Key West, Flórida: dicas para aproveitar o dia e a noite, no roteiro da Mirian
A Mirian e o marido fizeram uma viagem combinada a Key West e Fort Lauderdale, pegando o finalzinho do inverno no hemisfério norte. Na primeira parte do relato, a Mirian contou como decidiu pelos dois destinos, destrinchou o roteiro e contou como foi a passagem por Fort Lauderdale. Agora, ela fala sobre a melhor parte da viagem: Key West, onde passou três dias, mas gostaria de ter passado mais. Vai pela Mirian:
Texto e fotos | Mirian di Nizo
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A Overseas Highway passa por cinco grandes conjuntos de ilhas. Falando apenas das principais, começa por Key Largo, depois Islamorada, Marathon, Big Pine Key, até chegar a Key West, a última ilha no ponto mais meridional do país. Estando sobre a ponte, vindo do norte, do seu lado esquerdo estará o Oceano Atlântico, e do direito, o Golfo do México. De Fort Lauderdale a Key West são 4 horas de viagem, mas nem percebi o tempo passar. Foi piscar o olho e pá!, tava lá a milha de número zero da Overseas, bem na entrada de Key West.
Como poucas vezes na vida, concluímos que tinha valido muito a pena alugar um carro para chegar à ilha. Calma, eu me explico. Somos um casal meio estranho, temos certa resistência em alugar carros nas viagens, mas preciso dizer o motivo.
Eu não tenho nenhum senso de localização, sou a pessoa mais perdida de todas e consigo errar o caminho mesmo com dois GPS em ação. E o Mô, apesar de ser uma bússola ambulante, é ruim demais no inglês e o cara mais ‘certinho’ do mundo no trânsito, morre de medo de cometer qualquer infração. Então, imagine um cara assim dirigindo num lugar estranho, com placas de trânsito em outra língua, e ao meu lado. É briga na certa.
Além disso, fazemos as contas e, colocando todos os custos na ponta do lápis (o valor do aluguel, dos pedágios, da gasolina, do seguro e, principalmente, dos estacionamentos), volta e meia concluímos que fica mais caro alugar um carro do que usar outras opções de transporte, como metrô ou Uber. Sem contar que dirigir num lugar desconhecido pode ser bem perrengoso.
Mas, no caso de Key West, não teve jeito, não tinha o menor sentido fazer aquela travessia ma-ra-vi-lho-sa da Overseas Highway dentro de um ônibus, que seria nossa outra opção neste cenário. Alugamos o carro em Fort Lauderdale e devolvemos no aeroporto assim que chegamos a Key West. E vice-versa na volta. E quase sem nenhum litígio!
Pegamos um trânsfer no aeroporto de Key West para nossa pousada. O aeroporto é minúsculo, você acha tudo (ou nada…) facilmente. O trânsfer pode ser contratado na hora. Em Key West você não precisa de carro, nem de qualquer outro meio de transporte além de um calçado bem confortável e muita disposição para andar.
Assim que nossa van começou a cortar pelo meio da cidade, já fui ficando entusiasmada. A arquitetura é muito americana, uma espécie de estilo vitoriano dos anos 1800. Casas de madeira, com teto de duas águas e uma janelinha bem no alto indicando que tem um sótão ali, cores em tons pastel (rosinha, amarelinha, verdinha), com uma varanda balaustrada pintada de branco e, quase sempre, uma bandeira americana fincada em algum ponto da fachada.
A hedonista Duval Street
Nossa pousada, a Duval Gardens, ficava na Duval Street, a rua mais famosa em torno da qual a cidade acontece, e onde estão os restaurantes e os bares mais animados e singulares. Tivemos certo azar e pegamos o menor quarto da casa, quase uma caixinha de fósforos. Mesmo assim, valeu pela localização perfeita, decoração fofa caprichadíssima e o atendimento muito cortês.
Sobre a Duval Street, já preciso adiantar que foi uma das coisas que mais me encantou em Key West. Essa rua é o ‘centro nervoso’ e uma das principais atrações da cidade. Primeiro porque ali a arquitetura a qual mencionei há pouco é muito mais evidente. Parece que você entrou numa máquina do tempo e apertou o botão ‘voltar 200 anos’. Segundo, porque basta caminhar pela rua à noite, procurando um lugarzinho para jantar, e a diversão está assegurada.
Lojas com produtos locais, boutiques malucas ou encantadoras, botecos e bares peculiares e animadíssimos, muitos deles com música ao vivo quase na porta. É impossível seguir adiante sem ao menos ‘mais uma paradinha de cinco minutinhos, por favor’ só para apreciar o músico, dali da calçada mesmo.
Muitos restaurantes de todos os estilos depois, você escolhe um, preferencialmente com mesa perto da rua, e pronto. Faça seu jantar demorar bastante enquanto aprecia o movimento de turistas, boêmios, transformistas, gogo boys, enfim, toda a espécie de gente alegre, e a vibração que vai passando por ali. Key West é o segundo maior point gay dos Estados Unidos, ficando trás apenas de San Francisco, e isso ajuda muito a dar uma aura ainda mais livre e descontraída a ela.
Estávamos no final do inverno, que é alta temporada na Flórida: americanos do norte, canadenses e europeus se deslocam rumo ao sul, à procura de sol e temperaturas mais amenas.
E na boêmia Duval Street alguns bares são bem interessantes e merecem um comentário. Sabe aquele lugar que tem um detalhe, às vezes bobo, que faz toda a diferença? O Willie T’s (525 Duval St, tel. 1 305 294-7674) é um deles. Um bar com ótima música ao vivo, quase sempre com predomínio do country/blues, serve quase tudo o que você puder imaginar, de guacamole a fettuccine Alfredo, passando por pizza e comida típica americana. Mas, o que mais me marcou aqui foi a decoração. O bar é repleto de notas de um dólar (verdadeiras), por todos os lados. Nos balcões, paredes, colunas, vigas, na chaminé, onde você olhar encontrará um dólar. Os clientes colam as verdinhas em qualquer lugar onde encontram um espacinho, quase sempre deixando nelas seus nomes ou uma mensagem. A visão que resulta disso é uma excentricidade maluca. As bebidas e as porções são boas, e o bar não cobra couvert artístico.
Virando em uma esquina da Duval, tem o animadíssimo Irish Kevin’s Bar (211 Duval St, tel. 1 305 292-1262). Um pub irlandês reconhecido por sua ótima comida (apesar de irlandês!), e claro, mais música ao vivo.
E pra citar só mais um, o mais tradicional da cidade é o Sloppy Joe’s (201 Duval St, tel. 1 305 294-5717). A lenda é que era o bar mais frequentado por Ernest Hemingway quando morou na cidade (já vamos falar um pouco mais deste, um dos mais amados escritores americanos). Assim como os melhores bares no ‘estilo Duval’, muito folk, blues, country, tudo em alta voltagem e de excelente qualidade. Minha sugestão para forrar o estômago enquanto aprecia as boas marcas de cervejas geladas é o sanduíche de carne com milho. Só de lembrar, me deu uma fominha aqui!
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A festeira Mallory Square e sua vizinhança
A Duval tem 2 km de extensão e começa no extremo sul da ilha, onde existe uma espécie de marco zero em formato de boia (foi o que ouvi, mas me pareceu mais com uma rolha), e onde se lê a frase ‘The Southernmost Point of Continental USA’ (traduzindo = o ponto mais ao sul dos Estados Unidos). Depois de resistir bravamente, sucumbi, e acabei tirando uma foto deste local turístico bem sem graça, mas que, inacreditavelmente, tem fila para a selfie dia e noite. Saindo dali e partindo até o ponto mais ao norte da rua você chegará à Mallory Square. Para mim, depois da Duval, o local mais interessante da ilha.
A praça fica à beira-mar. No finalzinho da tarde, recebe uma leva de turistas e moradores que vão curtir a noite ou, antes disso, apreciar o Sunset Celebration (bling-bling, mais um famoso pôr do sol pra conta). Parece que a cidade inteira marca hora e chega por volta das cinco. Artistas de rua dos mais diversos tipos fazem seu ganha-pão e a diversão de todo mundo. Carrinhos de pipoca, de hot dog, de drinks reluzentes e outras especialidades gastronômicas da região estão por todos os lados. É uma delícia e você acaba ficando horas perambulando, entre um show de guitarra aqui, um engolidor de fogo ali, e um petisco cubano acolá.
E por falar em Cuba, Key West está localizada a 145 km de lá, ou seja, está mais próxima de Havana do que de Miami. Em 1868, os cubanos pegaram suas sementes de tabaco e fincaram bandeira na cidade. Por isso, a influência da ilha de Fidel e Che Guevara está por todos os lados. Bem próximo à Mallory Square há um grande galpão que faz as vezes de museu das influências caribenhas e cubanas, com muitos charutos, bebidas e música típica.
A Kermit’s Key Lime (200 Elizabeth St, tel. 1 800 376-0806) também está por perto e é nesta doceria que você vai pedir a mais famosa iguaria doce da região, a key lime pie (uma torta de limão). É boa, mas confesso que não sei se merece tooooodo esse sucesso.
O Memorial Sculpture Garden (401 Wall St, tel. 1 305 294-4142), também por ali, é uma espécie de museu aberto com uma série de esculturas e bustos que contam um pouco sobre os principais personagens que ajudaram a construir e consolidar aquele pequeno povoado surgindo por volta de 1500, quando a Flórida ainda era território da Espanha.
Eu fui ficando cada vez mais apaixonada pela história da ilha e um dos lugares para conhecer mais sobre ela é o Custom House Museum (281 Front St, tel. 1 305 295-6616). Nesse fascinante museu, você conhece como era a vida em Key West nos séculos passados, vê peças de vestuário, utensílios e móveis. Quando fui, tinha uma exposição temporária acerca do papel da Marinha na vida e memória da ilha e outra fabulosa do artista Guy Harvey com desenhos do livro ‘The Old Man and the Sea’ (O velho e o Mar), de Ernest Hemingway. Na escada para o segundo e terceiro andares, há uma espécie de resumo do livro. O museu é realmente muito bom e tem umas estátuas, algumas em escala real, outras gigantes, que eu tentei, mas não consegui entender o que significam. Talvez seja ‘nada’ mesmo.
Aliás, o que não falta na cidade são estátuas por todos os lados. Fiquei com a sensação de que representam cenas corriqueiras e cotidianas dos moradores e seus costumes. Mas, assim como nas esculturas do museu, não achei ninguém para me ajudar a elucidar o mistério.
A ilha não tem muitas faixas de areia contínua e a praia mais bem avaliada por turistas e moradores é a Smathers Beach, que eu vou ficar devendo, não deu tempo de conhecer. Acredita nisso? Como disse logo no início, esta ilha merece mais que míseros três dias.
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Hemingway, gatos de seis dedos e galos
Duas coisas são autênticas instituições de Key West: Ernest Hemingway e galos.
Falando do primeiro, o famoso escritor/poeta americano morou em Key West por cerca de nove anos (entre 1931 e 1940), antes de se mudar para Cuba, não sem antes deixar muitas marcas na alma da ilha. Foi em Key West que escreveu alguns de seus livros, entre eles, um dos mais aclamados pelos nossos amigos ianques, ‘Por Quem Os Sinos Dobram’ (único que eu li, pesadíssimo, romance baseado na guerra civil espanhola).
A casa em que morou com sua segunda esposa (de um total de quatro), Pauline Pfeiffer, é a maior da cidade e conta também com a maior piscina construída em Key West na época. Na verdade, maior que muitas piscinas residenciais construídas em qualquer lugar até hoje. Uma extravagância para aqueles dias, o que, aliás, contrastava bastante com o espírito comunista e meio anarquista do escritor.
Contam os guias locais do museu que foi Pauline quem mandou construir a dita cuja durante uma viagem do marido. Quando ele voltou, ficou possesso com o gasto exorbitante da esposa e, aos berros, jogou fora o que chamou de seu ‘último penny que restou’, uma moedinha que se pode ver até hoje presa no cimento à beira da piscina.
A casa foi construída em 1831 e dada de presente ao casal pelo tio de Pauline. Hoje, The Ernest Hemingway Home & Museum (907 Whitehead St, tel. 1 305 294-1136) é o principal museu da ilha e guarda intactos muitos dos móveis originais e objetos pessoais do escritor. Merece muito a visita essa verdadeira joia em estilo colonial espanhol do século XIX. E
ntre os aposentos, o que mais me encantou foi a edícula, que o próprio autor transformou em seu estúdio e refúgio, para suas longas e insones noites sobre a máquina de escrever, acompanhado de seus muitos mojitos. E Hemingway bebia muito. Bebia tanto que existem vários bares pelo mundo onde é possível encontrar uma placa em que se lê ‘aqui bebeu Hemingway’ (inclusive no Sloppy Joe’s, que eu citei logo acima). A fama era tanta que atravessou o oceano e em outro bar, este já lá em Madri, pode-se ler na parede a insólita frase ‘aqui Hemingway nunca bebeu’.
Mas a casa também é muito visitada por causa de outro detalhe, no mínimo curioso: ela é residência oficial de mais de 60 gatos, todos descendentes da Snow, gatinha branca do escritor que devido a uma mutação genética tinha seis dedinhos nas patas da frente. Muitos de seus descendentes carregam a mesma mutação. Os bichanos vivem livres pelos quartos, salas, jardins e são muito bem cuidados e mimados pelos cuidadores do museu. Tem até um pequeno cemitério deles num pátio aos fundos da casa. Claro que eu perdi preciosos minutos do meu dia vasculhando o jardim até encontrar um gato com seis dedos. Em que outro momento na vida eu teria a chance de ver algo tão inusitado, não é mesmo?
Durante nossas longas caminhadas, quando eu não me cansava de apreciar as casinhas de madeira em estilo vitoriano, uma coisa nos chamou a atenção: a quantidade de galos pelas ruas. Dentro das lojas, nas praças, pintados nas camisetas, nos quadros. De cerâmica, madeira, ferro e, principalmente, ao vivo e em cores, atravessando ruas e ciscando pelos quintais. Intrigados, fomos pesquisar e achei a história incrível.
No final do século XX, quando mercearias e mercados mais modernos começaram a surgir pela região vendendo carnes e frangos já prontos e congelados, passou a ser desnecessário matar os penosos. Comprar o bicho morto era barato e muito mais prático. Daí que os galos nos quintais evoluíram da condição de almoço de domingo, para a de quase pets de seus donos e, claro, proliferaram. E por que não as galinhas? Bem, ninguém me explicou essa parte direito, mas suspeito que elas continuem botando ovos, trancadas nos galinheiros.
Debaixo dos caracóis
- Além de gatos de seis dedos e dos galos soltos, um terceiro bicho é cultuado em Key West: o caracol. Perdão: a concha-rainha (Eustrombus gigas), uma espécie de caramujo gigante considerada iguaria em boa parte do Caribe. De carne mais dura que a mais emborrachada das lulas, o caracol gigante precisa ser bastante cozido e picado para se tornar palatável. É base de sanduíches, petiscos e sopas. Seu nome em inglês, ‘conch’, deu origem ao apelido de Key West: ‘The Conch Republic’.
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Passeio ao Dry Tortugas National Park
Ficamos apenas em Key West, mas a região de Florida Keys dispõe de muitas opções de passeios e esportes aquáticos. Algumas ilhas do conjunto são famosas por seus incríveis pontos de mergulho. Na costa de Key Biscayne, por exemplo, existe o Neptune Memorial Reef, um cemitério subaquático em ruínas construído pelo homem com o objetivo de criar recifes artificiais em prol da preservação da vida marinha.
Já em Key Largo tem a melancólica estátua do ‘Cristo no Abismo’, uma espécie de Cristo Redentor submerso, também muito procurado por mergulhadores. Islamorada, outra das ilhas do conjunto, foi locação do seriado Bloodline, da Netflix, que conta a história cheia de drama psicológico da conturbada e fictícia família dos Rayburns. A pousada, The Moorings Village & Spa, onde se passa a maior parte das cenas em família, existe de verdade e é mesmo aquele paraíso todo. A série é muito boa, mas eu confesso que assisti a duas temporadas inteiras só para ficar babando nos cenários.
Dos nossos três dias em Key West, um já estava reservado para o Dry Tortugas National Park. Trata-se de um conjunto de ilhas no meio do Golfo do México a 100 km de Key West, onde está localizado o Fort Jefferson. Você tem que sair do Brasil com esse passeio já comprado, pois é muito procurado. Uma única companhia marítima oficial faz o passeio, com o enorme catamarã Yankee Freedom III (175 dólares o ticket, por pessoa). Outro jeito de chegar é contratando um passeio de hidroavião (342 dólares por meio dia, e 600 dólares por dia inteiro, por pessoa). Dizem que lá de cima é possível enxergar as enormes tartarugas nadando ao redor do forte, porém, é uma opção beeeem mais salgada.
O Yankee Freedom III sai exatamente às 8 horas da manhã e demora em torno de 2h30 para ir e outras 2h30 para retornar. Somando mais quatro horas de permanência lá, é um passeio de dia todo. Assim que você entra no ferry o guia já vai explicando como será o dia. Num inglês com sotaque sulista bem carregado, confesso que entendi quase nada do que ele falava. Mas um folheto, entregue assim que você chega, resolve bem o assunto.
O café da manhã é servido durante o percurso de ida e o almoço já fica disponível dentro do barco assim que se chega ao Fort Jefferson. Achei que haveria uma filona para as refeições, mas, que nada, fiquei impressionada com a organização e simpatia da equipe, funciona tudo sem estresse.
Chegando ao forte, minha recomendação é já almoçar, assim você libera todo o tempo restante para o mergulho de snorkel (equipamento incluído) e curte tranquilamente, até a hora de voltar para o barco no final da tarde. Logo na chegada eles também oferecem um tour de 20 minutos (na verdade uma palestra), que explica o local, mas achei bastante dispensável, não acrescentou muito além do que eu já havia pesquisado em casa. Mas, recomendo que realmente pesquise antes, se preferir pular esta parte, vale a pena conhecer a história.
O que mais impressiona no Fort Jefferson é exatamente dar-se conta do absurdo que é aquilo tudo. Uma fortaleza gigantesca, construída em 1846, no meio do nada no oceano, numa pequena ilha que mais parece um banco de areia, sem água potável num raio de 100 km de distância. Foi levantada pela força dos escravos para proteger a costa do Golfo dos constantes ataques piratas. Quando as ofensivas deixaram de existir, virou prisão de segurança máxima para os mais diversos tipos de delinquentes, até ser promovida a local turístico grifado que é hoje. Além de entender a dimensão que é ver de perto um pedaço tão emblemático da história, outra coisa que encanta é a cor e transparência da água ao redor das muralhas.
De verdade, não enxerguei uma vida marinha muito exuberante, ao menos naquele dia. Mas, a água, essa sim, impressiona. E essa água é muito gelada, gente? Para os meus padrões de ‘friorice’ é bem fria sim, mas nem tentei resistir, fiquei horas batendo os dentes lá dentro.
Ao final do passeio devolvem você lá no cais de onde sai o ferry, e este é o momento em que você só pensa na cama do hotel, tão exaustivo e pleno foi o seu dia.
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Bye bye, so long, farewell
Key West é um lugar de muitos atrativos. Música e comida boa, arquitetura tradicional, mar transparente e paisagens idílicas. Mas o que mais me fez feliz, foi a descontração e alegria dos que vivem ali e o bem-estar que transferem para os que estão de passagem como nós.
Hoje, quando eu penso em Key West uma cena me vem rápido à lembrança. Em nossa última noite, já avançando madrugada adentro, voltávamos para nossa pousada quando deparamos com seis rapazes fazendo um show na calçada. Eles tocavam naquele violão pequeno, enquanto cantavam um country dos bem antigos. Estavam enfileirados lado a lado, rentes ao meio-fio, todos de costas para a rua e de frente para uma loja qualquer já com as portas fechadas.
Em frente a eles, encostados à loja, algumas pessoas iam se amontoando para apreciar e acompanhar a música. Os garotos, todos meio bêbados, sujos e maltrapilhos, com seus jeans surrados, pareciam ter trabalhado durante o dia todo no cais. Um deles deixando quase despencar a bituca do cigarro, quase uma só cinza, que pendia da boca enquanto cantava. A melodia era muito rápida e tinha um slogan constante, que os que iam se unindo a nós (provavelmente todos americanos), cantavam junto, alegremente. Queria participar do coro também, mas não conhecia a letra.
Foi uma cena meio mágica. Aquele instante que você sente uma espécie de nostalgia por algo que está acontecendo no exato momento presente. Até hoje, vez ou outra, me pego escrevendo ‘country americano’ na busca do Spotify, na esperança de um dia ouvir aquela música novamente. Mas naquela noite, ficamos ali apenas alguns minutos apreciando aqueles incríveis artistas totalmente duros e anônimos, e logo colocamos uns dólares num chapéu deixado por eles no chão e decidimos, muito a contragosto, que era hora de ir embora, amanhã seria um dia puxado de volta a Fort Lauderdale.
Fomos saindo, cabeças meio baixas, cantarolando ao ritmo da música sem letra, com uma sensação de estar deixando para trás algo muito especial. Porque, definitivamente, três dias jamais serão suficientes para Key West, talvez nem um verão inteiro.
Adoramos o seu relato, Mirian! Que linda viagem!
Leia mais:
- De passagem por Fort Lauderdale, a caminho de Key West
- Miami sem compras: 10 passeios culturais na cidade
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37 comentários
Oi!!! Amei saber mais sobre Key West! Gostaria de saber como fazer o contato com a pousada que vcs ficaram. Obrigada
Amei amei amei!!! Estou tentando me animar para ir em fevereiro de 2021. Você foi fabulosa, vou te seguir no insta. Parabéns!!!
Miriam, que texto incrível você escreveu!! Não consigo parar de ler. Quero ir para Keywest agora mesmo. Fiquei muito seu fã quero ler os demais textos seus. Parabéns. Abraços, Antonio
Queria te dizer que AMEI profundamente seu relato sobre a viagem a Key West!!
Que descrição perfeita, quanta emoção passada, quanta atmosfera sugerida…
Consegui me sentir passeando com vocês pelas ruas, pelos bares, ouvindo country nas ruas, respirando o ar…
Você foi incrível na sua resenha de viagem!
Parabéns!
Irrepreensível…
Fiquei sua fã
Abraços
Lívia
Mirian,adorei esse relato da sua viagem à Key West!! Estarei indo nesse mês de agosto/2019,e pretendia ficar apenas dois dias lá,porém depois de toda a sua explicação,irei estender um dia a mais! Irei com meu marido e meus dois filhos! Seguirei duas dicas! ;))
Muito obrigada pelas dicas Marcela, vou pesquisar seu blog com cuidado.
Obrigada, ficarei aguardando pelas sugestões! Gratidão
Olá Tania!
Sou fã da Florida, já fui várias vezes para lá e conheço algumas das cidades que você quer visitar!
Sugiro um pernoite em Clearwater, a cidade e a praia lá é uma delícia. Key Largo, Islamorada, Marathon, Big Pine Key estão todas no caminho para Key West, que é a cereja do bolo, não sei se essas cidades no caminho valem tanto a pena assim, a não ser que você queria visitar algo específico por lá. Em Islamorada fui a um restaurante muito bom: Islamorada Fish Company.
Key West para se curtir com calma, recomendo 3 pernoites e passeios com a empresa Fury Cat – eles tem um passeio muito legal de um dia todo a bordo de um barco que inclui jet ski, snorkel e parasail, além de almoço a bordo, esse foi o ponto alto de nossa lua de mel, adoramos!
Fort Lauderdale foi a cidade que fui mais recentemente e AMEI!
Te convido a ler alguns posts do meu blog:
Bate Volta Clearwater desde Orlando:
https://www.entremmes.com.br/single-post/2017/05/09/Bate-e-Volta-de-Orlando-Clearwater-Beach
Fort Lauderdale:
https://www.entremmes.com.br/single-post/2018/08/25/Fort-Lauderdale-com-dica-de-hotel
Ok, valeu a dica. Meu roteiro tá assim nessa ordem : Orlando (5dias), Clearwater Bach, Tampa Bay, Naples, Miami, Key Largo, Islamorada, Marathon, Big Pine Key, Key West (2 dias) e Fort Lauderdale. Tem outros lugares queValéria a pena incluir?
Nesses lugares ficar quantos dias? Muito obrigada, parabéns pelo excelente blog!
Olá, Tania! Vamos compartilhar sua pergunta no Perguntódromo. Havendo resposta, aparecerá aqui.
Olá pessoal, gostaria de conhecer essas Ilhas e claro key West, mas será que vai valer a pena após o furacão Irma disseram que a paisagem mudou bastante. Vou em março/abril agora e gostaria de opiniões se valerá a pena pois teremos só 15 dias para Orlando, Miami, Fort Lauderdale e imediações. Obrigada
Olá, Tania! Key West vale sobretudo pelo ambiente; já havia paisagens mais bonitas mesmo antes do Irma. O aspecto mais admirável do percurso tampouco era a paisagem, mas a estrada suspensa (causeway).