Carro na Europa: as dicas do A. L.

O A. L. escreveu um supercomentário no “post do Reginaldo Leme” de ontem, recheado de dicas quentes para quem quer viajar de carro pela Europa. Transcrevo na íntegra.

sinais

Em relação à definição de “roteiros” para viajar de carro, vou dar algumas opiniões (detalhe: eu adoro viajar de carro, e minha tendência de trocar o trem de alta velocidade pela autoestrada também é alta, tempo permitindo).

1. GPS. Sim, ele é uma mão na roda para mostrar o caminho de saída de determinada cidade ou para identificar a conversão exata em uma estradinha rural não sinalizada. Todavia, não esqueça do bom e velho ATLAS RODOVIÁRIO (os melhores na Europa sao os da série Michelin). Eles mostram com uma riqueza de detalhes as tais rotas panorâmicas, as estradas que por si só são bonitas o suficiente para justificar o desvio. Aí, você programa o GPS para esses roteiros, ao invés de digitar Hotel X na cidade Y – o que quase sempre te dará um roteiro em autoestradas para dirigir a 130 km/h. Se possível, alugue um GPS que funcione também como mapa, não apenas aquele em que você digita o endereço e ele mostra esqueminhas do tipo vire à esquerda, siga em frente.

2. Sinais de trânsito básicos na Europa. Existe um conjunto básico de sinais que são usados em toda a União Europeia e que vale a pena conhecer. O site https://www.ideamerge.com/motoeuropa/roadsigns/ é meio desatualizado no restante, mas se vc descer a navegação terá a lista dos sinais de trânsito. As principais diferenças do Brasil dize, respeito ao sinal de “proibido transitar”, que é um círculo com borda vermelha e fundo branco (e aí se a proibição for só para caminhões, por exemplo, será um círculo de borda vermelha, fundo branco e um caminhãozinho); “proibido ultrapassar”, que é o mesmo círculo com um carro vermelho e outro preto; direção proibida, que é um círculo todo vermelho com uma linha branca central, e os sinais de conversão, que ao invés de mostrarem o que é proibido, mostram o que é permitido e são postos em fundo azul. Enfim, tem outros detalhes fáceis de aprender em um mini-curso de sinais de trânsito de meia-hora mas não dá pra colocar aqui.

3. Estacionamento. A principal fonte de perrengues para motoristas desavisados. Exceto em cidades pequenas e no campo propriamente dito, presuma que estacionar na rua sem pagar ou ter uma autorização é proibido: procure um parquímetro (você coloca moedas e sai um ticket com a hora até a qual você está autorizado a ficar), ou um estacionamento pago com aquelas placas P em sinal quadrado com fundo azul. Não custa horrores, e você fica tranquilo.

4. Estradas panorâmicas e “mountais passes”. Comentei em cima sobre os atlas que põe um destaque nas estadas cuja paisagem por si só é atrativa. Valem realmente a pena os desvios, pois a “faixa de domínio” aqui é muito bem cuidada, nada de lixo, caçambas e mato alto. Em algum casos, a faixa de domínio é inexistente porque tem um paredão de rochas de um lado e um abismo do outro. Mas tudo é bem sinalizado. Os “mountais passes” são os pontos mais alto de estradas que cortam cadeias de montanhas, em geral precedidos e sucedidos por longas séries de curvas. Se o estômago vai bem (falo de até 42 curvas para subir e 35 para descer como fiz semana passada indo pra Cortina d’Ampezzo aqui na Italia), as paisagens são in-crí-veis, mas reserve tempo para isso e, claro, não se meta a subir uma estrada a 2.700m no inverno (os bons atlas indicam em que meses do ano essas estradas mais altas fecham).

5. Paradas gastronômicas, museus inesperados, cidades (in)comuns. O mais legal de ficar viajando de carro é exatamente a flexibilidade de descobrir lugares que ficam fora das principais dicas turísticas porque são afastados, remotos, difíceis ou impossíveis de chegar com transporte público ou simplesmente tratados como ‘comuns’. Você pode dar de cara com uma vilinha medieval que nào imaginava existir, um museu sobre aquele tópico que te fascina, um campo de girassóis ultrafotogênico ou uma igreja barroca que recebe visitantes quase toda para você. Além disso, quem aprecia a “culinária local do dia a dia” tem uma chance única de apreciar pratos e guloseimas locais.

6. Separe claramente os trechos “a conhecer” dos trechos “a percorrer”. Se a viagem tem distâncias longar a percorrer, faça uma distinção entre os dias/locais em que vai usar bastaaante tempo para conhecer paisagens locais e outras coisas, dos trechos em que você vai simplesmente “se deslocar”. Nesses últimos, escolha as auto-estradas e vá em frente. A idéia de “oba, estamos passando por Bordeaux, vamos entrar pra ficar meia hora e ver como é” não funciona e estressa.

7. Hotéis estrategicamente posicionados. Se você vai explorar uma região por vários dias e quer economizar, escolha hotéis que tirem o melhor proveito da sua “motorização”: na estrada ou com fácil acesso às rodovias. No Brasil, qualquer hotel 2 estrelas tem um pátio ou um matagal onde você pode estacionar seu carro, aqui na Europa hotéis em centros históricos simplesmente não tem nada. Então, aproveite que você está de carro e pague BEM menos em um desses hotéis de estrada se, que não tem tanto charme, te colocam na posição ideal para explorar os lugares.

8. Carro a diesel. É um detalhe, mas com exceção da Suíça, o diesel é muito mais econômico de ser usado em todos os outros países da Europa e, como não existe no Brasil carro de passeio a diesel, quase sempre associamos a pergunta do atendente da locadora “prefere diesel” com a oferta de uma caminhonete ou algo grande.

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    9. Reserve com inteligência e descole upgrades em locadoras. Para aluguéis de curto período (menos de 10 dias), fuja da agência de turismo e faça você mesmo o serviço de casa. A Europcar (.com / .it / .fr /.nl) é uma das mais competitivas e tem uma rede de atendimento legal. A AutoEurope oferece preços excelente e pré-pagos e, o que é mais legal, sempre tem promoções que incluem isenção de franquia ou, no caso de Itália, França e Alemanha, ausência de tarifas para vc pegar o carro em uma cidade e devolver em outra NO MESMO país.

    De qualquer forma, fica a dica: ao reservar, pule a primeira ou segunda categoria de minicar ou econômicos e reserve uma logo acima. A diferença em euros é pouca, mas o fato é que a maioria dos escritórios dessas agências não tem tanta variedade de carros assim (ao contrário dos EUA), então é provável que te ofereçam um upgrade sem cobranças a mais se você reservar uma categoria no meio entre os carrinhos e os full-sedans ou “carros de família”.

    Obrigado, A. L.!

    Leia também:

    Europa: avião, trem ou carro?

    113 comentários

    Deixo algumas dicas para quem for usar carro na Europa:
    Vale a pena pesquisar nos sites das locadoras de veículos na Europa alguns descontos que eles dão simplesmente por apresentar o cartão de um determinado programa de milhagem. Ja ganhei descontos na Avis, por exemplo, apresentando o Flying Blue. Sem contar que alguns acumulam pontos.

    Para países como Alemanha ou Austria, uma boa pedida de locadora é a Sixt, que tem bons preços e oferece até BMW a preços atraentes.

    Em alguns poucos lugares como Firenze, por exemplo, há áreas controladas onde creio que somente moradores e automóveis de serviço podem circular. Sugiro atenção para não se tomar multas por lá devido a isso.

      Se chama Z.T.L. (zona de traffico limitato). É um saco, um perrengue e felizmente restritras à Itália. Mas são bem sinalizadas, tem lá a plaquinha circular de fundo branco e borda vermelha, é fácil ver que não pode entrar. E é só no centro.

    Acabei de chegar de uma road trip pelas montanhas rochosas do canadá (www.icefieldsparkway.ca). Usei a tática de reservar um carro intermediário, dei sorte, e acabei ganhando um super up grade (um Dodge Nitro). Usei o GPS (não incluido no preço da diária) praticamente o tempo todo, inclusive pra achar posto de gasolina, ele só vacilava quando tentava nos desviar para alguma estrada secundária.
    Uma das questões que mais me incomodou antes de reservar o carro foi a do seguro. O meu cartão oferecia a cobertura LDW, mas como não consegui obter informações detalhadas de como ele funciona, optei pelo seguro da locadora. Acho que valeu a pena, além da tranquilidade de estar totalmente coberta, na hora de entregar o carro não fizeram vistoria alguma, foi o check out mais rápido da história!

      Olha, cuidado com esses check-out rápidos, às vezes o contrato diz que vc pode aceitá-los mas a companhia pode debitar estragos depois. Eu sempre faço questão de ter o papelzinho assinado dizendo que não tem dano – é igual a história do fast-checkout em hotel e depois eles debitam algo que vc não consimou do frigobar.

    Ah, os EUA. Se existem um lugar onde o carro é um convidado de honra e não um incômodo jamais (exceto NYC?), esse lugar são os EUA 🙂

      Exceto San Francisco também, André… 😉 De resto, acho que quem está “sem rodas” realmente sofre nos EUA!

      Gosto por gosto, eu adoro a conveniência automobilística dos EUA, até porque um dos efeitos de ter todo mundo viajando de carro é ter lugares que, na média, são menos lotados mesmo na alta temporada. Não há nada que se compare ao sufoco de Paris ou Roma nos EUA, nem mesmo Miami no altíssimo verão 🙂

    Essa dicas são ótimas!

    O GPS realmente é algo íncrivel e facilita a vida da viajante atrapalhada como eu que não consegue ler mapas enquanto o carro está em movimento. Com sua ajuda conseguimos visitar algumas cidades pelos EUA, inclusive fomos até Virgina na região das Luray Caverns. Passamos por cidades bem pequenas sem nenhum problema…

    Excelentes dicas! Já viajei algumas vezes de carro pela Europa, mas mesmo assim aprendi bastante com essas dicas. Já estou doido para colocá-las em prática. 🙂

    A primeira vez dirigindo na Europa é sempre uma surpresa: como funcionam os pedágios, onde estacionar, limites de velocidade, placas, como abastecer o carro…Mas se pega o jeito tão rapidamente…e é mais que compensador, é um prazer.
    Só de ler esse post já me deu vontade de sonhar com alguns roteirinhos…tem coisa melhor que pegar o mapa e ver as possibilidades? (Com um GPS ajuda…eu não ligava muito para eles, mas na Grécia foi bem útil.)

      Nossa, lembrei da minha primeira vez na Europa e com carro (foi uma coisa só). Desembarquei em Paris, tive que me virar com o telefone pra achar o representante da locadora (o vôo atrasou e só tinha uma pessoa esperando), e depois tudo novo. Felizmente eu pude “observar” como se abastacia o carro e deu certinho, depois aprendi detalhes como os limites diferenciados de velocidade e hoje até sei como se diz “exceto” em todas as línguas da Europa Ocidental 🙂

      Emília querida,
      faço minhas suas palavras. Vivi essa experiência na Provence em Junho. Lições aprendidas:
      1) Recordar como se abastece um carro no self-service (sem trava automática como tinha no Brasil);
      2) Aprender que o cartão de crédito não emitido na França dificilmente é aceito pelas máquinas de pedágio na Provence (mas que logo vem uma pessoa te ajudar se vc apertar o botão do help);
      3) Há pedágios que vc pega um ticket e quilômetros/muitos minutos depois, insere-o para pagar. ESSA NÃO VI EM LUGAR NENHUM, fo MINHA MÃE QUE ME AJUDOU A PENSAR pq eu simplesmente não sabia o que fazer qdo ouvi quinhentas buzinas atrás de mim rsrs

    Detalhe: no Reino Unido, fuja do diesel – ele é mais caro que a gasolina (ou quase o mesmo preço), mas como se gasta muito mais, é fria (e fria em libra é muito mais gelada).
    Quanto ao GPS, estou na minha primeira viagem com o bichinho. Concordo que é ótimo para cidades grandes, onde é quase impossível navegar e prestar atenção no trânsito ao mesmo tempo. Mas não achei tuuuuuudo isso que falam não. O bichinho é danado pra não saber as últimas atualizaçoes (e placas sempre valem mais), ignora completamente que as estradas rurais e as ruelas de cidades medievais NÃO são indicadas pra entrar de carro, e deixa a gente meio bitolado demais. Ainda sou fã da navegação old fashioned, no mapinha mesmo. Talvez se lançarem a versão portátil do ViaMichelin…

      Olha, acho que depende muito do modelo de GPS que você pega. Até porque o GPS que vem com o carro alugado é chinfrim e as vezes só mostra a direção, e não o mapa, muitas vezes vale a pena trazer o GPS do Brasil (quem tem) ou comprar um aqui (pra levar pra casa depois) e aí só comprar avulso o mapa, que deve custar uns R$ 150/200. São os 70 euros mais bem gastos.

      Eu já usei GPS que manda vc entrar até em via de pedestres, mas o próprio GPS da Michelin é bem confiável, assim como o Tom Tom. E os mais moderninhos permitem que você configure direito as preferências, se quer evitar estradas com pedágio, com trecho em meia-pista, em áreas que tem restrição de tráfego etc.

      Sem falar que depende também da qualidade dos mapas que você compra, no caso de quem tem GPS próprio… Uma amiga minha quis economizar comprando uns mapinhas “piratas” aqui no Brasil mesmo e foi roubada – o danado do mapa não vale nadinha, até as mãos das ruas vêm invertidas. Agora, nos EUA o GPS funciona que é uma maravilha! Claro que temos que contar com o imprevisto, uma estrada fechada para obras, um endereço de hotel meio vago (tipo rua tal, sem número – fica difícil!), mas no geral é bom demais! Aliás, pra quem dirige sozinho e não tem um navegador confiável, eu diria que é essencial…

    Eu já tinha visto o comentário do André, mas não tinha dado tempo de comentar – utilíssimo mesmo, pra guardar com cuidado e usar sempre! 😉

    E, só pra não perder o hábito adquirido ao longo da convivência no VnV, concordo com o Arnaldo sobre o GPS. Também divido as minhas viagens de carro em antes e depois dele. Há inclusive viagens que só fiz porque o GPS existe, tipo levar uma amiga ao LAX à noite e voltar para Riverside sozinha – sem GPS, nem morta…

    Adorei! Na minha próxima viagem quero alugar carro com certeza! Ainda mais depois de hoje….4 horas e 20 minutos dentro de um trem sem ar condicionado…todo mundo reclamando…nossa! Só passando aqui para refrescar a mente, dizer um aló, responder à pesquisa do blog e amanhã tem mais lerês. First day in Berlin! 🙂

    Maravilhosas, utilíssimas dicas. Muito boas mesmo. Eu sou um cara que adora mapas, leva mapas e tem mapas e mais mapas.

    Mas posso dizer UMA coisa: existe duas ERAS nas viagens rodoviárias, a ANTES e a DEPOIS do GPS.

    Para mim, depois do celular, é a invenção mais útil e sensacional.

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