Uma semana entre Petrópolis e Paraty: a viagem do Edgard e da Erika
O Edgard e a Erika já nos presentearam com um relato completíssimo da sua viagem pela Cidade do México e Circuito da Prata. Eles voltaram recentemente de Petrópolis e Paraty e compartilham suas dicas para quem quer viajar pelo Rio de Janeiro além da Cidade Maravilhosa. Vai pelo Edgard e pela Erika!
Texto e fotos| Edgard Ortiz Rinaldi
Depois de fazer seis grandes viagens juntos pela América Latina (a última foi para o México), teríamos só uma semana disponível para viajar em julho. Dentre nossos muitos desejos — e entre os destinos de que a Érika já falava havia muito tempo — dois se destacavam para uma viagem um pouco mais curta: Petrópolis e Paraty.
Uma semana em qualquer uma das duas cidades nos parecia muito. A solução: juntar as duas na mesma viagem! Isso criaria uma viagem de contrastes interessantes. Uma cidade grande, serrana e importante no período imperial; a outra, pequena, litorânea e importante no período colonial. Decidimos então que dessa vez, a próxima etapa do nosso ‘descobrimento da América’ seria em língua portuguesa. E assim foi:
Primeira parada: Petrópolis
Ao contrário das nossas últimas grandes viagens, decidimos que o carro seria nosso meio de transporte. Petrópolis está a pouco mais de uma hora de estrada do Rio de Janeiro, de acesso fácil pela ponte aérea Rio-São Paulo, mas o carro nos daria mais flexibilidade para os destinos e passeios previstos.
Hospedagem em Petrópolis
Em Petrópolis, nos hospedamos por quatro noites no Grande Hotel Petrópolis, instalado em um edifício histórico de 1930, a 50 metros do Museu Imperial. Em 2011, depois de 45 anos fechado, o hotel reabriu, totalmente reformado e modernizado. Acertamos em cheio na hospedagem. Apesar do prédio antigo, as instalações são ótimas. A equipe é muito gentil, o café da manhã é farto e variado e a localização é excepcional. Diante de tantos pontos positivos, o único aspecto menos positivo, a garagem, localizada em outra rua, definitivamente não foi um problema.
Guia completo de Petrópolis
Turistando em Petrópolis
Fundada por iniciativa de D. Pedro II, Petrópolis (Cidade de Pedro), a partir de 1847, passou a funcionar como capital “de verão” do Brasil, durante o período imperial. A cidade é tipicamente de interior e conta com uma boa estrutura. Caminhar pela região central da cidade, formada por um “pentágono” de cinco vias, é fácil e agradável, especialmente se considerarmos que é a sexta cidade mais segura do Brasil, segundo o IPEA.
Pensando numa viagem ‘slow motion’, decidimos dedicar dois dias inteiros para as principais atrações. No primeiro: a Catedral de São Pedro, onde estão sepultados D. Pedro II e D. Teresa Cristina; o Museu Imperial, no antigo palácio de verão do Imperador (ótimo museu!); A Encantada, a antiga casa de Santos Dumont, com conceitos muito avançados para a época; o Palácio de Cristal; além de caminhadas tranquilas pelas ruas do centro.
No segundo dia, planejamos conhecer o Palácio Rio Negro, a Casa da Ipiranga (também conhecida como a Casa dos Sete Erros, pelas suas assimetrias na fachada) e a fábrica da Cervejaria Bohemia. Infelizmente, demos um azar enorme: o Palácio Rio Negro está em reformas, a Casa da Ipiranga só abre para visitação aos fins de semana e a cervejaria estava fechada para visitas na fábrica, devido a obras, exatamente no período em que ficaríamos na cidade.
Quanto aos dois primeiros, não encontramos informações com antecedência sobre essas restrições e demos com a cara na porta. Quanto à cervejaria, foi puro azar mesmo. Ela reabriria no dia da nossa partida a Paraty, mas degustação de cerveja não combina com estrada. Paciência, fica para a próxima.
Nesse dia, fomos ‘salvos’ pelo Festival de Inverno de Petrópolis – FIP –, que ocorreu de 8 a 17 de julho. O festival tem excelentes programações, como apresentações de concertos, ópera, balé, música popular, shows, oficinas e teatro, todas gratuitas e em diversos horários.
Nosso terceiro dia em Petrópolis foi dedicado a um passeio que nos tiraria da nossa zona de conforto: o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso). O parque possui três portarias: Guapimirim, Petrópolis e a principal, Teresópolis. Fomos num esquema bate-volta para a entrada de Teresópolis. Há dois caminhos ligando as duas cidades. O caminho que testamos na ida é pela BR-040, no meio da serra, com cerca de 65 km e trajeto de uma hora e meia.
O acesso fica próximo à entrada de Teresópolis, após a subida da serra. Há trilhas de diversos níveis de dificuldade, sendo que as mais importantes são a do Mirante de Teresópolis e a do Mirante do Dedo de Deus, que dá para uma vista deslumbrante dos picos, da Baía de Guanabara e, com sorte, do Rio de Janeiro.
O parque se mostrou um ótimo passeio, mesmo para nós, que estamos mais acostumados com passeios em áreas urbanas. Há boa estrutura para o visitante e estacionamento. Deve-se ressaltar que, apesar das trilhas principais serem de dificuldade moderada, é importante estar com joelhos e pés em dia, além, claro, de usar roupas e calçados confortáveis. Levar lanche é uma boa ideia, pois a lanchonete fica na entrada do parque, longe das trilhas.
É um passeio com bom preço: R$15 por pessoa mais R$10 para o estacionamento. Um único ponto negativo: a Trilha Suspensa, considerada fácil e acessível àqueles que têm necessidades especiais, com passagens de pontes por cima da mata, está com boa parte interditada, devido a problemas com licitação para manutenção. Bola fora, governo! O parque é ótimo!
Cansados, decidimos voltar por um caminho 30 km mais longo e com pedágios, porém mais tranquilo e com a mesma hora e meia: descida da Serra por Teresópolis, Arco Metropolitano e subida da Serra por Petrópolis.
- R. da Imperatriz, 220 | Tel. 24/2233-0300 | Horários: 3ª a domingo das 11h às 18h | Ingresso: R$10 adulto.
- R. São Pedro Alcântara, 60 | Tel. 24/2242-4300.
- R. do Encanto, 22 | Tel. 24/2247-5222 | Horários: 3ª a domingo das 9h30 às 17h | Ingresso: R$ 8 adulto.
- Av. Köeller, 255 | Tel. 24/2246-2423 | Fechado temporariamente para reformas.
- Av. Ipiranga, 716 | Tel. 24/2231-8718 | Março a dezembro: 6ª a domingo das 14h às 18h; fechado de 2ª a 5ª | Janeiro e fevereiro: todos os dias das 14h às 18h | Ingresso: R$ 10 adulto.
Visita à fábrica da Cervejaria Bohemia
- R. Alfredo Pachá, 166; tel 24/2020-9050 | Ingresso: com hora marcada no site; R$ 30
Parque Nacional da Serra dos Órgãos
- Av. Rotariana s/n Teresópolis | Tel. 24/2291-7424 | Visitação parte baixa das 8h às 17h durante o inverno e das 8h às 18h no horário de verão
Restaurantes em Petrópolis
Gastronomia é um ponto forte de Petrópolis. Na re
Não chegamos a visitar o distrito de Itaipava, que concentra famosos restaurantes (não tem como não pedir uma cerveja local, então decidimos sempre almoçar e jantar a pé), mas as indicações que vimos na internet também são boas. Não deixe de pedir uma cerveja da Bohemia, há diversas opções a bons preços. E se quiser trazer para casa, basta visitar a cave/empório da Bohemia, mesma localização do bar e do restaurante.
Petrópolis nos agradou bastante, mas pareceu uma cidade que poderia ser melhor explorada para o turismo. A vida noturna é boa, mas, apesar de seguras, as ruas do centro ficam pouco movimentadas, ficando pouco atrativas.
A grande maioria dos turistas é de brasileiros. Há ótimas atrações e sua importância histórica é inegável. O Festival de Inverno tem excelentes atrações, mas parece ser mais destinado aos petropolitanos. A cidade funcionaria muito bem como uma extensão de uma viagem mais longa ao Rio de Janeiro. Petrópolis é um bom lugar para turismo, mas faltou aquele brilho que, infelizmente, ela poderia ter sem grandes dificuldades.
Com base em tudo isso, uma sugestão de melhoria a ser feita na nossa viagem é a substituição de uma noite em Petrópolis por um pernoite em Teresópolis. Poderíamos ter conhecido uma outra cidade e ter dado uma dinâmica um pouco melhor. A ida ao Parnaso também ficaria mais fácil, poupando um bate-volta.
Vai viajar de carro pelo Brasil?
Segunda parada: Paraty
No quarto dia pela manhã, partimos rumo a Paraty. Descemos a Serra de Petrópolis, tomamos o Arco Metropolitano e fomos quase até o final, para pegar a Rio-Santos (BR-101), estrada que é um espetáculo visual à parte. Lá ficamos hospedados por três noites, próximo ao canal do Rio Perequê-Açu, a uns 30 metros do Centro Histórico. Devido aos passeios que queríamos fazer, decidimos que os dois dias completos que teríamos lá seriam divididos em duas partes cada: uma para um passeio e outra para ‘flanar’ pela cidade.
Onde ficar em Paraty?
Turistando em Paraty
Paraty foi fundada em 1667, servindo como porto para escoamento do ouro durante o período colonial. A cidade passou por um longo processo de estagnação e isolamento, o que ajudou a preservar a arquitetura da época.
Chegamos já passando da hora do almoço e dedicamos a tarde para conhecer a cidade, andar e se perder pelas ruas do centro, que são fechadas para carros. Andar no Centro Histórico é muito agradável, mas cuidado: vá de tênis confortável. O calçamento é bem irregular. E claro, ainda visitamos o Museu de Arte Sacra e a Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios.
No dia seguinte, logo pela manhã, fizemos um passeio de traineira (barquinho tuc-tuc). Fechamos por R$250 um tour de quatro horas com o Lennon (tel. 24/999-999-625), simpático barqueiro de Paraty. Saímos por volta das 9h da manhã, o que possibilitou chegar nas paradas escolhidas antes das escunas lotadas (fica a dica!). Fizemos seis paradas no total: Praia de Jurumirim (onde mora o Amyr Klink), Praia Vermelha, Praia da Lula, Praia da Conceição, um mergulho no “Aquário” e o Forte da Tapera. Com 4 horas e as paradas feitas, acabamos não visitando o Saco da Velha e o Saco do Mamanguá, mais distantes e que exigem mais tempo. Como saímos cedo, almoçamos na cidade mesmo e dedicamos a nossa tarde para passear pela cidade e para visitar a Casa de Cultura.
O dia seguinte amanheceu mais frio, então invertemos a ordem das atividades: pela manhã, caminhar despretensiosamente e ver a vida passar na Praça da Matriz. À tarde, depois de muitos anos (nem lembro quantos) fomos pegar praia. Fomos até o vilarejo de Trindade, a 26 km de Paraty (45 minutos) e ficamos parte da tarde na Praia do Meio. Ali por perto, há outras praias conhecidas, como a Praia do Sono, do Cepilho e do Cachadaço.
Paraty é uma das joias do turismo nacional, tendo um charme único. Lembrou um pouco Ouro Preto, porém plana e litorânea. O turismo é intenso, com muitos turistas estrangeiros.
Museu de Arte Sacra
- R. Santa Rita | Tel. 24/3371-8328 | Horários> 3ª a domingo das 9h às 12h e das 14h às 17h; ingresso R$2
Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios
- Praça Monsenhor Hélio Píres | Tel. 24/3371-1467 | Horários>: 2ª a 6ª, 9h às 12h e 13h às 17h30; sábado, 8h às 12h e 13h às 16h | Ingresso R$ 3
- R. Doná Geralda, 157 | Tel. 24/3371-2325 | Horários>: 4ª a 2ª, das 10h às 18h30
Restaurantes em Paraty
Comer be faz parte do programa em Paraty; há ótimos restaurantes espalhados pelo Centro Histórico. Alguns dos mais animados estão junto à Praça da Matriz, como a Casa Coupé (tel. 24/3371-6008) e o tradicional Hiltinho (tel. 24/3371-1432). Além disso, há diversas lojas de artesanato, livrarias, cachaçarias (não deixe de trazer uma cachaça local) e charmosos cafés.
Onde as traineiras não chegam
A volta (prorrogação da viagem)
A viagem estava praticamente encerrada, mas fizemos uma prorrogação. Conforme noticiado pelo VnV, a estrada Paraty-Cunha estava reaberta, então decidimos voltar por lá. O trecho na Baixada Fluminense tem um bom movimento e passa por área urbana, mas está precisando de reparos. As condições são sofríveis, a estrada é estreita, com manutenção atrasada e sinalização precária.
O trecho restaurado, dentro do Parque Nacional da Serra da Bocaina, ainda não está concluído, mas faltam pequenos detalhes. As condições estão ótimas e o visual é outro espetáculo. Entra na categoria de estradas “Pra que correr?”. O trecho final, já em São Paulo, está em boas condições. Opinião sincera: vale cada minuto andando a 30 km/h. O trecho dentro do Parque da Serra da Bocaina é sensacional!
Paramos em Cunha para almoçar no simpático Panela de Barro, restaurante por quilo perto da Igreja Matriz e para uma sobremesa na Doceria da Cidinha. Ficamos pouco tempo em Cunha, mas ficamos surpresos de ver como duas cidades separadas por 45 km são culturalmente tão distintas. Seguimos então até a Dutra, rumo a São Paulo.
Outras informações úteis
Tráfego: A Via Dutra, o Arco Metropolitano do RJ (BR-493) e a Rodovia Washington Luís (BR-040) até Petrópolis estão em boas condições e o tráfego flui bem. A Washington Luís, até Teresópolis, tem trechos com condições razoáveis e inclui uma extensão de mais de 30 km com curvas fechadas e traçado bastante sinuoso, de forma que é necessária muita atenção. O distrito de Itaipava fica no meio do caminho entre Petrópolis e Teresópolis. A descida da Serra por Teresópolis tem boas condições.
Na área urbana de Petrópolis, é necessário um pouco de paciência. O trânsito pode ficar lento, mas não é nada que um paulistano nunca tenha visto.
O trecho entre o Rio e Paraty, feito pela Rio-Santos (BR-101), tem boas condições, apesar de ser praticamente todo em pista simples. Há partes sinuosas, trechos de subida e descida. Há muitos radares de 60 km/h, 50km/h e 40 km/h, todos muito bem sinalizados. Não há pedágios. O visual é sensacional!
Sobre a estrada Paraty-Cunha, leia mais acima.
Melhorias no nosso roteiro: como já dissemos, a troca de uma noite em Petrópolis por Teresópolis daria uma dinâmica um pouco melhor para a viagem. No entanto, isso foi planejado, pois queríamos um roteiro mais “lento”.
Possíveis sugestões de outros roteiros: Para quem quer fazer um roteiro serrano, pode combinar Petrópolis com Teresópolis, Nova Friburgo e até mesmo Penedo. Se a ideia for um roteiro de praias, Paraty está próxima de Ubatuba e Angra dos Reis, apesar de ser completamente diferente dessas cidades. Paraty também conta com muitos vilarejos, como Trindade, e muitas praias.
Preços: Os preços em Petrópolis são compatíveis com os preços de São Paulo e do Rio. Exceção às cervejas, que, mesmo em restaurantes, têm valores próximos dos encontrados nos mercados. Já em Paraty, os preços nas áreas turísticas assustam até mesmo os paulistanos e cariocas. Prepare o bolso. Com relação às visitações que fizemos, os preços são bem tranquilos.
Notas finais: gostamos bastante da viagem! Aproveitamos bem a gastronomia local e a parte cultural é muito boa. Os preços são um pouco salgados em alguns momentos. O combo de contrastes funciona melhor na ordem que fizemos. Se visitássemos Paraty primeiro, certamente Petrópolis ficaria ofuscada. Sentimos, no entanto, especialmente em Petrópolis, que o turismo poderia ser melhor explorado, principalmente por estar próxima do Rio de Janeiro. O turismo nacional precisa de umas aulinhas com o México, Argentina, Chile, Peru… mas, mesmo assim, a visita vale sem dúvida nenhuma!
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16 comentários
Graças ao Viaje na Viagem e a essa relato, acabamos de fazer uma viagem de carro para Petrópolis, Teresópolis e Paraty, nesta ordem, e ainda retornamos a SP pelo Parque Estadual da Serra da Bocaina, entre Paraty e Cunha. Viagem maravilhosa, muita história e natureza. Ficamos três dias em cada cidade. Dentre tantas coisas para passear e ver, seguem algumas preferidas: Museu Imperial em Petrópolis, imperdível; às quartas o museu não cobra entrada. Em Teresópolis, claro, fazer as trilhas dentro do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (trilha do Cartão postal) e almoçar na Viva Itália e também no Restaurante Gaia Terra Mar na Chácara Comary. Em Paraty, além de se deixar perder no Centro Histórico, fazer uma pausa no Café Paraty ou subir até o Forte Defensor Perpétuo.
Continuo por aqui, lendo de tudo do VNV.
Obrigada, Micaela!
Resido em Petrópolis, nesse mês (agosto) irei a Party na festa da cachaça, é bom saber que a estrada da serra de Cunha esta aberta, a ultima vez que passei por lé estava muito perigosa, talvez estique a volta e passe por ela.