você já seja cliente, o processo pode ser ainda mais simples.

  • 3. A conta foi aprovada? Já pode usar o cartão virtual

Uma vez aprovada sua conta, você não precisa esperar chegar o cartão físico.

Todo cartão global oferece cartões virtuais, permanentes ou temporários, para usar na internet. Adicionando dinheiro à sua conta, você já pode sair gastando online.

Você também pode associar o seu cartão virtual à carteira digital do celular (Google Pay ou Apple Pay).

  • 4. Adicione dinheiro por PIX

Todos os cartões aceitam transferências por PIX. Você define o valor a ser adicionado, então faz um PIX da conta do seu banco brasileiro para a conta global.

  • 5. Converta o seu depósito para dólar (ou outra moeda disponível)

Na maioria dos cartões globais você pode adicionar reais e depois converter para dólar (ou outra moeda disponível).

Note, porém, que não adianta manter reais na sua conta. O cartão global só funciona no exterior com moeda estrangeira. Se estiver carregado apenas com reais, só funcionará no Brasil.

Alguns cartões permitem adicionar moeda estrangeira diretamente, pulando a etapa de carregar a conta com reais. Você define quantos dólares (ou outra moeda disponível) quer adicionar, e o aplicativo informa o valor em reais para você transferir por PIX.

A maioria dos cartões globais oferece contas em dólar. O cartão Wise pode ser carregado com 40 moedas diferentes. O Revolut é carregado com dólar mas depois permite converter para contas em outras 17 moedas. O C6 Global oferece dois tipos de conta – em dólar e em euro.

  • 6. Faça gastos sem se preocupar com IOF

O IOF de 1,1% é pago apenas uma vez, no momento em que o cartão converte os seus reais em moeda estrangeira.

Depois disso, todos os pagamentos de despesas e novas conversões para outras moedas estarão isentos de IOF brasileiro.

  • 7. Pague despesas em qualquer moeda

O cartão global não precisa estar carregado com a moeda local para funcionar num determinado país.

Carregado com dólar, seu cartão global serve para pagar despesas em todas as moedas.

Ao converter para uma terceira moeda, o cartão pode cobrar um pequeno spread, uma comissão de câmbio. Mas não se preocupe: o spread do cartão é menor do que a comissão embutida quando você troca dólar vivo por moeda local numa casa de câmbio.

  • 8. Faça saques em moeda local em caixas automáticos

Todo cartão global permite fazer saques em moeda local em caixas automáticos.

Alguns cartões oferecem isenção de tarifa para um ou dois saques por mês. Mesmo assim você acaba pagando a tarifa de uso do caixa automático. Por essa razão, faça saques sempre pelo valor máximo oferecido pelo caixa automático, para diluir essa tarifa.

  • 9. Adicione dinheiro quando quiser

Precisou de mais dinheiro durante a viagem? Adicione por PIX e estará disponível em instantes.

  • 10. Use o cartão global para fazer poupança de viagem

O jeito mais inteligente de juntar dinheiro para viajar é ir comprando aos poucos, aproveitando aqueles momentos em que o câmbio fica mais favorável.

Sempre que quiser, você pode reconverter seu saldo em dólares para reais e usar no Brasil – ou transferir para sua conta bancária brasileira. (Mas você sempre vai perder um pouquinho na reconversão.)

Qual cartão global escolher?

Todos os cartões globais oferecem as mesmas vantagens básicas: IOF e spread mais baixos.

Os cartões “independentes” (que não são ligados a nenhum banco de atuação nacional) como Wise, Nomad e Revolut costumam ser os mais desburocratizados e oferecem vantagens extras como conta multimoedas ou cashback.

Mas se você já é correntista de algum banco brasileiro que ofereça conta global, pode considerar resolver tudo “em casa”.

Wise

  • Abertura de conta: grátis – use o aplicativo
  • Cartão físico: grátis – chega em 7 dias
  • Bandeira: Visa
  • Carrega mais de 40 moedas
    • na Argentina, no Peru e na Colômbia funciona perfeitamente carregado com dólares
  • Depósitos: por PIX
  • 2 saques grátis no mês + tarifa do equipamento
  • Demais saques: US$ 6,50 + tarifa do equipamento
    • Depois de R$ 1.400: 1,75% + tarifa do equipamento

Com sede no Reino Unido, a fintech Wise começou atuando com transferências internacionais antes de lançar seu cartão global de bandeira Visa.

Seu maior diferencial é que seu cartão é multimoedas. Você pode ter saldos em mais de 40 moedas ao mesmo tempo – todas elas vendidas a um câmbio justo, muito mais vantajoso do que o praticado pelas casas de câmbio.

Algumas das moedas que você pode carregar no cartão Wise:

  • Dólar
  • Euro
  • Libra
  • Franco suíço
  • Peso chileno
  • Peso uruguaio
  • Peso mexicano
  • Dólar canadense
  • Coroa dinamarquesa
  • Coroa sueca
  • Coroa tcheca
  • Florim húngaro
  • Yen japonês
  • Won sul-coreano
  • Baht tailandês
  • Lira turca
  • Libra egípcia
  • Dirham dos Emirados Árabes
  • Dirham do Marrocos
  • Rand sul-africano
  • Rúpia indiana
  • Dólar de Hong Kong
  • Dólar de Cingapura
  • Yuan chinês
  • Dong vietnamita
  • Rupia indonésia
  • Dólar australiano
  • Dólar neo-zelandês

Das moedas dos países mais visitados por brasileiros, o cartão Wise só não carrega peso argentino, peso colombiano e sol peruano.

Wise: principais dúvidas

  • O Wise só funciona se estiver carregado na moeda local do país?

Não! O Wise funciona em qualquer país carregado com qualquer moeda (exceto reais).

Ao fazer uma despesa em moeda local, o cartão busca automaticamente a moeda mais vantajosa para fazer a conversão (normalmente será o dólar ou o euro).

  • Tem diferença entre carregar dólar ou a moeda local do país?

Em países de moeda forte (Estados Unidos, Zona do Euro, Escandinávia, Reino Unido, Suíça, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Coreia do Sul, Cingapura), vale a pena comprar direto a moeda local, para evitar a pequena taxa de conversão (normalmente, 0,5%) entre moedas fortes.

Nos demais países, tanto faz você carregar a moeda local, dólar ou euro.

O bom de carregar a moeda do país a ser visitado é que você tem controle melhor dos gastos, já que pode acompanhar o extrato sem fazer conta de câmbio. Ou seja: ter uma conta em moeda local é uma comodidade, não uma necessidade.

Mas como moedas fracas tendem a se desvalorizar, o melhor é ir fazendo poupança em moeda forte (dólar ou euro) e converter para uma conta em moeda local apenas na hora de viajar.

  • O Wise não carrega peso argentino, peso colombiano nem sol peruano. O que fazer?

O Wise funciona perfeitamente na Argentina, na Colômbia e no Peru carregado com dólares (ou euros, ou libras, ou qualquer moeda exceto reais).

Na Colômbia e no Peru você vai conseguir uma conversão melhor do que se levasse dólares ou reais vivos para trocar na casa de câmbio.

(Na Argentina, como existe câmbio paralelo, levar dólares ou reais vivos para trocar em cuevas será um pouco mais vantajoso – menos para pagar hotéis. Saiba mais.)

Como carregar moeda estrangeira no cartão Wise?

Você pode carregar moedas no Wise de três maneiras.

  • 1) Adicionando diretamente moeda estrangeira

É método mais rápido para comprar uma moeda específica.

Selecione “abrir”, depois “saldo” e escolha a moeda para adicionar. Faça o PIX, e em instantes estará na conta da moeda desejada.

Use este método para comprar moedas fortes (dólar, euro, libra, dólar canadense, franco suíço, coroa sueca, coroa dinamarquesa, yen, won e dólar de Cingapura), que tendem a manter seu poder aquisitivo a médio e longo prazo.

Só compre moedas fracas diretamente se estiver perto da viagem. Se estiver juntando dinheiro para viajar, poupe em dólar e converta depois (veja o método 3, mais abaixo).

  • 2) Adicionando reais e depois convertendo para as moedas desejadas

Se você vai comprar mais de uma moeda e quer fazer apenas um PIX (e não um PIX para cada moeda), abra uma conta em reais e adicione o saldo total.

Depois, quando quiser, entre na sua conta em reais selecione “converter” para as moedas da sua escolha.

Em termos financeiros, o resultado será semelhante.

Lembre-se que sua conta em reais não serve para gastos no exterior, apenas no Brasil.

  • 3) Adicionando moeda forte e depois convertendo para outras moedas

Se você está fazendo poupança para viagem, pode ir juntando dólares nos momentos de baixa do câmbio e converter para as moedas dos países a serem visitados no momento de viajar.

Este também é o melhor método para comprar moedas fracas. Você poupa em dólar e converte só no momento de viajar, apostando na valorização do dólar frente à moeda do país que você vai visitar.

Selecione “abrir”, “saldo” e escolha a conta em dólar. Faça o PIX. Depois, quando quiser, entre na sua conta em dólares e selecione “converter” para as moedas da sua escolha.

Wise: pegadinhas

  • Desbloqueie o cartão físico fazendo uma compra presencial com senha ANTES de viajar

Carregue um pequeno saldo em reais e faça uma compra qualquer com inserção na maquininha e senha. Pronto: seu cartão estará desbloqueado para viajar.

Se você deixar para desbloquear no exterior, pode dar chabu. Em alguns países as maquininhas funcionam com tarja, impossibilitando o desbloqueio, e você fica sem poder o seu cartão físico (mas pode usar o virtual em compras online ou com a carteira digital do celular).

Quem não desbloqueia o cartão no Brasil antes de viajar ao Japão e à Coreia do Sul só vai conseguir usar o cartão para saque em caixa automático. Nos Estados Unidos também é difícil encontrar maquininha que funcione com chip e senha.

  • Configure os limites por operação no aplicativo

O cartão Wise vem com limites baixos, tanto por operação quanto por período. Entre no aplicativo antes de viajar e configure limites mais altos. Se você precisar fazer isso durante a viagem, pode demorar de 12 a 24 horas para liberarem os novos limites.

  • Na Holanda, leve também um cartão de débito Mastercard

O pequeno comércio holandês usa um sistema de débito Mastercard. Mas o seu cartão Wise será aceito em hotéis, nas lojas maiores, nas atrações e em todo comércio voltado para turistas.

  • No Chile, leve dólar cash ou cartão de crédito para pagar hotel

Cartões de débito não são aceitos pelas maquininhas de hotéis do Chile que fazem cobrança em dólar e isentam o visitante estrangeiro de pagar 19% de IVA. Leve dólares ou cartão de crédito para pagar hotel no Chile.

  • No Uruguai, mantenha saldo em dólar para pagar hotel

Muitos hotéis no Uruguai cobram diretamente em dólar. Se você só tiver saldo em peso uruguaio, o cartão fará uma reconversão desnecessária e, como se trata de moeda fraca, custosa.

Nomad

  • Abertura de conta: grátis – use o aplicativo
  • Cartão físico: US$ 20 (30 dias para entregar)
  • Bandeira: Visa
  • Depósitos creditados em 1 dia útil
  • Carrega apenas dólares
  • 2 saques grátis no mês + tarifa do equipamento
  • Saques grátis na rede Allpoint (EUA)
  • Demais saques: US$ 5 + tarifa do equipamento

Fundada nos Estados Unidos por brasileiros, a Nomad oferece um cartão global em dólar com a bandeira Visa. (Mudou recentemente: até novembro de 2023 era Mastercard.)

A conta também funciona como base para investimentos nos Estados Unidos.

O diferencial é manter um programa de vantagens semelhante aos de cartões de crédito:

  • Parcelamento de compras no exterior (você faz a compra em dólar e parcela em reais num cartão de crédito brasileiro)
  • Programa de fidelidade com diminuição de spread de acordo com a atividade do cliente
  • Lounge na ala internacional do aeroporto de Guarulhos
  • Descontos em seguros, sites e lojas
  • Cashback nos parques Disney

Como carregar dólares no cartão Nomad?

São três passos.

  • 1) Faça uma transferência ou PIX para sua conta em reais

Desde agosto de 2022 você não pode mais comprar dólares diretamente. Primeiro você faz um PIX para sua conta em reais, e fica com um saldo em reais.

  • 2) Converta o seu saldo em reais para dólares

Depois de fazer o PIX, abra novamente o aplicativo da Nomad e selecione converter seus reais para dólares.

  • 3) Seu saldo em dólar aparecerá no próximo dia útil

À diferença da maioria dos cartões globais, seu carregamento de dólares só vai estar disponível no primeiro dia útil depois do envio.

Nomad: pegadinhas

  • Programe seus depósitos para não ficar sem saldo

Ao carregar dólares na sua conta Nomad, o seu saldo só estará disponível no dia útil seguinte.

Se você fizer depósitos na sexta-feira ou na véspera de feriados americanos, seu dinheiro vai demorar de 2 a 3 dias para poder ser usado.

  • Na Holanda, leve também um cartão de débito Mastercard

O pequeno comércio holandês usa um sistema de débito Mastercard. Mas o seu cartão Nomad será aceito em hotéis, nas lojas maiores, nas atrações e em todo comércio voltado para turistas.

  • No Chile, leve dólar cash ou cartão de crédito para pagar hotel

Cartões de débito não são aceitos pelas maquininhas de hotéis do Chile que fazem cobrança em dólar e isentam o visitante estrangeiro de pagar 19% de IVA. Leve dólares ou cartão de crédito para pagar hotel no Chile.

Revolut

  • Abertura de conta: grátis – use o aplicativo
  • Cartão físico: grátis – chega em menos de dias
  • Bandeira: Visa
  • Carrega mais de 30 moedas
    • na Argentina, no Uruguai e no Peru funciona perfeitamente carregado com dólares
  • Depósitos: por PIX
  • Saques grátis até R$ 1.600 por mês + tarifa do equipamento
  • Demais saques: 2% + tarifa do equipamento

A Revolut é uma fintech criada em 2015 no Reino Unido. Desde 2019 emite cartões de débito da bandeira Visa.

Em 2023, depois de muita expectativa – que incluiu uma lista de espera para os primeiros clientes – fialmente começou a abrir contas globais para clientes brasileiros.

Num primeiro momento a Revolut está trazendo ao Brasil apenas a sua conta Standard, que não tem taxa de abertura nem de manutenção.

O cartão Revolut é multimoedas: você pode ter saldo em mais de 30 moedas simultaneamente, todas vendidas a câmbio justo, muito mais vantajoso do que o das casas de câmbio. Além delas, o Revolut também vende criptomoedas.

Algumas das moedas que você pode carregar no cartão Revolut:

  • Dólar
  • Euro
  • Libra
  • Franco suíço
  • Peso chileno
  • Peso colombiano
  • Peso mexicano
  • Dólar canadense
  • Coroa dinamarquesa
  • Coroa sueca
  • Coroa tcheca
  • Florim húngaro
  • Yen japonês
  • Won sul-coreano
  • Baht tailandês
  • Lira turca
  • Libra egípcia
  • Dirham dos Emirados Árabes
  • Rand sul-africano
  • Rúpia indiana
  • Dólar de Hong Kong
  • Dólar de Cingapura
  • Dólar australiano
  • Dólar neo-zelandês

Das moedas dos países mais visitados por brasileiros, o cartão Revolut só não carrega peso argentino, peso uruguaio e sol peruano.

Revolut: principais dúvidas

  • O Revolut só funciona se estiver carregado na moeda local do país?

Não! O Revolut também funciona em qualquer país carregado com dólar.

  • Tem diferença entre carregar dólar ou a moeda local do país?

Não. Se você criar uma conta em outra moeda, o Revolut vai converter dólar para esta moeda.

Se você não criar uma conta nessa outra moeda e carregar apenas dólares, o Revolut vai converter dólar a cada gasto nesta moeda.

A conversão será vantajosa das duas maneiras. O bom de carregar a moeda do país a ser visitado é que você tem controle melhor dos gastos, já que pode acompanhar o extrato sem fazer conta de câmbio.

  • O Revolut não carrega peso argentino, peso uruguaio nem sol peruano. O que fazer?

O Revolut funciona perfeitamente na Argentina, no Uruguai e no Peru carregado com dólares.

Como carregar moeda estrangeira no cartão Revolut?

Inicialmente você vai precisar comprar dólares. Só depois de ter saldo na sua conta em dólares você vai poder fazer uma nova conversão de dólar para outra moeda disponível.

  • 1) Faça um PIX para sua conta em reais

Também é possível fazer transferência bancária, mas o PIX cai na hora, enquanto a transferência leva 3 dias para estar disponível.

  • 2) Selecione ‘câmbio’ e você vai conseguir converter reais em dólares

Mexa nas setinhas para aparecer “vender BRL”.

  • 3) Da sua conta em dólar você vai poder converter para as outras moedas, quando quiser

Entre na sua conta em dólar, clique em ‘câmbio’ e use a setinha para escolher a outra moeda. Quando definir a moeda, mude a setinha para aparecer “vender USD”.

Revolut: pegadinhas

  • O aplicativo é complicado e pouco intuitivo

Você vai penar um pouquinho até se entender com os comandos do aplicativo, que parece desenhado mais para fazer transferências internacionais do que para carregar o cartão global.

Os comandos para carregar e converter moedas são bem diferentes dos outros aplicativos.

  • Na Holanda, leve também um cartão de débito Mastercard

O pequeno comércio holandês usa um sistema de débito Mastercard. Mas o seu cartão Revolut será aceito em hotéis, nas lojas maiores, nas atrações e em todo comércio voltado para turistas.

  • No Chile, leve dólar cash ou cartão de crédito para pagar hotel

Cartões de débito não são aceitos pelas maquininhas de hotéis do Chile que fazem cobrança em dólar e isentam o visitante estrangeiro de pagar 19% de IVA. Leve dólares ou cartão de crédito para pagar hotel no Chile.

Cartões globais ligados a bancos brasileiros

Os bancos digitais C6 e BS2 foram os primeiros bancos brasileiros a oferecerem contas globais.

Hoje já há 7 bancos com atuação no Brasil que facilitam a abertura de conta global a seus clientes. A principal diferença com relação aos cartões globais “independentes” é que alguns bancos cobram tarifas de acordo com o grau de relacionamento com seus clientes.

Se você não for correntista do banco, vai precisar abrir duas contas. Primeiro tem que abrir a conta nacional, para só depois solicitar a conta global. Por isso são contas globais indicadas para quem já é cliente do banco nacional.

Clique no link para ir à página de cada uma delas.

  • BS2: BS2 GO (débito: Mastercard)
  • Itaú: Avenue (débito: Mastercard) – oferece também investimentos
  • Banco do Brasil: BB Américas (débito: Visa) – conta bancária full-service nos Estados Unidos

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    Por serem tão novos, os cartões globais ainda estão sendo testados na prática por seus usuários.

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    1199 comentários

    Por favor, uma informação: Posso pagar pedágio na Itália com cartão Wise?

      Olá, Raul! Teoricamente sim, mas de vez em quando algumas máquinas ou sistemas encrencam com o Wise, então é bom ter um plano B. Leve outro cartão, mesmo que seja de crédito convencional. Você não vai à falência se usar o cartão convencional nas máquinas onde o Wise não funcionar.

    Passando para dar meu feedback. Eu e marido usamos cartões Nomad e My Account sem problemas, em Florença, Veneza e Lisboa. Aceitos em tudo o que é canto! O único senão foi que não conseguimos pagar nenhum Uber em Lisboa com o My Account, somente com o Nomad. E não entendemos o porquê…

    Em Israel, como faço para usar o Wise, coloco em dolar e uso como debito ?

      Olá, Perla! Se o Wise vender shekels, você pode comprar diretamente shekels. Senão, carregue com dólares e use normalmente, pagando compras expressas em shekels.

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