Guia de Amsterdã
Bruine cafés em Amsterdã – os botecos holandeses
A experiência mais divertida e autêntica que você pode ter em Amsterdã enquanto segura um copo de cerveja é num de seus bruine cafés. Os bruine cafés (cafés marrons, brown cafés) são os botecos holandeses, com uma atmosfera que lembra um pub, porém mais aconchegantes.
Esse aconchego se dá, em parte, pelo tamanho dos bares: é comum não comportarem muito mais do que 20 pessoas comodamente (ou, nos horários de pico, 50 pessoas incomodamente).
A luz baixa, a madeira escura e os objetos antigos que decoram as paredes contribuem ainda mais para essa atmosfera, além, é claro, da camaradagem entre velhos e novos amigos ao redor do balcão do bar.
In’t Aepjen
O In’t Aepjen (Zeedijk, 1) é uma graça de lugar, com jeitão de volta no tempo. Fica próximo à estação central, num prédio do século 15, com grandes janelas para observar o vai-e-vem na rua. Na decoração, macacos de plástico, de pelúcia e em pôsteres (você devia estar se perguntando o que significa “aepjen”, não?).
Eventualmente o gato da casa dá uma pinta pelo salão. Por lá, tomei um chope da La Trappe, cerveja holandesa que no Brasil custa caro, mas que em casa sai mais ou menos pelo mesmo preço dos outros chopes. O som era um blues tranquilo, e o público, de idades variadas, numa mistura entre moradores e turistas.
Perguntei ao Hans, o bartender, dica de um bruin café central. Ele sugeriu o The Pilsner Club, conhecido também como De Engelse Reet, que significa nada menos do que O Traseiro Inglês. Fica na Begijnensteeg, 4 (bem próximo à estação Spui do tram).
Arendsnest
“Alguém entra aqui sabendo o que pedir?”, perguntei ao bartender. “É raro”, ele riu, pensando no que me recomendar.
No Arendsnest (Herengracht, 90; aonde cheguei por dica do Ducs Amsterdam), a seleção de cervejas é imensa, e todas são holandesas.
Você pode fazer um tour pelo país sem sair da banqueta — mas tome cuidado ao levantar, já que o teor alcoólico delas fica entre 6 e 10%, enquanto as cervejas que tomamos por aqui têm entre 4 e 5%. Não seja tímido e peça uma dica a quem estiver atrás do balcão.
O Jan, bartender da vez, me fez meia dúzia de perguntas e acertou em cheio ao me sugerir a Maximus Brutus. De quebra, ainda me deu uma provinha da Spanish Inquisition, uma cerveja curiosa, com aroma e ardência de pimenta vermelha.
Por lá, a música é baixa e fica entre rock e pop. Encontrei um público mais jovem, nos seus 25-35 anos, e em sua maioria turistas.
O Arendsnest é mais espaçoso, novo e ligeiramente mais iluminado do que um bruine café autêntico, mas moradores me garantiram que pertenceria ao gênero, e quem sou eu para discordar.
Cá pra nós, com tanta cerveja boa à disposição, acho que podemos ser um pouquinho mais flexíveis.
Antes de sair, pedi ao Jan mais uma dica: “Qual o seu bruine café favorito?”. Ele me passou o endereço do Café Nol (Westerstraat, 109), que fica aberto até 3 da manhã e é o lugar para se tomar a saideira em Jordaan.
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De Twee Zwaantjes
O De Twee Zwaantjes (Prinsengracht, 114) seria o bar para chamar de meu, se eu morasse em Amsterdã. Pequenino e pouco iluminado como todos os outros bruine cafés, o bar dos “dois cisnes” vem com um adicional: o Eduard.
O Eduard é o bartender do De Twee Zwaantjes. Um senhor alto e elegante, de seus 50 anos. Ele vai ser cortês, mas não vai te dar muita bola. Isso não importa. O que importa é que ele cuida da seleção musical. Por lá, a cena mais comum de se ver é Eduard e os habitués do bar cantando, apaixonados!, músicas tradicionais holandesas, como essa:
Nos domingos e segundas à noite tem karaokê ou banda ao vivo, que eu até agora não entendi onde pode caber lá dentro.
Eu não ousaria pedir ao Eduard uma recomendação de bar, porque realmente não acredito que possa existir um bar melhor em Amsterdã do que aquele onde o Eduard esteja comandando o som, rindo e cantando junto aos clientes.
Peça um chope Bavaria, enturme-se com os simpáticos freqüentadores e solte o gogó.
Algumas outras dicas sobre os bruine cafés:
- O chope custa entre 2,50 e 3,50 euros. Chopes artesanais, entre 4 e 5 euros.
- Leve dinheiro. Alguns bares não aceitam cartão.
- A lista de cervejas fica na parede, às vezes sem o preço. Fique à vontade para perguntar.
- Na hora de pagar, o bartender vai provavelmente dizer o quanto você deve, sem apresentar um recibo. A gorjeta não é obrigatória e nem inclusa na conta. Se for bem atendido, arredonde o valor.
- A comida é menos variada do que encontramos nos bares brasileiros. Vá pensando mais em beber do que em petiscar.
- Para um clima mais tranqüilo, chegue no bar ao fim da tarde.
- O balcão é sempre o melhor lugar de ficar em um bar que tenha balcão, e nos bruine cafés não é diferente. Faça amizades, converse com o bartender, pergunte sobre as cervejas e ganhe dicas sobre a cidade e sobre outros bruine cafés.
Mariana viajou a convite da Holland Alliance.
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2 comentários
Adorei o In De Wildeman! A seleção de cervejas é muito boa e servem um queijinho ótimo pra beliscar. Não gostei do Arendsnest, porque servem exclusivamente cervejas holandesas… meu coração bate pelas belgas.
Adorei as dicas…