4 toques para viajar mais barato dentro do Brasil
Sabe aquela cerveja da barraca de praia do Nordeste que custava absurdos 12 reais? Pois agora está uma pechincha: apenas 3 dólares. Aquele restaurante a quilo melhorzinho que custava uma fortuna — imagine, 45 reais! — ficou razoável: tá saindo só 10 dólares. E aquele bugueiro que se recusava a sair do lugar por menos de 350 reais? Pois agora está trabalhando por menos de 100 dólares (aproveite, que dá pra rachar entre 4 passageiros!).
Divida qualquer preço doméstico por 4 (ou 4,5…) e o Brasil finalmente ficará barato — em dólar. Pena que a gente continue ganhando… em reais.
À medida que os brasileiros voltem do exterior e tragam a informação dos preços que estão encontrando, porém, acredito que muita gente passe a pensar em viagens domésticas com carinho. Os anos de real valorizado nos acostumaram mal: era possível manter o nosso o padrão de viagens, seja ele qual fosse, em praticamente todo lugar. Agora, não: com uma corridazinha de táxi de 15 dólares custando ~60 reais~, o ingresso avulso da Disney chegando a 450 reais por cabeça e qualquer drinkzinho de bar saindo bem mais caro que caipiroska de Absolut na Praia do Espelho, o downgrade parece inevitável — ao menos no Primeiro Mundo.
A verdade é que, por enxergarmos muito mais valor numa viagem ao estrangeiro do que dentro do Brasil, passamos esse tempo de real forte exagerando a difereça entre viagens domésticas e internacionais. Sempre arrendondamos os custos no Brasil pra cima, e os custos do exterior pra baixo. Taxa de embarque internacional, impostos não-incluídos, gorjetas maiores — nunca contabilizamos nada disso. Nos habituamos a comparar os preços mais surreais do Brasil com as maiores pechinchas do exterior, mesmo que as duas coisas fossem incomparáveis (por exemplo: uma semana num resort de primeira linha na Bahia no Réveillon contra uma semana num resort de segundo time em Punta Cana na temporada de furacão). Valia tudo para reforçar a idéia de que viajar para fora não era apenas mais barato, mas muito mais barato do que viajar pelo Brasil.
Se eu fosse você, abriria o olho para as ótimas oportunidades de viagens pelo Brasil que vão aparecer tanto pela alta do dólar quanto pela desaceleração da economia. Essas oportunidades dificilmente surgirão nos momentos em que todo mundo quer viajar — férias e feriados — mas serão abundantes fora de temporada.
Meus 4 toques para você fazer viagens bacanas e baratas sem pensar em compra de moeda estrangeira, IOF ou desvalorização cambial:
1 | Não espere pechinchas nas férias e feriados
A alta temporada é cara em todo lugar do mundo, mas não acontece ao mesmo tempo em todo lugar. A alta temporada no Brasil costuma coincidir com a baixa temporada na maioria dos destinos desejados pelos brasileiros no exterior, então não espere que o Réveillon desse ano fique mais barato no litoral brasileiro do que numa capital da Europa ou em Buenos Aires.
Nos feriadões, se você dividir por 4, já deve achar preços bons em dólar. Mas em real os preços continuarão salgados.
Viajar nas férias e feriados só ficaria nominalmente barato se as condições econômicas piorassem muito mais e o brasileiro parasse totalmente de viajar. Aí sim surgiriam promoções também na alta temporada.
2 | Aproveite passagens aéreas a preço de low-cost
As passagens domésticas são tão abusivamente caras em janeiro ou em compras de última hora, que nos esquecemos de que, ao longo do ano, voar pelo Brasil é superbarato — desde que você compre com antecedência — com 45 a 60 dias de antecedência. Se você dividir os preços por 4, vai achar números parecidos com os que você encontra ao pesquisar preços de low-cost na Europa.
3 | Pesquise preços de hotel em sites de reserva
Praticamente todos os hotéis do Brasil já estão integrados aos sites de reservas, e cada vez mais pousadas aderem. Você tem uma polaróide da situação de preços da época em que você quer ir, e vai conseguir identificar claramente os hotéis com tarifas promocionais (não porque anunciam xis porcento de desconto, mas porque efetivamente seus preços serão mais baixos que os dos outros). É o canal preferido da maioria dos hotéis — e de um número crescente de pousadas — para publicar ofertas de última hora. Antes de fechar negócio, não deixe de ler as resenhas — e neste caso, nenhum canal é melhor do que o nosso parceiro Booking, onde todas as resenhas são feitas por clientes que efetivamente se hospedaram nos hotéis (e que, por terem lido as resenhas anteriores, já viajam com as expectativas mais calibradas).
5 | Viaje no contrafluxo
Santa Catarina e litoral do Sudeste no outono (até início de maio em SC, até meados de junho no Sudeste). Serras no outono e na primavera. Interior do Brasil em maio, junho, agosto e setembro. Nordeste de setembro a novembro. Fora de feriados, você encontra clima bom e preços ótimos em todos esses destinos.
Destinos caros de praia, serra ou campo? Experimente viajar na semana anterior ao feriadão. A procura é baixa (todo mundo se guardando para gastar no feriado) e dá para descolar boas ofertas.
Nos feriadões, pense nas capitais: São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte (com Inhotim), Brasília têm hotéis com tarifas promocionais e passagens mais baratas no contrafluxo.
Ainda esta semana eu vou publicar um post listando os destinos brasileiros de melhor custo x benefício, mês a mês.
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88 comentários
Gente, tanto celeuma por uma simples coisa, Paris, Rio de Janeiro, New York, são lugares caros, passagens caras e hotéis mesmo de rede São caros, em qq época do ano.
No Brasil tem lugar baratinhos e caresimos tb, depende da época. Não se pode comparar Rio de Janeiro com Roma.
Além do gosto de cada um.
Gostei dos comentários.
Informações necessárias, solicito todas.
Gente sou do tempo da mochila e carona na estrada… Tive uma Kombi Safari com a qual andei dez anos pela Argentina , Uruguay, Chile , etc… Pela forma de deslocamento imaginem o que fiz de amizades , hoje , o tempo e o financeiro mudaram mas as amizades me permitem continar andando… O melhor de tudo ainda sao as pessoas e seus lugares . Em Bage-Rs peruntem pelo Arley .
As pessoas que acham que o turismo no Brasil é amador não viajam pelo Brasil ou não viajam há algum tempo pelo Brasil. Isso podia ser verdade lá nos anos 80, mas hoje em dia o turismo se profissionalizou bastante. Eu tenho viajado intensamente pelo país, por todas as regiões, e encontrado ótimas pousadas e restaurantes, infraestrutura em geral boa, agências de turismo especializadas, guias de turismo muito bem preparados (especialmente nos destinos de ecoturismo e turismo de aventura), ampla aceitação de cartões de crédito e débito, wi-fi, cobertura de celular, etc. Concordo com o Ricardo, viajar dentro do país é fácil e prático, não requer horas e horas dentro de um avião, não precisa fazer câmbio, não precisa falar outro idioma, e temos aqui tantas opções que o difícil mesmo é escolher. Nos últimos anos, fui à Chapada dos Veadeiros, Foz do Iguaçu, Aparados da Serra, Península de Maraú, Arraial d’Ajuda, Natal, Fernando de Noronha, Bonito (duas vezes), PETAR, Inhotim, Búzios, Paraty, Ilha Grande, Rio de Janeiro, Lençóis Maranhenses… Nosso país não fica devendo nada a ninguém. Para pagar menos, é só comprar passagens promocionais (ou utilizar milhas), planejar com antecedência e evitar a altíssima temporada. E, o mais importante: deixar o preconceito em casa e curtir o Brasil. PS: Sempre consulto o praiômetro do Ricardo, é útil demais!!!
Sou fã do site e sempre consulto o site para ver as últimas dicas. Grande parte das minhas últimas viagens tiveram o auxilio de vocês e quero parabeniza-los pelo excelente trabalho!
Gostaria de deixar duas sugestões:
– Eu sempre consulto o praiometro antes de viajar, pra saber se é uma boa época para ir pro destino que quero. No entanto, lá só estão as cidades com praias. Seria interessante ter um levantamento completo que englobasse o índice de chuvas em cidades sem praia também.
– Já sobre praias, seria interessante ter um guia de praias boas para a prática de SUP (Stand Up Paddle), que virou uma grande moda no Brasil. No Rio de Janeiro, a praia vermelha (urca) e o posto 6 de copacabana são ótimos.
Em Buzios, temos a praia da Tartaruga, Ferradura, João Fernandes e Fernandinho Azeda e Azedinha que também são excelentes para o SUP.
Seria legal saber de destinos no Brasil que também tenham praias ideais pra a prática. Poderia rolar uma enquete, que os leitores sugerissem destinos.
Olá, Riq, estava precisando de ideias para agosto. Você chegou a conseguir fazer aquele post mês a mês?
Olá, Aricia! Quem responde é a Bóia. Agosto é um excelente mês para Lençóis Maranhenses, Barra Grande do Piauí/Parnaíba, Ceará, Fernando de Noronha e interior do Brasil em geral: Chapada Diamantina, Chapada dos Veadeiros, Chapada das Mesas, Jalapão, cidades históricas de Minas.
(Além, é claro, de todas as serras, onde vai dar para pegar um frio gostoso.)
O post listando os destinos brasileiros de melhor custo x benefício, mês a mês, já saiu?
Ola, Renata! Ainda não. O Ricardo Freire fissurou o braço e passou as últimas duas semanas de tipóia, digitando apenas com a esquerda.
Não se deve comparar alhos com bugalhos (ainda temos muito o que crescer com relação aos serviços turísticos). Realmente a estrutura do turismo deixa muito a desejar aqui no Brasil, porque este Governo ainda não entendeu a importância financeira do turismo…
Mas há muitas maneiras de se fazer viagens maravilhosas pelo Brasil. Uma delas é o programa TAM-MasterCard Surpreenda (com ótimos preços, sempre para duas pessoas, ou quatro, ou seis, etc… – pagamentos a prazo) com hotel e passagens aéreas incluídos.
O programa Couchsurfing (www.couchsurfing.com) é uma boa pedida. Os sites de viagens mais baratos, hospedagens em bons albergues, viagens do Sesc, Sesi e outros órgãos do Governo. O Sesc tem hotéis maravilhosos em todo o Brasil e tem também muitos pacotes turísticos bem baratos. Outra dica seria procurar por dicas do povo local sobre onde encontrar programas mais baratos, restaurantes mais em conta…
Acho também que o Brasil não é só praia. Sou carioca e não gosto de praia, detesto areia, mas há lugares maravilhosos para se ver como Belo Horizonte, Inhotim, Ouro Preto, Tiradentes, Caldas Novas, Pirenópolis, Goiás Velho, Bonito, Brasília, lugares maravilhosos no interior e no Sul do Brasil. Realmente Manaus e Belém são caras, mas valem muito uma visita (sem olhares preconceituosos, pois são cidades próximas a maior floresta do mundo – não se vai a Belém, pensando encontrar São Paulo. São Paulo é ótima, Belém é ótima, mas São Paulo é São Paulo e Belém é Belém, com todas as suas semelhanças e diferenças, mas com muitas coisas interessantes para se curtir.
No Brasil, destaco Foz do Iguaçú e Pernambuco, com ótimas praias (para quem gosta), e outras excelentes atrações, como Olinda, Recife, com o imperdível Castelo do Brennand (considerado pelo Trip Advisor um dos 25 melhores museus do mundo), o Cais do Sertão, a área dos Armazéns do Porto, a Cerâmica do Brennand. Enfim, Recife não é só praia: está realmente bombando no Nordeste
O mundo é ótimo, sempre vale a pena conhecê-lo. E o Brasil também faz parte do mundo, é belo, sensacional, e merece inúmeras visitas.
Xô, preconceito ! Vamos entender e aceitar as diferenças ! E curtir o que quisermos, como quisermos, sem cobranças…
Tava planejando uma viagem à Europa em set/2015 e a luz amarela acendeu. A passagem subiu, hotéis caros (Paris e Amsterdam). A viagem não está descartada, porém, se não der, será adiada e as férias serão em passeios pelo nosso Brasil.