Hong Kong: o primeiro dim sum a gente nunca esquece
“Tim Ho Wan? Mas COMO você descobriu esse restaurante?” diziam, surpresos, os honcongueses para quem eu contava onde experimentei o meu primeiro dim sum. Achei a maior graça. O Tim Ho Wan original era de fato escondido, mas não exatamente um segredo — ganhou uma estrela do Guia Michelin em 2010 servindo pratos baratíssimos, e desde então virou assunto em grandes jornais, sites de gastronomia e até na blogosfera brasileira de viagem. Tem resenha do Tim Ho Wan no Dri Everywhere, no 360 Meridianos e no Eusouatoa (de onde a minha amiga Renata tirou a dica, experimentou e me repassou como um programa imperdível).
Mesmo com essa fama toda, entendo o espanto dos nativos. A rede começou numa discreta portinha em Mong Kok, o bairro mais populoso de Hong Kong, em 2008. O restaurante tinha apenas 40 lugares. Um turista dificilmente chegaria ali por conta própria, se não fosse o bafafá causado pelo Michelin.
Esse primeiríssimo restaurante fechou há pouco tempo. O proprietário do imóvel se aproveitou da fama para subir o aluguel. Mas há outras quatro filiais do Tim Ho Wan em Hong Kong (e uma, recém-aberta, em Cingapura). Eu fui almoçar na que fica em Central, que tem a melhor média da rede no guia Open Rice. Ainda não é estrelada, mas faz bonito também.
Como chegar e conseguir mesa
O endereço dizia: Shop 12A, Hong Kong Station, Podium Level 1, IFC Mall. Peguei o metrô até Central, onde fica o shopping IFC. Uma das saídas da estação dá acesso direto ao shopping. Entrei, procurei pela listagem de lojas, mas não encontrei Tim Ho Wan nenhum. Perguntei para um segurança: “Você conhece esse restaurante?”. “Tim Ho Wan? Claro, fica dentro da estação”.
Dentro? Pois sim: as estações de metrô de Hong Kong são gigantescas e têm restaurantes, cafés, farmácias e lojas. O Tim Ho Wan de Central fica no caminho para o trem expresso que leva ao aeroporto.
É só seguir as placas para o IFC Mall (saída F), e depois as que dizem “Airport” para encontrar.
E como saber que você encontrou? Pela aglomeração de pessoas — porque pela placa é impossível
Na falta de fila organizada, caprichei no excuse me e cheguei até a hostess, que falava inglês. Pedi lugar para uma pessoa e perguntei quanto tempo levaria até conseguir sentar. “Uns 20 minutos”, ela disse, numa previsão bem mais otimista do que a espera habitual de duas horas no antigo endereço de Mong Kok.
Ela me entregou uma cartelinha para eu marcar o que gostaria de comer. Usei o tempo de espera para escolher com calma entre os itens. Não havia cardápio com fotos, e o meu conhecimento sobre dim sum era próximo a nenhum — gyoza é japonês e não conta. Felizmente não eram muitas as opções, e vinham com descrição em inglês, o que facilitou na decisão. Como eu estava sozinha, não quis arriscar muito nos ingredientes nem ir longe demais no número de pedidos, até porque a quantidade de itens por porção não era mencionada.
Reparei que as pessoas eram chamadas para entrar no restaurante em cantonês. Entrei em pânico um pouquinho. Procurei ficar por perto da entrada, esperando algum contato visual para saber quando chegasse a minha vez. Depois dos 20 minutos prometidos, a hostess cantou um número em inglês: “one hundred twenty eight, one person”, desvendando também a anotação misteriosa que havia sido feita na minha cartela.
Entreguei a ela o pedido, e fui conduzida à mesa.
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Dim sum é a maior diversão
O Tim Ho Wan está mais para um restaurante fast-food do que para um salão de chá, onde os cantoneses tradicionalmente vão para compartilhar o dim sum em família ou entre amigos. Por lá, as garçonetes não usam carrinhos trazendo as cestas de bambu; a comida chega em bandejas, como em qualquer restaurante. A maioria das pessoas senta em mesas coletivas, já que o espaço no restaurante não é tanto. Compensando a falta de ritual, os preços baixíssimos e os pratos feitos na hora fazem com que o salão esteja sempre cheio.
Fui acomodada na ponta de uma mesa com mais umas 10 pessoas, que estavam em duplas ou grupos. A conta veio em seguida, discriminando o pedido… em cantonês. Mas é só conferir os valores com a cartela, que é grampeada atrás.
Tentei me entender na mímica com a garçonete, que só falava cantonês, para saber se deveria pagar antes de comer, mas o acerto fica para o final, mesmo. (Ah, e apenas em dinheiro.)
Logo chegou a hora de descobrir o que eu havia pedido O primeiro prato a chegar na mesa foi o baked bun with BBQ pork. É um pãozinho assado fofo e doce, crocante por fora, com uma casquinha que parece de pão de queijo. Por dentro, o recheio é de lascas de carne de porco suculentas, cheias de molho também adocicado.
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É a especialidade da rede, vim depois a descobrir. Não por acaso, foi o que eu comi de mais gostoso durante toda a viagem — e olha que come-se especialmente bem em Hong Kong. A porção vinha com três unidades servidas num pratinho de cerâmica. Pareciam três pequenas nuvens na boca.
Depois vieram as panquecas de massa de arroz, feitas no vapor (steamed rice rolls stuffed with shrimps and chives). Muito delicadas, com recheio de camarões lindamente cozidos, e a massa escorregadia que teimava em não parar entre os palitinhos. Cometi duas gafes: cortar a massa com o hashi (acho que ninguém viu) e não adicionar molho às panquecas, como vi sendo servidas outro dia. Achei gostoso, apesar da minha falta de traquejo.
O prato seguinte foram as almôndegas no vapor (steamed beef ball with bean curd skin), que chegam à mesa na cesta de bambu. Têm uma consistência muito mais macia que as almôndegas que conhecemos, e temperos que em nada lembram aqueles da nonna. Achei interessante, mas, por enquanto, fico com a versão italiana.
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Por último, os dumplings de camarão e porco (steamed pork dumpling with shrimp), que também ficaram no final no meu elenco de favoritos. Achei o recheio muito denso, embora o camarão, mais uma vez, estivesse uma maravilha.
Para beber: pu-ehr, um chá digestivo, como manda o figurino. São deixados bules à mesa, para que todos compartilhem e tomem à vontade, pelo preço simbólico de 3 Hong Kong dollars (menos de 1 real).
O meu primeiro dim sum
Curti meu almoço, embora tenha dado mais sorte com alguns itens do que com outros. Foi uma introdução divertida à cozinha cantonesa, e que não doeu no bolso: os quatro pratos, mais uma garrafa de água e o chá, custaram 96 Hong Kong dollars (ou 25 reais, uma refeição que daria para duas pessoas). Indo em grupo é um grande negócio, para poder experimentar mais pratos, repetir os favoritos e pedir os mais diferentões sem receio de não gostar. Os pés de galinha que meus companheiros de mesa comiam até que não pareciam de todo maus…
Não acho que o Tim Ho Wan substitua, no entanto, uma visita a um salão de chá mais tradicional. Para quem gosta desses rituais, vale a pena conhecer um lugar onde as cestinhas de bambu passem pelo salão trazidas em carrinhos, o cardápio tenha dezenas de itens, o bule seja de louça. Mas isso é assunto para outro post.
Mariana viajou a convite do Hong Kong Tourism Board e da Edelman Significa.
(Transcrito manualmente de um post publicado em maio de 2013. Pedimos desculpas pelos comentários que não puderam ser transferidos)
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3 comentários
Como saber ,boa comida sem carne de porco, sou alérgica.
Olá, Izabel! Pergunte.
Muito obrigado por essas dicas detalhadas! Segui suas orientações e cheguei ao local! Vale muito a pena, melhor refeição que fiz em Hong Kong!