Chiaroscuro amazônico: o encontro das águas
Eu já tinha feito uma vez o passeio para ver o fenômeno natural mais curioso da região de Manaus: o encontro das águas escuras do Rio Negro com as águas barrentas do Solimões/Amazonas. Pela diferença de densidade da água e da velocidade das correntezas, os dois rios não se misturam — correm lado a lado feito a água e o azeite daquela sua aula prática do laboratório de ciências da quarta série.
Ocorre que, mesmo já tendo feito o passeio, eu não tinha visto a coisa em todo o seu esplendor. Corria o jurássico ano de 1999, eu estava hospedado no Tropical de Manaus e, me sentindo o chique dos chiques, fretei uma voadeira para ver o espetáculo do encontro das águas em modo privado, sem precisar participar de um grupo organizado. Só ao chegar, porém, é que eu vi que a minha lancha fretada não tinha altura suficiente para discernir a diferença das cores. Ou seja — dinheiro posto fora.
Agora seria diferente. Debruçado no parapeito do convés do Iberostar Grand Amazon, eu constataria o fenômeno do encontro das águas de uma altura de quatro andares. Os dois roteiros do barco — o de três noites pelo Solimões, que eu estava fazendo, e o de quatro noites pelo Negro — fazem do encontro das águas o gran finale antes da volta ao porto de Manaus (o lugar onde os rios se encontram fica a vinte minutinhos do porto).
É preciso acordar cedo: a passagem é prevista para as 6h30 da manhã, antes mesmo do café.
Eram umas 6h20 quando subimos ao convés. O dia ainda estava amanhecendo. Olhei para o rio. E temi pelo que ia ver. Será que haveria luz suficiente para assistir ao show?
Ao longe dava para ver o leito do rio ostentando uma espécie de linha divisória. Mas o lusco-fusco da alvorada deixava tudo em tons semelhantes de azul (que não é a cor real de nenhum dos dois rios).
O barco avançava célere, e pensei — ih, vou passar de novo por esse lugar sem ter visto nada.
Mas dai… quando chegamos bem perto… Shazan!!!
Pronto, agora já acredito que o encontro das águas existe.
Mas que teria sido mais bacana se o barco passasse por ali com o sol mais alto, ah, seria…
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6 comentários
O passeio pode ser de apenas um dia ou tem de ficar hospedado no barco? É preciso fazer reservas? Quais as companhias que fazem o passeio para ver o encontro das águas?
Olá, Heve! O Ricardo Freire descreveu neste post o encontro das águas como parte de um cruzeiro. Mas o fenômeno ocorre pertíssimo de Manaus.
Há passeios que saem da marina do Hotel Tropical e também do terminal marítimo central. Os passeios mais baratos — e mais curtos — saem do terminal do Ceasa, na Zona Franca. No local há cooperativa de barqueiros. Você pode ir de carro ou táxi até lá.
Riq, fiz este passeio no ano passado na minha Expedição Brasil Express (e eu ainda nem falei dele lá no brogue) e foi umas das coisas mais bacanas que já vi! E, olhe só, no ano de 2000- um ano depois que você – também havia estado em Manaus e me hospedado no Tropical (iamos para Paritins) que, acredito, foi seu destino também em 99. Tenho vontade de percorrer todo este estado. Está muito lindo o seu material de lá!
E viram o rio subterrâneo que corre exatamente abaixo do Amazonas?
https://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/rio+de+6+mil+km+e+descoberto+embaixo+do+rio+amazonas/n1597176670573.html
Ah que saudade desses rios !
Toda vez q vejo o encontro das aguas tenho a sensaçao q o rio negro é feito de coca-cola. Qdo ele encontra ali c o Amazonas, a cor fica idêntica de coca. 🙂
Tô adorando os posts amazônicos. Mas sou suspeita, né ?
Em setembro de 2010, fomos até Manaus e seguimos o seu conselho, visto do alto o encontro é tudo de bom, como fizemos o passeio com almoço, vimos na ida e na volta, foi 10!!!