Dobradinha Tex-Mex: Cancún e San Antonio na mesma viagem (roteiro da Adriana)
A leitora Adriana Marques resolveu unir dois destinos inusitados em uma mesma viagem no final do ano passado: Cancún e San Antonio, no Texas. Inusitado só no departamento viagem — porque, na cozinha, a combinação Tex-Mex já está consagrada. Adriana pesquisou bastante sobre os locais antes de embarcar e aproveitou o fato de que pretendia ficar sem carro para escolher atrações e hospedagem que combinassem com a situação.
Saindo do Rio de Janeiro, Adriana comprou todas as passagens direto com a United, usando o aplicativo On the Fly, que é um monitorador do ITA (recomendado pelo Rodrigo Purish, do Aquela Passagem), para escolher a opção mais barata com todos os voos incluídos, para que não precisasse se preocupar com mudanças de franquia ou outros contratempos. Os voos foram Rio-Houston-Cancun-Houston-San Antonio-Houston-Rio.
É a própria Adriana quem conta como foi (de forma mais rapidinha a etapa em Cancún e mais detalhista quando se refere ao Texas). Embarque com ela!
Texto e fotos | Adriana Marques
Cancún e região
No México eu fiz exatamente o que o Comandante não recomenda: picotei minhas diárias. Mesmo sendo adepta do slow travel, não me arrependo. Fiquei duas noites em Cancún no Aloft e usei um dia inteiro para ir a Isla Mujeres.
Fui a Playa del Carmen de transfer com a USA Transfers (eu e meu namorado não dirigimos) e lá fiquei no La Tortuga Hotel & Spa por outras duas noites (recomendo bastante). Usei o dia inteiro para ir até Xcaret. Achei a praia em Playa propriamente dita muito, muito, muito ruim e decepcionante, mas pode ter sido uma questão de dias ruins/correntes marítimas. A água estava turva e marrom.
Depois dessas noites aproveitando a cidade, me mudei pro Playacar Palace All Inclusive, onde fiquei mais três noites. É a melhor opção disparado para quem quer ficar sem carro e perto da cidade. O hotel está colado no pier de embarque pra Cozumel e na 5a Avenida. Outra vantagem incrível que a rede te dá é a possibilidade de usufruir de qualquer outro hotel Palace Resorts enquanto voçê está hospedado com eles. Assim, pegamos o ferry e fomos para Cozumel. Só posso dizer que para quem quer apenas relaxar e fazer snorkel, é o melhor lugar do mundo. Tanto o Playacar quanto o Cozumel Palace são “resorts” pequenos, não recomendaria de forma alguma para quem está com crianças.
Texas
100% dos meus amigos me perguntaram o porquê de estar indo a San Antonio, como se eu fosse louca. Confesso que tenho um gosto “peculiar” em relação a cidades dos EUA. Enquanto todo mundo ficava louco pra conhecer NY e Miami, eu queria conhecer Savannah, Nashville, New Orleans etc. Quando eu vi a matéria aqui no VnV sobre San Antonio, fiquei louca! Precisava conhecer aquela cidade! Queria combinar o México com algum destino americano e, considerando alguns fatores, bati o martelo em San Antonio.
Três motivos pesaram na decisão:
- 1) É um ótimo complemento à viagem ao México. É muito interessante ver as culturas se misturando e aprender sobre história in loco, entendendo por que os texanos são tão orgulhosos de seu estado, de seu passado e de sua bandeira “don’t mess with Texas”.
- 2) É geograficamente perto do México, os voos são curtinhos.
- 3) Não está estupidamente frio em dezembro, data da nossa viagem.
Fui em dezembro de 2014 e estava uma temperatura ótima. De dia usava no máximo um casaquinho, de noite algo mais pesado, mas sem a necessidade de várias camadas de roupa e/ou roupas térmicas especiais. Mesmo agora com esse inverno rigoroso que os EUA estão tendo, as temperaturas lá dificilmente ficam abaixo de zero. Por outro lado, imagino que em julho/agosto o calor possa ser um tanto desconfortável.
Ficamos seis noites no Drury Plaza Riverwalk. Pesquisei demais as opções de hotel e só tinha uma certeza: de que queria ficar no River Walk. Levei em consideração a localização, o preço, a rapidez e eficiência no atendimento via email (estou esperando uma resposta do Marriott até hoje) e os “extras” oferecidos. Veredicto: aprovado com louvor!
A localização é ótima. Há uma saída própria para a parte bacana do Riverwalk e também está bem perto do Alamo e de vários pontos de ônibus que foram uma mão na roda. A caminhada até o Rivercenter Mall e a Tower of Americas é uma delícia e não leva mais do que 15 minutos.
O preço não está na categoria “pechincha”, mas vale cada centavo. Aproveite que San Antonio é uma cidade um pouco mais barata que a maioria das outras dos EUA pra ficar num hotel melhor! Os extras são um capítulo a parte: o que me interessava na época da reserva era o fato de ele ter piscina externa aquecida, jacuzzi no rooftop, sauna E piscina interna aquecida. Tinha a ilusão de que (assim como fiz em Washington) ia voltar de um dia de lerês e relaxar um pouco nas piscinas antes do jantar. Acabou que eu não tive a chance de usar nenhuma das piscinas, mas não me arrependo! Além delas, o hotel também oferece um business center com computadores, scanners e impressoras e wi-fi grátis (em todo o hotel). Mas o diferencial é a comida. A rede Drury oferece (incluído na diária) o melhor café da manhã da maioria absoluta de hotéis que já fiquei nos EUA, com ovos mexidos, panquecas, iogurtes, muffins, hash browns, queijo, presunto, pães… Além disso, a partir de 15h tem pipoca e água grátis no lobby e é IMPOSSÍVEL não pegar um pouco. É uma delícia o cheiro se espalhando a partir daquelas “máquinas-carrinho” antigas. Você pode se servir e pegar o quanto quiser. Mas não é só isso! Eles oferecem ainda, de 17h30 às 19h, um happy hour incluso (the kickback). Cada hóspede tem direito a dois drinks alcoólicos por dia (pode ser taça de vinho, cerveja ou drinks mesmo) e comida. O cardápio muda diariamente, mas sempre tem um bar de saladas com alface, tomate cereja, rúcula e pratos quentes. Nada muito sofisticado, mas podem ser nachos, mac n’ cheese, almôndegas, nuggets, hambúrgueres, baked potatos, sopas… Ou seja, caso você queira economizar, não precisa gastar dinheiro com o jantar. Na verdade, se quiser ser bem econômico mesmo, não gasta com comida nenhuma. Toma um café reforçado, come uma pipoquinha e depois janta. Tudo incluído no preço da diária.
Quanto tempo ficar
Eu fiquei 5 noites e poderia ter ficado muito mais. Não fui ao Six Flags nem ao Sea World. A região em volta da cidade (Texas Hill Country) também é muito bonita e cheia de vinícolas e cidades pitorescas.
Onde comer
Como tínhamos acabado de ficar 7 noites no México, optamos por não comer em nenhum restaurante mexicano. Além disso, meu namorado nunca tinha ido aos EUA e eu queria que ele pudesse provar algo mais “típico”. Assim, nosso roteiro passou pelo Paesanos (555 East Basse, tel. (210) 828-5191), um restaurante de temática italiana no River Walk, que aparece, inclusive, em uma das fotos do post do blog. Foi o preferido do meu namorado. As porções são tipicamente americanas, ou seja, enormes. Na primeira visita (primeiro almoço em San Antonio), comemos um appetizer sampler em que você pode escolher três das entradas disponíveis e de principal escolhemos cada um uma combinação do dia: ele foi de salmão grelhado com penne ao molho bechamel e eu de frango grelhado com fetutine alfredo. Ambos deliciosos. Bebemos uma taça de vinho cada e a conta saiu uns US $150, já com a gorjeta.
Já o meu predileto foi o Saltgrass Steak House (502 River Walk, tel. (210) 222-9092), num ponto supertranquilo do River Walk. Ficamos na ultima mesa da varanda e tinha a sensação de ter o rio só para nós. Super-romântico e com serviço incrível. Os preços no almoço também são muito bons. As carnes vêm com uma escolha de salada mais um acompanhamento e um molho. Fui de prime rib 10oz com mac n’ cheese e caesar salad e meu namorado foi no surf ‘n turf com mashed potatoes. Comemos ainda uma sobremesa maravilhosa, bebemos uma garrafa premium de vinho, tomamos café e a conta ainda foi menor do que a do Paesanos.
O Cheesecake Factory (7400 San Pedro, tel. 210-798-2222) foi nossa escolha no dia em que fomos ao shopping fazer compras. Não há unidades na área turística e como meu namorado nunca tinha ido… Tá, mentira, eu tava louca por um cheesecake de oreo #prontofalei. Como sempre, estava tudo delicioso.
Também passamos pelo Rainforest Café (110 East Crockett, tel. (210) 277-6300). Aqui preciso fazer um mea culpa. Eu não estava muito a fim de comer ali, nunca me senti atraída por esse restaurante nas outras cidades americanas às quais já fui e ficava pensando “que tipo de pessoa perde seu tempo num lugar fake e pega turista desses?” Realmente a comida não foi lá grandes coisas, mas a refeição em si foi superdivertida e valeu a pena. Caso estejam com crianças, recomendo muito.
O que fazer
Fomos a dois jogos de basquete (San Antonio Spurs); assistimos a “O Rei Leão” no Majestic Theatre; fizemos um passeio de dia inteiro na região de montanhas, Fredericksburg e vinícolas/produtores de vinho; passamos uma manhã inteira na visita ao Alamo; passeamos pelo River Walk e eu fiz compras no Rivercenter Mall, no North Star Mall e em duas Ross – Dress for Less. Tudo por conta própria, sem carro alugado. Usamos ônibus e, para o dia do passeio na vinícola, os serviços da CottonWood Wine Tours.
O Majestic Theatre (224 E. Houston Street, tel. (210) 226-5700) em si já é uma atração. Recomendo fortemente olhar a programação deles quando estiver na cidade. No nosso caso, estaria acontecendo a temporada itinerante de “O Rei Leão”, montagem da Broadway. Foi uma noite bastante divertida e agradável! O teatro fica no coração turístico da cidade e é possível ir caminhando de qualquer hotel nessa região. Há em volta diversos restaurantes com cardápios pré e pós teatro, mas é melhor fazer reserva.
A experiência de ver o San Antonio Spurs é imperdível, mesmo para quem não liga muito para basquete (não é o meu caso). Vale a pena ver como os americanos conseguem transformar tudo em um mar de diversão e eficiência. Na arena existem diversas opções de comida e bebida, lojas de souvenir, lounges, possibilidade de fotos com as cheerleaders e o mascote, gincanas para as crianças. Dependendo do dia, existe uma área externa anexa com programação de shows após o jogo: o pessoal fica por lá curtindo a música e tomando uma cervejinha. Para chegar e sair de condução, basta usar o ônibus 24 e descer em frente. Na volta a motorista nos mostrou onde fica o ponto, mas basicamente é só atravessar a rua. Caso o jogo acabe tarde, ou você prefira mais conforto, existe um ponto de táxi bem organizado lá na porta. É só esperar alguns minutinhos e pronto! Inclusive vi muitos turistas se juntando na fila para dividir o táxi até o River Walk e economizar na corrida. Para comprar os ingressos é preciso um pouco de antecedência. Comprei pelo site oficial da Ticketmaster e mesmo eles têm ingressos de resale (ingressos revendidos, uma espécie de cambismo oficial).
O passeio pelas vinícolas foi a melhor experiência da viagem! Mesmo para quem não é “enochato” ou interessado no assunto, recomendo a CottonWood Wine Tours, um casal que trabalha com turismo especializado. No site deles existem diversas opções de tours pelo Texas Hill County e eles acabaram montando um tour específico para o que eu queria. Não vou me estender sobre eles agora para não correr o risco de ser muito específica em relação à questão dos vinhos, mas caso seja de interesse de alguém, estou a disposição. 🙂
Usamos o áudio guia (e foi fundamental) para entender melhor um pouco do que é San Antonio na visita ao Alamo. Caso tenham interesse histórico, dá para passar facilmente uma manhã inteira lá dentro. É possível combinar esse passeio com as outras missões das redondezas.
Compras
San Antonio é uma cidade difícil para o turista brasileiro clássico. No coração turístico não há muitas das lojas mais procuradas e muitas vezes elas ficam espaçadas umas das outras. Há uma Victoria Secrets no River Walk, Macy’s no shopping… Mas tudo em “tamanho reduzido”. Por conta disso, optamos por passar um dia no North Star Mall (7400 San Pedro, tel. (210) 340-6627) que fica próximo ao aeroporto. Também fomos/voltamos de ônibus sem nenhum problema. Demora cerca de 30 minutos cada “perna” da viagem. Do North Star eu caminhei até a Ross, que fica do outro lado da estrada. Existe sinal/calçadas no caminho, mas dá um certo nervoso porque, assim como na maior parte das cidades americanas, não tem ninguém na rua caminhando. E, quando tem, nosso complexo de brasileiro (ou o meu complexo de carioca) nos faz ter medo de assalto e tal. Mas não tive problema nenhum. Em outro dia acabei pegando outro ônibus e fui para outra parte da cidade, passando pelo King William District, até uma região nitidamente mais humilde, onde encontrei uma outra Ross ao lado de um Target. Acabei fazendo boas compras assim. Para aqueles que dirigem, existe um outlet em San Marco com todas as marcas conhecidas/desejadas. Infelizmente não há como chegar lá de ônibus e o serviço de transfer gratuito que era oferecido por eles foi interrompido. O táxi até lá custa em torno de US $ 50 cada trecho e como eu ia sozinha, não compensava gastar esse dinheiro.
Conclusão
Achamos que combinar o México com o Texas fez total sentido e não foi um choque muito grande de realidades, como seria se tivéssemos saído de Playa del Carmen para Nova York, por exemplo. Caso o interesse maior na parte dos EUA da viagem seja fazer compras, sugiro incluir Houston na dobradinha (dá até para economizar mais um trecho de voo). Se estivéssemos indo em uma época mais quente (final de abril até o início de setembro), provavelmente incluiria alguns dias hospedada no Texas Hill County para dar aquela descomprimida/relaxada final antes da volta. Também recomendaria o all inclusive em Cozumel, assim como o voo direto de lá para os EUA, economizando as horas de estrada na volta até Cancún.
Leia mais:
- Romance com tempero tex-mex em San Antonio
- Diversão e compras em Houston
- Para entender Cancún e região
1 comentário
Não sei porque San Antonio também é tão pouco visitada por brasileiros. A cidade é extremamente charmosa.
Diferente do seu roteiro, fui para lá fazer um enxoval para meu filho. Para quem foca em compras, existem dois outlets ao lado um do outro, em San Marcos, que é próximo. Poucos brasileiros e uma gama de opções maiores para comprar.
O Riverwalk é uma das coisas mais legais que eu já conheci na vida. A ideia de revitalizar um canal de água que serviria para evitar enchentes e torná-lo um local de passeio é sensacional.
O Álamo não me fez perder mais do que uma ou duas horas, mas vale a visita. A cidade é limpa, arrumada, segura, bonita, enfim, possui todos os adjetivos que podemos procurar. Certamente penso em voltar, já que minha esposa estava grávida e não pudemos fazer o “footing”tradicional (e o Riverwalk tem uma tonelada de escadas para subir e descer).
O jogo dos Spurs é um clássico. Eu não gostava do time (torci até contra, heheheheh) mas me apaixonei tanto pela cidade, que estou revendo meus conceitos. Achei a forma de conservação muito legal. Enfim, recomendo o destino!