Joana d’Arc, Santa Teresinha e Mont St.-Michel, num giro espiritual pela Normandia
Enviada especial | Malu Esper
A Normandia é uma região magnífica, de fácil acesso por trem ou carro. Além de estar perto de Paris, a distância entre as cidades é pequena, e a paisagem, deslumbrante. Em outubro, a convite da Atout France, parti para uma viagem de 5 dias por alguns dos pontos essenciais da região.
A maioria das paradas tinha um aspecto em comum: a espiritualidade, presente nas histórias de vida de Joana d’Arc e de Santa Teresinha do Menino Jesus (Santa Teresa de Lisieux, para os franceses) e na majestosa abadia de Mont St.-Michel, que parece comandar a força das marés.
Le Tréport e o castelo da nossa Princesa Isabel
Em duas horas de carro, saindo de Paris, chegamos à pequena villa de Le Tréport. Situada à beira do Canal da Mancha, na Baía de Somme, possui praias, falésias e um pequeno porto. É muito procurada por causa dos seus resorts e águas calmas. Possui ótimos restaurantes de frutos do mar: o mais famoso é o Le Homard Bleu (“A lagosta azul”).
Depois do almoço, um passeio a pé pela orla apreciando a linda vista e os barcos ancorados renova a disposição para pegar o carro e seguir para a minúscula Eu, distante apenas 5 minutos.
Visitada sempre em conjunto com Le Tréport, Eu tem ruelas pitorescas que abrigam um impressionante patrimônio histórico — que inclui uma residência real, Le Château d´Eu. O château foi construído entre 1578 e 1665 por um primo do rei Luís XIV. No século 19, tornou-se a residência de verão do rei Louis-Philippe, que hospedou por duas vezes a rainha Vitória da Inglaterra. Em 1905, a família imperial brasileira, com a princesa Isabel e o Conde d´Eu, compraram o château e viveram lá com seus três filhos.
Agora o castelo é o Museu Louis-Philippe e possui uma coleção enorme de móveis, objetos e pinturas das sucessivas famílias reais que lá habitaram. O jardim das rosas e o parque ao redor também podem ser visitados. (Mas atenção: o museu fecha de novembro a meados de março.)
Após esse lindo passeio é hora de pegar a estrada e seguir para Rouen, distante duas horas de carro.
Arte e heroísmo em Rouen
Banhada pelo mesmissimo Sena que atravessa Paris, Rouen é a capital da Normandia. É famosa por sua arquitetura medieval, sua Catedral de Notre-Dame — imortalizada por Claude Monet em quase 30 pinturas — e por ser a cidade onde Joana d´Arc foi condenada e queimada viva na praça do Antigo Mercado em 1431. O Museu de Belas Artes de Rouen hospeda a maior coleção de impressionistas franceses fora de Paris — com obras-primas de Monet e seus contemporâneos.
Um passeio pelo centro histórico leva do Antigo Mercado até a Catedral de Notre-Dame, passando pela impressionante Torre do Grande Relógio e o Palácio da Justiça. Nos postos de turismo (o mais à mão fica na praça da Catedral), você pode se inscrever num tour guiado ou alugar um audioguia para fazer o passeio por conta própria.
Mas não passe rápido demais pela cidade. A atração mais nova de Rouen requer que você reserve 1h15 para a visita guiada. Trata-se do imperdível Historial Jeanne d’Arc um memorial que usa tecnologia audiovisual ultramoderna para contar sobre as origens, vida, obra e morte de Joana d’Arc. As visitas começam a cada 15 minutos; o memorial fecha 2ª feira e tem sua última visita partindo às 18h nos meses frios e às 19h de junho a setembro.
Saindo um pouco do centro histórico e seguindo pelas margens do Rio Sena, existe uma outra atração contemporânea: o espaço Panorama XXL. Idealizado pelo alemão Yadegar Sisi, consiste de obras gigantescas, de 31 metros de altura, que combinam fotografia digital e pintura, com um resultado de tirar o fôlego. A exposição atual é sobre a Amazônia.
Que tal jantar no mais antigo restaurante da França? O La Couronne, em funcionamento desde 1345 no número 31 da place du Vieux Marché, oferece cozinha clássica num ambiente de luxo e glamour, com um serviço de louças e cristais maravilhosos. Pode-se pedir para conhecer seus três andares e ver as fotos de muitos famosos que jantaram lá.
E para uma hospedagem 5 estrelas, no coração do centro histórico, não há melhor escolha que o L´Hotel de Bourgtheroulde. Com fachada totalmente preservada, guarda um interior moderno, com bares, brasserie, spa e um café-da-manhã digno de reis.
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Alençon: capital da renda e berço de Santa Teresinha
Saindo de Rouen em duas horas de carro chega-se a Alençon. Esta cidade medieval é reconhecida pela Unesco como “A rainha da rendas”. O ponto alençon é famoso no mundo inteiro; na cidade é possível comprar trabalhos manuais feitos com renda. A cidade se orgulha da tradição; seu Museu de Belas Artes tem uma ala dedicada à renda.
Alençon é também a cidade onde viveram os pais e onde nasceu Santa Teresinha do Menino Jesus. Louis e Zélie Martin foram recentemente canonizados, num evento que atraiu peregrinos de toda a França. Pode-se fazer um passeio a pé com a irmã Jane, que segue os passos da família Martin, visitando sua casa. (Uma curiosidade: Zélie, a mãe de Teresa, era bordadeira de grande sucesso.)
Caso passe a noite na cidade, o Ibis local é super bem localizado e uma ótima opção de hospedagem.
Caso você só passe por Alençon a caminho de Lisieux, o Chez Fano é uma excelente brasserie, pertíssimo da casa onde nasceu Santa Teresinha.
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Lisieux, a ‘Lourdes’ da Normandia
A duas horas de carro de Alençon, Lisieux é a segunda cidade em peregrinação religiosa na França; só perde para Lourdes. Foi aqui que Santa Teresinha do Menino Jesus levou a vida religiosa de oração e meditação que fez dela um dos santos mais queridos e populares da igreja católica.
O pai de Teresa mudou para Lisieux depois do falecimento da esposa, Zélie. Teresa tinha 4 anos quando a familia se instalou na linda casa de campo conhecida como Les Buissonnets, em 1877, levando uma vida atormentada pela falta da mãe até entrar para a vida religiosa.
Com um audioguia em português, pode-se visitar o interior da casa e os jardins e entender um pouco mais da vida da santa. O circuito de peregrinação se completa com uma visita à Catedral de São Pedro e ao túmulo de Teresinha, no convento das carmelitas.
Mas Lisieux é suficientemente bonita e pitoresca para agradar até a quem não está tão interessado assim na vida de Santa Teresinha. Precisa de uma sugestão de restaurante? Vá ao Le Grill Pattes.
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Mont St.-Michel, o gran finale
Mais duas horas e meia de carro desde Lisieux, e fechamos a viagem com chave de ouro, no Mont St.-Michel.
Primeiro patrimônio da humanidade francês a ser reconhecido pela Unesco, o Mont St.-Michel teve seu acesso recentemente modificado, e voltou a ser uma ilha mágica. Uma ponte elevada e exclusiva para pedestres agora permite que a altura da maré volte ao seu normal. Um ônibus exclusivo leva os visitantes do continente até o Mont e ninguém mais estaciona o carro nas areias.
Quando chegamos, estava anoitecendo e as luzes do Mont sendo acesas. Deslumbrante!
A primeira parada foio famoso e imperdível restaurante La Mère Poulard. Linda decoração e os omeletes salgados e doces são a atração da casa. O cozinheiro bate os ovos cantando e marcando o ritmo com o batedor. Experiência única na vida!
Após uma noite de bom sono, é o momento de conhecer tudo. É necessário um bom preparo físico para subir as ladeiras e inúmeras escadas. Mas a cada parada para tirar foto dá para descansar.
São 1.300 anos de história. Remonta a 708, quando São Miguel apareceu três vezes nos sonhos de Santo Alberto e mandou edificar sobre o Mont-Tombe um santuário em honra ao Arcanjo. Logo se tornou um lugar de peregrinação. No século X os beneditinos instalaram-se na abadia e desenvolveram uma vila no sopé. Indevassável durante a guerra dos Cem Anos, resistiu a todos os ataques ingleses.
Após a dissolução da comunidade religiosa, transformou-se em prisão entre 1793 e 1863. Começou então uma grande restauração que durou até 1874. A partir de então, os trabalhos de restauro e manutenção nunca mais foram interrompidos no conjunto do local.
Desde os tempos de Napoleão III, a Abadia de São Miguel é considerada monumento histórico e de propriedade da França. Nenhuma palavra explica o que seus olhos irão ver. É possível fazer visitas livres (pegue o folheto-guia), visitas com audioguia, até um passeio noturno nos meses de julho e agosto. A abadia abre diariamente, com exceção de 1º de janeiro, 1º de maio e 25 de dezembro. Os horários podem variar de acordo com as marés; consulte o site.
Se puder, programe sua viagem ao Mont St.-Michel num dia de maré forte, quando será possível ver o espetáculo da maré subindo a ponto de transformar o monte numa ilha. O calendário das marés está aqui — mas pode ser resumido numa informação: os melhores dias para visitar o Mont St.-Michel são o dia de entrada das luas cheia ou nova, e os dois dias subseqüentes.
Viagem feita a convite da Atout France e da Air France.
Leia mais:
- Dicas da Normandia no Viaje na Viagem
- Uma escapada ao Mont St.-Michel
- Passo a passo: como ir aos jardins de Monet em Giverny
- Bate-volta de Paris a Auvers-sur-Oise (dica da Malu)
Comentários
Somos eu e minha filha. Chegaremos no dia 20/12/2023 Sairemos de Fortaleza, Ceará, dia 19/12 mas só chegaremos dia 20/12 Nosso interesse é em turismo religioso Santuários da Capela da Medalha Milagrosa, no coração de Paris,, RUE du Bac, Montmartre (Sagrado Coração de Jesus),Lisieux- Visitas ao Les Buissonnet (casa de Santa Terezinha do Menino Jesus), ao Carmelo (Mosteiro onde ela viveu) e a Basílica da cidade, Catedral de São Pedro e ao túmulo de Teresinha, no convento das carmelitas, abadia de Mont St.-Michel, ROUEN, terra de Santa Joana D’arc e LOURDES. Vocês podem nos ajudar?
Olá, Rosana! Infelizmente não temos esse conteúdo aprofundado.
Olá! Gostaria de saber se é possível ir de Lisieux ao Mont Saint Michel de transporte público e como fazer este trajeto.
Olá, Alessandra! Você pode ir de trem via Caen. Compre em https://www.sncf-connect.com ou https://www.thetrainline.com .
Oi gostaria de saber se em 1 dia consigo sair de Paris e visitar Lisieux e Mont Sant Michel?
Olá, Daniela! Só Lisieux.
Será que vale a pena ir em novembro?
Olá, Ricardo! Novembro na Europa é para quem gosta de frio.