10 passeios a pé por Paris

Guia de Paris

Flanando por Paris: 10 passeios a pé

Flanar é o mais parisiense dos verbos. Significa passear sem rumo, absorvendo a cidade e a vida ao seu redor.

Se não fosse a limitação de tempo, ninguém precisaria de roteiro de passeios a pé em Paris. Bastaria flanar cada dia por uma região diferente e esperar os cartões-postais e monumentos aparecerem no seu caminho.

Nesta página propomos 10 roteiros de passeios a pé em Paris para você fazer no seu ritmo. Você pode perguntar: mas como dá para flanar com roteiro pré-definido?

Pois bem: tome o nosso itinerário como base, mas faça todos os desvios que a sua curiosidade sugerir. Até porque as coisas que a gente descobre por conta própria acabam sendo as mais marcantes.

Caso você se perca, é só voltar ao ponto de onde você desviou ou pôr no GPS a próxima etapa do passeio.

A Bóia resume:

Passeios a pé em Paris: 10 itinerários

Montmartre

  • Distância a caminhar: 2,8 km

A fama de bairro mais romântico de Paris faz de Montmartre (diga: Monmartr’) uma parada obrigatória dos roteiros da maioria dos visitantes.

Seu labirinto de ruelas, escadarias e ladeiras, porém, impõe alguma dificuldade ao passeio. Mais do que em outros lugares, vale a pena seguir um roteiro planejado.

Salte na estação Lamarck-Caulaincourt (linha 12), que serve como “porta dos fundos” do bairro. Suba a rue des Saules: você vai passar ao lado do Au Lapin Agile, um dos mais antigo cabarés da cidade.

Na quadra seguinte, mais uma curiosidade: a Vigne de Montmartre, o único vinhedo situado dentro de Paris (e que produz seus próprios vinhos).

Vire à direita na lindinha rue de l’Abreuvoir: ao final dela você chega ao busto da cantora Dalida (o costume é passar a mão para dar sorte).

Continue pela rue Girardon até o Moulin de la Galette, um moinho do século 17 que foi preservado. Dali desça pela rue d’Orchampt até a Place Émile Goudeau, onde fica uma das mais bonitas escadarias do bairro.

Desça pelas escadas e vire à esquerda na rue des Trois Frères – na esquina seguinte você vai encontrar o Marché de la Butte, quitanda que foi cenário de Amélie Poulain.

Vire à esquerda na rue Tardieu, que vai dar ao pé dos jardins da Basílica do Sacré-Coeur. Pegue o funicular (custa 1 passagem de metrô, e está incluído nos passes diário e semanal do cartão Navigo) até o alto. Lá chegando, desvie à esquerda para dar uma olhadinha na turisticíssima Place du Tertre, onde pintores e cartunistas estão de plantão para fazer seu retrato ou caricatura.

Volte à Basílica de Sacré-Coeur: visite o interior, suba à cúpula e aprecie a vista – a mais panorâmica da cidade.

Desça a pé ou de funicular. Lá embaixo, na praça, considere dar uma voltinha no Carrossel de Saint-Pierre (sim, adultos também podem montar nos cavalinhos).

Pegue de volta a rue Tardieu – quem sabe com um pit stop na sorveteria libanesa Bachir, onde você pode pedir para recobrir sua casquinha com pistache granulado.

Siga em frente até a Place des Abbesses. Você vai passar pelo Mur des Je T’aime (Paredão dos Eu Te Amo), com a frase “eu te amo” escrita em 300 idiomas.

Dali em diante, a rue des Abbesses convida a uma paradinha num de seus inúmeros cafés com mesas na calçada. Desça à esquerda pela rue Lepic, onde você pode dar uma espiadinha no Café des 2 Moulins, outra escala indefectível no roteiro dos fãs de Amélie Poulain.

Pegue o metrô de volta na estação Blanche (linha 2) ou continue o passeio por SoPi (South Pigalle).

Amélie Poulain

Procurando os cenários mais marcantes d’O Fabuloso Destino de Amélie Poulain?

O seu passeio pelas ladeiras do bairro de Montmartre vai fazer você mergulhar no amélie-verso.

Dois entre os lugares mais emblemáticos da história continuam com o mesmo aspecto de quando foram filmados, e são pontos de peregrinação dos fãs: o Café des 2 Moulins, onde Amélie trabalhava como garçonete, e a quitanda Au Marché de la Butte, que no filme aparecia como Maison Collignon.

Os dois lugares estão a apenas 500 metros de distância um do outro.

  • Café des 2 Moulins | 15 rue Lepic | Metrô: Abbesses (linha 12) | Instagram
  • Au Marché de la Butte | 56 rue des Trois Frères | Metrô: Blanche (linha 2) | Instagram

SoPi (South Pigalle)

  • Distância a caminhar: 2,2 km

Pigalle, ao pé de Montmartre, sempre foi o ‘bairro da luz vermelha’ de Paris – um antro de cabarés, inferninhos, cinemas pornô e sex shops, a maioria localizada ao longo do Boulevard de Clichy.

Em 2005, um antigo bordel ao sul de Pigalle foi repaginado como Hôtel Amour, com um bar que se tornou um ímã de descolados. Começava ali a mudança de perfil do bairro, que hoje tem a noite mais animada da cidade e atende pelo acrônimo SoPi – “South Pigalle”, em inglês mesmo.

Vale a pena flanar por SoPi de dia? Sim, porque o bairro tem algumas áreas muito charmosas. E serve para você se familiarizar com a área para aproveitar melhor quando voltar à noite.

Salte na estação Pigalle (linhas 2 e 12) – ou, se estiver vindo de Montmartre, vá até lá. Desça pela rue Frochot, bem servida de bares. Continue pela rue Henri Monnier e você chega à simpática pracinha Gustave Toudouze, outro polo de cafés e bares com mesas na calçada.

Vire à esquerda na próxima bifurcação: a rue Notre Dame de Lorette leva a outra praça charmosa, a Place St.-Georges. Vire à direita na rue St.-Georges, daí novamente à direita na rue d’Aumale e à esquerda na rue de la Rochefoucault.

Aqui acontece o momento cultural do passeio: uma visita ao Museu Gustave Moreau, que vale não só pelo acervo do pintor simbolista como principalmente pelo palacete perfeitamente preservado (com sua impressionante escada helicoidal).

  • Museu Gustave Moreau | 14 rue de la Rochefoucault | 4ª a 2ª 10h-18h | fecha 3ª | 8 (aceita Paris Museum Pass) | Site

Vá até o fim da rua e vire à esquerda na rue Saint-Lazare. Não haverá muita coisa bonita para admirar nas próximas quadras, mas quando você chegar à rue des Martyrs e virar à esquerda, vai se deliciar.

A rue des Martyrs é uma autêntica rua de mercado, com boulangeries (padarias), traiteurs (delicatessens), mercadinhos, peixarias, açougues e sobretudo muitas, muitas fromageries (queijarias) – enfim, o céu dos foodies e gourmands.

Entremeados entre os mercados você vai encontrar simpáticos cafés para fazer aquela pausa final do passeio, que termina no fim da ladeirinha, onde começou: a estação Pigalle do metrô.

Place Vendôme, Madeleine e Opéra

Este passeio é um luxo só. Quer dizer: você não verá a opulência intimidante das avenidas Montaigne e Georges V (que formam o Triângulo de Ouro com a Champs-Élysées). Mas por isso mesmo esse percurso é ainda mais interessante (e, na minha opinião, até mais chic).

Para dar certo, faça sua reserva para a visita à Ópera Garnier no horário de 13h ou 14h. Providencie isso com antecedência: há dias em que a Opéra não abre a visitas.

Programe-se para saltar na estação Louvre-Palais Royal (linhas 1 e 7) faltando 3 horas para a sua visita à Opéra.

Visite com calma o lindo jardim do Palais Royal e saia pelos fundos. Na esquina da rue des Petits Champs com a rue Vivienne você vai encontrar duas galerias cobertas: a austera Passage Colbert e a adorável Galerie Vivienne. A Passage Colbert não tem lojas (apenas o restaurante Le Grand Colbert), mas a Galeria Vivienne é perfeita para namorar vitrines.

  • Passage Colbert | 6 rue des Petits Champs | Instagram
  • Le Grand Colbert | 2 rue Vivienne
  • Galerie Vivienne | 4 rue des Petits Champs | Instagram

Siga pela rue des Petits Champs. Preste atenção na segunda transversal à esquerda, a rue Sainte-Anne: trata-se do epicentro da comunidade japonesa de Paris, com lojas, quitandas e izakayas.

Passe a avenue de l’Opéra e siga caminhando mais três quadras. Vire à esquerda: você chegou à coruscante Place Vendôme.

Não é apenas seu traçado que é elegante. A Place Vendôme é rodeada de joalherias e serve de endereço para o Hotel Ritz – ícone do luxo old money. A coluna de bronze no centro da praça celebra vitórias de Napoleão (e é uma reconstituição: a original foi derrubada durante a Comuna de Paris).

Prossiga mais uma quadra e você vai encontrar a rue Saint-Honoré, a preferida das grifes. Chanel, Vuitton, Dior, Balenciaga: os símbolos da moda francesa estão todos por ali. A propósito, na rue de Castiglione (a continuação da rua da Place Vendôme) você chega ao hotel preferido dos fashionistas: o extravagante Hôtel Costes.

  • Hôtel Costes | 7 rue de Castiglione | Instagram

Siga pela Saint-Honoré até a linda rue Royale, onde você vai dobrar à direita para visitar a Igreja da Madeleine.

Saia pelo boulevard des Capucines até encontrar a Opéra Garnier. Caso ainda não esteja na hora da sua visita, passe o tempo na mítica Galeries Lafayette, que fica logo atrás. (Caso contrário, deixe para o encerramento do passeio.)

Volte pelo metrô Chaussé d’Antin-La Fayette (linhas 7 e 9).

Champs-Élysées

  • Distância a caminhar: 2,2 km | Com Triangle d’Or: 3,5 km

A avenida dos Champs-Élysées (diga: Xonzelizê) materializa um Eixo Histórico (Axis Historique) que vai do Louvre ao Arco do Triunfo, passando pelo Jardins das Tulherias e pela Place de la Concorde (e que mais tarde foi esticado até o Arco de la Défense, já fora dos limites de Paris).

A avenida em si tem 2 km de extensão, do Arco do Triunfo à Place de la Concorde.

Paradoxalmente, a Champs-Élysées é a um só tempo monumental e perfeitamente caminhável, graças à profusão de lojas, cafés e lanchonetes.

O melhor passeio é feito no sentido Arco do Triunfo-Concorde, para aproveitar o suave declive do terreno.

Salte na estação Charles de Gaulle-Étoile (linhas 1, 2, 6 e RER A) e visite o Arco do Triunfo.

Depois, escolha qualquer calçada e aproveite o circo: a Champs-Elysées é uma espécie de Times Square, só que mais extensa e sem telões.

Entre as lojas de roupa e os fast-foods, porém, dá para encontrar alguns ícones parisienses, como a filial da confeitaria Ladurée (nº 75), que fabrica os macarons (biscoitinhos de massa areada com recheios diversos) mais famosos da França.

Você pode entrar para comprar uma caixinha de sabores variados ou fazer uma reserva para tomar um chá.

Quando for trocar de calçada, aproveite para fazer a foto clássica no centro da avenida, com o Arco do Triunfo ao fundo.

No seu último quilômetro (entre o Rond-Point e a Place de la Concorde), a Champs-Élysées deixa de ser uma avenida comercial e vira um jardim.

Quase chegando à Place de la Concorde, à sua direita na av. Winston Churchill estão dois palacetes que costumam ser usados para exposições e festivais: o Grand Palais (que ostenta o maior telhado de vidro do continente) e o Petit Palais.

Termine o passeio na Place de la Concorde e, se precisar, pegue o metrô na estação Concorde (linhas 1, 8 e 12).

  • Ladurée | 75 av des Champs Elysées | Instagram | Reservas
  • Grand Palais | av. Winston Churchill | Site
  • Petit Palais | av. Winston Churchill | Site

Triangle d’Or

Caso queira fazer um percurso mais elegante, saia à direita na avenue Georges V até a estação Alma-Mourceau, e então vire à esquerda na avenue Montaigne.

Este é o chamado Triangle d’Or (triângulo dourado), o metro quadrado mais valioso de Paris, endereço de hotéis de luxo e ateliês de alta costura.

Place de la Concorde

Maior entre as praças parisienses, a Place de la Concorde entrou para a história como o local onde foram guilhotinados Luís XVI e Maria Antonieta.

Seu maior atrativo é o magnífico Obelisco de Luxor doado em 1835 pelo pachá do Egito. O obelisco adornava a entrada do Templo de Luxor. A ponta dourada foi instalada pela França.

Les Halles

  • Distância a caminhar: 2,2 km

O bairro central de Les Halles (diga: Lê Ál‘) vai aparecer no seu caminho num passeio entre o Marais e o Louvre, o Palais Royal ou a Place Vendôme.

O grande chamariz da região é o Centro Pompidou – Beaubourg para os fãs.

Venha do Marais pela rue des Francs Bourgeois ou salte na estação Rambuteau (linha 11).

Visite o Beaubourg. Depois, escolha entre o roteiro curto e o longo para continuar.

Se estiver apertado de tempo, prossiga do Beaubourg pela rue Rambuteau até o Westfield Forum des Halles, um shopping instalado no lugar onde funcionou a ‘Ceasa’ de Paris e que foi reformado em 2016.

Desvie à direita pela rue Turbigo e entre na rue Saint-Denis para dar uma voltinha na Passage du Grand Cerf, uma das mais carismáticas galerias comerciais de Paris.

Continue do outro lado pela rue Marie Stuart até a Rue Montorgueil, minha rua gastronômica preferida em Paris. Dá para fazer um lanche ou parar para almoçar num dos restaurantinhos da rue Tiquetonne (a maioria, porém, abre para almoço só até 14h ou 15h).

Siga pela rue Étienne Marcel até o Palais Royal e/ou o Louvre.

  • Westfield Forum des Halles | 101 Porte Berger | Site
  • Passage du Grand Cerf | 145 rue Saint-Denis | Instagram
  • Petit Bao | 116 rue Saint-Denis (quase esquina Tiquetonne) | Instagram
  • Dalmata Pizza | 8 rue Tiquetonne | Instagram
  • Aux 3 Éléphants (thai) | 36 rue Tiquetonne | Instagram
  • Café Lézard | 32 rue Étienne Marcel | não fecha entre almoço e jantar | Instagram

Rue Montorgueil

Na comparação com a rue Mouffetard, a rue Montorgueil (diga: Montorguéi) é relativamente pouco turística. É uma rua que segue cumprindo sua função de ‘rua de mercado’ onde parisienses passam diariamente para abastecer suas mesas e despensas.

Queijarias (fromageries), padarias (boulangeries), peixarias, açougues, quitandas, lojas de embutidos (charcutiers) delis (traiteurs), chocolaterias, lojas de vinho – um rolezinho pela Montorgueil funciona como um tour pelos fundamentos da culinária francesa.

Além de fazer comprinhas para levar, você pode fazer alguma(s) parada(s) gastronômicas. Tipo: ostras no Au Rocher de Cancale, escargots no L‘Escargot Montorgueil, doces na elegante Stohrer ou na popular Odette

  • Au Rocher de Cancale | 78 rue Montorgueil | Instagram
  • L’Escargot Montorgueil | 38 rue Montorgueil | Instagram
  • Stohrer | 51 rue Montorgueil | Instagram
  • Odette | 18 rue Montorgueil | Instagram

Marais

  • Distância a caminhar: 2,5 km

Apesar de sua localização central, o Marais (diga: Marré) escapou às reformas do barão Haussmann que transformaram o resto da cidade com seus grandes boulevards. De ruas estreitas e quadras desalinhadas, o Marais aparenta ser o bairro mais antigo de Paris (mas não é: o Quartier Latin é anterior).

Não se trata, claro, de nenhum segredo parisiense. Mas comparado a outras áreas da cidade, o Marais acaba recebendo sensivelmente menos turistas – e os que chegam até aqui costumam ser mais antenados. É só ver pelo comércio: lojas transadas, quase nenhuma de souvenir.

Salte na estação Bastille (linhas 1, 5 e 8), siga pela rue Saint-Antoine e vire à direita na rue de Birague. Ao fim da ruazinha você verá um arco. Passar por ele é o jeito mais impactante de chegar ao nosso verdadeiro ponto de partida: Place des Vosges (mais sobre ela abaixo).

Quando resolver seguir adiante, saia pelo canto esquerdo e vire à direita na rue des Francs-Bourgeois, a principal via do bairro. Logo na segunda quadra você pode visitar o Museu Carnavalet, que conta a história de Paris.

O outro museu importante do bairro fica perto: entre à direita na rue Elzevir e na terceira quadra vai aparecer o Museu Picasso, cobrindo todas as fases do artista. (Se já estiver na hora de fazer uma boquinha, a filial do Marais da excelente creperia Breizh Café fica na quadra de trás.)

A região abaixo da Francs-Bourgeois também merece ser explorada. Entre na rue Pavée e vire à direita na rue des Rosiers. Esta rua medieval é o centro da comunidade judaica parisiense.

Aqui estão duas sinagogas (a mais importante, no nº 17), além de cafés e restaurantes kosher. O falafel mais concorrido da cidade é anunciado pela fila permanente: L’As do Falafel (kosher, evidentemente).

A rue des Rosiers acaba na rue Vieille du Temple, que tem cafés e bistrôs da maior simpatia (meu favorito é o Le Trésor, num bequinho sem saída à sua esquerda).

Se você virar à direita na rue de la Verrerie, vai adentrar o território LGBT do Marais. Mas a rua mais animada é a próxima transversal, a rue des Archives: ali a cena gay não acontece só em bares fechados, mas sobretudo em cafés com mesas na calçada.

Uma curiosidade: a filial parisiense da rede Eataly fica ali pertinho, num beco que sai da rue Sainte-Croix de la Bretonnerie.

Querendo seguir adiante no seu passeio, escolha entre a Île Saint-Louis (volte à rue Vieille du Temple e siga em direção ao Sena) e o Beaubourg e Les Halles (neste caso, é só prosseguir pela rue des Francs-Bourgeois toda vida).

  • Breizh Café | 109 rue Vieille du Temple | Instagram
  • L’As du Falafel | 34 rue des Rosiers | fecha 6ª à noite e sábado | Instagram
  • Le Trésor | 9 rue du Trésor | Instagram
  • Eataly | 37 rue Sainte-Croix de la Bretonnerie | Instagram

Place des Vosges

A Place des Vosges (diga: Plás dê Vôj’) pode até não ser a mais bonita de Paris, mas com certeza é a que tem mais fãs. Planejada pelo rei Henrique IV no início do século 17, é uma praça cercada por arcadas e prédios de arquitetura uniforme onde moraram nobres.

Inicialmente se chamava Place Royale (“praça real”) e foi inaugurada no casamento de Luís XIV e Ana da Áustria. A rainha chegou a morar brevemente no Pavilhão da Rainha, o prédio central do lado norte, mas nenhum rei jamais ocupou o Pavilhão do Rei, no lado sul.

Em dias agradáveis, o gramado da praça se enche de parisienses e forasteiros. Sob as arcadas você encontra galerias de arte e restaurantes.

Meu jeito preferido de chegar à Place des Vosges é pela rue de Birague, que termina na arcada central do Pavilhão do Rei. Se você continuar pela esquerda, na quina vai achar uma porta aberta. Aproveite: é a ‘passagem secreta’ para os jardins do Hôtel de Sully. A entrada e passagem até a rue Saint-Antoine são gratuitas, mas se quiser visitar o museu (cujo ponto alto é o quarto preservado da Duquesa de Sully), compre ingresso.

Os restaurantes e cafés com mesas sob as arcadas costumam estar sempre cheios. Uma boa alternativa próxima à praça é a tradicional brasserie Bofinger.

  • Jardins do Hôtel de Sully | Place des Vosges | Site
  • Bofinger | 5 rue de la Bastille | Instagram

Canal St.-Martin

  • Distância a caminhar: 1,7 km

Sem monumentos, museus ou prédios demasiadamente históricos, o Canal St.-Martin funciona como uma pausa na rotina de turistagem mais pesada.

A melhor época para flanar por aqui é no verão, quando as beiradas das duas margens do trecho mais movimentado (quai de Valmy e quai de Jemmapes) se enchem de jovens a bordo de garrafas de rosé e sanduíches na baguette.

Mesmo nas épocas de clima menos agradável, porém, dá para curtir a passagem dos barcos (que precisam parar para manejar as eclusas) ou aproveitar os cafés e restaurantes do pedaço.

Salte na estação Jacques Bonsergent (linha 5) e ponha no GPS o bistrô Chez Prune. (No caminho – ou na volta para casa – faça um pit stop na padaria cult Du Pain et des Idées.)

Você vai chegar ao trecho mais bonito do canal, com várias pontes de pedestres à vista. Explore as duas margens a gosto – ou simplesmente pegue uma mesinha para ver Paris passar.

Para almoçar, faça reserva no bistrô Le Verre Volé, no Hôtel du Nord (que é um restaurante, não um hotel), no Gros Bao (que também atende sem reserva) ou no La Madonnina.

Sem reserva, vá ao Chez Prune, ao Le Cambodge ou ao Petit Cambodge.

Para lagartear na grama num dia de sol, dirija-se ao Jardin Villemin (agora rebatizado Mahsa Jimma Amini),

Se estiver na hora do happy hour, o Le Comptoir Général tem espírito alternativo, um pátio interno e reserva mesas.

Outras estações de metrô próximas ao Canal St.-Martin: République (linhas 3, 5, 8, 9 e 11), Gare de l’Est (linhas 4, 5 e 7) e Goncourt (linha 11).

Île Saint-Louis

  • Distância a caminhar: 1,7 km

Ligada por pontes ao Marais, ao Quartier Latin e à île de la Cité (onde está a Notre Dame), a île Saint-Louis é um belo coringa para compor o seu passeio do dia.

A île Saint-Louis é um dos cantinhos mais fofos de Paris. E por não ter monumentos nem atrações, acaba entrando no roteiro apenas dos flanadores.

Aqui a única fila em que você vai entrar é numa das (muitas) janelas que vendem o sorvete da venerável casa Berthillon (eu peço sempre a combinação chocolat et chocolat blanc).

Salte na estação Pont Marie (linha 7) ou venha do Marais pela rue du Pont Louis Philippe e atravesse a ponte Louis Philippe. Caso venha do Quartier Latin, atravesse pela ponte de l’Archevêché à île de la Cité e em seguida a ponte Sant-Louis. Todos esses caminhos vão dar na quina mais charmosa da ilhota.

Repare no Le St.-Régis, um café parisiense tradicional perfeitamente preservado, com o ambiente mais gostoso entre todos os cafés voltados para a île de la Cité. Ele vai ser o ponto inicial e final da nossa caminhada.

Explore a rua principal, rue Saint-Louis en l’Île, que corre ao longo do miolo da ilha. No caminho, pegue seu sorvete Berthillon em qualquer uma das janelinhas – se tiver fila grande numa, vá na próxima (todos os sorvetes são iguais em todos os pontos de venda).

Repare nas portas dos edifícios – cada uma mais elaborada que a outra. As lojinhas também são simpaticíssimas. Já na primeira quadra tem uma filial da minha loja preferida em Paris, a Pylônes, de presentes e objetos de design divertidos.

Caso queira degustar o sorvete Berthillon na forma de sundae (coupe), faça um pit stop na própria Maison Glacier, já na segunda metade da rua.

Ao fim da rua, entre na Square Barye, um parquinho de formato triangular na quina leste da ilha. Dali você pode descer por uma escada e apreciar a passagem dos barcos no Sena praticamente ao nível d’água.

Escolha uma margem da ilha para voltar por fora. Eu acho que a margem voltada para a Rive Droite (à direita de quem sai do parque) é um pouco mais bonita, mas fique à vontade para ir pela outra ou fazer um ziguezague.

Termine no ponto onde começamos – com um café, um drink ou um almoço no Le St.-Régis, ou quem sabe umas ostras frescas com vinho branco na huîtrerie Poget & De Wit.

Uma boa sequência é seguir para a île de la Cité e visitar Conciergerie, Sainte-Chapelle e (quando reabrir) a Catedral de Notre Dame.

  • Le St.-Régis | 6 rue Jean du Bellay | Instagram
  • Pylônes | 57 rue de Saint-Louis en l’Île | Site
  • Maison Berthillon (matriz) | 29-31 rue de Saint-Louis en île | Instagram
  • Square Barye | 2 blvd Henry IV | Site
  • Poget & De Wit | 5 rue Jean du Bellay | Instagram

Quartier Latin

  • Distância a caminhar: 4 km

Área mais antiga de Paris, o Quartier Latin (diga: Cartiê Latã) é uma mina de restaurantes econômicos e bares animados, frequentados por turistas e também por estudantes das universidades do bairro (encabeçadas pela Sorbonne).

Salte na estação Saint-Michel (linha 4) e passe em revista os bouquinistes (vendedores de livros usados) perfilados à margem do Sena. Você pode também aproveitar para dar uma olhadinha na livraria Shakespeare & Co., que ficou famosa graças aos filmes “Antes do Pôr do Sol” e “Meia-noite em Paris”.

  • Shakesperare & Co. | 37 rue de la Bûcherie | Instagram

Atravesse o burburinho das ruelas de pedestre desta área do Quartier Latin, tomadas por lojas de souvenir e restaurantes pega-turista. Siga pelo boulevard Saint-Michel , atravesse o boulevard Saint-Germain e vire à direita na rue du Sommerand. Ali fica o Museu de Cluny, especializado na Idade Média, que aproveita as instalações de termas romanas do século 3.

Prossiga pela rue des Écoles e vire à direita na rue Monge. Encara uma subidinha?

Vire à esquerda na rue de Navarre, que continua como rue des Arènes. Ali fica a entrada para as Arènes de Lutèce (Arenas de Lutécia). A construção, concluída no século 2, é o mais antigo resquício da Paris romana – Lutécia era o nome romano da cidade. A entrada é gratuita.

  • Arènes de Lutèce | 4 rue des Arènes | Site

Volte até a rue de Navarre, desça uma quadra, vire à esquerda na rue Lacépède e logo à direita na rue de Quatrefages. Na altura da próxima pracinha está a Grande Mesquita de Paris, onde você pode bisbilhotar o jardim (e ir à casa de chá).

Saia pela rue du Puits de l’Ermite e vire à esquerda na rue Monge. Desça até a rue Censier, onde você vai virar à direita. Uma quadra depois você chega ao melhor trecho da rue Mouffetard (leia abaixo).

Suba a Mouffetard com calma, e lá em cima você pode aproveitar os cafés e bares da animada Place de la Contrescarpe.

Siga pela rue de Blainville, que logo vira rue de l’Estrapade – que vai dar na Place de l’Estrapade, o principal cenário da série da Netflix Emily in Paris.

Saia pela rue Clotaire, que um quarteirãozinho adiante já deixa você na cara do Panthéon.

Depois da visita (tente subir à cúpula!), siga pela rue Soufflot até o boulevard Saint-Michel. Antes de chegar à avenidona, não esqueça de se virar – visto dali, o Panthéon fica ainda mais bonito.

Atravesse a avenida e você entra no Jardin du Luxembourg – onde pode até fazer um piquenique com o que tenha comprado nos mercados da Mouffetard.

Depois, siga para Saint-Germain ou pegue o metrô de volta na estação Odéon (linhas 4 e 10).

Rue Mouffetard

Antiga estrada romana, a rue Mouffetard (diga: Muf-tar) é a via mais antiga de Paris. E talvez seja a rua mais pitoresca da cidade fora de Montmartre.

O maior atrativo da ‘Mouffe’ está nas quadras da parte mais baixa, que funcionam como uma ‘rua de mercado’ – com quitanda, queijaria, rotisseria, loja de vinhos, peixaria, padaria, confeitaria, tudo junto e misturado.

Se você seguir o nosso roteiro pelo Quartier Latin, pode comprar comidinhas para depois fazer um piquenique no Jardin du Luxembourg.

As lojas de comida fecham no domingo à tarde e na segunda-feira durante todo o dia.

Emily in Paris

A série da Netflix “Emily in Paris” é pródiga em mostrar cartões-postais parisienses. Muitas cenas são filmadas em pontos como o jardim do Palais Royal, a Ponte Alexandre III, o Jardin de Luxembourg e o Panthéon.

Mas o cenário principal – a praça onde fica o predinho de Emily e o restaurante de Gabriel – fica num ponto relativamente escondido – a Place de l’Estrapade. Escondido, mas muito fácil de chegar: a pracinha fica a uma quadra do Panthéon e perto do fervo da Place de la Contrescarpe.

Posso dar um spoiler? O restaurante de Gabriel na série, o Les Deux Compères, é na vida real um bistrô italiano, o Terra Nera. E recentemente lançou um menu Emily in Paris, com burrata de entrada, tagliata com rúcula e parmesão de prato principal e tiramisù por 39.

A produção de ‘Emily’ não é boba, e por isso outros dois cenários recorrentes na série também ficam convenientemente ao redor da praça: o Café de la Nouvelle Marie e a Boulangerie Moderne.

  • Prédio da Emily | 1 place de l’Estrapade
  • Terra Nera (Les Deux Compères) | 18 rue des Fossés St. Jacques | Instagram
  • Café de la Nouvelle Mairie | 19 rue des Fossés St. Jacques
  • Boulangerie Moderne | 16 rue des Fossés St. Jacques

Saint-Germain

  • Distância a caminhar: 4,8 km | Com Museu Rodin: 6,2 km

Tecnicamente, Saint-Germain-des-Prés faz parte do Quartier Latin. Mas se o bairro inteiro fosse um avião, Saint-Germain seria a classe executiva – com mais lojas de grifes do que de souvenirs, e cafés e restaurantes sensivelmente mais caros.

É a parte de Paris preferida pelos americanos e mais cultuada pelos intelectuais.

Proponho três itinerários ligeiramente distintos, dependendo de onde você venha.

No passeio mais completo, comece na margem direita do Sena. Salte na estação Pont Neuf (linha 7) e atravesse pela Pont des Arts – que já foi célebre por causa dos cadeados do amor pendurados no gradil (atualmente proibidos).

Siga à direita pela borda do Sena até a primeira parada: o Museu d’Orsay.

Depois volte à rue de Bac, vire à direita e depois à esquerda na rue de l’Université, que continua como rue Jacob e acaba na rue de Seine. Vire à direita e você chega à rue de Buci, que concentra cafés e restaurantes.

Desça pela direita, atravesse o Boulevard Saint-Germain e siga pela rue Montfocon: na quadra seguinte você entra no Marché Couvert Saint-Germain, o mercado do bairro.

Atravesse o mercado, saia à esquerda pela rue Lobineau e vire à direita na rue de Condé: você vai dar na Place de l’Odéon, o coração do bairro.

Já visitou o Jardin du Luxembourg? Ou quer visitar de novo? Tem uma entrada ali. Se não quiser, continue à direita pela rue de Vaugirard costeando o parque até a rue Bonaparte.

Vire à direita e siga até o Boulevard Saint-Germain. Você vai chegar ao trecho onde estão os dois cafés mais célebres de Paris: o Café de Flore (frequentado por Picasso e Queneau) e o Les Deux Magots (o favorito de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir).

Se ainda tiver fôlego para visitar mais um museu neste passeio, prossiga pelo Boulevard Saint-Germain até a rue de Bac, onde você vira à direita e depois à direita novamente na rue de Varenne. Seis quadras mais tarde você chega ao Museu Rodin. Volte pelo metrô Varenne (linha 13).

  • Marché Couvert St.-Germain | 4-6 rue Lobineau (entrada principal) | fecha domingo à tarde e 2ª | Site
  • Les Deux Magots | 6 place St.-Germain-des-Prés | Instagram
  • Café de Flore | 172 blvd St.-Germain | Instagram

Vindo pelo Quartier Latin

Se você quiser sair do Quartier Latin, venha pela rue St. André des Arts – no meio do caminho ela vira a rue de Buci (você vai sentir a transição de um bairro para o outro).

Siga até o fim da rua, atravesse o Boulevard St.-Germain e siga pela rue Montfocon. Atravesse por dentro o Marché Couvert Saint-Germain, saia à esquerda pela rue Lobineau e vire à direita na rue de Condé até a Place de l’Odéon.

Se quiser, aproveite para visitar o Jardin du Luxembourg. Saia pela rue Bonaparte até o Boulevard Saint-Germain.

Vire à esquerda, passando pelos cafés Deux Magots e o Café de Flore. Vire à direita na rue des Saints-Pères, depois à esquerda na rue de l’Université e à direita na rue Bellechasse, indo até o Sena. Vire à direita e visite o Museu d’Orsay.

Saindo do museu, siga à direita pelo Quai Voltaire até a Pont des Arts. Atravesse e volte pelo metrô Pont Neuf (linha 7).

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    Vindo do Jardin du Luxembourg

    Caso você queira juntar o roteiro do Quartier Latin com o de St.-Germain, saia da última parada (o Jardin de Luxembourg) pela Place de l’Odéon.

    Suba pela rue de Condé e vire à esquerda na rue Lobineau. Atravesse o Marché Couvert de St.-Germain, seguindo pela rue Montfocon. Atravesse o Boulevard Saint-Germain e continue pela rue de Buci até a rue de Seine, onde você vira à esquerda.

    Vire novamente à esquerda na rue Jacob, e mais uma vez à esquerda na rue Bonaparte. Você vai chegar ao Boulevard Saint-Germain. Dobre à direita para passar pelos cafés Deux Magots e o Café de Flore.

    Dobre à direita na rue des Saints-Pères, depois à esquerda na rue de l’Université e mais adiante à direita na rue Bellechasse até chegar ao Sena. Vire à direita e visite o Museu d’Orsay.

    Depois do museu, continue à direita pelo Quai Voltaire até a Pont des Arts. Atravesse e volte pelo metrô Pont Neuf (linha 7).

    2 comentários

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