Cartagena: todo o sabor da Colômbia, na viagem da Miriam
Depois de nos contar neste post os seus 4 dias em Bogotá, a querida Miriam volta — a pedidos! — para relatar a última etapa da sua viagem à Colômbias: 4 dias em Cartagena (intercalados com um dia — frustrante — na Isla Grande del Rosario, que ela relatou aqui).
Texto e fotos | Miriam K.
Chegando a Cartagena
Cartagena fica a pouco mais de uma hora e meia de voo a partir de Bogotá. Lá os táxis não têm taxímetro, mas do aeroporto até a cidade amuralhada há um preço fixo de 10 mil pesos colombianos.
Para outros lugares, é necessário combinar o valor da corrida com o taxista, mesmo que chamemos por aplicativos como EasyTaxi (que funciona muito bem).
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Cartagena: dois hotéis (um barulhento, outro silencioso)
No primeiro dia, ficamos no Hotel boutique Casa del Coliseo que fica na rua de mesmo nome e que reservamos pelo Booking. Assim que chegamos, eles nos trouxeram uma enorme raspadinha de limão enquanto fazíamos o check-in.
O hotel fica numa casa antiga a portas fechadas, como muitos dentro da cidade amuralhada. Passando por fora, parece uma casa antiga florida e bem conservada e somente uma pequena placa nos faz perceber que chegamos ao hotel. A entrada fica no térreo onde há somente a recepção.
Todas as outras dependências do hotel, como salas de estar e sala de café da manhã, ficam no andar de cima e são acessíveis somente por escadas. Os ambientes são decorados com extremo bom-gosto e são muito charmosos e aconchegantes. Ficamos num quarto duplo superior que ficava num nível abaixo das salas de estar, de forma que para chegar nele, tínhamos que subir a partir da recepção e depois descer novamente.
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Com certeza este hotel não está indicado para quem tenha necessidades especiais, pois não há nenhum quarto acessível. Como a noite estava agradável, aproveitamos a deliciosa piscina iluminada no último andar do hotel.
O nosso quarto era bem aconchegante, mas a única noite que passamos lá foi muito mal dormida, porque havia um bar no outro lado da rua que funcionou até às 4 da manhã e depois desse horário, foram os motoristas de táxi que se reuniram alegremente antes de começar a trabalhar, bem debaixo da janela do 201.
O café da manhã é servido numa enorme mesa de madeira antiga e comunitária. Eles nos apresentam um pequeno menu e trazem à mesa o que for solicitado, como suco, frutas, ovos, pães, etc.
No dia seguinte, saímos logo cedo para passar o dia e pernoitar nas Islas Del Rosario e quando voltamos, ficamos no Hotel Quadrifoglio na calle del Cuartel, que é uma rua supercalma e perto de tudo. O hotel fica num casarão do século XVII que foi totalmente restaurado mantendo as suas características coloniais, acrescentados os confortos atuais.
No hotel Quadrifolio, o check-in também foi acompanhado de uma deliciosa raspadinha e cada vez que chegávamos da rua, tinha alguém para nos trazer uma toalha de mão gelada para nos refrescarmos. Para facilitar a nossa vida, antes de irmos para as Islas, já deixamos guardadas lá a nossa bagagem mais pesada e levamos somente o necessário.
O hotel tem somente 8 quartos, então o atendimento é bem exclusivo e também fica de portas fechadas. Há grandes áreas comuns, como salas de estar climatizadas para leitura e descanso, e varandas tanto no térreo como no andar superior. Há uma piscina aquecida no térreo e outra ao ar livre no último andar com diversas espreguiçadeiras.
Os quartos são grandes com tetos altos, cama king-size superconfortável, móveis antigos e decoração clean com obras de Gustavo Vélez e suas esculturas esguias. O hotel todo tem uma decoração rústica-chique que combina com o clima da cidade.
O café da manhã é servido numa mesa comunitária de madeira antiga arrumada no capricho com louças, taças e guardanapos de tecido. Pode-se pedir o suco do dia, frutas, ovos do jeito que quiser, panquecas, além de ‘pan de yuca con queso‘ (o nosso pão de queijo) e ‘arepa com huevo‘ (uma massa de milho frita com recheio de carne moída, temperos e ovo). Há também uma cesta de pães quentinhos diversos, café, leite e chás.
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Cartagena: esquadrinhando a Cidade Murada
A cidade de Cartagena foi fundada por Pedro de Heredia em junho de 1533 e, durante o período colonial, foi um dos principais portos nas Américas para transporte de ouro e prata, além de local para o comércio de escravos oriundos da África.
O rei Felipe II mandou construir as Muralhas de Cartagena com 11 km de extensão para proteger a região dos piratas como Francis Drake e outros invasores, dando origem à cidade amuralhada que atualmente concentra muitos dos principais pontos turísticos da cidade.
A muralha só foi concluída em 1796, 25 anos depois da independência da Colômbia. Pode ser visitada por dentro e por cima, já que há partes onde é larga o suficiente para andar ou ficar sentado vendo as pessoas passarem, admirar o mar e o pôr do sol.
A cidade murada de Cartagena é muito fotogênica e colorida e tem aquele ar descontraído de praia e calor. A população lembra muito a das nossas cidades praianas do nordeste.
A arquitetura colonial espanhola, porém, é mais imponente que a portuguesa, com pés direitos altos, grandes espaços internos e varandas floridas que tornam cada casa, cada esquina em uma foto em potencial. A cidade é cheia de monumentos, igrejas, praças e bandeiras de Cartagena e da Colômbia.
Dentro da cidade murada, as atrações são todas bem perto e para todo lado que se ande há pontos a serem visitados: a Torre do Relógio que é uma das entradas da cidade murada, a Plaza de Los Coches, a Alcaldía Mayor (a prefeitura), a Plaza de la Aduana, a Catedral (que estava em reforma) entre muitas outras.
O recinto onde funciona Las Bóvedas (Calle Zerrezuela, aberta todos os dias das 8h30 às 18h30) foi construído para ser abrigo militar e para armazenamento de suprimentos.
Desde a restauração, entre 1969 e 1972, funciona como principal local de concentração de souvenirs para turistas por metro quadrado da cidade e por esse motivo fervilha durante o dia.
A Plaza Bolívar é um oásis sombreado no meio da cidade com bancos e barraquinhas de comida em que as pessoas ficam descansando e passando o tempo.
Havia até um grupo de músicos em roupas típicas tocando por alguns trocados.
Logo em frente fica o Museo del Oro Zenu (Cra. 4 #3326, aberto de terça à sábado das 9h às 17 e aos domingos das 10h às 15h), que só fecha às segundas feiras — mas para quem já visitou o Museo del Oro em Bogotá, o museu do ouro de Cartagena serve somente para se abrigar do calor tropical que faz nas ruas, já que é gratuito e tem apenas uma pequena coleção de artefatos.
Parece que o maior interesse é dos vendedores de esmeraldas que têm uma loja acoplada e que, por uma oportunidade de venda, servem até de guia no museu.
A Plaza de San Pedro é um espaço aberto com várias esculturas em ferro do Museu de Arte Moderna (aberto de segunda à sábado das 7h às 19h. Ingresso adulto 8 mil pesos colombianos).
O museu propriamente dito tem entrada paga simbólica, tem obras de diversos artistas latino-americanos e é um local para uma passada rápida. A Igreja de San Pedro de Claver tem estilo barroco e do lado de fora tem uma escultura de Enrique Grau do próprio San Pedro com um escravo.
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Um lugar interessante é a Plaza de Santo Domingo que tem uma escultura de Botero ao ar livre, chamada de Figura Reclinada nº 92 bem em frente à Igreja de Santo Domingo.
A escultura rechonchuda é polida diariamente por ‘turistas devotos’ então está sempre brilhante. A igreja é a mais antiga de Cartagena e só tem uma torre porque nunca foi terminada.
Uma curiosidade é que boa parte do chão é recoberta por lápides antigas de famílias proeminentes da região. Há também uma imagem de Nossa Senhora com uma coroa de ouro e esmeraldas.
Em Cartagena há uma convivência pacífica entre atrações turísticas e coisas antigas como uma barbearia tradicional e uma loja para conserto de bicicletas, casas prestes a ruir e outras renovadas. Me impressionou a quantidade de portas decoradas na cidade e como há cuidado com pequenos detalhes de decoração como maçanetas e enfeites de fachadas, portas e casas.
Entre 2010 e 2011 houve até um concurso para eleger a melhor fachada, uma mais linda do que a outra.
A parte turística está na sua maior parte renovada e foram preservados edifícios de moradores famosos como Francis Drake e Simon Bolívar, sendo que este último também dá nome a uma praça que exibe sua estátua.
No final da tarde, os vendedores se espalham pelas ruas para vender suas bolsas coloridas e chapéus.
Fora das muralhas, visitamos somente o Castillo de San Filipe (Cra. 17. Aberto todos os dias, das 8h às 18h) que fica a poucos minutos de táxi. Pode-se visitar por conta própria, alugar um audioguia ou contratar um guia de carne e osso.
O nosso guia tinha 85 anos e fôlego de uns 30 para subir as rampas e as escadas do castelo. Achei que valeu a pena, porque em pouco mais de hora e meia vimos os pontos mais importantes com algumas informações a mais do que teríamos por conta própria. Como boa parte é ao ar livre, é fundamental levar água, passar protetor solar e usar chapéu. Fomos logo cedo para evitar as multidões e o sol a pino.
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Cartagena: onde comemos
Há inúmeros locais para comer que nunca irão aparecer em sites de buscas de tão pequenos, mas todos que experimentamos tinham atendimento caloroso e comida caseira que não varia muito, mas que era saborosa e barata (10-20 mil pesos colombianos para cada um). Experimentamos o refrigerante Postobon que lembra um pouco o Guaraná Jesus cor-de-rosa.
Nas ruas há de tudo um pouco: vendedores de lanches, frutas, sucos e raspadinhas de gelo para aliviar o calor, além das típicas arepas que lembram um pastel/empanada com recheios diversos.
A Gelateria Paradiso é um local imperdível que tem decoração de casa de bonecas, com florzinhas nas paredes, mesas, sofás e motivos naïf, mas é um ambiente agradável e um refúgio para o calor escaldante que faz na cidade.
Eles têm muitos sabores de sorvetes, alguns de frutas da região, outros mais conhecidos e com certeza vale pelo menos uma passada (por dia na volta para o hotel).
Há também os ‘fritos’ que são uma perdição para o controle de calorias. Uma curiosidade são os sucos da região como os de lulo, guanábana (a nossa graviola), uchuva (physalis), carambola e muitos outros que são servidos em grandes potes que parecem (e devem ser) vidros de conserva.
Por outro lado, há restaurantes estrelados como o Carmen (Calle 38 # 8-19, aberto todos os dias das 7h às 10h30, 12h às 15h e 18h às 22h), dentro do Hotel Ananda, que vale uma visita desde que os bolsos permitam, pois duas entradas, dois pratos principais e uma sobremesa, sem bebida alcoólica custaram 180 mil pesos colombianos.
Resumindo, Cartagena é um excelente destino no nosso verão, pois chove pouco e pode ser combinado com Bogotá que é a principal porta de entrada da Colômbia a partir do Brasil.
Gracias, Miriam! Ficou totalmente chévere!
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20 comentários
Quantos dias são necessários para conhecer Bogotá e Cartagena?
Olá, Andrea! Em Bogotá você precisa de um dia inteiro para o centro histórico com museus e um dia para a catedral de sal. Acrescente mais dias para curtir a capital. Em Cartagena vale a pena ficar três dias para entrar no clima — mas não há um itinerário de ‘atrações imperdíveis’ a ticar. Para ir à praia, prefira esticar a San Andrés, Aruba ou Curaçao.
Retornamos, eu e minha esposa, de Cartagena ontem, dia 15/outubro/2017. 7 dias muito bons. Ilha Gente Del Mar é muito bom. Temperatura do mar em Cartagena ótima. Na beira da Praia no Bairro Boca Grande arme-se de paciência com ambulantes e massagistas. São insistentes demais. Fuja das massagistas. Se deixa-las pegar no pé ou na perna, fica difícil escapar. Falta em todos os lugares de Cartagena preparo para falar/entender o português. Cidade amuralhada excelente visita para compras. Vá mais para o fim da tarde devido ao calor. Alí tb. encontramos restaurantes. Preços de taxi baratos, mas pergunte sempre antes de embarcar.
Post muito bom. Me ajudou bastante. Só uma correção: A Cidade Murada foi inaugurada 25 anos antes da independência, e não depois.
Sds,
Galera fui agora em agosto/2017 , minhas dicas;
cartagena (3 dias ) , hotel Intercontinental (top) , jantar italiano Vera (reservar), almoço La Cevicheria (é bom , bem falado, mas também nada super demais) , só fizemos o passeio de para isla gente de l mar e com todos que conversamos é a melhor ilha (ninguem oferece esse passeio) , pagamos 160 mil pesos + 15 impostos (compramos na ultima cabine da marina , aonde vende os passeios) . Peçam uber pois o preço é via app e não de cabeça como dos taxistas , fizemos o city tour com o bus vermelho (mas achei caro e não vale tanto a pena ,vale pegar um taxi fazer a volta na cidade, e a cidade murada tda a pé ) .
Depois foram 4 dias em san andres (mtooo melhor) , lá o hotel foi Decameron isleno ( valeu a pena pela piscina e localização), por que a comida em si é muito ruim e o all inclusive não vale tanto a pena , fora que há restaurante legais para conhecer como o La regatta (imperdivel e melhor fazer reserva) , passeios lá não fizemos , pois alugamos uma moto e fizemos tudo por conta , para jhonny cay alugamos um jet e fomos proximos a ilha .
Essas massagistas são terríveis e os vendedores ambulantes pertubam.
Cuidado homens sozinhos. Vi um cara abordando rapazes jovens sozinhos e oferecendo, não sei se drogas ou mulheres, não fiquei perto para ver. Cuidado.
Muita atenção em Cartagena, mesmo que vc tenha contratado um transfer, a agência Panamericana, deixou um carregador qualquer do aeroporto pegar nossas malas, sem nos avisar que não pertencia à agência. Depois, o cara ainda veio pedir dinheiro. Fora o susto de perceber que nossas malas estavam nas mãos de qualquer um.
Fiquei no Hotel Casa Lola. O café da manhã é em pouca quantidade e pouco variado. Vc tem que optar por pão ou iogurte. é isso mesmo! Se vc é alérgico, nem considere esse hotel. Tem um cheiro fortíssimo de incenso e não dá para abrir a janela pois é circulação. Há alguns quartos que quem desce da piscina vê tudo dentro
Fui à Cartagena em outubro, com um grupo grande de mulheres( e depois a um cruzeiro pelo Caribe) Ficamos no Charleston Cartagena, muito bem localizado, em frente às muralhas. Adorei a cidade, três dias foram pouco para conhecer tudo…Apesar de morrer de pena dos cavalos, fizemos o passeio de charrete e fomos ver o por do sol maravilhoso no Café del mar. Algumas foram aí passeio de chiva, outras foram para a balada… Acho que todas nós voltamos já sonhando com uma próxima visita!
Fui em junho de 2016. O lugar é incrível, sempre quente, restaurantes maravilhosos e super baratos. Lado ruim: cerveja quente, vendedores ambulantes tiram o sossego de qualquer um, até dos mais pacientes, e tenham muito cuidado com as massagistas na praia, elas chegam de mansinho, oferecem uma massagem no pé, de repente você já está lambuzado de creme e devendo 300,00 reais, enquanto nao paga elas não vão embora.
Um post muito completo e interessante. Somente por lê-lo, tenho vontade de ir a Cartagena das Índias e fazer este percurso. Boas fotos e bom texto.