San Francisco foodie: um menu de 10 experiências gastronômicas na cidade
Eu adoro o termo foodie, que em inglês define aquelas pessoas empolgadonas por comida. Para mim, é como uma atualização do gourmand de tempos atrás, que imagino apreciando ingredientes sofisticados, vindos do estrangeiro, em um jantar finíssimo com talheres difíceis de manusear. Em vez disso, nos tempos de hoje o foodie estaria sujando a camiseta de molho, de pé, perguntando para o dono da barraquinha qual o seu fornecedor local preferido para embutidos.
Você é um foodie? Então espere para se divertir muito em San Francisco. A cena gastronômica é brutal. Diz a lenda que se todos os residentes saíssem para jantar ao mesmo tempo, haveria restaurantes em número suficiente para acomodar a população inteira. A variedade de cozinhas também é inacreditável; nas listas dos restaurantes mais-mais deste ano você encontra lugares especializados em comida italiana, mexicana, japonesa, grega, coreana, vietnamita, marroquina, birmanesa e por aí vai. São aplaudidos tanto os restaurantes de chefs de renome quanto os pequenos negócios familiares, onde se come muito bem e barato.
Por fim, mas não menos importante: os ingredientes. Tomates com gosto de tomates, pêssegos grandes e suculentos, framboesas carregadas de sabor. Alimentos orgânicos e produzidos por perto são norma nas feiras e cada vez mais comuns nos cardápios dos restaurantes.
Aproveite sua viagem a San Francisco para ter um montão de experiências gastronômicas sensacionais. Aí vão 10 delas:
1 | Não saber o que pedir no Tony’s
No Tony’s Pizza Napoletana (1570 Stockton St, tel. 415/835-9888), as pizzas não variam apenas de cobertura. Você pode escolher o estilo de pizza também, como siciliana, romana, napolitana, nova-iorquina. De um estilo para outro, tudo muda: a receita da massa, o formato, a espessura e a forma de assar a pizza, que pode ser em forno a gás, elétrico, a lenha ou a carvão.
Se você escolher a pizza napolitana, vai conseguir espiar o processo de preparo; o forno e a bancada com ingredientes para cobertura ficam à vista no salão. A mais tradicional pizza da casa é a margherita — feita como manda o figurino, ao estilo napolitano, é oferecida diariamente em quantidades limitadas e tem uma casquinha fofa deliciosa. A romana, de massa mais fina e crocante, vem com 3 coberturas à escolha do freguês e é boa para dividir.
2 | Improvisar um piquenique no Mission Dolores Park
O Dolores Park (19th & Dolores St, tel. 415/554-9521) é um pedaço lindo de San Francisco, com um gramadão imenso e vista para a cidade. O parque é tão grande que, mesmo com um bom pedaço interditado atualmente para obras, ainda sobra muito lugar para se esparramar e tomar sol.
E isso fica mais gostoso passando antes no mercadinho Bi-Rite (3639 18th St, tel. 415/241-9760), no quarteirão vizinho, que tem sanduíches e saladas feitos na própria loja, e muitas frutas da estação vindas diretamente de produtores locais. Ou então com um sundae da Bi-Rite Creamery (3692 18th St, tel. 415/626-5600) a tiracolo. Do outro lado da rua, a sorveteria vende sabores criativos feitos com leite orgânico e ingredientes sempre frescos. O sundae dá pra duas pessoas ou uma blogueira gulosa.
3 | Fazer um tour a pé, de restaurante em restaurante
O melhor meio de se conhecer uma cidade é caminhando. E se no meio da caminhada der para ir bebericando e provando uma coisinha aqui e ali, tanto melhor. Você pode fazer isso por conta própria, mas os tours da Avital são bacanas por levar direto aos melhores endereços, e complementarem a experiência com um pouco de contexto histórico.
Eu fiz o Mission District Food Tour, um passeio pelo bairro de maior influência mexicana de San Francisco. Comemos tacos, tomamos margaritas e vimos murais belíssimos que contam a história dali, e também conhecemos alguns dos endereços que têm feito de Mission District “o” bairro de San Francisco no momento.
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O tour geralmente inclui 4 paradas e dura 3 horas. Ao final, você recebe mais dicas ponta-firme para continuar a explorar o bairro que visitou. Não é barato, mas o clima descontraído e a oportunidade de conhecer pessoas fazem o passeio valer a pena principalmente para viajantes solo.
4 | Dar um upgrade no cafezinho
Vindo de um país em que não existe nada mais prosaico do que um cafezinho, é engraçado estar em um lugar onde o café virou moda. Todas as vezes em que eu passei na frente de uma loja da Ritual ou da Blue Bottle, havia uma boa fila. As duas marcas são de casa (a Ritual nasceu em San Francisco, e a Blue Bottle, em Oakland) e cada uma torra o seu próprio café.
Eu, que prefiro uma xícara generosa de café coado a apenas um shot de espresso, gostei mais do Philz Coffee, uma espécie de Starbucks (muito) melhorado que começou em Mission District. As opções de café são apresentadas em um quadro-negro junto com as notas que seriam percebidas em cada um (como quando se degusta um vinho). Para quem não se incomoda em nada com o café no copo de vidro ali da padaria — sou dessas –, isso pode parecer uma grande bobagem, mas é divertido tentar combinar o seu pedido com o seu paladar. O blend Tesora, com torra média e notas de manteiga, nozes e caramelo, me fez bem feliz — especialmente porque a atendente foi simpática em me entregar um café mais forte, do jeito que eu gosto.
5 | Socializar na feira
O colorido das frutas da época, as provinhas, o bate-papo com os feirantes: quem tem amor por comida tem amor por feira livre. Em San Fracisco, a feira mais famosa entre os turistas é a da Ferry Plaza, em frente ao Ferry Building (1 Ferry Bldg Marketplace, tel. 415/983-8030), que acontece às terças, quintas e sábados. Eu estive em duas outras. No Heart of the City Farmer’s Market, que acontece na United Nations Plaza (1182 Market St, tel. 415/558-9455) às quartas e domingos, o clima é mais de feira de verdade, com pessoas enchendo as sacolas com as compras da semana.
Provei framboesas, comprei pêssegos, trouxe pistaches para casa e até comi pastel — ou samosa, o equivalente indiano.
No Fort Mason Center Farmer’s Market (Marina Blvd, tel. 925/465-4690), montado junto ao pavilhão de eventos Fort Mason, em Marina District, a feira tem jeito de passeio. Acontece todo domingo, tem bancas coloridas de frutas e delícias como os chocolates Bisou e os bolos sem glúten da Flour Chylde Bakery.
6 | Visitar a ilustre Boudin Bakery
O estabelecimento comercial em atividade há mais tempo em San Francisco é uma padaria. A razão dos mais de 165 anos de sucesso da Boudin Bakery é o seu pão de fermentação natural, que inaugurou o estilo conhecido como San Francisco sourdough. A casquinha dele é crocante, ligeiramente amarga e marcada por pequenas bolhas. O miolo, macio e aerado. Você pode experimentar um San Francisco sourdough em qualquer outra padaria, mas o barato de ir à Boudin Bakery de Fisherman’s Wharf (160 Jefferson Street, tel. 415/351-5561) é ter uma experiência completa: lá você pode saber mais sobre a história da padaria em um pequeno museu, ver padeiros e máquinas em ação, e depois descobrir você mesmo por que o pão ficou tão famoso.
No restaurante, uma peça inteira de sourdough pode chegar à mesa recheada de sopa de vôngole (o famoso clam chowder, prato típico da região). Em fatias, o sourdough também se presta a deliciosas french toasts, parentes próximas da nossa rabanada.
Fazem sucesso com crianças e adultos os pães em formato de bichinho, e a enorme loja de souvenires tem condimentos apetitosos e acessórios lindos de cozinha.
7 | Não resistir às compras no Ferry Building
O centenário terminal Ferry Building (1 Ferry Bldg Marketplace, tel. 415/983-8030) é um dos principais cartões-postais da cidade, e se nas últimas décadas deixou de desempenhar um papel tão importante no transporte de passageiros pela baía de San Francisco, conseguiu se reinventar como um local de lazer para turistas e residentes. O Ferry Building Marketplace é um aglomerado de restaurantes, lojas de produtos especiais (cogumelos, queijos, charcutaria) e de objetos para a casa, com mil e uma coisinhas para querer levar na mala.
A Heath, originária de Sausalito, vende cerâmicas feitas à mão para deixar a cozinha mais bonita. A The Gardener, com matriz em Berkeley, vende acessórios de jardinagem para incrementar a hortinha em casa. A cadeia Sur La Table também tem uma loja por ali, com todo tipo de apetrecho para cozinhar que amamos, compramos dois de cada e não necessariamente tiramos da gaveta depois.
8 | Sair (cedo!) para beber
Durante uma viagem é uma maravilha sair para beber, se divertir, dar a noite por encerrada, olhar para o relógio e perceber que ainda não passou de 10 da noite. Em San Francisco os happy hours são animados de verdade; aproveite para começar seus bebericos cedo e não perder a manhã do dia seguinte dormindo além da conta.
O El Techo de Lolinda (2518 Mission St, tel. 415/550-6970) é o máximo: num terraço em Mission District, o cair da tarde vira agito já a partir das 16h, com drinks e quitutes de rua típicos da nossa América Latina. Pedi o platano maduro, uma espécie de banana frita, meio salgada, meio doce, e absolutamente deliciosa.
Prefere algo um pouco mais tranqüilo? O restaurante bonitão The Foreign Cinema (2534 Mission St, tel. 415/648-7600) começa o serviço às 17h30 e tem um ótimo bar, com ostras frescas de variadas procedências e vinhos e espumantes por taça. Ótimo para quem viaja sozinho, e também para quem gosta de fazer o seu próprio menu degustação. (Se estiver em par, pense em esticar para um jantar no pátio; mais romântico, impossível.)
No Chez Maman (401 Gough St, tel. 415/355-9067), em Hayes Valley, também tem vinho em taça; é só escolher ficar no balcão, no salão ou nas mesas na calçada. O menu é francês, mas bem informal, e com preços bastante razoáveis. O restaurante não fecha entre o almoço e o jantar; comece os trabalhos quando quiser!
9 | Encarar um festival gastronômico
A agenda cultural de San Francisco é bem cheia, e animando o calendário existe um bom número de festivais gastronômicos com edições anuais, como o SF Beer Week, o San Francisco Street Food Festival e o Eat Drink SF. Estive neste último, que tem o complexo de eventos de Fort Mason como casa principal. Em 2015, o Eat Drink SF apresentou 30 restaurantes diferentes da cidade em cada uma de suas três grandes sessões de degustação. São maratonas divertidas de comilança, e, depois de um sal de frutas, você ainda pode aproveitar para visitar os seus favoritos nos dias seguintes de viagem.
10 | Se aventurar pela “outra” Chinatown
Foi batendo papo em um feira que eu vim a saber sobre a Clement Street: “É como uma Chinatown não-oficial; um segredo ainda bem guardado em San Francisco“. Foi o bastante para me convencer — e lá fui eu.
Se fosse caso de optar entre fazer um passeio por Chinatown ou por Clement Street, eu ainda ficaria com a primeira: Clement Street perde em charme e em folclore; Chinatown é muito mais cenografada. Mas, se o desejo for aproveitar uma ou outra à mesa, Clement Street parece muito mais convidativa, com restaurantes mais simpáticos, e lojas curiosas e grandes.
Mariana viajou a convite da San Francisco Travel Association.
4 comentários
Não vi menção ao Fishermans, Píer 39. Imperdível!
Amor eterno por San Francisco!!!!! Philz coffee foi onde tive o primeiro encontro com meu marido e Chez Maman (o original hole in the wall in Potrero Hills) era nosso lugar favorito pra comer!! Já moramos no Rio e agora em San Diego, mas San Francisco tem lugar cativo no meu coração!! Em Mission também gosto muito do Gracias Madre, mexicano vegano super delícia mesmo pra quem é carnívoro!! O Cha cha cha, de comida caribenha na Haight próximo ao Golden Gate Park, também faz parte dos nossos favoritos, fomos recentemente qdo visitamos a cidade, e a sangria e a banana frita com molho de feijão preto continuam deliciosos!!
Uma ótima dica é a o pizza bar Beretta, local agradável com uma galera jovem e bonita. Bons drinks e ótima pizza – massa leve e ótimos recheios.
Que delícia de post. Vou seguir várias dicas. Amo o pāo da Acme, no Ferry Building, acho o melhor da cidade.