Cidade de Goiás na Páscoa: Fogaréu, caminhadas na Serra Dourada e serestas
A antiga Villa Bôa de Goyaz foi, ano retrasado, uma das mais adoráveis paradas da #VnVBrasil, a expedição que o Ricardo Freire vem fazendo pelo país. A Cidade de Goiás é uma jóia arquitetônica brasileira, com seu casario de estilo eclético caprichosamente enfeitado. Assim como o Comandante, a nossa leitora (e blogueir!) Quenia também esteve lá no ano passado, em uma época bem especial: acompanhou os festejos tradicionais da Semana Santa, em que se destaca a Procissão do Fogaréu. Vai pela Quenia:
Texto e fotos | Quenia Maia, do Viagens por aí
Em 2012 fomos a Pirenópolis, que é outra encantadora cidade de Goiás. Lá encontramos com meu enteado, que na época trabalhava por estas terras e nos falou da Cidade de Goiás. Nem preciso dizer que a vontade de conhecer o lugar ficou martelando na minha cabeça até que a oportunidade surgiu, na última Páscoa.
O município é conhecido também como Goiás ou Goiás Velho. (Mas chamar de Goiás Velho não agrada nadinha aos moradores. )
Delícia de cidade emoldurada por montanhas, com estreitas ruas de pedras, casario preservado, muita história, terra da encantadora poetisa Cora Coralina e povo acolhedor. É Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade.
Fomos de avião até Goiânia e de lá seguimos com um carro alugado pela Movida. Também há a opção de ir de ônibus.
Cidade de Goiás fica a 144 Km de Goiânia, aproximadamente 1h30 pela GO 070. É importante ter um GPS em mãos, pois do aeroporto até o início da Rodovia GO 070 é meio complicado.
Há muitos festejos na cidade durante o ano, e escolhemos a Semana Santa para vivenciar a encantadora Procissão do Fogaréu.
Procissão do Fogaréu
Foram quatro dias na Cidade de Goiás. Chegamos na quarta feira, pois a Procissão do Fogaréu acontece à meia noite da Quinta Feira Santa.
A cidade estava lotada e os festejos já haviam começado. Assistimos à lindíssima encenação da Via Sacra.
Quando a Procissão do Fogaréu inicia, as luzes da cidade se apagam e 40 homens encapuzados (chamados de farricocos) com tochas acesas seguem pelas ruas de pedras da cidade, ao som do toque de tambores.
Algumas tochas são distribuídas e nós ganhamos uma também.
Os bombeiros acompanham toda a procissão e é bem organizado.
Ao chegar à Igreja São Francisco de Paula, que simboliza o Monte das Oliveiras, o bispo da cidade, Dom Eugênio Rixen, faz o encerramento com lindas palavras. Não importa sua crença, é muita energia e emoção. Imperdível!
Descobrindo a cidade
No dia seguinte passeamos pelas estreitas ruas de pedra para admirar as construções colonias e sentir sua história. Tivemos a felicidade de conhecer pessoas especiais como Dona Madalena, que nos presenteou com uma boa prosa e um sorvete de pequi, fruto do cerrado, e iniciou nossa paixão pelos picolés da cidade; Sr. Jair e sua esposa Dona Carmem, que mantêm um Antiquário no Mercado Municipal desde 1939; a querida Sherol Vinhas, que faz lindas peças com reciclados e seu marido Luciano, que nos deu muitas dicas da cidade e especialmente da Serra Dourada.
Apesar do encantamento, não posso deixar de mencionar que a cidade precisa melhorar a infraestrutura para receber o turista.
Serra Dourada
Decidimos fazer a trilha na Serra Dourada. Ligamos para o guia José Garcia (tel. 62/8499-9109), muito gente boa, mas ele já tinha compromisso com outro casal. Como ele ia para Serra Dourada também, ofereceu para nós seguirmos o carro do casal.
Para chegar ao Parque Estadual da Serra Dourada é preciso ir até a cidade de Mossâmedes, que fica aproximadamente 40 km. O guia nos conduziu por um caminho onde nosso carrinho alugado foi capaz de chegar até o início da trilha. A ajuda do guia foi fundamental para chegarmos até este ponto. O outro casal aventureiro e motorizado com uma Mitsubishi 4 x 4 nos ofereceu carona para a subida de 2 km, declinamos para não incomodar. Eles insistiram e aí aceitamos. Assim conhecemos Alberto e Alessandra, mais “gente boa” que cruzou nosso caminho. Seguimos juntos com o casal e o guia até a entrada do Parque que fica na parte de cima da serra. A entrada custa R$ 3 por pessoa. Daí para frente é plano, e até o areal é uma caminhada leve. Não deixe de levar água, lanche, protetor solar e boné.
Procissão do Senhor Morto
Acontece na sexta-feira à noite. A procissão percorre a cidade, é muito lindo!
Fazenda Manduzanzan e Cachoeira das Andorinhas
É perto da cidade e o caminho é bem bonito. O carro ficou na Fazenda Manduzanzan e seguimos por uma trilha (+- 800 metros) à Cachoeira das Andorinhas. A temperatura da água é super agradável , vale o passeio.
O almoço na Fazenda Manduzanzan é muito bom, além de o restaurante ser charmoso. Pagamos R$ 40 por pessoa.
No retorno à cidade, paramos na Igreja de Santa Bárbara, que infelizmente estava fechada.
Fomos ver o pôr do sol no Morro do Cruzeiro. Não foi nada fácil subir debaixo do sol forte. Depois da cachoeira e do belo almoço, eu queria mais era estar deitada em uma rede. Do alto você vê toda a cidade.
Última noite
Assistimos a um lindo concerto na Igreja do Rosário.
Para finalizar, estávamos em um bar e uns músicos passaram fazendo serenata. E lá fomos nós acompanhando os músicos pelas ruas de pedras. O céu estava muito estrelado. Jamais esqueceremos esta noite!
Folia do Divino Espírito Santo
Manhã do Domingo de Páscoa, nossas últimas horas vivendo a magia deste lugar.
Não pudemos participar deste festejo, mas na despedida conhecemos a linda família da Dona Silvia Curado que faz alfenins (lindos doces feitos de açúcar). Seus doces são tão famosos que chegaram no Vaticano.
Dicas práticas
Clima na época do Fogaréu. De dia, muito quente, e à noite refresca um pouco. Vestimentas leves e confortáveis, tênis, boné e protetor solar são recomendados.
Hospedagem. A oferta é limitada. É preciso fazer a reserva com antecedência. Elegemos a Pousada Chácara da Dinda, que é bem simples. Fiquei decepcionada com o quarto, salvo o novo e silencioso ar-condicionado que nos proporcionou um ambiente fresco. Os proprietários são simpáticos e o café da manhã é modesto. Apesar de não ser próxima ao centro, a localização é boa (+/- 1 km). A diária de R$ 300 para a época é bem cara pela acomodação oferecida.
Caminhando pela cidade visitamos a Pousada do Ipê, que nos pareceu ser bem melhor. Como os quartos estavam ocupados, não conhecemos.
Restaurantes. O restaurante Dalí Sabor & Arte (Rua 13 de Maio, 26; tel. 62 3372-1640) é, na nossa opinião, o melhor da cidade. Comemos empadão e arroz com frango e pequi. O garçom Valdilon é uma figura.
Na Tapioca do Cerrado (Rua Maximiano Mendes, s/n), além das deliciosas tapiocas, também há caldos. A maioria das mesas fica na rua, o atendimento é simpático e o serviço é demorado.
Nos deliciamos com os picolés do coreto. São muitos sabores. Não deixe de experimentar. Fica no coreto da praça principal.
E não poderia finalizar um relato da cidade de Goiás sem citar nossa querida poetisa:
- “Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. / Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. / E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”
- — Cora Coralina
Obrigado pelo relato, Quenia!
Leia mais:
- As originalíssimas fachadas da Cidade de Goiás
- Torres del Paine: o roteiro super-redondo da Quenia
- Viagens por aí, o blog da Quenia Maia
5 comentários
Muito legal mesmo estive lá em Goiás velho é a reportagem e excelente Parabéns
A questão de hospedagem em várias cidades pelo Brasil é bem complicada, principalmente em épocas de festas e eventos. Os donos dos estabelecimentos parecem estar mais preocupados com o lucro exorbitante do que oferecer o mínimo de conforto ao visitante. E quem perde com isso são os próprios comerciantes (donos de pousadas e hotéis) e o turismo da própria cidade, já que, quem vai uma vez não fica freguês. Também já passei por este dissabor em Goiás Velho, cidade de uma riqueza e beleza incrível mas que ainda não descobriu o enorme potencial que tem.
A cidade de Goiás foi o destino escolhido por mim e meu esposo para a lua de mel. Nos decepcionamos com a hospedagem e por isso para a Semana Santa, a família resolveu alugar um casario para ficarmos melhor acomodados. Vale a pena voltar à cidade.
Lindo post ! Goiás é mesmo um destino lindo.
Só pra complementar, lá no Colecionando Ímãs também tem relatos sobre a cidad.
Roteiro: https://www.colecionandoimas.com.br/2013/04/roetiro-magnetico-pela-cidade-de-goias.html
Procissão do Fogaréu: https://www.colecionandoimas.com.br/2013/04/a-procissao-do-fogareu-em-goias.html
[]s!
Camila
Muito boa a matéria. Estive em Goiás este mês de janeiro/15, por 3 dias. Fiquei na pousada do Ipe. Foi R$210 cada diária. Na semana santa ou no Festival de Cinema deve subir bem mais o valor. O café da manhã é simples, mas tem uma piscina legal de frente para a varanda onde é servido o café. A pousada é antiga, mas ok, principalmente os chalés, que são mais espaçosos.